• Nenhum resultado encontrado

2. A DETERMINAÇÃO DO EMPREGO E OS EFEITOS DA VARIAÇÃO DOS SALÁRIOS:

2.3 A INCERTEZA E A INSTABILIDADE NO NÍVEL DE EMPREGO

Vimos que do princípio da demanda efetiva apresentado em Keynes resulta que o nível de emprego se dará conforme a decisão de produção dos empresários, expressa na interseção das receitas necessária e esperada de certo nível de emprego, isto é, a oferta e demanda agregadas. A demanda agregada Keynes desmembra em consumo e investimento, detalhando-os em capítulos posteriores e explicando o papel determinante do investimento sobre o emprego. É explicado que a taxa de juros e a eficiência marginal do capital afetam o investimento, de modo que o emprego também estará sujeito à influência de variações desses dois fatores, ambos sujeitos à incerteza. A taxa de juros resulta do confronto entre oferta e

demanda por moeda, e a incerteza afeta a preferência pela liquidez, havendo, portanto, uma relação direta entre a moeda e a taxa de juros.

Assim, no capítulo 18 Keynes elucida a relação entre o emprego, o juro e a moeda - a preferência pela liquidez determina a taxa de juros, que afeta os investimentos, que é componente da demanda agregada, que determina o emprego16. Esta sequência parte do efeito direto da demanda por moeda sobre a taxa de juros. Contudo, há também uma relação indireta entre a moeda e a eficiência marginal do capital, cujas variações se explicam pela incerteza quanto aos rendimentos futuros. Porque a moeda existe, o estado das expectativas de longo prazo quanto aos rendimentos futuros é afetado - o investidor não sabe se haverá demanda futura, pois a moeda cria essa possibilidade.

Assim, esta seção tratará das razões pelas quais a moeda é capaz de criar essa possibilidade, que afeta a taxa de juros e a eficiência marginal do capital, tornando instável o volume de investimentos pela incerteza quanto ao futuro, fazendo com que em última análise a causa da instabilidade no nível emprego da economia se deva à existência da moeda.

Para discutir acerca da relação entre a moeda e a instabilidade da economia, serão usados como auxílio dois conceitos, para só depois retornar à moeda discorrendo acerca de suas propriedades essenciais, que qualificam a sua liquidez enquanto ativo. Esses dois conceitos são o de tempo histórico e o de ambiente não-ergódigo, brevemente descritos abaixo:

- No tempo histórico, passado, presente e futuro caracterizam estágios diferenciados de fluxo cronológico, independentemente de haver conexões lógicas entre si em determinados momentos. O tempo, então, é definido como um fluxo unidirecional, e isso remete a uma assimetria entre o futuro, que pode se tornar passado, e o passado, que não pode voltar a ser futuro. Não podendo voltar no tempo, os agentes experimentarão uma assimetria também entre causa e efeito de suas decisões. Os efeitos não antecedem as causas: as consequências do que foi decidido hoje se manifestarão num futuro desconhecido. Assim sendo, as decisões dos agentes não poderão se dar de outra forma senão mediante a formação de expectativas, processo exercido no âmbito do imaginário humano. (Lima, 1992)

16

Supondo dadas a oferta de moeda, a eficiência marginal do capital, a propensão a consumir, o estoque de capital e a tecnologia.

O conceito de ergodicidade faz referência à “propriedade de um sistema ou processo no qual as médias computadas a partir de um conjunto de dados ao longo do tempo convergem, em termos probabilísticos, para determinadas médias.” (Billingsley, 1978, Cap I, apud Lima, 1992, p. 106) Assim, um ambiente não- ergódigo será aquele no qual prevalece a inexistência de fundamentos seguros para a formulação de probabilidades calculáveis. Num mundo ergódigo a distribuição de probabilidade de uma variável é calculada com base em realizações passadas, e converge para uma função de probabilidade que rege os eventos presentes, que por sua vez, converge para a função de probabilidade que irá reger os eventos futuros, assim, o futuro é um reflexo estatístico do passado. O ambiente econômico no qual estamos inseridos, não sendo a história e os eventos correntes capazes de fornecer um guia estatístico confiável para o conhecimento dos desdobramentos futuros das decisões feitas hoje, é portando essencialmente não ergódigo, e a incerteza quanto ao futuro é a consequência disto.(Lima, 1992)

