• Nenhum resultado encontrado

6. RESULTADOS

6.1 EFEITOS DA PVMS SOBRE O EMPREGO E A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

A análise a ser desenvolvida nesta seção, mostrará que a PVSM gera uma melhor distribuição de renda e, em decorrência disso, níveis de emprego mais elevados. Ao longo da seção será demonstrado que o processo se inicia pela melhoria da distribuição de renda em favor dos trabalhadores. Essa melhoria da distribuição de renda decorre dos seguintes fatores kaleckianos: queda da razão entre o custo com matérias primas e os custos com salário (“j” kaleckiano), redução do grau de monopólio (“k” kaleckiano) e mudanças na composição setorial do emprego.

O Efeito conjunto desses fatores distribui renda dos capitalistas para os trabalhadores, e com isso aumenta a propensão a consumir média da comunidade, expandindo a Demanda Agregada. Esse impacto inicial sobre a Demanda Agregada motiva os empresários a expandirem os investimentos numa magnitude maior do que realizam no modelo original. A expansão dos investimentos retroalimenta os efeitos sobre a Demanda Agregada, expandindo o emprego de forma duradoura para níveis mais elevados do que aqueles gerados no modelo sem a PVSM.

Esse processo será detalhado a seguir, sendo analisado a partir do impacto em cada um dos canais keynesianos e fatores kaleckianos por meio dos quais a distribuição de renda e o emprego foram positivamente afetados pela política, e também será analisada a sensibilidade às variações de política fiscal e monetária dos efeitos da PVSM sobre essas variáveis.

Nível de Emprego:

As figuras de 1 a 4 abaixo mostram o nível de emprego para dois níveis de tributação (30% e 50%), combinados com duas regras diferentes de política monetária, uma de 1,0 p.p e outra de 0,125 p.p. Dos resultados para o nível de emprego foi possível observar que para todas as TAXWs (gráficos 1 a 4), independentemente da política monetária, a trajetória temporal do nível de emprego é mais elevada no modelo com a PVSM do que no modelo original.

Analisando-se os resultados apenas para o modelo com a PVSM, observa-se que para todas as combinações de políticas fiscal e monetária a presença da política provoca uma acentuada elevação do emprego no início da trajetória, seguida por uma forte queda e subsequentes flutuações amortecidas, até que tendem a se estabilizar em torno de um determinado nível que é superior aos níveis alcançados pelo modelo original.

Este desempenho geral, de elevação nos níveis de emprego por efeito da PVSM, pode ser observado (em ambas as alíquotas tributárias, mas são maiores na Taxw 30% (gráficos 1 e 2) do que na Taxw 50% (Gráficos 3 e 4).

Gráfico 1: Trajetória Temporal do Emprego (Ntot): Taxw 30% PM 1,0

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

Gráfico 2: Trajetória Temporal do Emprego (Ntot): Taxw 30%, PM 0,125

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117

Ntot ORIGINAL Ntot PVSM

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117

Gráfico 3: Trajetória Temporal do Emprego (Ntot): Taxw 50%, PM 1,0

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

Gráfico 4: Trajetória Temporal do Emprego (Ntot): Taxw 50%, PM 0,125

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

No modelo com a PVSM, a trajetória do emprego para o nível de tributação maior (50%) se mostrou acentuadamente mais declinante, após a expansão inicial, quando comparada à taxação de 30%. Para essa última Taxw, ao final da simulação o nível de emprego se estabiliza flutuando ao redor dos níveis observados no início, os períodos de simulação. Quando a tributação é elevada para 50%, o emprego no início da trajetória também atinge níveis consideravelmente maiores do que os resultantes da simulação no modelo original, porém, os valores no decorrer da trajetória mostram um comportamento de mais

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117

Ntot ORIGINAL Ntot PVSM

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117

forte queda (cerca de 33%, em relação aos níveis de emprego no início das simulações), aproximando-se, ao final dela, mais aos valores obtidos no modelo sem a PVSM, mantendo- se, contudo, sempre mais elevado (cerca de 33% mais elevada que no modelo original).

