• Nenhum resultado encontrado

ESCRAVO NO BRASIL?

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 111-115)

88GT 2 – Estado, Sociedade e Políticas Públicas

ESCRAVO NO BRASIL?

Baruana Calado dos Santos127

Resumo: Este trabalho visa divulgar o resultado de pesquisa de mestrado realizada entre 2016 e

2018. Pelo referencial da sociologia histórica processual proposta por Norbert Elias e pelo método da hermenêutica histórica, realizou-se um estudo interdisciplinar entre a Sociologia das Relações Internacionais e o Direito Internacional Público. Empenhou-se em investigar se as decisões judiciais brasileiras referentes ao trabalho escravo estariam recepcionando as recomendações do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD de 2015 quanto ao trabalho decente. Para tanto e tendo em vista as tendências transnormativas da atualidade, analisaram-se, primeiramente, as possibilidades dessas recomendações serem pensadas como fontes de direito internacional – se soft laws, se normas intersticiais ou se comandos de otimização, percebeu-se ser mais propício e coerente com os resultados e objetivos do estudo compreendê-las como comandos de otimização, de acordo com a teoria dos princípios de Robert Alexy. Em um segundo momento, foram elaboradas as discussões a respeito dos conceitos de trabalho escravo, trabalho decente, trabalho digno, direitos humanos e desenvolvimento humano, de modo a contextualizar, por um lado, a realidade brasileira, e, por outro, a produção do RDH de 2015 e suas prescrições. Em seguida, como estudos de caso, foram analisadas cinco (que se desdobraram em oito) decisões judiciais do Tribunal Superior do Trabalho a respeito de ações civis públicas que denunciaram casos de trabalho escravo. Verificou-se que suas fundamentações não acolhem as recomendações do PNUD - nem tampouco da OIT, mentora da Agenda do Trabalho Decente. Ou seja, nos casos analisados, as recomendações do RDH de 2015 atreladas ao trabalho decente nem otimizam nem são otimizadas no processo decisório quanto ao trabalho escravo. Na verdade, as decisões judiciais ainda se ocupam, essencialmente, em definir o conceito de trabalho escravo, o qual já foi muito debatido e definido tanto no âmbito internacional quanto no doméstico, e demonstram pouca eficácia na coibição do crime ao estipularem baixo valor indenizatório para os que se utilizam de mão de obra escravizada. Ao destacar a importância das estratégias sugeridas pelo PNUD, busca-se indicar caminhos para sua aplicabilidade como comandos de otimização na prática judicial brasileira.

Palavras-chave: Relatório de Desenvolvimento Humano/RDH, Trabalho Decente, Trabalho

Escravo, Decisões Judiciais, Comandos de Otimização.

127 Mestra em Ciências Sociais, bacharela em Direito e licenciada em Ciências Sociais pela Universidade

112

A Promoção da Igualdade Racial e Combate ao Racismo em Araraquara/SP: O Centro de Referência Afro

Claudemir Carlos PEREIRA128

Resumo: Este projeto visa analisar a importância sociohistórica, sociocultural, institucional e sociopolítica do Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”, um espaço resultado da política pública do município de Araraquara/SP e da luta dos movimentos sociais e políticos da população negra em atendimento a implementação das legislações federais, estaduais e municipais pela Promoção da Igualdade Racial e combate ao racismo referente aos anos de 2006 a 2020. Valendo- se da abordagem teórica do neo-institucionalismo e da cultura política para compreender o desenvolvimento institucional do espaço referente.

O projeto objetiva entender esta instituição utilizando-se de entrevistas semi-estruturadas para apreender a percepção de seguimentos (Movimento Negro, Poder Público Local, Administração Pública, Sociedade Civil) sobre o espaço Centro Afra (se conhecem o espaço, suas atividades e como percebem a importância do Centro Afro no combate ao preconceito, ao racismo, a discriminação e às desigualdades étnico-raciais). As entrevistas serão realizadas com membros atuais e anteriores (Secretária(o)s, Gestores, Coordenadores, Prefeitos) deste espaço sobre o histórico do trabalho e atividades do Centro Afro.

Procuraremos através do material coletado compreender neste espaço como os atores articulam e promovem as ações para o desenvolvimento de consciência política e de combate ao racismo no município. Pretende-se também analisar as relações institucionais entre o Centro e o Poder Local de Araraquara (isto é, as instituições do Executivo, Legislativo e Administração Pública e Burocrática Municipal), bem como compreender de que maneira são debatidas as questões relativas sobre as políticas públicas de Promoção da Igualdade Racial, tanto no aspecto geral como na especificidade do município de Araraquara/SP.

Palavras-chave: Promoção da Igualdade Racial; Políticas Públicas; Combate ao Racismo.

