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A A PRESENTAÇÃO DE E STUDOS NO S ETOR A EROPORTUÁRIO

CAPÍTULO 6 O RECEBIMENTO DE PROJETOS EM SETORES ESPECÍFICOS DE

6.2 A A PRESENTAÇÃO DE E STUDOS NO S ETOR A EROPORTUÁRIO

No setor aeroportuário, também foi veiculado ato normativo específico regulamentando apresentação de estudos técnicos para a outorga de concessões.

A ANAC editou a Resolução 192, de 28 de junho de 2011 (a “Resolução ANAC 192”), que estabelece os procedimentos para solicitação, autorização e aprovação de projetos, estudos, levantamentos ou investigações que subsidiem a modelagem de concessões para exploração da infraestrutura aeroportuária pela iniciativa privada, previamente definidas como prioritárias pelo Governo Federal.

Referida resolução foi editada com base na competência da Agência para conceder ou autorizar a exploração da infraestrutura aeroportuária, no todo ou em parte, bem como no art. 21 da Lei de Concessões e no Decreto 5.977.

A utilização do decreto como base para a elaboração da Resolução ANAC 192 se deu em razão da recomendação da Secretaria de Fiscalização de Desestatização do TCU ao Ministério dos Transportes exarada no Processo 022369/2009-0 e consubstanciada no Acórdão TCU 112/2012, supracitado. Há, assim, precedente da utilização das diretrizes estabelecidas no Decreto 5.977 para a edição de ato normativo setorial específico.

A Resolução ANAC 192 segue, em linhas gerais, as disposições do decreto (inclusive sobre a necessidade de que os projetos a serem estudados já tenham sido definidos como prioritários pelo Governo Federal). De outro lado, e diferentemente do Decreto 5.977, a resolução não se aplica apenas para as PPPs que possam ser desenvolvidas no setor, mas também para projetos de concessão comum, estruturados com base na Lei 8.987.

Com base na resolução, já foram elaborados estudos que originaram importantes concessões realizadas no setor aeroportuário.

6.2.1AS CONCESSÕES DOS AEROPORTOS DE GUARULHOS,VIRACOPOS E BRASÍLIA

Após a veiculação da Resolução ANAC 192, foi publicado, em 22 de julho de 2011, o Edital de Chamamento Público 001/2011, tendo como objetivo o recebimento de estudos que pudessem subsidiar a modelagem de concessões para exploração, pela iniciativa privada, dos Aeroportos Governador André Franco Montoro, localizado no Município de Guarulhos (SBGR), Presidente Juscelino Kubitschek, localizado em Brasília (SBBR) e de Viracopos, localizado no Município de Campinas (SBKP).140

Os interessados em obter as autorizações para a realização dos estudos deveriam observar as disposições da Resolução ANAC 192 e, dentre outras, as seguintes condições:

(i) prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, contados da publicação do edital de chamamento, para requerer a autorização para realização dos estudos;

(ii) prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias corridos para a conclusão e apresentação dos estudos de mercado, estudos preliminares de engenharia e afins, estudos ambientais preliminares e avaliação econômico-financeira;

(iii) apresentação, ao final dos estudos, de demonstrativo de todas as despesas realizadas para as quais seja requerido o ressarcimento, bem como de relação de todos os profissionais utilizados.

Os estudos de viabilidade teriam a função de subsidiar a estruturação da concessão para expansão, manutenção e exploração dos aeroportos supramencionados, deveriam estar organizados nos seguintes produtos: (i) estudo de mercado;141 (ii) estudos preliminares de

140 Os aeroportos foram incluídos no Programa Nacional de Desestatização – PND, para os fins da Lei 9.491, de

9 de setembro de 1997, por meio do Decreto 7.531, de 21 de julho de 2011.