Entretanto, este efeito não ocorre no modelo original, pois o nível de emprego permanece tendendo para uma redução de 50%, entre o início e final da simulação, qualquer que seja a combinação de políticas fiscal e monetária. Contudo, o efeito da tributação mais elevada (50%) parece tornar a trajetória do emprego levemente ascendente ao final da simulação, enquanto na Taxw 30% ele parece ser levemente declinante.

A trajetória de queda do emprego na Taxw 50% indica que, quando os salários sofrem essa taxa de tributação, a PVSM tem a sua eficácia progressivamente reduzida (apesar de permanecer significativamente mais elevada, pois com a PVSM o emprego apresenta, um crescimento de cerca de 33%, ao final da simulação, em comparação ao modelo original). Essa observação corrobora com a teoria da determinação do emprego em Keynes, uma vez que um aumento da tributação reduz a renda disponível que financia o consumo, componente da Demanda Agregada.

Pode-se dizer que objetivo da PVSM é gerar ganhos reais no salário, portanto, tributar excessivamente esses ganhos (a Taxw incide sobre os aumentos reais de salário) implica em anular parte desses ganhos. Assim, um governo que aplica uma regra de reajuste salarial nos moldes da PVSM e eleva a tributação sobre os ganhos reais de salários está implantando políticas contraditórias.

Em ambas as tributações a graduação das bandas de variação da taxa de juros não se mostraram importantes para alterar os resultados encontrados, parecendo indicar um resultado coerente com a argumentação keynesiana sobre a maior potência da política fiscal do que da política monetária sobre o comportamento macroeconômico, em especial o do emprego. Dessa forma (corroborando com a observação feita por Keynes acerca da maior importância da EMgK em relação à taxa de juros para explicar as variações no investimento) frente a um colapso da EMgK, a redução das taxas de juros é uma medida correta, mas provavelmente insuficiente para compensar o efeito das expectativas pessimistas. O maior efeito tende a ser em reduzir os encargos financeiros que agravariam a crise, caso as taxas de juros de empréstimos passados permanecessem elevadas enquanto as receitas despencam.

Distribuição de Renda:

No capítulo 2 desta dissertação foram discutidos alguns canais por meio dos quais Keynes considera que o nível de emprego da economia poderia ser afetado de forma duradoura. Dentre os canais discutidos, a distribuição de renda em favor dos trabalhadores foi explicada e elencada entre aqueles possíveis de operar dentro da estrutura e dinâmica do modelo MKS.

Como corroboração desta relação keynesiana, obteve-se para todas as combinações de políticas uma melhora da distribuição de renda em favor dos trabalhadores. Os gráficos de 5 a 8, abaixo, demonstram o aumento da participação do salário na renda nos dois níveis de tributação praticados, independente de qual política monetária esteja operando sobre os juros.

Gráfico 5: Participação dos Salários na Renda Total da Economia (wy): Taxw30% PM 1,0

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 wy ORIGINAL wy PVSM

Gráfico 6: Participação dos Salários na Renda Total da Economia (wy): Taxw 30% PM 0,125

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

Quando a taxa de tributação sobre os salários é elevada para 50% (gráficos 7 e 8) a trajetória da distribuição de renda na presença da PVSM não mostra diferenças tão significativas daquela gerada com a Taxw 30% (gráficos 5 e 6), quando comparados seus efeitos em relação ao modelo original. Entretanto, tanto na magnitude dos percentuais máximos e mínimos atingidos quanto na tendência da trajetória quando comparada à Taxw 30% ocorrem alguns efeitos.

A velocidade com a qual a trajetória alcança a faixa de 90% da renda é aproximadamente a mesma (em torno do período 15), independente da Taxw e da PM, mas o desempenho subsequente apresenta uma diferença que merece comentário. Enquanto na Taxw 30% a parcela de salários na renda alcança um “pico” (em torno do período 26) e depois reverte e fica próxima dos 90% até o final da trajetória (Gráficos 5 e 6) na Taxw 50% após essa parcela de 90% da renda ser ela permanece elevando-se, embora a uma taxa muito mais lenta que a observada no início da simulação (Gráficos 7 e 8).

