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Capítulo 1. Os «estrangeirados»: uma nobre utopia

1.1. Génese, formulação e discussão do conceito 1 A génese

1.1.2. A formulação do conceito por António Sérgio

No primeiro quartel do século XX, António Sérgio colocara em evidência o papel desempenhado por alguns homens na europeização e modernização da cultura portuguesa. A esse escol (conceito caro a Sérgio)107, o autor chamou «estrangeirados». O termo, então de

existência ainda recente, foi substantivado e, tornado conceito, tem sido desde então confirmado ou refutado por agentes da cultura portuguesa.

É n’O problema da cultura e o isolamento dos povos peninsulares, um texto publicado em 1914 mas preparando em 1913 para uma conferência realizada no Rio de Janeiro, no âmbito de um encontro sobre a Renascença, que António Sérgio explana o seu conceito, relacionando-o com aquele que considera ser o objetivo primacial do movimento da Renascença Portuguesa: «granjear a colaboração da nossa Patria na civilização da velha Europa»108. A formulação do conceito de «estrangeirado» está, então, correlacionada com a

discussão acerca da decadência nacional decorrente do isolamento de Portugal face à Europa, «após a época fulgurante — e europeia — dos descobridores e humanistas»109.

Considerando o estado de decadência nacional no século XX uma consequência da adoção de uma «educação guerreira» (sobreposta à educação intelectual) e de uma «política de transporte» (em detrimento da «política de fixação»)110, Sérgio questiona se será possível,

volvidos cerca de três séculos, uma regeneração, e responde: «É, se tomarmos o exemplo de alguns extranhos, — e para isso vencermos o Isolamento.»111 Ora, na sua opinião, essa

operação foi primeiramente estimulada no século XVIII por certos «piratas benemeritos»: «os “estrangeirados” de que se serviu a vontade cega de Pombal» 112 . Entre esses

«estrangeirados», António Sérgio releva Luís António Verney e António Nunes Ribeiro Sanches, defensores e proponentes de uma reforma pedagógica que veio a ser implementada

107 Sérgio Campos Matos enumera alguns dos conceitos-chaves com presença permanente na obra ensaística

de António Sérgio. Além de «escol», o historiador identifica os seguintes: «elite», «classe», «ordem», «decadência», «estrangeirados», «carácter», «missão histórica», «burguesia», «burguesia comercial marítima», «fidalguia», «regime económico e social», «causa», «causalidade», «revolução», «luta de classes», «evolução social» e «consciência nacional». Cf. Sérgio Campos Matos, op. cit., pp. 215-230.

108 António Sérgio, O problema da cultura e o isolamento dos povos peninsulares, Porto, Renascença

Portuguesa, 1914, p. 14.

109 Idem, ibidem.

110 Sobre a «educação guerreira» e a «política de transporte» como causas do isolamento e decadência de

Portugal, veja-se Idem, ibidem, pp. 14-15 e, também, o ensaio «As duas políticas nacionais», incluído no t. II dos Ensaios (António Sérgio, Ensaios, t. II, Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1974-1981, p. 86).

111 António Sérgio, O problema da cultura e o isolamento dos povos peninsulares, ed. cit., p. 17. 112 Idem, ibidem, p. 29.

com a «energia fera» de Pombal (ele próprio «estrangeirado» pela experiência diplomática adquirida em cortes estrangeiras). No seu entender, com o afastamento deste ministro, na sequência da morte de D. José, é retomado o isolamento de Portugal, apenas brevemente travado pela criação e atividade da Academia Real das Ciências de Lisboa, embora sob o olhar atento do intendente-geral Pina Manique, «chefe do serviço da purificação». Reforçou- se, então, a repressão das «ideias peregrinas» e a perseguição de estrangeiros, estrangeirados ou intelectuais europeístas, muitos deles forçados ao exílio113. Na sua interpretação

estilizada, Portugal, que fora descrito por Ribeiro Sanches como o «cadeveroso reino»114,

tornava-se no final do mesmo século o «reino da estupidez», expressão imortalizada por um poema satírico em quatro cantos atribuído a Francisco de Melo Franco, um estudante da Universidade de Coimbra, intitulado precisamente O reino da estupidez (1785), que António Sérgio enaltece, citando e comentando alguns passos.115

