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1.1.1 – A Organização das Trabalhadoras Rurais no Rio Grande do Norte:

No Rio Grande do Norte, a participação da mulher trabalhadora rural tem sido expressiva desde a década de 1980, coincidindo com a emergência dos conflitos de terra e com a retomada da organização dos trabalhadores rurais, das oposições nos sindicatos rurais e outros, especialmente com o envolvimento dos órgãos da Igreja Católica (Serviço de Assistência Rural - SAR, Movimento de Educação de Base - MEB, Animação dos Cristãos no Meio Rural - ACR e Comissão Pastoral da Terra - CPT) na questão agrária, assessorando os movimentos sociais rurais

na luta pela terra no estado. A presença da mulher trabalhadora rural nas lutas foi decisiva nas conquistas do campo.

Participar da organização das lutas por terra possibilitou às mulheres trabalhadoras rurais vivenciarem as desigualdades sociais e de gênero no sindicato, acampamento, comunidade e partido político, espaços públicos onde afloravam as contradições das relações sociais. Assim, por exemplo, não era exigida dos trabalhadores rurais a capacidade de assumirem as direções das organizações. No caso das mulheres, para comporem uma diretoria e/ou comissões havia toda uma discussão sobre sua competência. Essas questões vinham à tona no desenrolar das lutas sociais do campo potiguar, o que permitiu aos mediadores, especialmente a equipe técnica do SAR, questionar e refletir sobre a realidade do campo, as condições de vida das mulheres e o seu papel nas lutas sociais, desencadeando um trabalho específico com as mulheres, no sentido de contribuir com sua autonomia política.

O trabalho com as mulheres surgiu através de toda uma observação que nós assessores do SAR tínhamos durante os encontros de estudo nas comunidades. Víamos que as mulheres ficavam a parte das discussões e isso nos chamou a atenção. No momento em que ela acompanhava o esposo, mas ela era só uma assistente, ela não tinha uma integração nas discussões. Então o Programa de Educação política com a realização dos dias de estudo levantava as temáticas em relação à família, a mulher e a toda subordinação em que ela vivia. (Marilene Gomes, ex-educadora do SAR, entrevista realizada no dia 15 de agosto de 2005).

Aos poucos as mulheres foram descobrindo que não bastaria lutar apenas por terra e trabalho, era necessário articular as lutas com suas demandas específicas, a partir das condições concretas de opressão e subalternidade, incluída a luta pelo seu reconhecimento nas direções sindicais.

Ao resgatar a história da organização das trabalhadoras rurais no Rio Grande do Norte, não se pode deixar de registrar o trabalho do Serviço de Assistência Rural (SAR), órgão da Arquidiocese de Natal, cujas educadoras idealizaram e incentivaram aquela organização.

No início dos anos 1970, o SAR desenvolveu o Programa de Educação Política18 com temas direcionados para a cidadania da população rural. Este programa deu ênfase aos temas ligados a realidade sócio-político-econômica e à questão agrária no Nordeste e no Brasil, proporcionando a reflexão e o debate no seio das organizações do campo potiguar.

Um dos instrumentos pedagógicos dessa ação era o programa radiofônico Encontro com

as Comunidades Rurais, veiculado na Rádio Rural, sob a direção e coordenação dos/as

educadores/as do SAR. Impulsionadas pelas idéias e concepção do debate feminista e sensibilizadas pelas difíceis condições de vida das trabalhadoras rurais, as educadoras do SAR inserem no conteúdo dos programas de rádio as problemáticas vivenciadas pelas mulheres. Assim, foi possível despertar em um número significativo de mulheres o interesse pelos seus direitos e a reflexão sobre sua realidade, o que se comprovou pela audiência e pela expressiva quantidade de cartas enviadas pelas trabalhadoras rurais.

No primeiro semestre de 1983, realizou-se em Touros/RN o primeiro Encontro de Mulheres Trabalhadoras Rurais na região do Mato Grande, tratando da organização e formação de grupo de mulheres. Desse encontro participaram mulheres dos municípios de Touros, Pureza, Taípu e Poço Branco, área de grande incidência de conflitos de terra, acompanhadas pela ACR e assessorada pelo SAR.