Conforme Davidson (1999), Keynes teria argumentado que o futuro econômico era incerto, tal que nem pode ser conhecido com antecedência, nem ser estatisticamente prognosticado através das informações contidas nos preços de mercado passados e correntes, assim

(...)um mundo incerto é aquele onde o axioma ergódico clássico não é aplicável. Em um ambiente não-ergódico, sinais de mercado presentes e passados não oferecem informações estatisticamente confiáveis sobre eventos futuros. (Davidson, 1999, p. 53)

Davidson (1999) prossegue com a implicação da não-ergodicidade do nosso ambiente econômico para os investimentos, que não podendo ser determinados endogenamente a partir da poupança “planejada”, nem ter a previsão com certeza sobre os lucros futuros que os fomenta a investir, dependem de expectativas exógenas, e, fora do axioma ergódigo, não racionais por definição, porém sensatas, sendo por isso chamadas por Keynes “animal spirits”.

Em conclusão, as decisões que serão tomadas num ambiente não-ergódigo quando os agentes estão cientes de que o sentido único do tempo não permitirá que a ação tomada seja revogada, suscitam, portanto, incerteza acerca dessas decisões.

Acontece que para qualquer decisão, qualquer que seja a ação tomada (ou não) acarretará consequências. Assim, a mensagem central que se pretendeu nesta subseção, acerca da incerteza a que estas características do nosso ambiente econômico submete as decisões é que:

Isto não significa, contudo, que os agentes econômicos, habitantes de um mundo onde o período corrente é um produto da história, não possam promover ajustamentos em sua estratégia de ação, mas sim, que o próprio ajustamento engendra mudanças subsequentes nas variáveis em questão. (LIMA, 1992, p.100)

Guardados esses conceitos, a compreensão da relação deles e a moeda requer discorrer acerca da percepção de liquidez de Keynes, que passa pela consideração das propriedades essenciais atribuídas à moeda17 (ou atributos da moeda), que são:

i) Elasticidade de produção igual a zero – o que significa que a moeda não pode ser livremente produzida, e portanto, não emprega mão-de-obra em sua produção;

ii) Elasticidade de substituição zero – ao contrário dos bens comuns que têm a sua demanda reduzida em consequência de uma elevação no seu preço, a elasticidade de substituição nula (ou negligível) entre os ativos líquidos18 e os ativos reproduzíveis19 significa que quando a preferência do público por ativos líquidos cresce, o preço destes ativos se eleva, mas isso não reduz sua demanda (porque os bens produzíveis não possuem liquidez e é exatamente liquidez que os agentes querem obter).

Os produtos da indústria não possuem liquidez porque não apresentam essas propriedades, não podendo propiciar qualquer utilidade para fins de liquidez, ainda que o seu preço se reduza frente aos ativos líquidos. (DAVIDSON, 1999). Assim, conforme citado em Davidson (1999, p. 54), Keynes afirma que o atributo da liquidez de um ativo depende dessas duas elasticidades. Liquidez refere-se à capacidade que possui um ativo de ser rapidamente

17

A concepção de moeda de Keynes (1936) pode incluir depósitos em conta-corrente, cadernetas de poupança e até títulos de curto prazo (por exemplo, títulos públicos de até três meses de prazo) e não apenas o papel- moeda em poder do público.