Já no século XIX, depois do travão imposto no progresso do país pelas invasões francesas, verificou-se, segundo o ensaísta, nova tentativa de aproximar Portugal ao espírito da Europa, levada a cabo por políticos e intelectuais que, no contexto das lutas liberais, foram forçados a emigrar para destinos como a Inglaterra ou a França e tomaram consciência do isolamento do seu país. António Sérgio nomeia três desses homens que procuraram «introduzir o espírito europeu na estrutura mental e social da nossa pátria» e abrir «a brecha na muralha do Isolamento»116: Alexandre Herculano, Almeida Garrett e Mouzinho da

Silveira. Já no contexto pós-Regeneração, é Antero o protagonista da europeização da cultura portuguesa. Não nos compete, neste contexto, descrever a obra redigida, realizada ou idealizada por estes autores, trabalho de resto já realizado por historiadores, filósofos e

113 Foram os casos, por exemplo, do botânico Félix de Avelar Brotero e do poeta Filinto Elísio, que em 1778

embarcaram, juntos, para Paris.

114 António Nunes Ribeiro Sanches, Dificuldades que tem um reino velho para emendar-se e outros textos,

apres. e notas de Victor de Sá, 2.ª ed., Lisboa, Livros Horizonte, 1980, p. 52.

115 Cf. António Sérgio, O problema da cultura e o isolamento dos povos peninsulares, ed. cit., pp. 34-35. O

poema completo encontra-se disponível em http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006- 02096.html#_ftnref9 (ultima consulta em 22 de julho de 2017.) O texto manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal, bem como algumas edições do século XIX. Ofélia Paiva Monteiro, num estudo dedicado a uma versão mais longa do mesmo poema (versão B), que se acha no Espólio de Almeida Garrett (ms. 198) levanta a possibilidade de o seu verdadeiro autor ser António Ribeiro dos Santos, conforme, de resto, se suspeitou quando o poema foi dado a conhecer — suspeição que ditou a sua saída da Universidade, em 7 de março de 1785, por decisão régia. Cf. Ofélia Paiva Monteiro, «Sobre uma versão desconhecida de O reino da

estupidez», Revista de História das Ideias, vol. 4, t. II, 1982, 199-253. Teófilo Braga dedica algumas páginas da sua História da Literatura Portuguesa a este poema, atribuindo-o ao estudante Francisco de Melo Franco. Cf. Teófilo Braga, História da literatura portuguesa (recapitulação), vol. IV: Os Árcades, 3.ª ed., Lisboa, INCM, 2005, pp. 254-257.

demais intelectuais abalizados. Mas não será excessivo insistir na influência que o seu pensamento e ação (culturais ou legislativos) tiveram sobre todo o processo de liberalização, democratização e modernização do país e das suas instituições. Considerando a sua participação ativa em episódios polémicos nos quais se digladiaram a «Purificação» e o «Estrangeirismo», o Isolamento e a Cultura, António Sérgio conclui: «Verney, Herculano e Antero são os tres grandes paladinos da cultura europeia em Portugal»117.

As mesmas ideias são retomadas em 1926, numa conferência apresentada em Coimbra e intitulada «O reino cadaveroso ou o problema da cultura em Portugal»118.

