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C RÍTICAS EM R ELAÇÃO À E DIÇÃO DA PORTARIA SEP-PR 38/2013

CAPÍTULO 3 O PLANEJAMENTO DAS CONCESSÕES

3.2 O P LANEJAMENTO POR MEIO DA C ONTRATAÇÃO DE C ONSULTORES

3.2.2 A S C RÍTICAS À A TUAÇÃO DA EBP

3.2.2.1 C RÍTICAS EM R ELAÇÃO À E DIÇÃO DA PORTARIA SEP-PR 38/2013

Grande parte das críticas em relação à atuação da EBP está relacionada à sua atuação na elaboração de estudos de licitações de arrendamentos portuários no país.

A companhia foi autorizada, por meio da Portaria SEP 38, de 14 de março de 2013 (a “Portaria SEP 38”), a desenvolver projetos e/ou estudos de viabilidade técnica econômica, ambiental e operacional, levantamentos e investigações, destinados a subsidiar a Secretaria de Portos da Presidência da República (a “SEP”) na preparação dos estudos que fundamentarão os procedimentos licitatórios concessões de portos organizados e dos arrendamentos de instalações portuárias (art. 1º).

A portaria apresenta rol de 159 (cento e cinquenta e nove) áreas passíveis de arrendamento, bem como 2 (dois) portos organizados a serem concedidos, nos termos da Lei

12.815, de 05 de junho de 2013 (a “Lei dos Portos”) e do Decreto 8.033, de 27 de junho de 2013 (o “Decreto 8.033”), divididos em regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste.75

Os estudos técnicos teriam por escopo estruturar os diferentes aspectos relacionados a concessões de portos organizados e dos arrendamentos de instalações portuárias, abrangendo as seguintes matérias (art. 1º, § 1º, da Portaria SEP 38):

(i) engenharia, com a verificação da situação e inventário atual dos portos e arrendamentos de instalações portuárias, obras de recuperação e/ou de ampliação de capacidade requeridas pelo porto, custos de manutenção ampliação de capacidade;

(ii) operação, por meio do detalhamento do aparelhamento das instalações portuárias, máquinas e equipamentos requeridos para operação do porto ou arrendamento de instalações portuárias e os custos associados;

(iii) meio ambiente, com a realização de estudos e relatórios ambientais;

(iv) demandas: reavaliação e validação das demandas para os horizontes de 2015, 2020, 2025 e 2030, com a avaliação de possíveis tendências até 2040, incluindo pesquisa de origem e destino;

(v) capacidades, desenvolvendo a reavaliação e validação das capacidades existentes e necessárias para o atendimento das demandas para os horizontes de 2015, 2020, 2025 e 2030, com a avaliação de possíveis tendências até 2040;

(vi) modelagem econômico-financeira, com a integração dos estudos de forma a estruturar os diferentes aspectos requeridos para a realização das concessões e dos arrendamentos de instalações portuárias, inclusive com a elaboração dos Estudos de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental.

O prazo para elaboração dos estudos técnicos foi fixado em 220 (duzentos e vinte e cinco dias), a contar da data de publicação da Portaria SEP 38, e poderia ser prorrogado a critério da Administração Pública (art. 1º, § 2º).

O valor máximo para eventual ressarcimento pelo conjunto dos projetos e estudos de viabilidade não poderia ultrapassar 0,37103% do valor total estimado dos investimentos necessários à implementação de cada uma das concessões ou arrendamentos de instalações portuárias. Ainda, foi limitado ao total de R$ 63.800.000,00 (sessenta e três milhões e oitocentos mil reais) (art. 1º, § 3º, da Portaria SEP 38).

75 No grupo 1 serão licitados terminais nos portos de Santos, Belém, Miramar, Outeiro, Santarém e Vila do

Conde. No grupo 2, será a vez da concessão dos portos de Manaus e Imbituba, bem como de arrendamentos nos portos de Antonina, Aratu, Paranaguá e São Sebastião. Já no grupo 3, serão outorgados terminais nos portos de Cabedelo, Fortaleza, Itaqui, Macapá, Maceió, Recife e Suape. O grupo 4, por sua vez, contemplará arrendamentos nos portos de Itaguaí, Itajaí, Niterói, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Rio Grande, São Francisco do Sul e Vitória.