18Moeda e seus substitutos, além de títulos e ações em bolsa. 19Máquinas, equipamentos, edificações, bens em estoque, etc.

convertido em poder de compra “com segurança, prontamente e sem perda” (KEYNES, 1930, p. 59 apud LEITE, 2008, p. 6)

Apesar da compreensão acerca da liquidez ser facilitada quando, por exagero didático, se classifica os ativos em líquidos e não-líquidos, Leite (2008) faz ressalva de que a liquidez de um ativo deve ser observada não numa perspectiva de ausência ou presença, mas em termos de grau, pois em alguma medida todos os ativos possuem convertibilidade. Assim, mesmo um ativo que possuísse máxima medida de convertibilidade:

(...) a possibilidade de realização imediata e sem perdas deve ser vislumbrada apenas como uma aproximação, um estado idealizado em que um ativo, além de gerar rendimentos pecuniários, se apresentaria como um receptáculo perfeito para transportar riqueza ao longo do tempo. (LEITE, 2008, p. 7)

Nos limites que essas observações implicam, as duas propriedades essenciais citadas anteriormente fazem da moeda, perante os demais ativos, o ativo de liquidez absoluta. Dotada desses atributos, o caráter que a moeda assume quando inserida num cenário não-ergódico, de fluxo de tempo unidirecional, trás repercussões que afetam o comportamento dos agentes na dinâmica do modo de produção capitalista, ou como chamado em Keynes (1933), numa economia monetária de produção, propondo:

Falta-nos uma teoria monetária da produção. Uma economia que usa moeda, mas que somente como um elo neutro nas transações de bens e ativos reais, e não permite que ela participe de motivos e decisões, poderia ser chamada – na falta de um nome melhor – uma economia de trocas reais (...). è isso que devemos querer dizer ao falarmos de uma economia monetária (...) Todos certamente concordariam que é numa economia monetária, tal como entendo o termo, que realmente vivemos... (KEYNES, 1933 apud CHICK, 1993, p. 3-4)

A essência do que vem a ser uma economia monetária de produção dentro da noção que aqui interessa foi captada por Feijó (1999):

Para os pós-Keynesianos o conceito de economia monetária de produção é definido para descrever uma visão particular das regras de funcionamento de um sistema capitalista moderno. (..) Uma economia de produção não é apenas uma economia em que a moeda é usada.(...) Estas economias são inclinadas a sofrer flutuações na demanda efetiva porque os agentes podem decidir reter moeda ao invés de adquirir bens. (FEIJÓ, 1999 p.109-110)

Portanto, é a natureza monetária da economia que explica a tendência à instabilidade dos investimentos que definem o nível de emprego. Em uma economia monetária a moeda será percebida também na sua função de reserva de valor (e não somente nas funções de meio de troca e unidade de medida), pela sua capacidade de transportar riqueza no tempo, devido aos seus atributos peculiares. Dada a irreversibilidade do tempo histórico, no cenário não ergódigo a moeda torna-se um ativo especial entre os outros devido à liquidez absoluta que essas propriedades essenciais citadas anteriormente lhe conferem. (Lima, 1992)

Esse atributo da moeda, a liquidez por excelência, é valorizada pelos agentes econômicos devido à presença da incerteza quanto ao futuro. A incerteza fundamental para a teoria de Keynes refere-se ao nível esperado de demanda futura, a qual pode flutuar de acordo com a decisão dos agentes entre preferir reter moeda (liquidez) ou gastá-la na aquisição de bens reprodutíveis. (Feijó, 1999)

Quanto maior a incerteza dos agentes, mais moeda demandarão para assegurarem-se quanto ao futuro imprevisível, o qual se fará de acordo com as decisões conjuntas de todos os agentes (sendo o empresário, o agente determinante do nível de emprego da economia), decisões estas, afetadas, pois, pela própria moeda já que o fato de a moeda existir suscita incerteza acerca da demanda, porque a moeda possibilita às pessoas reter ao invés de gastar. Não certos de que haverá demanda futura, aos empresários também é possível escolher entre reter moeda (ou outros ativos não produzíveis) ou investir em bens de capital, pois :

Se a não-produzibilidade é uma característica é uma característica essencial de qualquer coisa que possua liquidez em um ambiente não ergódico, ao passo que os produtos da indústria nunca possuem um prêmio de liquidez que exceda seus custos de manutenção (carrying costs), então a manutenção de ativos líquidos pode propiciar uma garantia para um futuro imprevisível. Os ativos líquidos são úteis contra a incerteza de um modo que os produzíveis não podem ser. (DAVIDSON, 1999, p.55)

Davidson (1999) conclui então que com a proposição acima, Keynes rompe com o preceito neoclássico da „neutralidade da moeda‟ sobre as variáveis reais, pois