Recuperando a imagem do «cadeveroso Reino» a que já aludimos, o ensaísta evidencia o retrocesso cultural operado no Portugal pós-quinhentista, em oposição à «luminosa e triunfante ofensiva do espírito crítico e experimental»119 gerada numa Europa onde triunfa o

espírito moderno, crítico e experimentalista. Um número reduzido de homens que ousaram quebrar os grilhões da ignorância constitui a exceção:

Depois dos dias do Quinhentismo, o que se chama espírito moderno nunca mais vigorou na nossa terra, — se bem que brilhasse, por vezes, em alguns portugueses excepcionais, que se cultivaram no estrangeiro, que se não entenderam com os seus patrícios, e que combateram sem resultado a mentalidade do seu país [...].120

[...] As perseguições do Santo Ofício arrojavam de cá os melhores espíritos: e esses emigrados foram compondo, pouco a pouco, a bela falange dos «estrangeirados», que, como um plenilúnio, iluminou esperançosamente, na segunda metade do século XVIII, a nossa noite intelectual.121

Entre os «melhores espíritos», António Sérgio coloca sempre, como exemplo máximo dessa «falange», Luís António Verney, cujo Verdadeiro método de estudar (1746) é classificado como «a maior obra de pensamento que se escreveu em português»122 e um golpe «do espírito

crítico na muralha que nos separa da Europa culta desde o fim da época das Navegações»123.

117 António Sérgio, O problema da cultura e o isolamento dos povos peninsulares, ed. cit., p. 37. Sérgio

considera a «Questão Coimbrã», protagonizada por Antero e Castilho, uma batalha entre a tradição e a inovação, semelhante a duas ocorridas anteriormente, travadas por Verney, com a publicação do Verdadeiro

método de estudar, e por Herculano, com a sua História de Portugal.

118 A conferência foi publicada em 1929, estando integrada no tomo II dos seus Ensaios.

119 António Sérgio, «O reino cadaveroso ou o problema da cultura em Portugal», in Ensaios, t. II, ed. cit., pp.

40-41.

120 Idem, ibidem, p. 27. 121 Idem, ibidem, p. 43. 122 Idem, ibidem, p. 44. 123 Idem, ibidem, p. 52.

De facto, António Sérgio cita uma série de passos do Verdadeiro método, que comprovam que Verney, apesar de ausente da sua pátria natal, tinha plena consciência dos problemas e da «situação mental do nosso país»124. O cuidado pelos assuntos pátrios torna-se, assim, o

traço que distingue o «estrangeirado» do viajante e do exilado. Ao lado de Verney, Sérgio coloca ainda uma «plêiade de bons eruditos», como Alexandre Herculano, Antero de Quental, Oliveira Martins, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, considerando que estes homens legaram «o período de maior fulgor de toda a literatura nacional»125.

É, todavia, na Breve interpretação da história de Portugal (1929), num capítulo intitulado «A intervenção reformadora dos “Estrangeirados”», que vislumbramos uma mais clara e precisa definição sergiana do conceito. Importará sublinhar que esta pequena obra é o culminar de um longo processo de interpretação crítica da história de Portugal — com especial incidência nos seus momentos de crise —, iniciado em 1913 com a redação d’O problema da cultura e o isolamento dos povos peninsulares.126 António Sérgio define, então,

os «estrangeirados» como «homens de superior inteligência, que saíram do País para a Europa culta», «homens de superior cultura», «pioneiros de uma ideia nova», «iluministas», homens com «generosidade de espírito», com «horizonte mental», com «largueza de vistas», numa época em que «Portugal e as suas colónias formavam [assim] um sistema fechado, em que a metrópole, parasitando, pudera viver no isolamento em relação às ideias que animavam a Europa»127. Quanto à identificação desses «iluministas» e às áreas em que atuaram, o autor

torna a atribuir maior preponderância a Luís António Verney, na reforma dos estudos gerais, mas também refere e sublinha o pensamento e as propostas de Ribeiro Sanches, de Jacob de Castro Sarmento e do diplomata D. Luís da Cunha.128 Sérgio não inclui Pombal entre os

«estrangeirados», embora dele diga que se «estrangeirara», em virtude das missões diplomáticas na Áustria e na Inglaterra, nas quais aprendera a «conhecer e a avaliar o

124 Idem, ibidem, p. 50. 125 Idem, ibidem, p. 53.

126 Valerá a pena relembrar o seu objetivo programático, exposto no prefácio da segunda edição do tomo IV

dos seus Ensaios: «O meu objetivo não é propriamente o de informar sobre a História mas o de formar o espírito da gente moça para uma visão filosófica e sociológica dos factos, como preparação para a obra da elevação do Povo, que lhe cumpre agora empreender» (António Sérgio, Ensaios, t. IV, ed. cit., p. 4).