Na trajetória do modelo sem a PVSM, também pode-se perceber uma elevação na participação dos salários na renda de cerca de 47% para uma parcela em torno dos 53% quando a tributação sobre os salários aumenta de Taxw 30% (Gráficos 5 e 6) para 50% (Gráficos 7 e 8). Mas ao contrário da PVSM, no modelo original permanece uma tendência de lenta piora da distribuição de renda.

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 wy ORIGINAL wy PVSM

Gráfico 7: Participação dos Salários na Renda Total da Economia (wy): Taxw 50%, PM 1,0

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

Gráfico 8: Participação dos Salários na Renda Total da Economia (wy): Taxw 50%, PM 0,125

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

Já para o nível de emprego viu-se que essas diferenças se mostraram acentuadas na sustentação dos empregos gerados como efeito da política, que são parcialmente perdidos muito mais rapidamente, enquanto que na Taxw 30% esses empregos são mantidos por mais tempo.

Isso significa que, apesar da distribuição de renda se manter favorecendo os trabalhadores, com uma maior parcela dos salários na renda em consequência da política, o nível de emprego que seria gerado com o crescimento do consumo, proveniente do aumento

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 wy ORIGINAL wy PVSM 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 wy original wy PVSM

da propensão média a consumir da comunidade, é corroído pela alta tributação sobre os ganhos reais do salário. A queda da renda disponível anula parcialmente o acréscimo de consumo que resultaria da redistribuição de renda (apesar desta ser mais intensa com a Taxw 50%, como visto acima), e consequentemente expandiria a Demanda Agregada elevando o nível de emprego (ou mantendo-o por mais tempo).

A variável “wy” computa os valores brutos dos salários, sem a dedução do imposto, enquanto o imposto incide apenas sobre os ganhos reais acima do valor da cesta básica. Observado isso, não se torna incoerente que a distribuição de renda em favor dos trabalhadores seja maior na Taxw 50%.49

Assim, quando os salários são sujeitados a uma política tributária agressiva, o impacto da PVSM sobre a distribuição de renda seria significativamente mais benéfico ao emprego somente por um certo tempo, não podendo sustentar ao longo da trajetória os níveis elevados do impacto inicial da política, embora permaneça mais elevado (em comparação ao modelo original) por toda a simulação.

Influência dos fatores kaleckianos sobre os resultados obtidos para a distribuição de renda: Assim como o segundo capítulo desta dissertação abordou, em Keynes, os canais pelos quais uma variação dos salários poderia afetar o nível de emprego, no capítulo três foram explicados os fatores que determinam a participação dos salários na renda segundo Kalecki.

Dentre os fatores keynesianos a distribuição de renda em favor dos trabalhadores foi um canal operante para os resultados obtidos para o emprego como demonstrado na seção anterior

Na presente seção, apresentaremos os fatores que Kalecki considera na determinação da parcela dos salários na renda, os quais estão discriminados abaixo:

i) Da razão entre o custo com matérias primas e o custo com salários (j); ii) Do grau de monopólio (k);

iii) Da composição industrial.

49Certamente, se considerado no cálculo no “wy” o valor dos salários após tributados os impostos (e o mesmo para os demais rendimentos), esse efeito poderia ser diferente. Contudo, no âmbito desta dissertação não foi possível realizar de tal forma.

É importante atentar que a variável selecionada para análise “wy”, que representa no MKS a parcela dos salários na renda total, não é a participação dos salários na renda teorizada por Kalecki, representada por “w`”, como exposto no capítulo três. Esta última, “w`”, trata-se de uma variável de resultado que Kalecki decompõe para a discutir os determinantes da participação dos salários na renda, sendo assim uma variável carregada de conteúdo teórico. Além de elementos teóricos, a parcela dos salários sobre a renda “w`” de Kalecki se remete somente à renda da indústria, enquanto que no MKS há um governo que arrecada, paga salários e juros ao setor privado.

