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MEMÓRIA E DISCURSO TOTALITÁRIO NO ROMANCE 1984 DE GEORGE ORWELL

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 52-56)

Legislação Investimento do Setor.

MEMÓRIA E DISCURSO TOTALITÁRIO NO ROMANCE 1984 DE GEORGE ORWELL

Mirtes Ingred Tavares Marinho58 José Ricardo Oliveira Mello59 Elton Moreira Quadros60

Resumo: Propomos nesse trabalho um estudo a partir da memória e do discurso da obra literária

1984, do romancista George Orwell, escrita em 1949, na qual temos como a temática uma sociedade extremamente totalitária. Na sociedade distópica apresentada na narrativa orwelliana, encontramos um regime de permanente vigilância imposto pelo partido no poder e que tem como dirigente a figura do “Grande Irmão”. Partimos da noção de memória enquanto objeto discursivo, a partir das retomadas, dos esquecimentos, das repetições, de unidades contínuas ou descontínuas e através da análise do discurso examinaremos a interdição da palavra e com isso o controle da realidade a partir do discurso totalitário na ficção. Sob essa perspectiva, tomaremos a discussão em três eixos: (i) em um campo de memória que fundamenta as formas de hierarquia e subordinação da maneira como Michel Foucault compreende essa noção; (ii) de que forma a relação entre esses campos de memória produz um discurso totalitário no que ser refere ao governo, como se dá as relações de poder e as técnicas de adestramento e (iii) compreender como a memória e esse discurso denota uma barbárie, posto que, controla os indivíduos e suas verdades, como é demonstrando na narrativa a partir da reescrita da história das personagens. Nesse sentido, acreditamos que o romance 1984 expõe criticamente uma espécie de guia de conduta para os sujeitos, como eles devem ou não agir em estruturas caracterizadas por regimes autoritários. Desse modo, o poder parece se estrutura sempre pela ideia de punição imediata que também pode funcionar como um espelho no qual, como o romance nos faz entrever, a sociedade pode ver as formas de exigência e apontar os lugares de resistência social. A noção de campo de memória segundo Foucault, nos possibilita descrever, compreender e analisar como o romance de Orwell faz referência a memória e o lugar dela na formação da história do sujeito, bem como fornece os meios para analisar os mecanismos do discurso totalitário e das verdades criadas através dessa relação de poder por meio da barbarização distópica.

Palavras-chave: Autoritarismo. Memória Discursiva. Relações de Poder. Verdade.

58 Mestranda no Programa de Pós-graduação em Memória: Linguagem e Sociedade na Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Graduada em Licenciatura em Filosofia pela mesma instituição. Bolsista CAPES. E-mail: mirtes.buh@hotmail.com

59 Mestrando no Programa de Pós-graduação em Memória: Linguagem e Sociedade na Universidade

Estadual da Bahia – UESB. Graduado em Bacharel em Direito. E-mail: ricardooliveiramello@gmail.com

60 Doutor em Memória: linguagem e sociedade pela UESB. Professor da UNEB (Universidade do Estado

da Bahia) e do quadro permanente do PPG em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da UNEB e do PPG em Memória: Linguagem e Sociedade da UESB. E-mail: emquadros@uneb.br

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TEKOHA

Lugar de memória e vida

Raul Claudio Lima Falcão 61

Resumo: As definições acadêmicas que atribuem significado e sentido ao espaço geográfico

delimitado pelos não indígenas e que é habitado pelos Kaiowa, no município de Dourados, assim como em outras cidades do estado do Mato Grosso do Sul, é denominado, pela etnia, como sendo o seu Tekoha. A palavra possui acepções múltiplas que ultrapassam conceitos que vão além da nossa compreensão e condição muito mais ampla do que nossa consciência pode alcançar e de que nossas palavras possam tentar explicar, pois, para os kaiowa, o território onde habitam, faz parte de sua cosmologia conectada ao sagrado, lugar onde residem as divindades e que faz parte de seu corpo e sua alma. Na perspectiva histórica, o Tekoha é um lugar privilegiado de uma memória dinâmica, que rememora as tradições, costumes e enlaces sociais de um povo de outrora, interagindo, mediante rituais e manifestações culturais diversas, com o de hoje. Sua constituição é delimitada conforme as condições favoráveis; na atualidade, os indígenas sobrevivem em ambientes não condizentes com sua cultura e seu modo de ser e viver, tentando com todas as suas forças, resistir às adversidades provocas pela sociedade não indígena. Os diversos arranjos sociais constituintes desse espaço territorial, de ordem individual ou coletiva, também fazem parte desse rico sistema de cooperação ativa, e que, é parte integrante de uma extensa rede, composta por vários Tekoha conectados, que juntos formam um Tekoha Guassu (grande território), que pulsa como um corpo vivo: se habitantes de um Tekoha estão passando por algum tipo de dificuldade, os outros Tekoha sentem que algo não está em perfeita harmonia e logo percebem que existem famílias precisando de sua ajuda. A economia da reciprocidade efetiva o modo se viver em comunidade, na qual, os Kaiowa vivem com excelência. Apesar de homem e mulher Kaiowa serem complementares em sua constituição familiar, a presença feminina é percebida como essencial a funcionabilidade do ambiente em que convivem; ela é responsável em manter a harmonia do seu Tekoha, interna e exteriormente, administrando a vida conjugal e matrilocal com suas rezas, ações sociais e políticas, técnicas minuciosas e precisas de dialogar com sua parentela, em busca de coabitar com os seus em um Tekoha – hã (terra futura).

