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No processo de organização das mulheres trabalhadoras rurais, conforme visto, seja no interior do movimento sindical ou no âmbito do movimento popular, a luta pelo acesso à terra sempre esteve presente. Mais do que isso é no interior das lutas sociais na demanda por terra que emergem outras formas de luta e organização, entre as quais a equidade de gênero. A luta pelo acesso a terra que se transforma na bandeira pela efetivação da reforma agrária no Brasil é permeada por um conjunto de relações sociais e tensões entre as classes antagônicas, no processo de acumulação capitalista no campo. As transformações ocorridas no meio rural brasileiro, intensificadas a partir da modernização da agricultura na década de 1970, não alteraram a subalternidade das mulheres trabalhadoras rurais, expressando, também, a subalternidade de classe, dadas às condições de pobreza e outros determinantes econômicos, sociais e políticos.

Apesar do protagonismo das diversas categorias de trabalhadores rurais na luta pela terra, em especial a participação política das mulheres nos conflitos agrários, essas trabalhadoras ainda vivenciam condições sociais, econômicas, políticas e culturais desiguais em relação aos homens. Na esfera pública enfrentam dificuldades no acesso aos programas sociais e as políticas públicas específicas para as mulheres, adequadas à saúde, à educação, à maternidade, à infância, ao trabalho e à renda.

Nesse sentido, as mulheres foram desafiadas a se organizar e lutar para garantir o acesso às políticas públicas específicas, conforme assinalado anteriormente. A luta pelo acesso à terra e sua titulação em nome das trabalhadoras rurais, bem como por políticas agrícolas específicas para elas, se inserem na demanda por políticas públicas destinadas às mulheres, o que tem sido alvo das grandes lutas e mobilizações dos movimentos de mulheres urbanas e rurais.

Um dos desafios encontrados pelos movimentos de mulheres para a efetivação de políticas públicas específicas reside no fato de essas políticas serem concebidas e gestadas a partir de uma visão homogeneizadora da população e da realidade brasileira, que nega a pluralidade econômica, social, cultural, organizativa e política da população em todas as regiões do Brasil.

Outro desafio identificado está no significado da posse da terra como propriedade do homem, chefe da família e, portanto, tendo direito de uso, produção, comercialização e renda, cabendo às mulheres apenas o papel complementar. Essa concepção reforça a tradição que concebe a agricultura como um trabalho masculino, designando o homem como chefe da família, motivo pelo qual é o beneficiário das políticas agrárias, que se supõem estariam beneficiando todos os outros membros da família.

Entretanto, em que pese à persistência dessa cultura tradicional, os processos organizativos realizam mudanças. Deere e León (2004), autoras de um estudo comparativo das reformas agrárias e contra reformas em 12 países do mundo, afirmam que:

Um dos principais avanços quanto aos direitos da propriedade da mulher rural na América Latina nos anos noventa tem sido a adjudicação e titulação da terra conjunta a casais. Esta representa um avanço para a igualdade de gênero ao estabelecer explicitamente que a propriedade pertence a ambos, e que, portanto, o casal tem que estar de acordo nas decisões sobre o seu uso e disposição, seja quanto a sua venda, aluguel ou hipoteca. Também protege as mulheres de serem desapropriadas como resultado de abandono, separação ou divórcio, e no caso de enviuvar, de serem deserdadas. Além disso, a titulação a casais aumenta o poder de barganha das mulheres e fortalece a sua participação na tomada de decisões no lar e na unidade produtiva.