A variável criada no MKS para medir a participação dos salários, “wy”, faz referência à renda de toda a economia, incluindo o setor público e serviços (financeiro), portanto, “w`” e “wy” não são iguais. Uma vez que o “wy” do MKS é a “empírica” parcela dos salários sobre a renda (massa de salários sobre a renda total) 50, no sentido dos dados reais da simulação, esta será a variável de observação adotada para avaliar o impacto da PVSM sobre a distribuição de renda entre as classes no modelo, e não o “w`” de Kalecki.

Mesmo sendo “wy” a variável observada para os efeitos sobre a parcela dos salários na renda total, a partir do cálculo da razão “j`”e do “k`” foi possível calcular também o “w`” de Kalecki, cuja análise foi reservada para a seção 6.2 com a finalidade de somente comparar se ele se comporta ao longo do tempo de forma coerente com a trajetória de “wy”. A ideia foi observar se os efeitos da PVSM incidiriam sobre ele de forma semelhante a “wy”, e, de fato, os efeitos da PVSM afetaram o nível e a tendência do “w`” de Kalecki no mesmo sentido que afetaram o nível e a tendência do “wy” do MKS, como será visto na referida seção.

Visto que o comportamento do “w`” de Kalecki e do “wy” reage de modo semelhante à PVSM, e a despeito de qual seja a proximidade entre ambos, a participação dos salários na renda “wy” está, em algum grau, sujeita à influência dos determinantes presentes na dinâmica industrial privada, ou seja, da razão entre custo das matérias-primas e custo com mão de obra, do grau de monopólio e da composição setorial da indústria. Portanto, julgou-se pertinente manter a escolha destes fatores de determinação para explicar os efeitos teóricos da PVSM sobre a parcela dos salários na renda “wy”.

Assim, as próximas subseções trazem a demonstração do comportamento isolado de cada um dos três fatores kaleckianos, mostrando em que sentido contribuíram para afetar a

50

Empírica para a economia hipotética em questão, no sentido de utilizar os dados obtidos por simulação para um determinado período desta economia.

participação dos salários na renda “wy”. Com base na teoria adotada, a comparação dos resultados desses três fatores, para os modelos ORIGINAL e PVSM, mostra que todos apresentaram resultados em conformidade com os efeitos observado para “wy” na subseção anterior.

Razão custo das matérias-primas/custo com mão de obra (“j”):

Os gráficos de 9 a 12 mostram, para diferentes alíquotas tributárias e regras de variação das taxas de juros da política monetária, o comportamento do fator de distribuição de renda que se manifesta através da relação técnica e econômica entre os custos das matérias- primas e da mão-de-obra, representada pela razão “j”. Pode-se separar a análise deste fator em dois componentes, um de natureza estática e outro dinâmica.

Do ponto de vista “estático” o que se percebe, nos gráficos 9 a 12 abaixo, é que a razão “j” é menor no modelo com a PVSM, em relação ao modelo Original, comparando-se “ponto a ponto” das duas curvas, para todas as combinações de política fiscal e monetária.

Já do ponto de vista dinâmico, para o modelo com a PVSM a razão “j” apresenta declínio na sua trajetória ao longo do tempo, enquanto no modelo original a “j”, além de maior, tem trajetória ascendente. Isto significa que a presença da política PVSM não somente induz uma “j” menor, como também inverte a tendência, que de ascendente passa a descendente.

Gráfico 9: Fator de Distribuição "J": Taxw 30%, PM 1,0

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 j ORIGINAL j PVSM

Gráfico 10: Fator de Distribuição "J": Taxw 30% PM 0,125

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

O resultado, descrito anteriormente, não mostrou variação significativa (no sentido do efeito ou na tendência da trajetória) quando alteradas a intensidade da política monetária ou a taxa de tributação. Para todas as combinações a trajetória da razão “j” na PVSM se inicia com uma queda brusca, seguida de flutuações com tendência de gradual e prolongado decréscimo.