Palavras-chave: Tekoha. Kaiowa. Resistência. Cosmologia. Memória.

61 Doutorando em História. Agência Financiadora: CAPES. Universidade Federal de Mato

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Entre a subversão e a submissão: uma análise das crenças reproduzidas pelos expoentes da geração do rock brasileiro dos anos 1980

Tiago Barros de Oliveira Rosa62

Resumo: A pesquisa, em andamento, aqui apresentada trata-se de um estudo acerca do rock

brasileiro dos anos 1980, também denominado Rock Brasil ou BRock. Uma vertente da música brasileira surgida no cenário cultural durante o processo de redemocratização do país, tida como “politizada” pelos críticos culturais e por parte expressiva da bibliografia. Os expoentes do Rock Brasil são, entre outros, Barão Vermelho (Cazuza), Legião Urbana (Renato Russo), Titãs, Paralamas do Sucesso, Engenheiros do Hawaii, Ultraje a Rigor, Ira, Lobão, etc. Buscaremos compreender, a partir das letras de músicas e de declarações à imprensa dos agentes de maior destaque dessa geração, quais as crenças (visão de mundo) reproduzidas por esse grupo, sobretudo com relação à ideia de Brasil divulgada por eles; e em diálogo com o conceito de habitus de Pierre Bourdieu, verificar se essas crenças guardam relação com as origens e trajetórias sociais desses agentes. Nossos dados da pesquisa indicam que a década de 1980 alça ao estrelato um agrupamento de agentes bastante homogêneo no tocante ao perfil social. Em sua maioria jovens (entre 18 e 26 anos), brancos, do sexo masculino, oriundos de famílias de classe média alta e originários, principalmente, dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro; em uma interessante contraposição à heterogeneidade prevalecente nos artistas da MPB de gerações anteriores, bem representada no que tange ao número de mulheres, de negros e de artistas oriundos de outras regiões do país, sobretudo, do Nordeste. Temos como hipótese que diversas canções e declarações do Rock Brasil, entendidas como críticas e contestatórias pela imprensa e pela bibliografia, são perpassadas por crenças do senso comum e acabam por cumprir uma função de reprodução de ideias dominantes, no tocante às representações sobre o Brasil, sobre o Estado e sobre o sistema político.

Palavras-chave: Rock Brasileiro, Habitus, Crença, Sociologia da Cultura.

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Modernização e cultura: a imagem tropicalista de Roberto Schwarz.

Vinícius Milani63

Resumo: O movimento Tropicalista emergiu entre 1967 e 1968, como uma entre outras tantas

manifestações artísticas da produção cultural brasileira naquele momento. Formadas no seio dos debates em torno dos projetos nacionais-populares, essas produções foram alvo de duras críticas por parte de alguns artistas e intelectuais, sobretudo daqueles vinculados às esquerdas políticas do período. Dentre as primeiras críticas, destaca-se a intervenção de Roberto Schwarz. Em nosso trabalho, buscaremos demonstrar como se desenvolve a crítica de Schwarz ao tropicalismo em dois atos. Ainda jovem, o autor foi um crítico de primeira hora do movimento. Suas considerações estão impressas no conhecido ensaio Cultura e política (1964-1969). Nesse “primeiro ato” da crítica, Schwarz faz um diagnóstico do período, e problematiza o teatro tropicalista de José Celso Martinez Corrêa à luz dos efeitos trazidos pelo Estado militar. O “segundo ato” se apresenta com o ensaio Verdade Tropical: um percurso de nosso tempo. Nele, o autor faz uma leitura extemporânea do movimento, mirando no livro de memórias de Caetano Veloso. Em ambos os ensaios, o debate em torno dos projetos nacionais-populares, que marcaram sua geração, aparece de forma crítica. Analisando os dois ensaios em questão, nosso objetivo é apreender as características da crítica de Schwarz, suas particularidades e continuidades. Encarando o autor como um intelectual marxista situado na periferia do capitalismo, trabalhamos com a hipótese de que sua crítica em relação ao tropicalismo encontra um de seus fundamentos na análise das contradições que marcam a modernização brasileira.

Palavras-chave: Tropicalismo. Cultura. Modernização. Crítica.

63 Mestrando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O trabalho contou com o financiamento da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). E-mail: vinicius.tmilani@gmail.com

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A LITERATURA ENQUANTO POSSIBILIDADE DE ENTENDER O PENSAMENTO

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 52-56)