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EFEITOS DA ALTERAÇÃO DA MAGNITUDE DO DISTRITO ELEITORAL NA CONSISTÊNCIA IDEOLÓGICA DAS COLIGAÇÕES PROPORCIONAIS

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 35-38)

MUNICIPAIS

Victor Picchi Gandin37

Resumo: Esta pesquisa tem como objeto as coligações eleitorais proporcionais formadas visando

a eleição de vereadores. Seu objetivo é verificar se mudanças na magnitude do distrito eleitoral (quantidade de cadeiras em disputa) afetam o comportamento partidário, no que diz respeito à consistência ideológica das coligações formadas. Nossa hipótese é a de que nas eleições em que há mais vagas em disputa a competitividade para a obtenção de uma cadeira é menor e os partidos políticos tendem a um comportamento ideologicamente mais consistente em suas coligações. Tomando por base o Estado de São Paulo, observamos as coligações proporcionais formadas em 2008 (quando ainda estava em vigência regramento que ocasionou uma redução da quantidade de vagas em várias Câmaras Municipais) e em 2012, a eleição municipal subsequente, na qual observou-se uma tendência geral de aumento no número de vagas, o que nos permite uma observação empírica das coligações em dois momentos distintos. Seguimos um desenho de pesquisa quase-experimental, observando se esta mudança existente nos valores de uma variável (magnitude do distrito) impactou sobre nossa variável dependente (consistência ideológica das coligações proporcionais), enquanto outras características (como as regras de nosso sistema eleitoral) mantiveram-se constantes. Conclui-se que nos municípios que aumentaram a magnitude o valor do quociente eleitoral diminuiu, sendo "mais fácil" aos partidos políticos a eleição de um vereador, independente do aumento no número de candidatos disputando. Esta menor competitividade, porém, não redundou automaticamente num comportamento coligacionista mais consistente. Por outro lado, o aumento da magnitude aparece como um fator que serviu em parte como “freio”, evitando manifestações maiores da chamada inconstência ideológica. Também notamos que, não apenas o aumento na magnitude, mas o tamanho deste aumento (se houve incremento moderado ou substancial na quantidade de cadeiras) também pode interferir na consistência ideológica das coligações proporcionais formadas em cada município.

Palavras-chave: Coligações eleitorais. Consistência ideológica. Magnitude do distrito. Partidos

políticos.

37 Graduado em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras – Unesp Araraquara. Cursando

Mestrado em Ciência Política pelo PPGPol – Programa de Pós Graduação em Ciência Política da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES). E-mail: victorpg235@hotmail.com

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(Des)Conectando a academia: a onda conservadora, ataques às universidades e a disputa em torno do Estado.

Michelle Ratton Sanchez Badin38; Marta Rodriguez de Assis Machado39; Helena Hime Funari40

Resumo: A política ao redor do mundo vem se transformando com a ascensão de regimes de

extrema-direita. Nesse contexto, tanto governos quanto grupos organizados da sociedade civil reivindicam a neutralidade de ensino nas escolas e universidades. O que isso significa? Quais são as narrativas relevantes por trás desses discursos? Quais medidas já foram adotadas nos diferentes poderes – legislativo, judiciário e executivo – contra a diversidades de ideias nas universidades? Como a academia, tanto no Brasil como ao redor do mundo, tem respondido a isso? No Brasil, o movimento “Escola sem Partido” foi criado em 2004 apresentando-se como “uma iniciativa conjunta de estudantes e pais preocupados com o grau de contaminação ideológica nas escolas brasileiras”. Aliando-se às igrejas e à Bancada Evangélica, o movimento teve por alvo planos de educação, bem como, desde 2014, propôs mais de 91 projetos de lei em âmbito federal, estadual e municipal. Em relação ao Judiciário, a justiça eleitoral, durante as eleições de 2018, foi responsável pela emissão de mandados de busca e apreensão e de ordens que impediram a realização de palestras e aulas nas universidades por considerar que estas faziam propaganda eleitoral. A discussão chega ao Supremo Tribunal Federal, o qual, às vésperas das eleições, cancela as decisões da justiça eleitoral sob o argumento de violação da liberdade de pensamento e de ensino. Por fim, no que toca ao Executivo, desde o início do governo Bolsonaro, o Ministério da Educação cortou verbas destinadas às universidades e a bolsas de pós-graduação, alegando necessidade de contenção de gastos e tendo por alvo principal os cursos de humanas. Essas ações colocam a academia como um dos principais alvos do atual governo, trazendo desafios às universidades e sobre qual narrativa queremos construir em relação ao ensino e a pesquisa. Nosso objetivo é coletar dados de diversos países que encontrem o mesmo desafio atualmente enfrentado pelo Brasil em que governos defendem uma despolitização das universidades, de modo a compreender como diferentes esferas do Estado têm sido mobilizadas para restringir a liberdade de ensino. Ademais, buscamos compreender como a academia tem reagido a essas investidas tanto internamente – oferecendo suporte aos seus alunos e docentes – como externamente – fortalecendo seus laços com outras universidades e desenvolvendo uma rede para compartilhar experiências e valores.