Em meados dos anos 1980, no primeiro Congresso do MST em Curitiba (PR), a educadora do SAR Marilene Gomes conheceu Maria da Penha, líder sindical paraibana, e esta

18 O Programa de Educação Política era executado pela equipe de educadores/as do SAR, MEB e SAUR. Com o

desenvolvimento desse programa na Arquidiocese de Natal, D. Costa influencia outros Bispos do Regional Nordeste II (RN, PB, PE e AL) e o programa passa a ser assumido por todas as Dioceses desse regional. “O Programa de Educação Política visa educar o homem, promover o homem, formar uma consciência crítica e adulta do homem e prepará-lo para sua participação na vida comunitária, na vida política, no processo político partidário e nas eleições de modo livre, consciente e responsável. Tratava-se então, de uma ação da Igreja orientada pela evangelização libertadora. Assim foram elaboradas cartilhas educativas para serem utilizadas pelos diversos grupos nas suas reuniões e atividades. Entre elas estava: “É Tempo de Política”; “Os Direitos do Homem”; “A Família”; “O Bem Comum”; “Votar Consciente é Participar”; “Sua Comunidade é Você”; “Terra – Escravidão ou Libertação?”; “Educação Política – Um Caminho para a Libertação”. O SAR foi uma das entidades da Igreja que coordenou esse programa no Nordeste. (CNBB, 1982).

propõe uma articulação do Rio Grande do Norte com a Paraíba no desenvolvimento de um trabalho de grupalização e organização das trabalhadoras rurais. De volta ao Estado, planejou-se o início dessa ação dentro das atividades já existentes do SAR. Como estratégia de organização das mulheres trabalhadoras rurais, o SAR realizou um Encontro sobre Plantas Medicinais na cidade de Poço Branco/RN, na qual se iniciou a discussão sobre as condições de vida das mulheres e sua inserção nas lutas sociais.

Esse processo organizativo ocorreu em uma conjuntura de efervescência política no Brasil, quando as lutas se expandiam à medida que o processo de modernização conservadora expunha seus resultados para as classes subalternas do campo e da cidade, com o favorecimento aos latifundiários e aos grupos econômicos, às políticas seletivas e excludentes, aliadas às questões políticas, etc. A crise econômica e política impulsionou o avanço dos movimentos sociais urbanos e rurais, contribuindo enormemente com a redemocratização do país.

No avanço das lutas no campo, tem-se a presença das mulheres nos conflitos de terra, nos movimentos dos atingidos por barragens, nas greves de assalariados/as rurais, nas oposições sindicais, entre outras. Nesse cenário, o SAR19 deu prioridade ao trabalho de assessoria e

acompanhamento da questão agrária e da organização das mulheres trabalhadoras rurais, conforme expressa o depoimento abaixo:

Saíamos de duas décadas de ditadura, os movimentos sociais aos poucos ressurgiam. As comunidades eclesiais de base e as pastorais se fortaleciam, o movimento sindical era marcado pelas greves. A estrutura sindical era repensada. A unicidade ou pluralidade sindical era pauta dos encontros. A oposição sindical desabrochava. O Campo no nordeste brasileiro com seus sindicatos até então atrelados ao governo, organizavam as campanhas salariais.

19 “Em 1978, o SAR sofreu uma redefinição de sua ação educativa, passando a priorizar a assessoria e apoio aos

movimentos sociais na questão agrária. Nessa época parte da equipe técnica sai da instituição havendo uma renovação do seu quadro de educadores e educadoras. As mudanças ocorreram também pelas reflexões acerca da questão da concentração da terra trazidas pelos trabalhadores da Animação dos Cristão no Meio Rural – ACR”, com forte atuação na Igreja Católica”. (Antônia Maria, ex-educadora do SAR e atual Coordenadora do CEAHS, entrevista realizada no dia 05/07/2005)