141 Os estudos de mercado deveriam englobar: (i) a avaliação de demanda e competição, considerando a

delimitação das regiões de influência de cada projeto, levantamento de dados secundários e primários, projeção de demanda, competição intramodal e intermodal, (ii) as avaliações de receitas, com a estimativa de cada projeto, incluindo, dentre outras possibilidades, as resultantes das tarifas aeroportuárias, da tarifa de uso das comunicações e dos auxílios rádio e visuais em área terminal de tráfego aéreo, das atividades comerciais no aeroporto (restaurantes, estacionamentos, lojas etc.) e da exploração de atividades ligadas à aviação civil (balcões de check in, lojas das companhias aéreas, hangares, outras facilidades), (iii) análises de cenários, constituída de uma análise de benchmarking em relação a aeroportos relevantes em países em desenvolvimento e desenvolvidos, considerando, em particular, o gerenciamento do excesso de capacidade e a necessidade de investimentos, tipos de serviços e lucratividade.

engenharia e afins;142 (iii) estudos ambientais preliminares;143 (iv) avaliação econômico- financeira.144

A avaliação dos estudos apresentados seria realizada por comissão de avaliação indicada pela Diretoria da ANAC. Dever-se-ia considerar, para a seleção dos estudos a serem utilizados na futura concessão, os critérios de: (i) consistência das informações que subsidiaram sua realização; (ii) adoção das melhores técnicas de elaboração, segundo normas e procedimentos científicos pertinentes, utilizando, sempre que possível, equipamentos e processos recomendados pela melhor tecnologia aplicada ao setor; (iii) compatibilidade com as normas técnicas emitidas pela ANAC; (iv) razoabilidade dos valores apresentados para eventual ressarcimento, considerando estudos similares e preços usuais no mercado;145 (v) compatibilidade com a legislação aplicável ao setor; (vi) demonstração comparativa de custo e benefício do empreendimento em relação a opções funcionalmente equivalentes, se existentes.

142 Os estudos preliminares de engenharia e afins seriam compostos por inventário das condições existentes,

desenvolvimento do sítio aeroportuário, e estimativa de custos de investimento (CAPEX) e operação (OPEX).

143 Os estudos ambientais preliminares deveriam considerar os resultados dos estudos de engenharia,

contemplando eventuais análises já procedidas por órgão ambiental competente. Os pontos essenciais dos estudos de meio ambiente deveriam abranger: (i) avaliação dos impactos e riscos ambientais associados ao projeto e possíveis expansões do aeroporto; (ii) identificação e precificação dos passivos existentes; (iii) avaliação da adequação dos estudos preliminares de engenharia e afins às normas e melhores práticas aplicáveis ao meio ambiente, segundo a legislação vigente, inclusive no que se refere ao zoneamento do ruído e do uso do solo; (iv) avaliação das medidas mitigadoras, das soluções e das estratégias a serem adotadas para a viabilização do projeto do ponto de vista socioambiental, quando aplicável; (v) obtenção das diretrizes e previsão de cronograma para o licenciamento ambiental do empreendimento pela futura concessionária, quando aplicável. Por fim, deveria ser verificada a consistência entre o anteprojeto do aeroporto e o Plano Diretor do sítio aeroportuário elaborado pela INFRAERO e aprovado pela ANAC, com a proposição de alterações cabíveis, especialmente no que se refere às questões ambientais.

144 A avaliação econômico-financeira deveria conter a modelagem econômico-financeira pelo método de fluxo

de caixa descontado, visando a avaliar a atratividade do projeto para o setor privado. Para tanto, a modelagem econômico-financeira deveria contemplar, ainda, os outros elementos pertinentes usualmente adotados no mercado, como a estimação do custo do capital próprio, do capital de terceiros e do custo médio ponderado de capital (WACC), o cálculo de parâmetros de viabilidade de projetos tradicionais (Taxa Interna de Retorno – TIR, Taxa Interna de Retorno Modificada – TIRM, Valor Presente Líquido – VPL, payback, payback descontado, entre outros) e o estabelecimento de premissas de financiamento, tributárias, macroeconômicas etc.

145 Nos termos do Edital de Chamamento Público de Estudos 001/2011, o valor nominal máximo para eventual

ressarcimento pelo conjunto de estudos foi limitado em: (i) R$ 15.461.538,00 (quinze milhões, quatrocentos e sessenta e um mil e quinhentos e trinta e oito reais), para Guarulhos (SBGR); (ii) R$ 6.161.538,00 (seis milhões, cento e sessenta e um mil e quinhentos e trinta e oito reais) para Brasília (SBBR); (iii) R$ 16.153.846,00 (dezesseis milhões, cento e cinquenta e três mil e oitocentos e quarenta e seis reais) para Campinas (SBKP).

