• Nenhum resultado encontrado

3.1 – O QUE É ARGUMENTAÇÃO?

3.4 A RETOMADA: ALGUNS DESTAQUES

L’experience montre que le magnifique

répertoire structuré de formes

argumentatives qui ont été mises à jour para Perelman et Olbrechts-Tyteca s’y revele pleinemente oprératoire; mais ceci est une outre histoire.

Christian Plantin

123

Embora Descartes tenha defendido uma posição contrária à retórica, REBOUL (1996) destaca que, ironicamente, em suas demonstrações matemáticas, o filósofo, mesmo não reconhecendo, precisava dela.

124

REBOUL, 1991: 81.

125PLANTIN, 2004: 296. 126

---

98

Tratarei agora d e ap resentar, d e form a geral, as hip óteses e p osições d e algu ns au tores acerca d a argu m entação, a fim d e d iscu tir m ais ad iante a relação entre os elem entos d a tríad e aristotélica na atu alid ad e. Esse recorte incom p leto e p arcial será ap resentad o com o intu ito d e fornecer algu ns elem entos a serem retom ad os no d ecorrer d este cap ítu lo, bem com o no segu inte, sem a m enor p retensão d e esgotar o qu ad ro no qu al os estu d os d e retórica e d e argu m entação d esenrolaram -se d esd e os gregos. Meu olhar voltar-se-á p ara algu m as abord agens su rgid as a p artir d a d écad a d e 1960, o qu e não im p lica qu e d esconsid erarei as contribu ições d os gregos e d os latinos, e muito menos a dos autores da linha anglo-americana127.

Ap ós o p eríod o id eológico, relativo ao au ge d a lógica form al, vem o qu e Plantin d enom ina d e p eríod o d as ciências hu m anas (lógico-lingü ístico), m om ento em qu e a argu m entação foi estu d ad a em ou tra p ersp ectiva e qu e com p reend eu o p eríod o d e 1960 a 1990, m om ento m arcad o p or obras com o as d e Perelm an, Du crot, Tou lm in e Grize.128

Segu nd o tal cronologia, ap ós u m longo p eríod o d e ostracism o, aos p ou cos, u m novo norte su rge p ara os estu d os relativos à argu m entação e d iversos trabalhos em ergem a fim d e m elhor entend er o fu ncionam ento d a lingu agem . A hip ótese d e Plantin129 é d e qu e a celebrad a retom ad a d os estu d os retóricos su rge m esm o nos anos

d e p ós-gu erra, u m a vez qu e a retórica consiste em u m a form a d e resp osta aos regim es totalitários com o nazism o e o estalinism o. A retórica entraria em jogo com a senso-

propaganda (baseava-se nos sentid os) d os regim es totalitários e a ratio-propaganda

127

Tanto na atualidade quanto há décadas, diversos estudos relativos à argumentação têm sido desenvolvidos em língua inglesa (norte americana e inglesa), mas, como não é de meu interesse esgotar a numerosa gama de autores e debates acerca do tema, destacarei alguns nomes a fim de esboçar um breve panorama da argumentação na atualidade. O grupo coordenado pela professora Marianne Doury, no CNRS, do qual eu tive a oportunidade de participar, durante o desenvolvimento de minhas pesquisas em Paris, tem voltado seu olhar para a contribuição destes autores.

128

--- (baseava-se na razão) d os regim es d em ocráticos, no p eríod o d a Gu erra Fria. Segu nd o o au tor, este p rojeto retórico confere as bases d e u m a nova reflexão sobre o logos, a qu al será fu nd am ental tanto p ara Tou lm in qu anto p ara Perelm an. Tod avia, Plantin d estaca qu e, em bora se ateste a im p ortância d estes au tores e ap enas eles sejam , em geral, m encionad os, foi Osw ald Du crot o resp onsável p or revalorizar os estu d os nesse domínio.

N os anos d e 1960 e 1970 su rgem novas form as d e interp retação e d e u tilização d a retórica tam bém com Roland Barthes, Jean Cohen, Gérard Genette, os qu ais, ligad os ao Gru p o d e Liège, se d etiveram sobre o “grau zero”, sobre o d esvio d a norm a.130 Em

seu s estu d os, estes p esqu isad ores conferiram d estaqu e, até m esm o exau stivam ente, ao p ap el d as figu ras, e talvez p or isso não tenham contribu íd o com a revalorização d os p rincíp ios d a retórica, u m a vez qu e os argu m entos e as p rovas não foram d evid am ente tratad os em seu s trabalhos. Com isso, a qu estão ornam ental aind a continu ava viva, o qu e im p ed iu qu e se retom asse a im p ortância d a retórica e se m od ificasse o p anoram a firm ad o no com eço d o sécu lo. Barthes e o Gru p o d e Liège ap resentaram elem entos im p ortantes e fizeram grand e su cesso p or u m p eríod o, com su as leitu ras acerca d a publicid ad e. N o entanto, a ênfase conferid a às figu ras fez com qu e essa retom ad a se perdesse em um vazio.

