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O C HAMAMENTO P ÚBLICO 01/2014, DO M INISTÉRIO DOS T RANSPORTES

CAPÍTULO 8 O PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE E A

8.1 O C HAMAMENTO P ÚBLICO 01/2014, DO M INISTÉRIO DOS T RANSPORTES

Foi realizada pelo Ministério dos Transportes, em 29 de janeiro de 2014, a publicação do Edital de Chamamento Público 01/2014, para a elaboração dos estudos para a

A existência do PMI demonstra, de outro lado, que as decisões sobre todos os aspectos da futura outorga podem não ser feitas exclusivamente pela Administração, internamente, mas contar com a colaboração direta dos eventuais interessados.

concessão da BR-101/RJ, trecho Acesso à Ponte Presidente Costa e Silva (Niterói) - Entr. RJ- 071 Linha Vermelha.

Conforme o documento, a elaboração dos trabalhos técnicos deveria contemplar os seguintes estudos:

(i) demanda, com a caracterização da demanda atual por tipo de veículo e sua projeção futura na ponte, nas vias de acesso e nas vias adjacentes; pesquisa origem e destino; pesquisa de preferência declarada;

(ii) engenharia, por meio do apontamento da situação atual da obra de arte especial e dos acessos (aspectos funcionais e estruturais); obras requeridas e custos associados; programas de manutenção e conservação requeridos e custos associados; programas de inspeção e monitoração requeridos e custos associados;

(iii) operação, com a definição equipamentos, dispositivos e sistemas requeridos para operação da via e para a sinalização marítima e custos associados;

(iv) estudos de alternativas técnicas e operacionais para melhoria da fluidez do tráfego na ponte, nas vias de acesso e vias adjacentes;

(v) meio ambiente, com os respetivos estudos e relatórios ambientais;

(vi) modelagem econômico-financeira, por meio da integração dos estudos de forma a estruturar os diferentes aspectos requeridos para a concessão;

(vii) apoio na elaboração de minutas de documentos, com a elaboração do material necessário para a realização do procedimento licitatório.

Os interessados que pretendessem realizar a elaboração dos estudos deveriam protocolar, perante o Ministério dos Transportes, em até 10 (dez) dias contados da publicação do chamamento, requerimento da autorização prevista no art. 21 da Lei de Concessões. Seria conferido o prazo de 120 (cento e vinte) dias corridos, contados da publicação da autorização, para apresentá-los à ANTT.

Ademais, eventuais autorizações seriam outorgadas sem caráter de exclusividade, não gerariam direito de preferência para a outorga da concessão, não obrigariam o Poder Público a realizar a licitação, não criariam, por si só, qualquer direito ao ressarcimento dos valores envolvidos na sua elaboração, seriam pessoais e intransferíveis e não garantiriam que os estudos realizados serão selecionados e utilizados.

Foi aberto procedimento público, no qual os interessados poderiam requerer o direito de elaborar os estudos. Não foi concedida autorização específica a qualquer empresa, por meio do Edital de Chamamento Público 01/2014. Todas elas deveriam manifestar o seu interesse perante o Ministério dos Transportes.

Posteriormente, o Ministério dos Transportes publicou a Portaria 52, de 26 de fevereiro de 2014, autorizando as seguintes empresas a elaborar os estudos para a concessão: (i) Carioca Christiani-Nielsen Engenharia S/A; (ii) CCR S/A; (iii) Construtora Cowan S/A; (iv) Construtora Queiroz Galvão S/A – CQG; (v) Ecorodovias Infraestrutura e Logística S/A; (vi) EGP – Empresa Global de Projetos Ltda.; (vii) EBP; (viii) Investimentos e Participações em Infraestrutura S/A Invepar; (ix) Odebrecht Transport S/A; (x) Planos Engenharia S/S Ltda.; (xi) Proficenter Construções Ltda.; (xii) Saitec Brasil – Serviços de Consultoria e Auditoria Ltda.159

A grande maioria das empresas interessadas compete entre si na construção de obras e na exploração econômica de empreendimentos passíveis de licitação pelo Poder Público. Isso faz com que haja a disputa entre elas, já na fase de apresentação de estudos, para que suas contribuições, fornecidas ao longo do procedimento instaurado pelo Edital de Chamamento Público 01/2014, sejam acolhidas pela Administração Pública Federal.