No Brasil, onde a adjudicação27 de terra a casais é só uma opção, segundo dados do primeiro censo da reforma agrária, as mulheres representam apenas 12,6% dos beneficiados

27 ADJUDICAÇÃOé o ato judicial mediante o qual se estabelece e se declara que a propriedade de uma coisa (bem

imóvel) se transfere de seu primitivo dono (transmitente) para o credor (adquirente) que então assume sobre a mesma, todos os direitos de domínio e posse que são inerentes a toda e qualquer alienação.

diretos e do público direto, beneficiado pelo PRONAF28 até 1999, apenas 7% são mulheres29. Ao passo que em outros países, é bem diferente, como exemplifica a pesquisa de Deere e León (2004):

Na Colômbia, por exemplo, durante todo o período de vigência da reforma agrária, de 1961 a 1991, as mulheres só representaram 11% dos beneficiados. Quando começou-se a aplicar a adjundicação e titulação conjunta a casais, em caráter obrigatório, junto com a prioridade a mulheres chefes de família como beneficiadas, essa porcentagem subiu para 45% (1995 a 1998). O Peru adotou a titulação conjunta a casais como requisito em seu programa de titulação de terras, mas somente para casais legais [...] A República Dominicana também estabeleceu como um requisito em seu programa de titulação de terras a titulação conjunta, tanto para casais legais, quanto para uniões consensuais [...] A Guatemala adotou a mesma regulamentação em sua legislação de 1999 ao criar um Banco de Terras [...] O Equador agora exige em seu programa de titulação, a titulação conjunta de terra a casais legais e facilita a co-propriedade às uniões consensuais.30

A reivindicação formal do direito à terra pelas mulheres só foi obtida na Constituição Federal de 1988, a qual estabelecia em seu artigo 189 “o título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil”. Apesar dessa conquista, após 1988 houve pouca efetividade em relação à implementação dos direitos da mulher à terra.

Em 2000, durante a Marcha das Margaridas, essa reivindicação se tornou realidade e conquista. Na ocasião, a coordenação do evento foi recebida pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso e o então presidente do INCRA, Orlando Muniz, que receberam das mãos das trabalhadoras rurais uma pauta com 81 reivindicações elaboradas a partir das demandas da realidade das mulheres de todas as regiões do Brasil. Fruto dessa negociação em 2001, foi aprovada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável - CNDRS, do

28 PRONAF – Programa Nacional de Agricultura Familiar, criado na década de 1990, em resposta às reivindicações

dos movimentos sociais.

29 Dados divulgados durante o Seminário Internacional Gênero, Desenvolvimento Sustentável e Territorialidade,

ocorrido em 2002, em todas as regiões do Brasil.

30Informações obtidas no artigo “Avanços Recentes nos Direitos da Mulher a Terra na América Latina”, de autoria

de Carmem Diana Deere e Magdalena León, divulgados no site da Rede do Terceiro Setor (acessado em 21/08/2004).

Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, a resolução nº 06, de 22 de fevereiro que estabelece, entre outras coisas, mudanças nas normas de seleção para facilitar o acesso das mulheres aos benefícios da reforma agrária.

Deere (2004, p. 176-177) ao analisar o direito das mulheres à terra via programa de reforma agrária no Brasil, explicita duas razões para a importância do acesso a esse benefício, as quais qualificou de argumentos produtivistas e empoderamento.

O argumento produtivista refere-se ao reconhecimento de que o direito das mulheres a terra está associado com o aumento do bem-estar de mulheres e seus filhos, bem como com sua produtividade e, portanto, com o bem estar de sua comunidade e sociedade. O argumento do empoderamento reconhece que os direitos das mulheres a terra são decisivos para aumentar seu poder de barganha dentro da família e da comunidade, para acabar com sua subordinação aos homens e, assim, atingir uma real igualdade entre homens e mulheres. No Brasil as mulheres ganharam o direito formal a terra como um subproduto do processo de alcançar a igualdade entre homens e mulheres em todas as suas dimensões legais, através da expansão dos direitos da mulher na Constituição de 1988. Mas a obtenção de mecanismos específicos de inclusão de mulheres na reforma agrária – para aumentar a parcela de mulheres com direitos efetivos a terra – não foi alcançado até que os argumentos produtivistas fossem mais bem compreendidos e internalizados tanto pelo Estado como por todos os movimentos sociais rurais.