Entretanto, nas áreas destacadas nos gráficos 9 e 11 é perceptível um pequeno e transitório efeito sobre a trajetória dinâmica do fator “j”, momento em que não fica claro se as flutuações apresentarão tendência ascendente ou descendente, que se prolonga por um determinado intervalo até que a tendência de melhoria da distribuição de renda se mostre novamente presente.

Gráfico 11: Fator de Distribuição "j": Taxw 50%, PM 1,0

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 j ORIGINAL j PVSM 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 j ORIGINAL j PVSM

Gráfico 12: Fator De distribuição "j": Taxw 50%, PM 0,125

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

A análise dinâmica da razão “j” implica considerar que a distribuição funcional de renda irá favorecer trabalhadores ou capitalistas também a partir de alterações na composição de custos da firma, entre matérias-primas e salários. Essas alterações dependerão dos avanços obtidos com o esforço em pesquisa e desenvolvimento, que se manifesta em duas trajetórias inovativas: reduzir custos com trabalho e com matérias-primas.

Uma “j” menor implica que o custo das matérias-primas caiu mais do que o custo do trabalho por unidade produzida, o que reserva aos trabalhadores uma remuneração que mantém a sua participação na renda total mais alta do que estaria se os custos das matérias- primas tivessem caído menos do que os custos do trabalho (favorecendo os produtores desse tipo de bem, e portanto, elevando a parcela de lucros na renda).

Como para todas as combinações de políticas fiscal e monetária a razão “j” foi menor após implementada a PVSM e por toda a trajetória temporal, pode-se sugerir que a política se mostra robusta no sentido de favorecer os trabalhadores nessa disputa.

Mais ainda, a PVSM foi decisiva nesse conflito distributivo, isso porque a Política atua de forma a preservar o valor do trabalho, não permitindo a queda do seu preço, o salário, que seria reduzido em termos reais a partir do menor preço cobrado pelos bens básicos em decorrência do aumento da produtividade do trabalho como resultado do progresso tecnológico. O crescimento real que cada reajuste impõe aos salários impede que o empresário se aproprie, na forma de lucros, do valor da produção de bens básicos excedente a partir da maior quantidade produzida desse tipo de bem, que podendo ser vendida a um menor preço possibilitaria a redução do salário mínimo (que é considerado o mínimo socialmente

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 j ORIGINAL j PVSM

necessário ao bem-estar da classe trabalhadora, e gasto integralmente em bens de consumo básico)51.

Grau de Monopólio:

Os gráficos de 13 a 16, abaixo, demonstram o grau de monopólio ao longo da trajetória para as duas versões do modelo. Para todas as combinações os resultados mostram que a PVSM atua de forma a reduzir o grau de monopólio. Além da redução do grau de monopólio, na Taxw 30% (gráficos 13 e 14) é possível verificar que a política também ocasiona uma certa suavização da trajetória, que se mostra mais oscilante no modelo original.

Além de mais oscilante, o grau de monopólio no modelo original mostra uma trajetória ascendente, enquanto que a PVSM estabiliza a trajetória, a qual flutua no intervalo (1< k < 1,2), independentemente da combinação de política tributária e monetária.

Gráfico 13: Grau de Monopólio (k): Taxw 30%, PM 1,0

Fonte: Elaboração própria a partir das simulações do modelo MKS.

51

Em termos marxistas, portanto, os reajustes com o crescimento real que a PVSM impõe impedem a realização da mais-valia relativa, ou parte do trabalho excedente que seria completamente apropriado pelo empresário com a redução do tempo socialmente necessário à produção dos bens destinados à subsistência dos trabalhadores (no MKS, os bens de consumo básico).

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 k ORIGINAL K PVSM

Gráfico 14: Grau de Monopólio (k): Taxw 30%, PM 0,125