A EBP deveria entregar os seguintes documentos para a realização das atividades objeto da Portaria SEP 38, a contar de sua publicação (art. 2º):

(i) plano de trabalho, contendo a descrição detalhada das etapas do estudo que se pretende realizar e respectivos prazos de execução, em até 10 (dez) dias;

(ii) equipe técnica, com a composição e carga horária prevista para os profissionais que realizariam os estudos, até 20 (vinte) dias;

(iii) custos financeiros, por meio da descrição pormenorizada dos custos previstos para elaboração dos estudos, discriminados de forma a permitir, caso sejam aproveitados, análise por parte do Poder Concedente com vistas a seu futuro ressarcimento, até a data da entrega final dos estudos.

A autorização para que a EBP realizasse os estudos para a licitação das instalações portuárias, veiculada por meio da Portaria SEP 38, foi concedida sem caráter de exclusividade (art. 3º da Portaria SEP 38). As pessoas físicas ou jurídicas da iniciativa privada interessadas em oferecer projetos e estudos técnicos objeto da portaria, poderiam apresentar requerimento de autorização à SEP, no prazo de 20 (vinte) dias (art. 4º).76

As críticas à atuação da EBP no âmbito da autorização que lhe fora outorgada por meio da Portaria SEP 38 residem no prazo para que outras empresas pudessem apresentar requerimento para a apresentação dos estudos e no seu escopo.

O período de 20 (vinte) dias para que os eventuais interessados pudessem avaliar todas as variáveis que compõem estudos de tamanha complexidade seria insuficiente para que realizassem as ponderações necessárias.

Adicionalmente, não poderia haver fracionamento das áreas, instalações portuárias e possíveis contratos de arrendamento: nos termos da Portaria SEP 38, os estudos deveriam ser feitos para todo o escopo previsto nos 4 (quatro) blocos e somente serão avaliados se contemplarem conjuntamente os itens previstos no art. 1º, § 1º (art. 4º, § 2º). Esse fato aumentaria a complexidade dos estudos a serem realizados e, consequentemente, o interesse de eventuais interessados.

Grande parte das dúvidas levantadas sobre a atuação da EBP, no âmbito da Portaria SEP 38, está consubstanciada no Requerimento de Informação 3.168/2013, de autoria do

76 Os interessados em apresentar requerimento para o desenvolvimento das atividades objeto da Portaria SEP 38

deveriam apresentar qualificação completa, demonstração da experiência na realização de projetos, estudos, levantamentos ou investigações similares aos solicitados e detalhamento das atividades que pretenderiam realizar, considerando o escopo dos projetos, estudos, levantamentos ou investigações, inclusive com a apresentação de cronograma que indique as datas de conclusão de cada etapa e a data final para a entrega dos trabalhos, nos termos do art. 3º do Decreto 5.977.

Deputado Augusto Coutinho. Por meio dele, foram solicitadas à SEP, dentre outras, informações sobre:

(i) a participação de outras empresas no processo que teve a EBP como única autorizada a realizar projetos, estudos e levantamentos necessários à preparação dos estudos que fundamentarão os procedimentos licitatórios das concessões de portos organizados e dos arrendamentos de instalações portuárias;

(ii) eventual parecer técnico exarado e que comprovasse o atendimento, pela EBP, de todas as informações e qualificações para o adequado desenvolvimento dos trabalhos.

A abertura do Requerimento de Informação 3.168/2013 teve como justificativa, em seus próprios termos, o fato de que a imprensa teria noticiado que, “antes mesmo de ser publicada a Portaria 38, de 2013 pela Secretaria de Portos, a EBP já participava de reuniões na Casa Civil”.77 Até a data de conclusão do presente trabalho, contudo, as respostas ao Requerimento de Informação 3.168/2013 ainda não haviam sido realizadas.

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