127 António Sérgio, Breve interpretação da história de Portugal, Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1998, p. 121. 128 Alexandre de Gusmão é também referido pelo ensaísta, na conferência «As duas políticas nacionais»

publicada no segundo tomo dos seus Ensaios (cf. ed. cit., p. 86). Embora não o inclua no rol dos «estrangeirados», considera-o, tal como a D. Luís da Cunha, um «espírito superior». Numa outra obra,

Considerações histórico-pedagógicas (1915), António Sérgio indica como «estrangeirados», além dos

indivíduos já referidos, o Cavaleiro de Oliveira, Monteiro da Rocha e Manuel do Cenáculo. Cf. António Sérgio,

Considerações histórico-pedagógicas antepostas a um manual de instrução agrícola na escola primária,

Portugal da sua época, e a medir os efeitos do isolamento, por comparação com a Europa culta»129. Considerava o ensaísta que, apesar da sua «energia formidável», Pombal não estava

à altura daqueles homens, faltando-lhe «a generosidade de espírito, o horizonte mental, a largueza de vistas, que foram o timbre dos “estrangeirados”»130, acrescentando, ainda, que o

ministro de D. José deturpou o pensamento daqueles homens através de atos «retrógrados, levado pela paixão, pelo orgulho e pela mania da ferocidade»131. Embora confira um papel

importante a Pombal na implementação de reformas que visavam a aproximação de Portugal à Europa, Sérgio não desconsidera totalmente o peso das medidas tomadas durante o reinado de D. Maria I, como a instituição da Academia Real das Ciências (1779) e da Real Biblioteca Pública da Corte (1896), primeva antecessora da Biblioteca Nacional de Portugal132. Na

verdade, formam estas, no entender de Sérgio, iniciativas mais eficazes para o progresso da cultura nacional do que as reformas pombalinas.133

Um quarto texto, publicado em 1915, constitui um importante contributo para a compreensão do pensamento histórico e pedagógico sergiano: as Considerações histórico- pedagógicas. Nelas, apesar de não se esgotar neste tópico134, o autor adverte para a urgência

de uma reforma geral de todo o ensino, como primeira medida para uma eficaz regeneração do país, sendo esta necessidade explicada mediante uma breve incursão pela história «desmascarada» de Portugal. Sérgio demonstra, por exemplo, como o elemento estrangeiro no território nacional foi vital e constituiu presença efetiva na história portuguesa, contrapondo-se ao isolamento persistente que veio a tornar-se característico:

a) «a criação de Portugal [...] foi obra do estrangeirismo»135;

b) nos séculos XIII-XIV, a riqueza produzida no país provinha de «estranhos», sobretudo do labor de judeus «laboriosos e flexíveis» e de árabes «civilizados e instruídos»136;

129 António Sérgio, Breve interpretação da história de Portugal, ed. cit., p. 123. 130 Idem, ibidem, p. 121.

131 Idem, ibidem, p. 123.

132 Uma breve história das origens da Biblioteca Nacional de Portugal encontra-se disponível no site da mesma,

em http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=82&Itemid=90 (último acesso em 20 de agosto de 2017).

133 António Sérgio, Breve interpretação da história de Portugal, ed. cit., p. 126.

134 São igualmente tópicos fundamentais focados por António Sérgio nesta obra a inexistência de atividade

produtora no país, facto intimamente relacionado com a «política de transporte» adoptada em Portugal praticamente desde a sua fundação, e a perseguição aos judeus e cristãos-novos (ou obra «purificadora», como refere Sérgio).