Esse é um dado importante, porque até então os sindicados eram marcados por uma prática assistencialista, disponibilizando para seus associados assistência médica, odontologia e aposentadoria pelo FUNRURAL. A greve era o momento de reorganizar uma categoria dispersa, pouco politizada e desorganizada. Os Sindicatos rurais atendiam uma base masculina, as mulheres e jovens eram dependentes dos maridos sindicalizados, sendo estendido a estes, os serviços de saúde e pensão no caso de morte do chefe de família. Os trabalhadores sem terra, canavieiros, meeiros, posseiros, comodatários, ou pequenos proprietários viam o sindicato como órgão assistencial. Os conflitos sociais eram reprimidos por milícia dos grandes proprietários, com o apoio do aparato policial estatal. É nesse cenário que o SAR direciona sua ação ao apoio e assessoria aos trabalhadores rurais que vivem situação de conflito declarado ou em situação de risco social. Essa prioridade também é resultado da organização dos trabalhadores na Ação dos Cristãos no Meio Rural – ACR, que participando da vida da Arquidiocese, colocavam para a igreja a situação dos conflitos no campo e exigiam um posicionamento da Igreja. José dos Santos e Raimundo Bento foram peça chave nessa redefinição de prioridades na ação do SAR. (Antônia Maria, ex-educadora do SAR e atual Coordenadora do CEAHS, entrevista realizada no dia 05/07/2005).

O Sindicalismo rural potiguar, ainda muito atrelado ao Estado tinha dificuldade de incorporar as questões relativas às lutas das mulheres, centrando sua ação no assistencialismo dos serviços oferecidos pelo FUNRURAL. Um grupo de sindicalistas, especialmente aqueles que participavam da ACR, aderem ao movimento do Novo Sindicalismo que se articulava em âmbito nacional. O SAR se compromete com esse novo sindicalismo combativo e de base, assumindo o compromisso de assessorar a oposição sindical. Isso se refletiu na articulação política das duas entidades, ocorrendo uma reaproximação com as lutas dos canavieiros, a partir de 1983. Nessa trajetória o SAR passou a incentivar a participação das mulheres nos sindicatos.

Ficou evidente, no início da década de 1980, que havia a presença das mulheres nas lutas no campo e no sindicato, porém a participação masculina predominava, principalmente nas direções. Gradativamente as mulheres foram conquistando os espaços públicos e se destacaram à frente dos conflitos de terra e como dirigentes sindicais. Pode-se ressaltar a sua participação nos movimentos, a exemplo da eleição de Maria Consuelo de Carvalho para Presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Goianinha (RN); de Francisca Oliveira nas lutas dos canavieiros, em

Montanhas e de Maria das Dores Baracho no conflito de terra da comunidade de Cajueiro no município de Touros, entre outras.

À medida que emergiam e avançavam as lutas sociais, havia uma necessidade de organização e resistência em face das ameaças de expulsão da terra, impulsionando a organização das diversas categorias de trabalhadores rurais. É no seio dessas lutas que as mulheres foram descobrindo a força da organização para conquista de seus direitos. As mulheres tiveram papel fundamental nos mais diversos conflitos agrários acompanhados pelo Serviço de Assistência Rural (SAR), na região do Mato Grande, nas décadas de 1980 e 1990, “pois muitos homens, temendo a repressão, quiseram desistir da luta e as mulheres não permitiram”. (SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA RURAL, 1997, p.108).

A participação política das trabalhadoras rurais foi ganhando força à proporção que descobriam o mundo e a sua realidade, sendo revelado um quadro de exclusão da mulher do acesso ao título da terra e ao crédito agrícola; desigualdades entre homens e mulheres; ausência de políticas públicas específicas para atender suas necessidades. O trabalho de educação política desenvolvido pelo SAR20 contribuiu para que as mulheres passassem a perceber, portanto, que

