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4.6 ASPECTOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: do dualismo histórico

4.6.4 O dualismo entre a educação superior acadêmica e a educação superior

A reformulação da Lei nº 9.649/1998 permitiu, em 2005, o lançamento pelo governo federal, do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, com a criação de 64 novas unidades de ensino em diferentes Estados da federação. E, em abril de 2007, dentro da política do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), ocorreu a segunda fase da expansão da rede de escolas, com criação de mais 150 unidades de ensino, contemplando os 26 estados e o Distrito Federal.

Segundo o MEC, com a primeira e segunda fases do Plano de Expansão, serão acrescidas 274 mil vagas às 160 mil vagas atuais existentes na rede federal, o que ampliará em 171% o acesso de jovens à capacitação profissional nas mais variadas áreas, da produção à indústria. A meta do MEC é chegar aos próximos anos a 500 mil vagas nesta modalidade de ensino. Para se ter uma noção do que essa mudança de orientação política representou em termos numéricos de escolas técnicas no país, de 1909 até 2002 existiam 140 escolas técnicas federais no país; após a mudança na legislação e com a vontade política de valorização do ensino profissional e tecnológico foram construídas mais 214 escolas até o ano de 2010, totalizando 354 escolas.

Para estruturar as instituições existentes no país, a Lei nº 11.892/2008, de 29 de dezembro de 2008, instituiu no âmbito do sistema federal de ensino, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério da Educação, sob a coordenação da SETEC/MEC. A Rede Federal passa a ser constituída pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs), pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, do Rio de Janeiro (CEFET-RJ), pelo CEFET de Minas Gerais e pelas escolas técnicas vinculadas às Universidades Federais.

A Lei nº 11.892/2008 criou uma ampla rede de instituições de ensino técnico e tecnológico, com a implantação de pelo menos um IFET em cada Estado da Federação e no Distrito Federal, por meio da transformação ou integração de uma ou mais escolas técnicas em IFETs, respeitando as características de cada região e a destinação preferencial das escolas por um ou outro tipo de ensino, ou seja, criados em consonância com os polos geoeconômicos e com o ambiente social, cultural e econômico onde estão inseridos, de acordo com sua identidade construída ao longo do tempo.

Assim, em Estados como a Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, mais de um IFET foi implantado, além de manter a autonomia dos CEFETS de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, da UTFPR e das escolas técnicas vinculadas às universidades.

Os IFETs, assim como os CEFETS e a UTFPR, possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático- pedagógica e disciplinar. E, pela nova legislação, os IFETs são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas. No que se refere às disposições que regem a regulação, avaliação e supervisão das instituições e dos cursos de educação superior, a Lei nº 11.892/2008 equipara os IFETs às universidades federais.

Desse modo, os IFETs têm autonomia para criar e extinguir cursos, nos limites de sua área de atuação territorial, bem como para registrar diplomas dos cursos por eles oferecidos, mediante autorização do seu Conselho Superior, aplicando-se, no caso da oferta de cursos a distância, à legislação específica.

Já as escolas técnicas vinculadas às Universidades Federais são estabelecimentos de ensino pertencentes à estrutura organizacional dessas universidades, dedicando-se, precipuamente, à oferta de formação profissional técnica de nível médio, em suas respectivas áreas de atuação.

Mais recentemente, com o REUNI – um programa de apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, que tem como meta global a elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para noventa por cento e da relação de alunos de graduação em cursos presenciais por professor para dezoito, ao final de cinco anos, a contar do início de cada plano instituído em abril de 2007 – as escolas vinculadas passaram a atuar também na educação superior tecnológica e em cursos de licenciatura para o ensino básico, nas áreas de ciências e matemática e para a educação profissional.

Os Institutos Federais, conforme a Lei nº 11.892/2008, têm por finalidades e características:

I – ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional;

II – desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais;

III – promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infra-estrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão;

IV – orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal;

V – constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento de espírito crítico, voltado à investigação empírica;

VI – qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino;

VII – desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica; VIII – realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico; IX – promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente. (BRASIL, 2008b).

A nova Lei estabeleceu como objetivos dos IFETs, observadas as suas finalidades e características, os seguintes:

I – ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos;

II – ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica; III – realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à comunidade;

IV – desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos;

V – estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional; e

VI – ministrar em nível de educação superior:

a) cursos superiores de tecnologia visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia;

b) cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional;

c) cursos de bacharelado e engenharia, visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia e áreas do conhecimento;

d) cursos de pós-graduação Lato Sensu de aperfeiçoamento e especialização, visando à formação de especialistas nas diferentes áreas do conhecimento; e

e) cursos de pós-graduação Stricto Sensu de mestrado e doutorado, que contribuam para promover o estabelecimento de bases sólidas em educação, ciência e tecnologia, com vistas no processo de geração e inovação tecnológica. (BRASIL, 2008b).

No desenvolvimento da sua ação acadêmica, o IFET deverá, em cada exercício, garantir o mínimo de 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para atender aos objetivos de ministrar educação profissional técnica de nível médio, e o mínimo de 20% (vinte por cento) de suas vagas para cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica.

4.6.5 Considerações entre o novo modelo de ensino brasileiro e sua semelhança com

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