135 António Sérgio, Considerações histórico-pedagógicas, ed. cit., p. 9. 136 Idem, ibidem, p. 12.

c) no século XVIII, uma «ilustre pleiada estrangeirada»137 viu o seu pensamento reformador

pervertido por uma feroz, incoerente e retrógrada administração.

António Sérgio cria no valor das elites formadas no estrangeiro — um escol de mentes esclarecidas, herdeiras daquela falange setecentista cujas propostas, porque adulteradas, não tiveram concretização efetiva138 — e o seu papel fundamental numa reforma

pedagógica. À semelhança de Sérgio, também uma parte significativas dos «estrangeirados» do século XVIII propôs uma reforma do ensino, consciente de que essa seria a via para contrariar um progressivo afastamento de Portugal da Europa. Os «estrangeirados» constituíam, por isso, a prova de que uma regeneração era viável. Mas, para o efeito, necessário seria que essa elite não constituísse uma minoria: Sérgio não aspirava ao governo dos poucos, mas ao governo dos melhores — e para esse governo ser consistente e eficiente, os melhores deveriam ser muitos.139 Por outro lado, a sua conceção humanista e universalista

da história, aliada a um racionalismo idealista, levou-o a confrontar o historismo nacionalista então em voga, o qual Sérgio acusava de manter Portugal preso ao passado, isolado e «amarrado» a messianismos.140 Sob o divisa «A nossa fatalidade é a nossa História»141,

António Sérgio propugnava por uma vitória contra o isolamento, visando atravessar essa barreira bloqueadora do desenvolvimento, no país, de um espírito crítico, ingrediente fundamental para o ansiado progresso científico e crescimento económico. Por isso acreditava que uma elite educada no estrangeiro seria o melhor instrumento para orientar

137 Idem, ibidem, p. 39.

138 A respeito do elitismo de António Sérgio, importa ter presente a ideia avançada nas Cartas do Terceiro

Homem de que «[o] melhor político, como o melhor pedagogo, é aquele que trabalha por se tornar dispensável»

(António Sérgio, Cartas do Terceiro Homem: porta-voz das «pedras vivas» do «país real», Lisboa, Inquérito, 1953, p. 29). Ou seja, trata-se de um elitismo que, no dizer de José Esteves Pereira «não aparece de um modo estático», na medida em que a desejada emancipação mental do povo tornará dispensável o papel desse escol. José Esteves Pereira, «António Sérgio, político. A ideia de democracia», in AA.VV., António Sérgio:

pensamento e acção, Atas do colóquio realizado pelo Centro Regional do Porto da Universidade Católica

Portuguesa, vol. I, Lisboa, INCM, 2004, p. 100.

139 Sobre o carácter elitista do pensamento sergiano, consulte-se Victor de Sá, A historiografia sociológica de

António Sérgio, Lisboa, Instituto de Cultura Portuguesa, col. Biblioteca Breve, vol. 34, 1979, p. 30; Carlos

Leone, O essencial sobre estrangeirados no século XX, Lisboa, INCM, 2005, p. 27; Vasco de Magalhães

Vilhena, António Sérgio: o idealismo crítico e a crise da ideologia burguesa, Lisboa, Seara Nova, 1964, p. 106; Maria de Fátima Bonifácio, «António Sérgio: “O historiador comprometido”», Penélope, n.º 2, fev. 1989, pp. 130-141, passim; Fernando Farelo Lopes, «A revista “Pela Grei” (doutrina e prática políticas)», Análise

Social, vol. XVIII (3.º-4.º-5.º), 1982-1983 (n.º 72-74-75), pp. 759-772, passim.

140 Esta questão será retomada no último ponto do presente capítulo, «Repensar o conceito sergiano de

“estrangeirados”» (pp. 108-114).

141 Trata-se de uma expressão de Antero de Quental, retirada das Causas da decadência dos povos peninsulares

uma educação científica, dinâmica e produtiva da população. A formulação do conceito de «estrangeirados» pode ser entendida, neste contexto, como uma necessidade de, através de um exemplo do passado, conceber uma solução viável para os problemas presentes.