20 Cada vez que o SAR chegava à comunidade eram passadas as informações dos acontecimentos na comunidade,

das articulações, da organização, etc. Nos relatos aparecia a presença das mulheres e crianças nas estratégias de resistências ao enfrentamento dos conflitos. Por exemplo: só trabalhar em grupo, todos/as estarem no roçado, enquanto os homens trabalham as mulheres e crianças fazem a guarda. Caso algum estranho apontasse longe, as crianças correm ao local do trabalho para avisar aos homens. As mulheres eram muito ativas. Mas na hora da representação política, ou mesmo da opinião, das decisões, as mulheres não podiam, porque cabia ao homem decidir e representar. Esses fatos foram inquietando a equipe técnica do SAR. Perguntávamos às mulheres porque não participavam das reuniões, das comissões, das viagens a Natal, todas afirmavam que os maridos não deixavam e que tinham os filhos para cuidar. Lembro que em uma das idas do SAR a localidade, eles contaram que os jagunços haviam invadido os roçados. Quando estes foram vistos já estavam próximos ao roçado. Eles chegaram, desceram dos carros e foram pisando as plantações. Os homens amedrontados quiseram correr para o mato, as mulheres com suas crianças foram em cima dos jagunços e policiais, com as enxadas, foices na mão, gritando e cercando eles. Fato é que os jagunços foram cercados e escorraçados pelo grupo. As mulheres contavam que à medida que eles iam sendo cercados pisavam na plantação, ai as mulheres diziam você está pisando no feijão, não pise na plantação, e eles pulavam querendo se esquivar por medo das mulheres. Elas botaram a milícia para correr. Por diversas vezes os homens tinham medo e queriam desistir da luta, as mulheres pressionavam os companheiros e diziam que não abandonavam a terra que havia sido criada lá e que era lá que iam criar seus filhos. Os homens se enchiam de coragem novamente e prosseguiam a luta. (Antônia Maria, ex-educadora do SAR e atual Coordenadora do CEAHS, entrevista realizada no dia 05/07/2005).

era necessário manter a organização dos grupos de base, mas ir além dele, garantindo sua vinculação aos movimentos de luta pela terra e ao sindicato. A inserção apenas dos maridos no sindicato não assegurava a defesa de suas bandeiras de luta e demandas, fazia-se necessário construir sua identidade de trabalhadora rural, a partir de sua efetiva participação.

No contexto da participação política, as trabalhadoras rurais foram descobrindo que era preciso travar duas lutas: continuar lutando pela terra e por melhores condições de vida e trabalho na agricultura, juntamente com seus companheiros, e ao mesmo tempo lutar pela sua valorização e reconhecimento de cidadã e pelos seus direitos específicos, através da formulação de políticas públicas afirmativas.

Nesse sentido, as mulheres trabalhadoras rurais estiveram participando das lutas, apesar dos limites oriundos da divisão sexual do trabalho, naturalizada por uma cultura patriarcal ainda muito presente, especialmente no interior do Nordeste. O Plano Trienal do SAR, de 1995/1997, oferecia uma referência que sinaliza a crescente inserção das mulheres trabalhadoras rurais na luta pela terra.21

Um dos instrumentos importantes na organização das mulheres, enquanto gênero merece destaque. Trata-se do grupo de base que se tornou o lugar privilegiado da reflexão dos problemas, das alegrias, das amizades, da partilha de dificuldades e conquistas; acrescido do processo de construção de novos conhecimentos. Enquanto o sindicato era o lugar da conquista de espaço

21 Podemos citar a força das mulheres nos conflitos de terra de Cajueiro e Lagoa do Sal, no município de Touros;

Baixa da Preguiça em Pureza; Rio do Fogo no município de Maxaranguape, além de outros [...] Em São Bento do Norte, a trabalhadora rural Erenita, se destaca pela participação partidária. Carmelita, pela participação na direção do sindicato. Essas mulheres ainda se destacam na comunidade de base e no acompanhamento aos grupos de mulheres da comunidade das Rocas e do Assentamento Baixa da Quixaba [...] No município de Touros, Maria das Dores Baracho desenvolve um trabalho importante na sua comunidade e nas comunidades vizinhas, articulando o movimento de mulheres na região. Tem uma participação importante nos conflitos de terra, participa do Fórum do Campo, do Movimento Sindical e ainda, como alfabetizadora da Frente de Alfabetização Popular e em outras lutas da região [...] A trabalhadora rural Dalvaci, da comunidade de Rio do Fogo, município de Maxaranguape, também desempenha um papel muito importante, tanto na luta pela terra, como na luta pelos direitos da mulher.

público, do exercício da participação política, da cidadania. Ao SAR cabia desenvolver um processo formativo que fortalecesse esses grupos, a organização e a formação da consciência crítica das mulheres, como revela o trecho do relatório anual de atividades (SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA RURAL, 1988, p. 02), abaixo:

A formação e a capacitação das mulheres vêm se dando sistematicamente, com estudo de sua história e realidade da conjuntura, suscitando uma discussão mais profunda para que, com maior clareza, identifiquem as causas dessa situação e busquem as possíveis saídas.