Segundo dados do Censo da Reforma Agrária de 1996, havia uma variação na participação de mulheres como beneficiárias da posse da terra por região do Brasil, sendo mais alta no Sudeste (13,8%) e no Nordeste (13,4%) e mais baixa no Sul (7,9%). Esses baixos índices refletem a discriminação que as mulheres têm sofrido, principalmente antes da reforma constitucional de 1988, que não eliminou totalmente os mecanismos de exclusão, apesar das conquistas dos movimentos autônomos de trabalhadoras rurais.

Com a constituição de 1988, o direito à terra foi conquistado, havendo mudanças no critério de pontuação que estabelecia o mesmo patamar para homens e mulheres no momento da seleção. Apesar disso, os outros critérios não sofreram alterações, continuando as mulheres chefes de famílias sendo discriminadas, seguidas pelas jovens solteiras.

Essa realidade pôde ser comprovada pelo censo da reforma agrária de 1996, quando mostra que do total das beneficiárias, sua grande maioria (58,9%) eram casadas em união consensual e 41% eram mulheres chefes de famílias. Desse último grupo, as viúvas predominavam com 16,7%, seguidas das solteiras com 13,3%, das separadas com 9,3% e das divorciadas com 1,4%. Ao contrário dos homens, na maioria casados ou vivendo em união consensual com 82,5% e os solteiros correspondendo a 10,1%. As mulheres chefes de famílias representam 12,2% da população rural, das quais apenas 5,2% são beneficiárias nos assentamentos.

Esses dados sugerem que as mulheres continuam sendo discriminadas e excluídas do acesso à terra, sem consideração às cláusulas constitucionais e leis complementares que regulamentam a Constituição Federal. O INCRA continua a preferir um filho mais velho a nomear uma mulher chefe de família beneficiária do lote de terra num assentamento. (DEERE, 2004)

A partir de 2001, o MDA se comprometeu a desenvolver um programa de ações afirmativas para promover a igualdade entre homens e mulheres na reforma agrária. Assim, encarregou o INCRA de reformular todos os critérios e normas para facilitar o acesso das mulheres à terra e ao título de propriedade, ao crédito agrícola, ao treinamento, à assistência técnica e aos benefícios da seguridade social. E ainda estabeleceu para as mulheres rurais, uma cota de 30% em crédito disponível para compra da terra, no extinto programa Banco da Terra.

A conquista da titulação conjunta é uma possibilidade real, mas o fato de ser opcional significa que as mudanças não foram implementadas satisfatoriamente de modo que garantissem a igualdade no acesso à terra, dada a situação das chefes de família não ter sido alterada.

O mérito de incluir na agenda política nacional o direito à terra para mulheres, tem sido dos movimentos autônomos das trabalhadoras rurais. Essa reivindicação faz parte da luta pelo

acesso às políticas públicas. As organizações das mulheres têm afirmado que as políticas públicas para as mulheres promovem a cidadania e são instrumentos de governo imprescindíveis no contexto das profundas desigualdades sociais no Brasil, principalmente no meio rural. Nesse sentido, os movimentos de mulheres têm proposto alguns princípios31 considerados relevantes como diretrizes para a elaboração de políticas públicas para as mulheres, quais sejam: compromisso com a efetivação dos direitos humanos e a cidadania; aplicação progressiva dos direitos legais e acordos internacionais; serviços públicos com igual qualidade para todas as pessoas e atendimento humanizado; universalidade e diversidade; intersetorialidade e indivisibilidade; descentralização; participação ampla e controle social.

Esses princípios constituem a base da elaboração de políticas públicas efetivadoras da universalidade de direitos e implementadoras de ações afirmativas a fim de superar as dificuldades das mulheres no acesso aos direitos iguais aos dos homens e das mulheres entre si.