128 Mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e

113

Economia Criativa: fenômeno das feiras culturais no município de Araraquara

YOSHIOKA, Ana Paula129

Resumo: Ainda em período inicial, proponho apresentar as primeiras impressões da pesquisa que

buscará investigar e analisar o fenômeno das feiras culturais que vem ocorrendo, com certa periocidade, no município de Araraquara. Popularizada no início desse século, a categoria economia criativa abrange atividades em que a criatividade dos indivíduos é a matéria-prima geradora de valor. Nesse compasso, a arte e a cultura têm se tornado importantes fontes de desenvolvimento econômico e social. No interior da economia criativa, é possível perceber a relevância do trabalho imaterial na geração de valor e de acúmulo de capital, e o aproveitamento do capital humano e da subjetividade do trabalhador. Desse modo, as feiras culturais podem ser entendidas a partir da chave da economia criativa por, aparentemente, apresentar entre os expositores, um nível mais elevado de capital cultural e pela valorização à cultura e à criatividade presente nos trabalhos. Além disso, é possível perceber um discurso ético/cultural permeado na abordagem desses expositores no momento da apresentação e venda desses produtos, evidenciando não se tratar de trocas comerciais pautadas meramente na questão de vantagem material. E num momento em que o trabalho assalariado está cada vez menos no horizonte dos trabalhadores, o empreendedorismo apresenta-se como algo palpável, seja por opção ou por falta dela. A política de criação do Simples Nacional, e dentro dela a opção do registro MEI – Microempreendedor Individual, favoreceu o desenvolvimento de tais atividades. Assim, com base nas teorias da economia criativa e nos elementos que configuram a lei que regulamentam as atividades do microempreendedor individual apresentarei os primeiros dados conseguidos a partir de conversas com alguns expositores e da observação do andamentos das feiras.

Palavras-chave: Economia Criativa. Feiras culturais. Microempreendedor individual.

114

A FEM-CUT/SP em um cenário adverso: impactos da crise, das contrarreformas e das transformações na indústria

na atuação sindical

Eduardo José Rezende Pereira130 Joelson Gonçalves de Carvalho131

Resumo: A crise econômica e as modificações no modo de produção vêm se aprofundando como

um fenômeno global de transformação do sistema capitalista. Diante disto, diversas nações enfrentam os efeitos dessa crise buscando dar respostas à retomada das taxas de lucro, ao passo em que buscam readequar as suas formas de produção diante de um cenário de busca por aumento de produtividade industrial e de serviços mais interligada e inteligente. No caso brasileiro, os efeitos da crise econômica são somados à uma crise política, um golpe parlamentar e à vitória eleitoral de um projeto que elege os direitos sociais como alvo prioritário de ataques. Esses fenômenos, que aprofundam as desigualdades econômicas e sociais e aumentam a precariedade do trabalho impõem desafios às entidades representativas dos trabalhadores brasileiros em nível geral, e os da indústria em nível específico. Nosso objetivo é, portanto, compreender quais as respostas dadas pela Federação Estadual dos Sindicatos de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (FEM-CUT/SP) à esta crise macroconjuntural que, junto ao processo de desindustrialização, impõe a necessidade de mudanças na agenda, nas formas de ação e na organização sindical. Diante dos resultados — que foram obtidos por meio do levantamento bibliográfico e documental, de entrevistas e de pesquisa de campo —, classificamos as respostas da FEM-CUT/SP, para os desafios que estão dados, de forma interna e externa. Com o fim do imposto sindical compulsório — um dos ataques que vem somado à retirada de direitos trabalhistas —, a entidade buscou outras formas de arrecadação financeira, além de alterar o número e as competências dos seus cargos; também aprofundou a sua leitura sobre a crise e a desindustrialização; e alterou o seu plano de lutas e bandeiras políticas em pautas referentes à liberdade da ação política, de defesa da democracia, e pela permanência dos direitos conquistados. Ademais, a centralidade da formação política foi apresentada como uma estratégia de ação. Por fim, a pesquisa ganha maior relevância na medida em que se insere em um cenário no qual a desindustrialização, em meio a uma nova reestruturação produtiva denominada como indústria 4.0, aumenta a complexidade dos desafios do sindicalismo na atualidade.

Palavras-chave: Sindicalismo; Crise; Desindustrialização; Direitos trabalhistas; Indústria 4.0

130 Graduando do curso de Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos

(UFSCar), nas ênfases de Ciência Política e Sociologia. Sua pesquisa, “Novo sindicalismo, velhas estruturas: uma análise do sindicalismo metalúrgico da CUT/SP” é outorgada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). E-mail: rezende.eduardo@outlook.com

131 Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e

professor do Departamento de Ciências Sociais (DCSo) e dos Programas de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGPOL) e de Gestão de Organizações e Sistemas Públicos (PPGGOSP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: joelsonjoe@yahoo.com.br

115

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 111-115)