Outras empresas, como a EBP, embora não tenham interesse na exploração do objeto a ser concedido, possuem como finalidade estatutária o desenvolvimento de estudos com esse escopo. Assim, a seleção da documentação por ela elaborada é essencial para que possa cumprir o seu objetivo social e para que seja remunerada pelos desembolsos incorridos para a preparação de todos os projetos.

A ANTT acompanhará o andamento dos trabalhos, conforme agenda de reuniões definida pela Agência, de comparecimento obrigatório pelos autorizados (art. 6º, § 6º, da Portaria 52). Isso faz com que haja a interação entre a Administração Pública Federal e as empresas autorizadas, de forma que o Ministério dos Transportes e a ANTT possam colher todas as informações necessárias para a escolha dos aspectos que pautarão a concessão.

Procedimentos semelhantes têm sido usados também em outros setores de transportes terrestres pelo Ministério dos Transportes.

Com intuito semelhante ao do Chamamento Público 01/2014, foram publicados, no Diário Oficial da União de 10 de junho de 2014, os editais de chamamento público de estudos 06/2014 a 11/2014, os quais têm como objetivo a complementação dos estudos de viabilidade técnica, com intuito de subsidiar a implantação da infraestrutura ferroviária nas seguintes estradas de ferro: (i) EF - 151, no trecho entre Açailândia (MA) e Barcarena (PA); (ii) EF -

159 Os aspectos contidos na Portaria MT 52/2014, especialmente para o recebimento e avaliação dos estudos,

estão baseados no Decreto 5.977, notadamente em vista da posição do TCU exarado por meio do Acórdão 112/2012-Plenário, no qual se recomendou ao MT que utilizasse o referido decreto, por analogia, sempre que outorgasse autorização para realização por particulares dos estudos técnicos de que trata o art. 21 da Lei de Concessões.

354, no trecho entre Anápolis (GO) e Corinto (MG); (iii) EF - 116, no trecho entre Belo Horizonte (MG) e Guanambi (BA); (iv) trecho entre Estrela D´Oeste (SP) e Dourados (MS); (v) EF - 354 entre Sapezal (MT) e Porto Velho (RO); (vi) EF - 170 entre Sinop (MT) e Miritituba, distrito de Itaituba (PA).

Poderão participar dos Chamamentos Públicos pessoas físicas ou jurídicas que pretendam apresentar os estudos de viabilidade técnica. Para tanto, deverão apresentar, dentre outras, informações sobre: (i) o detalhamento das atividades que pretendem realizar, considerando o escopo dos projetos, estudos, levantamentos ou investigações, inclusive com a apresentação de cronograma que indique as datas de conclusão de cada etapa e a data final para a entrega dos trabalhos; (ii) estimativa de custo específico para elaboração do estudo objeto da solicitação.

Os interessados em participar deverão protocolar, perante o Ministério dos Transportes, em até 20 (vinte) dias úteis contados da publicação dos chamamentos, requerimento da autorização prevista no art. 21 da Lei de Concessões.

Os autorizatários terão o prazo de 180 (cento e oitenta) dias corridos, contados da publicação da autorização, para apresentar os estudos à ANTT. A sua avaliação será realizada por comissão indicada pelo Ministério dos Transportes, que deverá considerar, para a seleção do estudo a ser utilizado na futura outorga, os seguintes critérios: (i) consistência das informações que subsidiaram sua realização; (ii) adoção das melhores técnicas de elaboração, segundo normas e procedimentos científicos pertinentes, utilizando, sempre que possível, equipamentos e processos recomendados pela melhor técnica aplicável ao setor; (iii) compatibilidade com as normas técnicas emitidas pelo Ministérios dos Transportes, Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, e demais agentes do setor, bem como à legislação pertinente; (iv) razoabilidade dos valores apresentados para eventual ressarcimento, considerando estudos similares e preços usuais de mercado.

A apresentação dos estudos por qualquer dos autorizados não resulta em qualquer espécie de impedimento de participar, direta ou indiretamente, isoladamente ou em consórcio, de procedimentos licitatórios relativos às obras e serviços para implantação das infraestruturas ferroviárias objeto dos chamamentos, na forma do art. 31 da Lei 9.074.

Espera-se que, tal como no Chamamento Público 01/2014, haja o interesse de empresas que concorrem entre si na prestação de serviços de transportes para influenciar a decisão administrativa para a outorga da concessão.

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