Ao alijar-se dos axiomas clássicos, Keynes podia demonstrar que, como um caso mais geral aplicado aos fatos da experiência, a moeda nunca é neutra e um equilíbrio instável com pleno emprego poderia existir (Davidson, 1999, p.55)

Dessa forma, a não neutralidade da moeda irá se relaciona com a ausência de garantias de equilíbrio com pleno emprego no curto ou no longo prazo porque sendo a moeda (e demais

ativos não reproduzíveis) uma forma de riqueza alternativa aos bens de capital, uma elevação da incerteza provocaria uma maior demanda por moeda, em detrimento da demanda por bens de capital, a qual elevaria o nível de emprego se realizada.

O desemprego generalizado observado constantemente no sistema capitalista, portanto, não é „voluntário‟, nem produto de falhas de mercado ou de intervenções. O desemprego, segundo a teoria de Keynes, é „involuntário‟, porque a instabilidade do investimento tem caráter estrutural, e ocorre por que: ao preferirem liquidez, os agentes reduzem a demanda por bens de capital, ativos produzíveis, isto é, geradores de emprego.

No artigo “A teoria Geral do Emprego” de Keynes (1937, p. 178), ele afirma que A teoria da produção pode ser resumida pela afirmação de que, dada a psicologia do público, o nível da produção e do emprego como um todo depende do montante do investimento. Eu a proponho desta maneira, não porque este seja o único fator de que depende a produção agregada, mas porque, num sistema complexo, é habitual considerar como causa causans o fator mais sujeito a repentinas e amplas flutuações. (KEYNES, 1937, p. 178)

Sabendo-se que as causas das “repentinas e amplas flutuações” é a existência da moeda, pode-se dizer ser a presença da moeda a causa da flutuação do investimento, e portanto, da instabilidade do nível de emprego”. Na interpretação de Chick (1993, p. 12) “(...) a causa principal do desemprego não é tanto o fato de o salário real ser muito alto, mas de a taxa de jurosser alta demais”. A taxa de juros é função da preferência pela liquidez, ou seja, da demanda por moeda. Contudo, em Keynes as variações na eficiência marginal seriam mais importantes para explicar a instabilidade do emprego, portanto aqui também estão considerados os efeitos indiretos da moeda sobre a incerteza quanto aos rendimentos futuros que formam a eficiência marginal do capital.

Em artigo que propõe uma releitura da Teoria Geral, Possas (1986) comenta a natureza instável da economia capitalista, que é estruturalmente propensa a crises, e a relação que esta criticidade guarda com os investimentos:

As decisões de investir assumem uma forte e ineliminável potencial de instabilidade, sujeitas que são a alterações súbitas e violentas no estado de confiança, precário, que baseia as expectativas de longo prazo(...) A economia capitalista está sujeita, estrutural e permanentemente, a mudanças de maior ou menor magnitude e rapidez no seu nível de atividade, capazes de provocar flutuações e mesmo desencadear crises; sob este aspecto, isto

quer dizer que a economia capitalista é inerentemente crítica. (POSSAS, 1986, p. 305)

Possas então conclui que a instabilidade do investimento no capitalismo é estrutural. Uma vez que o nível de emprego é determinado pelas decisões de investimento, logo, o desemprego involuntário é, também, estrutural, no sentido de que pertence ao modus operandi do capitalismo o desemprego (involuntário) ser a regra e não a exceção.20

Os fundamentos teóricos discutidos neste capítulo apontam que numa situação de retração do nível de emprego não haverá mecanismos estruturais de ajuste que coordenem as forças da economia no sentido de conduzi-la a recuperar o emprego. Apontam também que recuperar ou manter um nível de emprego satisfatório para a sociedade passa pela sustentação do crescimento da demanda agregada, e dada a ausência de mecanismos endógenos para tal, as políticas econômicas que atuem nesse sentido são necessárias.