Nas palavras de Soares (2004, p.33):

As políticas para as mulheres devem ter por finalidade assegurar que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades para se desenvolver e participar em todos os espaços da sociedade. Trata-se de eliminar as barreiras sociais, econômicas, políticas, jurídicas e culturais de maneira a assegurar as mesmas possibilidades de sucesso a ambos os sexos.

Nessa perspectiva, as trabalhadoras rurais também participam dessa luta por políticas públicas e, conseqüentemente pelas políticas agrária e agrícola que atendam as suas necessidades. A Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG32 defende a

perspectiva de gênero nas políticas públicas, o que implica um compromisso efetivo por parte dos movimentos sociais e dos gestores públicos em:

31 Articulação de Mulheres Brasileiras. Cartilha “Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas”, 2004, pág.

25, 26 e 27.

32 Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG é uma articulação nacional das trabalhadoras

Romper com a visão preconceituosa e discriminatória herdada do patriarcado e fundamentada na divisão sexual do trabalho; onde o homem é considerado o único chefe de família e o único responsável pelo patrimônio familiar. Que a mulher é dependente do pai ou do marido e que seu trabalho reprodutivo e produtivo não têm valor econômico. Essa visão ainda é reproduzida e incorporada nos pressupostos de muitas políticas públicas. Concebe-se que ao beneficiar o homem estão, assim, beneficiando todos os membros da família, inclusive as mulheres.33

Essa comissão defende ainda o respeito às mulheres como sujeitos políticos e autônomos, portadoras de necessidades e especificidades diferenciadas para a formulação e implementação de políticas públicas.

Reconhecer e respeitar as mulheres como sujeitos políticos e autônomos em todos os processos de desenvolvimento, e não meramente como público central das políticas de combate à pobreza, cujo foco é apenas a dimensão reprodutiva ou a exploração da sua força de trabalho [...] Reconhecer que as mulheres trabalhadoras rurais têm necessidades específicas e diferenciadas. Não existe a mulher trabalhadora rural, mas as mulheres trabalhadoras rurais. Do ponto de vista das políticas públicas, tem que ser levado em conta o local onde vivemos (semi-árido, Amazônia, cerrado, sul, etc); o trabalho reprodutivo e produtivo que exercemos (atividades agrícolas e não agropecuária), as condições que dispomos para exercer o trabalho (acesso a terra, crédito, cursos de formação profissional, assistência técnica, mercados, etc). Ainda que haja coincidência de necessidades entre mulheres e homens, a forma de garantir o acesso das mulheres a terra, crédito, assistência técnica, qualificação e requalificação profissional, educação, saúde, lazer, por exemplo, deve levar em conta as especificidades, a construção de uma visão crítica acerca da condição social da mulher trabalhadora rural, sua autonomia e processo de empoderamento.34

Em 2002, o movimento de mulheres, através da Articulação de Mulheres Brasileiras, organizou a Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras para elaboração de uma Plataforma Política Feminista que contemplasse as principais demandas e reivindicações das mulheres urbanas, rurais, indígenas, quilombolas, entre outras. Em relação às mulheres trabalhadoras rurais, as propostas de políticas públicas giraram em torno do acesso a terra, crédito agrícola, segurança alimentar, proteção ao meio ambiente, geração de renda, assistência social, saúde da

formada por uma representante de cada federação. É um esforço de nacionalizar as lutas, reivindicações, campanhas e formação de quadros femininos para o Movimento Sindical Rural.

33 Informações divulgadas nos Anais do Seminário Internacional Gênero, Desenvolvimento Sustentável e

Territorialidade, ocorrido em 2002, em todas as regiões do Brasil

mulher, beneficiamento e comercialização da produção. Essas reivindicações são, claro, de todos os movimentos sociais rurais, mas as mulheres têm suas especificidades e lutam por políticas afirmativas e programas específicos dentro das políticas mais gerais para o campo.