Essa trajetória da participação das mulheres trabalhadoras rurais na região do Mato Grande, foco geográfico dessa pesquisa, em que pesem suas particularidades não é isolada, mas articula-se também a disseminação das experiências organizativas das mulheres em outros estados do Nordeste. Um processo que teve início em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte principalmente naquelas localidades onde o capital, na figura do grileiro, latifundiário e grupos econômicos acentuava o processo de expropriação e violência sobre as diversas categorias de trabalhadores ligados a agricultura: posseiros, pequenos proprietários, meeiros, arrendatários e assalariados. A organização das mulheres articulada no Nordeste ocorreu em meados dos anos 1980, a partir do encontro de Baurueri (SP), quando nasceu a idéia de articular os grupos de trabalhadoras rurais do Nordeste. Na ocasião se forma uma equipe com uma coordenadora para dar início ao processo de mobilização e articulação dos grupos no Nordeste, culminando na realização do 1º Encontro da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste, em João Pessoa. Estava dado o embrião do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste – MMTR/NE.

Avança a organização das mulheres que segundo dados do Relatório de Atividades do SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA RURAL (1988), 585 trabalhadoras rurais participaram de encontros de mulheres e 266 tinham vinculação a grupos de base, compreendendo um total de 13 grupos abrangendo 10 municípios do Rio Grande do Norte.

A partir da organização dos grupos de base e da participação das mulheres nas atividades desenvolvidas pelo SAR, durante a década de 1980 e início dos anos 1990, constituiu-se uma Comissão Estadual de Articulação do MMTR/RN, com representação de uma mulher por município. Quando havia no município mais de um grupo de mulheres, formava-se uma Sub- comissão Municipal, composta por uma integrante de cada grupo de mulheres. Essas comissões reuniam-se uma vez por mês com as educadoras do SAR para preparar e organizar as atividades formativas e de mobilização política do MMTR/RN. Com o crescimento da organização política do movimento, a comissão estadual, transformou-se em Coordenação Estadual do MMTR/RN, consolidando o trabalho no estado. De acordo com o folder do MMTR/RN, este tinha como objetivo:

Ser um espaço de articulação, formação, informação e de organização das mulheres trabalhadoras rurais de forma a propiciar: o resgate da identidade social e política; o reconhecimento de suas capacidades e direitos; a valorização de sua cultura, seus sonhos e esperanças; a construção e reforço dos laços de amizade e de solidariedade, ajudando-as a despertar para uma participação mais consciente na sociedade, no pleno exercício de cidadania.

A ação do SAR propiciou a concretização dos objetivos do MMTR/RN, com apoio financeiro e formativo. No ano de 1994, o MMTR/RN já contava com 41 grupos de mulheres, distribuídos em 28 municípios. Essa ampliação se deu em função da entrada de 16 grupos da região oeste acompanhados e assessorados pelo Movimento de Educação de Base (MEB) e pelo Centro da Mulher 8 de Março (hoje Centro Feminista 8 de Março – CF8), com sede na cidade de Mossoró. O SAR já mantinha uma parceria com o MEB, através do Programa de Rádio e de outras ações inerentes a essas instituições, sobretudo atividades nas comunidades rurais. Dessa parceria, construiu-se a inserção dos grupos de mulheres do Oeste no MMTR/RN. O CF8, que desenvolvia as atividades com mulheres rurais em parceria com o MEB, também passou a se

articular com o SAR e, em alguns momentos, essas três entidades mantiveram uma articulação e parceria no trabalho com mulheres.

O MMTR/RN organizado, passou a realizar anualmente encontros por região do Estado e um encontro estadual, com o propósito de garantir o espaço de formação, troca de experiências, fortalecimento dos laços de amizade e solidariedade; encaminhamentos das lutas e planejamento