Para o objeto da presente pesquisa, utiliza-se um modelo de longo prazo no sentido keynesiano (subsequenciando curtos períodos que formam uma trajetória) para simular os efeitos da introdução de uma política de salário mínimo. A regra de reajuste usada foi baseada na Política de Valorização do Salário Mínimo, que é pautada no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a variação anual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A fórmula garante assim ganhos reais pelo componente referente ao crescimento do PIB, e ganhos nominais pelo componente referente ao índice de inflação utilizado.

De acordo com o que foi discutido neste capítulo, os impactos dessa política no nível de emprego serão positivos na condição de que o aumento dos salários que a política propõe afete positivamente as expectativas dos empresários nos períodos subsequentes. Isso poderá ocorrer por meio de diversos canais, como visto na seção 2.2.

O efeito será expansivo sobre o emprego caso o aumento salarial resulte num aumento da propensão a consumir da comunidade, seja por meio da distribuição de renda em favor dos trabalhadores, ou em favor do grupo menos rico entre empresários e rentistas, ou por mudanças na composição setorial do emprego, ou por variações repentinas no valor nominal da riqueza, ou por uma reviravolta na política fiscal saindo de superávit para déficit, dentre outras possibilidades não listadas em Keynes.

20A dinâmica do modelo MKS, utilizado como economia hipotética para as simulações propostas nesta dissertação, opera dentro dessas condições de instabilidade estrutural, propondo a Hipótese de Instabilidade Estrutural para explicar os microprocessos geradores das macroinstabilidades.

O emprego também poderá ser impactado, caso a variação do salário afete a eficiência marginal do capital pela melhora do estado de confiança das expectativas de longo prazo (por exemplo devido a uma queda no grau de endividamento empresarial, ou a uma redução dos impostos pela queda na carga real da dívida pública, em função de um aumento dos preços21).

Não havendo crescimento do PIB, o componente de inflação da fórmula garante os ganhos nominais, ou minimamente, os salários não serão defasados, o que implicaria em perda de poder de compra. Numa situação de retração da economia, esta manutenção do poder de compra dos salários contribui para que o consumo não caia, ajudando na sustentação da demanda agregada. Nessa conjuntura, uma queda no consumo afetaria as expectativas de curto prazo dos empresários levando a uma redução da produção e do emprego. A continuidade dessa da queda no consumo poderia vir a impactar as expectativas de longo prazo dos empresários e refletir numa redução dos investimentos, como sugerido pelo mecanismo do acelerador do investimento.22

Ainda que possam gerar efeitos expansivos sobre o emprego com base no princípio da demanda efetiva de Keynes, as elevações no salário, ao afetar o custo, pressupõem uma pressão sobre os preços que podem desencadear processos inflacionários. Tais pressões inflacionárias, com frequência associadas a elevações nos custos (e portanto, num discurso aversivo aos ganhos salariais), é manifestação evidente do conflito distributivo entre empresários e trabalhadores. Segundo Kalecki, a remarcação dos preços, quando numa economia capitalista, não é feita em função somente dos custos, mas envolve uma dinâmica baseada em escolhas, uma vez que neste contexto os preços serão formados também pela margem de lucro desejada pelos empresários (markup) que, a depender do grau de concorrência vigente, passa a ser uma variável de escolha. (Leite, 2015).

Neste contexto, Kalecki (1983) trata da fixação dos preços pelos empresários e, dentro da dinâmica distributiva, discorre sobre os determinantes da participação dos salários na renda gerada e sobre a relação entre salários e lucros entre os setores da economia. A dinâmica da distribuição de renda em Kalecki será, portanto, o objeto do próximo capítulo.

21Embora no MKS não haja alteração endógena na estrutura tributária, a redução no peso da dívida pública, para menos de 40% do PIB nominal, liberam o governo para fazer política de gastos ativa.

22Sobre o mecanismo acelerador do investimento e seus efeitos em modelos de longo prazo, ler Possas (1987): POSSAS (1987). A dinâmica da economia capitalista. São Paulo: Brasiliense; Possas 1999): “Demanda efetiva, investimento e dinâmica a atualidade de kalecki para a teoriamacroeconômica”; e Possas e Dweck (2011): “Crescimento econômico num modelo micro-macrodinâmico de simulação”