Palavras-chave: Neutralidade de Ensino. Universidades. Estado. Narrativas.

38 Professora da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, FGV Direito SP. E-mail:

Michelle.Sanchez@fgv.br

39 Professora da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, FGV Direito SP. E-mail:

Marta.Machado@fgv.br

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Descentrando as Ciências Sociais a partir do pensamento afrodiaspórico. Uma análise empírica do imaginário dos discentes da Universidade Federal de São Carlos

Iberê Araujo da Conceição; João Felipe Gomes Carvalho 41

Resumo: As teorias pós-colonais e decoloniais inferem que as Ciências Sociais se constituíram

como uma expressão formalizada do pensamento ocidental moderno, portanto, co-criadora da racionalidade e subjetividade imperial-moderna-colonial. Tal parecer intensifica as tensões políticas em torno do currículo das ciências sociais, contudo, poucos estudos tem investigado se tais mudanças curriculares tem ocorrido no Brasil e sua relação com o perfil do corpo discente. Este trabalho é resultado da disciplina de Pesquisa Quantitativa no curso de Ciências Socias na Universidade Federal de São Carlos em 2018. Pretendemos observar se cursar disciplinas específicas do tema, questões de gênero e raça influenciam nos imaginários históricos e sociológicos dos estudantes sobre temas-chave no pensamento transnacional negro. Utilizamos a metodologia quantitativa, no qual aplicamos questionários aleatoriamente nos intervalos de aula das turmas de Ciências Sociais na mesma instituição e submetemos os resultados à analise quantitativa. As perguntas selecionadas versavam sobre o papel do racismo no capitalismo brasileiro; sobre a utilização do termo etnia como estratégia de combate ao racismo; sobre o surgimento da ciência no continente africano; sobre os determinantes do fim da escravidão. Os resultados nos permitiram concluir que a realização de disciplinas específicas sobre as temáticas étnico-raciais e da diferença são significativas para divergências nas disposições cognitivas. Também percebemos que a diferença de gênero responde à clivagem mais significativa e estatisticamente relevante no que diz respeito às posições sociais dos discentes. Além disso, destacamos que a identificação racial dos discentes demonstrou tendência a posicionamentos distintos entre os polos, no entanto, provavelmente, devido ao baixo número de estudantes negros e indígenas não observou-se diferença estatisticamente relevante. Tais achados nos permitem realizar três reflexões: a mudança curricular – obrigatoriedade de disciplinas específicas – ajuda reposicionar os eventos do colonialismo e da escravidão na constituição do capitalismo e da modernidade; segundo que a opressão de gênero acaba sendo uma janela para a alteridade para a opressão racial, ou seja, mulheres tem mais chance de ter contato com as pautas do transnacionalismo negro; por último, as ações afirmativas no ensino superior para negros e indígenas podem ser a ponta de lança para a descolonização das Ciências Sociais, operando através do corpo-geopolítica do conhecimento, que subvertem seu histórico posicionamento de objetos para sujeitos. No entanto, tal política deve vir acompanhada por uma revisão estrutural do currículo, isso significa reinterpretar as teorias, conceitos e categorias analíticas de forma não- eurocêntrica, permitindo um novo tipo de imaginação sociológica rumo a uma sociologia global.

Palavras-chave: Ciências Sociais e Colonialismo; Sociologia da Diferença; Transnacionalismo

Negro; Pensamento Afrodiaspórico; Ações Afirmativas.

41 Iberê Araujo da Conceição: Bacharel em Ciências Biomédicas pela Universidade Estadual Paulista “Julio

de Mesquita Filho”. Mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos.

iberearaujo@gmail.com ; João Felipe Gomes Carvalho: Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos. Joaofelipegomes5@gmail.com

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UM ESTUDO SOBRE A EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES NO BRASIL A PARTIR

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 35-38)