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5.1 A CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA PROEJA NO CTISM/UFSM

5.1.1 A justificativa da formação profissional do Programa PROEJA no CTISM

O Decreto nº 5.840/2006 permitiu um vínculo maior entre a educação formal e a educação profissional técnica de nível médio e a formação geral do trabalhador que se encontrava afastado do ensino formal, e entre a educação pública e a educação privada, conforme pode se constar no seu artigo 1º e parágrafos:

Artigo 1o Fica instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da

Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas neste Decreto.

§ 1o O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e programas de educação profissional:

I – formação inicial e continuada de trabalhadores; e II – educação profissional técnica de nível médio.

§ 2o Os cursos e programas do PROEJA deverão considerar as características dos

jovens e adultos atendidos, e poderão ser articulados:

I – ao ensino fundamental ou ao ensino médio, objetivando a elevação do nível de escolaridade do trabalhador, no caso da formação inicial e continuada de trabalhadores,...

II – ao ensino médio, de forma integrada ou concomitante,...

§ 3o O PROEJA poderá ser adotado pelas instituições públicas dos sistemas de

ensino estaduais e municipais e pelas entidades privadas nacionais de serviço social, aprendizagem e formação profissional vinculadas ao sistema sindical (“Sistema S”), sem prejuízo do disposto no § 4o deste artigo. (BRASIL, 2006b).

Um dos argumentos utilizados na concepção do Programa PROEJA como parte de uma política pública em educação tinha com base os dados do Censo Demográfico do IBGE de 2000, que mostravam a baixa escolaridade e inadequada formação profissional da população brasileira, na faixa etária de 15 anos ou mais:

Em 2000, pela primeira vez, o Censo IBGE forneceu dados relativos à frequência escolar pela rede frequentada: 79% dos alunos estão matriculados na rede pública e gratuita de ensino, o que reforça a necessidade de compreensão da oferta pública de educação como direito. A despeito desses dados, o número absoluto de sujeitos de 15 anos ou mais (que representam 119,5 milhões de pessoas do total da população) sem conclusão do ensino fundamental (nove anos de escolaridade), como etapa constituidora de direito constitucional de todos à educação, é ainda de 65,9 milhões de brasileiros. Da população economicamente ativa, 10 milhões de pessoas maiores de 14 anos e integradas à atividade produtiva são analfabetas ou subescolarizadas. (BRASIL, 2007b, p. 16-17).

No CTISM, em particular, um aspecto que se considerou na implantação do Programa PROEJA no CTISM, foi o percentual de candidatos excedentes, excluídos, superior a 85%, nos processos seletivos para os cursos técnicos entre 2000 e 2007. Segundo dados da Secretaria Escolar do CTISM, nesse período, o número de candidatos inscritos em provas de seleção foi de 13.938 e o número total de vagas oferecidas foi de 1.958. Portanto, apenas 14,04% dos candidatos que pretendiam ingressar em um curso técnico preencherem as vagas oferecidas.

Dados como esses, mostravam a necessidade de políticas públicas educacionais de formação profissional integrada com a educação básica, para a formação de técnicos de nível médio, bem como a valorização do ser humano como cidadão integrado à sociedade, principalmente para tentar mudar essa realidade social altamente desigual.

Para o CTISM, o Programa PROEJA se constitui em desafio para as escolas, tanto nos aspectos pedagógicos quanto político, pois possibilita a discussão de novas metodologias de ensino, de administração escolar e de avaliação, assim como o pensar nessa modalidade de educação baseada em um projeto pedagógico integrado único. Esse Programa tem como finalidade atender a um segmento social com pouca escolaridade, de quem já ultrapassou a idade escolar para adquirir regularmente esses conhecimentos, resgatando o sentido de cidadania, de cidadão útil e realizado, permitindo seu acesso ao mundo do trabalho.