Durante essa conferência, os Movimentos de Mulheres Trabalhadoras Rurais denunciaram as condições de vida no meio rural, afirmando:

Poucas trabalhadoras rurais, extrativistas, populações ribeirinhas e quilombolas detêm a posse da terra e o crédito bancário é deficiente, o que inviabiliza as condições necessárias para assegurar as famílias na terra, agravando as injustiças sociais e a violência no campo. (PLATAFORMA POLÍTICA FEMINISTA, 2002, p. 25)

Denunciam, ainda que:

O atual modelo de desenvolvimento rural está voltado para agricultura patronal de exportação, que beneficia as grandes empresas exportadoras e incentiva grandes mega projetos – produção de soja, implantação de hidrovias e hidrelétricas – excluindo a agricultura familiar. Um grupo restrito de grandes proprietários de terra contrasta com o enorme contingente de trabalhadores/as sem-terra, agricultores/as familiares, pequeno/as produtores/as, extrativistas, quilombolas e comunidades indígenas. (PLATAFORMA POLÍTICA FEMINISTA, 2002, pág. 26)

Diante dessa realidade, os movimentos de mulheres trabalhadoras rurais posicionam-se na defesa de um modelo de agricultura sustentável, agroecológico, equilibrado e diversificado, exigindo novas relações entre as pessoas e um jeito novo de cuidar da terra, das sementes, das plantas, da água e dos meios de produção.

Para os movimentos de trabalhadoras rurais esse modelo de agricultura, centrado na produção familiar, é uma alternativa à concentração de terra, renda e poder que tem impedido o acesso das famílias sem-terra a uma vida digna, agravando as desigualdades sociais no campo e na cidade.

Frente às desigualdades no campo, os movimentos de trabalhadoras rurais denunciam as precárias condições de vida das famílias, em especial das mulheres, que só na Constituição de

1988 tiveram direito à titularidade da terra, à aposentadoria como trabalhadora rural, ao acesso ao crédito e às políticas de desenvolvimento, trazendo para os fóruns e conselhos a necessidade de elaboração de programas e projetos destinados à agricultura familiar.

Apesar do avanço dos movimentos de mulheres nas lutas pelos seus direitos em âmbito local, nacional e mundial, é recorrente entre as mulheres trabalhadoras rurais situações predominantes da cultura patriarcal, que reforça, na vida intrafamiliar e na sociedade, a violência sob diversas formas, expressas na discriminação e nas desigualdades de gênero, reservando-se à mulher a condição de reprodutora da vida privada. A posição que as mulheres ocupam é fruto de vários determinantes econômicos, culturais e sociais que reforçam as relações patriarcais e dificultam a conquista de direitos.

Entretanto, apesar dos traços de continuidade de uma cultura patriarcal, há sinais de ruptura que se traduzem nas lutas das mulheres trabalhadoras rurais presentes na história deste País. Sua organização é um exemplo vivo de resistência e expressão das contradições que vivenciam no meio rural.

O resultado da organização das trabalhadoras rurais expressa-se nas conquistas de direitos (salário maternidade, carteira assinada, reconhecimento de ser trabalhadora rural, direito à sindicalização e associação, entre outros) e nos mais diversos movimentos sociais que dialogam com as questões específicas do campo. São expressões desses movimentos: a Comissão Nacional de Mulheres da CONTAG; o Conselho Nacional de Seringueiras; o Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia; a Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais; as Mulheres do Nordeste Paraense; o Setor de Gênero do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra; o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste; a Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores; culminando com a Marcha das Margaridas, citada anteriormente.

Nessa perspectiva, abordar a questão de gênero na luta pela terra não é uma questão secundária, sobretudo ao analisar o papel das mulheres trabalhadoras rurais no conjunto das relações sociais do meio rural, seja na esfera da propriedade da terra, da produção agrícola ou no espaço doméstico ou nas organizações comunitárias, o que se pode observar a seguir.