O Edital do Leilão ANAC 2/2011, para a concessão para ampliação, manutenção e exploração dos aeroportos fixou os valores de ressarcimento em R$ 7.031.910,77 (sete milhões, trinta e um mil, novecentos e dez reais e setenta e sete centavos), para o Aeroporto de Guarulhos, (ii) R$ 2.536.053,46 (dois milhões, quinhentos e trinta e seis mil, cinquenta e três reais e quarenta e seis centavos) para o Aeroporto de Brasília e (iii) R$ 7.697.166,54 (sete milhões, seiscentos e noventa e sete mil, cento e sessenta e seis reais e cinquenta e quatro centavos), para o Aeroporto de Campinas.

Por meio da Portaria ANAC 1.537/SRE, de 12 de agosto de 2011, as seguintes empresas foram autorizadas a desenvolver os estudos: (i) ATP Engenharia Ltda.; (ii) Carioca Christiani Nielsen Engenharia S.A.; (iii) Constran S.A. Construções e Comércio; (iv) Construtora Queiroz Galvão S.A.; (v) EBP; (vi) Edo Rocha – Arquitetura de Espaços Corporativos; (vii) Enejota Cavalieri Engenharia Ltda.; (viii) Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A. – Invepar; (ix) Planos Engenharia S/S Ltda.

O resultado da seleção foi publicado no Diário Oficial da União de 10 de outubro de 2011 e os estudos apresentados pela EBP foram selecionados para subsidiar a modelagem das concessões.

6.2.2AS CONCESSÕES DOS AEROPORTOS DO GALEÃO E DE CONFINS

A Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (a “SAC”) editou, na data de 29 de janeiro de 2013, a sua Portaria 9 (a “Portaria SAC 9”), autorizando a EBP a desenvolver estudos técnicos preparatórios à concessão do aeroporto internacional do Rio de Janeiro/Galeão – Antônio Carlos Jobim e do aeroporto internacional Tancredo Neves.146 O requerimento de autorização havia sido solicitado pela EBP em 18 de janeiro de 2013.

Tal como no Edital de Chamamento Público 001/2011, previu-se na Portaria SAC 9 a necessidade de elaboração de estudos de mercado, de engenharia, ambientais e avaliação econômico-financeira. A autorização foi concedida sem caráter de exclusividade à EBP, de forma que outros interessados poderiam solicitá-la para também desenvolver os estudos.

Diferentemente do disposto no art. 31 da Lei 9.074, no Decreto 5.977 e na Resolução ANAC 192, a Portaria SAC impossibilitou a participação das empresas autorizadas, direta ou indiretamente, no processo licitatório dos aeroportos (art. 3°, V). A solicitação de autorização deveria estar acompanhada de declaração de ciência de que a autorização para a realização dos estudos inviabilizaria a participação no certame (art, 4°, VI).

Houve, portanto, o afastamento das empresas que poderiam ter interesse em explorar a concessão o que se traduz, reflexamente, no menor número de subsídios e informações fornecidas ao Poder Público a respeito do negócio a ser concretizado.

Por meio da Portaria SAC 31, de 27 de fevereiro de 2013, a empresa IQS Engenharia Ltda. também foi autorizada a desenvolver os estudos. Com a publicação da Portaria SAC 71,

146 O Conselho Nacional de Desestatização havia proposto à Presidência da República, por meio da Resolução 2,

de 16 de janeiro de 2013, a edição de decreto autorizando a inclusão no Programa Nacional de Desestatização – PND dos referidos aeroportos. Em 1° de fevereiro de 2013, foi publicado o Decreto 7.896, dispondo sobre a inclusão dos aeroportos no Plano Nacional de Desestatização.

de 8 de maio de 2013, os estudos técnicos preparatórios apresentados pela EBP foram selecionados para embasar as concessões.

Em seus termos, os valores de ressarcimento à EBP foram fixados em R$ 9.524.272,74 (nove milhões, quinhentos e vinte e quatro mil, duzentos e setenta e dois reais e setenta e quatro centavos), para o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro e em R$ 9.612.570,72 (nove milhões, seiscentos e doze mil, quinhentos e setenta reais e setenta e dois centavos) para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Tais montantes foram ratificados no item 6.2.5 do Edital do Leilão ANAC 01/2013, tendo por objeto a concessão para ampliação, manutenção e exploração dos aeroportos.

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