A cidade de Santa Maria pela sua importância econômica, além de sua localização geográfica, tem grande influência na Região Central do RS. Suas características permitem a integração com as demais localidades exercendo sua função de liderança, que está refletido no seu perfil socioeconômico.

O CTISM recebe das empresas, por meio do seu Departamento de Relações Empresariais e Comunitárias, solicitações de estagiários e técnicos com formação em instalação e manutenção eletromecânica. As demandas surgem tanto nas empresas de pequeno porte, como de médio e grande porte. Estas demandas se confirmaram através de:

- pesquisas realizadas em 2005 e 2006 pelo Departamento de Relações Empresariais e Comunitárias do CTISM junto às empresas;

- relatórios dos Encontros de Estagiários e Supervisores de Empresas, evento anual que reúne a comunidade acadêmica e empresarial;

- relatórios de estágio, fichas de acompanhamento e de avaliação de estágio;

- solicitações dos empresários aos professores supervisores de estágio, por ocasião das visitas;

- número de excedentes (maior número de candidatos do que vagas) nas provas de seleção.

Conforme o PPP do CTISM, o mundo do trabalho de Santa Maria e região exige um profissional técnico com capacidade para atuar em diferentes áreas do setor produtivo, que possam executar atividades em emprego formal ou na prestação de serviços, por meio de seu trabalho qualificado, de modo sério e autônomo. O comércio e os serviços são os grandes empregadores, a indústria em menor número, prioritariamente no ramo agroindustrial.

Com base nesta realidade, juntamente com o tipo de cursos que caracterizam sua identidade escolar (Eletrotécnica e Mecânica), o CTISM considera que pode oferecer um Curso Técnico de Nível Médio Integrado na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, com o objetivo de capacitar uma parcela de nossa sociedade e incluí-la no mercado do trabalho. A formação técnica juntamente com o ensino médio valoriza a autoestima dos alunos, possibilita seu ingresso e permanência no mundo do trabalho, estimula a economia local e regional, melhora sua renda e a qualidade dos produtos e serviços oferecidos e também possibilita a continuidade dos estudos.

O profissional com foco na formação em Eletrotécnica e Mecânica tem capacidade para atender à demanda do setor produtivo do município e da região. A preparação do técnico lhe assegura condições de trabalho no seu local de domicílio, não necessitando mudar de localidade para ser incluído no mundo do trabalho e renda.

Isso porque o setor industrial local vem realizando esforços crescentes na busca de maior capacitação tecnológica, promovendo a modernização de seu parque industrial, adequando-o às inovações tecnológicas, buscando sua competitividade nos cenários nacional e internacional. Nesse sentido, o setor industrial precisa cada vez mais de pessoal com formação técnica de nível médio, capazes de atender os desafios que estas inovações impõem, e éticos em suas atividades.

Eletrotécnica e Mecânica são áreas fortemente presentes no setor industrial e relacionadas com qualquer equipamento e/ou processo industrial. Em grandes processos industriais, o projeto e a manutenção geralmente estão divididos nas áreas de Eletrotécnica, Mecânica e Automação Industrial, necessitando de profissionais especializados nestas áreas, de cuja interação depende o entendimento, o projeto, a instalação e a manutenção do processo como um todo.

Entretanto, o projeto e manutenção de processos industriais de menor porte, não justificam a integração de profissionais de diversas áreas, tanto no fator técnico quanto

financeiro. Porém, a atuação individual destes, muitas vezes, torna-se limitada, devido à formação exclusiva a uma determinada área. Desta forma, muitas empresas necessitam de profissionais multifuncionais e independentes, capazes de entender um processo industrial de forma completa, dispensando assim a contratação de profissionais complementares.

Com base nesses fatores, justifica-se a criação do curso técnico de nível médio que integre os saberes relacionados à Eletrotécnica e à Mecânica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, a fim de formar profissionais cidadãos com perfil multifuncional, com capacidades de associar os conhecimentos dessas duas áreas de formação profissional, o que permite aos egressos uma atuação independente em processos industriais de menor porte.

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