N a m esm a ép oca, Perelm an articu lava u m a teoria, sob u m ou tro viés, o qu al m arcou a retom ad a d os estu d os retóricos. Ju ntam ente com Olbrechts-Tyteca, Perelman d esenvolveu seu s estu d os segu ind o u m ou tro cam inho, através d a obra em blem ática

Tratado da argumentação, a qu al foi consid erad a com o o texto fu nd ad or d a nova era; d e

tem p os m ais p rod u tivos. Com o Tratado, Perelm an confere u m a com p reensão alargad a da racionalidade.

129 PLANTIN, 2004: 298. 130

---

100 Como ainda havia uma grande desconfiança em relação à retórica por causa dos eventos históricos e em d ecorrência m esm o d os trabalhos d o Gru p o d e Liège, som ente a p artir d a d écad a d e 1980 a obra d e Perelm an p assou a ser estu d ad a e, com isso, tornou-se u m a referência d os estu d os voltad os p ara a argu m entação. Além d isso, aind a há o fato d e qu e os p rim eiros estu d os d e Análise d o Discu rso na França, com Michel Pêcheu x p rivilegiavam u m a abord agem d o d iscu rso voltad a p ara d iscu ssões que não conferiam o devido valor à argumentação. Somente a partir da década de 1980, com as abord agens d e au tores com o Plantin e Charau d eau é qu e os olhares d a Análise do Discurso se voltaram para os estudos da argumentação.131

Segu nd o Declerq132, inicialm ente Perelm an p retend ia ap licar ao d iscu rso u m

m étod o d em onstrativo d a nova lógica form al qu e, com Frege, p rop u nha u m a lógica d os ju lgam entos d e valor. Su a em p reitad a inicial se ancorava nas p otencialid ad es erísticas d a lógica m od erna p ara a p artir d elas d escobrir a u niversalid ad e d a argumentação. Tod avia, é ao se aliar a Lu cie Olbrechts-Tyteca qu e Perelm an se abre p ara o estu d o d a argu m entação visand o às técnicas p ara alcançar a p ersu asão, o qu e consiste em algo m ais p róxim o d a retórica d e Aristóteles. Ju ntam ente com esta autora, Perelm an constata qu e, em bora a argu m entação u tilize p rovas lógicas, a ad esão d o au d itório não é alcançad a ap enas p or ela. Ou tros elem entos, até estranhos à lógica, p od em ser u tilizad os, o qu e será consid erad o em su a tip ologia d e argu m entos, u m a vez qu e nela o au tor não se d etém ap enas na estru tu ra lógica d os argu m entos, m as em su a relação com o au d itório. Tal tip ologia conta com três entrad as, a saber: argu m entos qu ase lógicos, argu m entos basead os na estru tu ra d o real e ligações qu e fu nd am a

131

Todavia, ainda hoje é bastante complicada a relação entre os adeptos da intitulada 1a Escola de Análise do Discurso na França e aqueles da 2a Escola. Mesmo com diversas pesquisas e publicações sobre a argumentação, os analistas do discurso da denominada 1a geração ainda não acreditam que se faça Análise do Discurso a partir das teorias desenvolvidas por autores como Charaudeau, Plantin e Ducrot. Para eles, a Análise do Discurso à la Pêcheux é a única via possível.

132

--- estrutura do real. 133

Assim , ao se voltarem p ara as estratégias d o d iscu rso visand o à p ersu asão e aos m od os d e raciocínio não form al d a lingu agem natu ral, Perelm an e Olbrechts-Tyteca d esejam verificar qu ais seriam os elem entos resp onsáveis p or gerar u m efeito sobre o au d itório. N essa p ersp ectiva, o m ínim o ind isp ensável p ara a argu m entação p arece ser a existência d e u m a lingu agem em com u m , d e u m a técnica qu e p ossibilite a comunicação o que, segundo eles, ainda não é suficiente. Para argumentar, é preciso ter apreço p ela ad esão d o interlocu tor, p or seu consentim ento, p or su a p articip ação m ental, p ois não basta falar ou escrever; é p reciso ser ou vid o ou lid o. A argu m entação visa a u m ou vinte, criad o p elo orad or (o ou vinte p resu m id o), qu e p or isso m esm o p ossu i d eterm inad as características a serem consid erad as p ara qu e p ossa atingi-lo. É assim que a obra “Tratado de argumentação – a nova retórica”, escrita em 1958, com o o p róp rio nom e ind ica, alm ejava ap resentar, a p artir d o ed ifício herd ad o d e Aristóteles, u m a nova retórica. De acord o com Meyer, resp onsável p or ocu p ar a cad eira d e Perelm an na Université de Bruxelles, seu “m estre” foi o resp onsável p or revolu cionar a retórica durante o último século:

Pourtant, il est indéniable que l´apport de Perelman constitue une renouvellement majeur de la discipline, une nouvelle façon de comprendre la rhétorique, sa nature et sa mission. [...] Car Perelman est le premier depuis plusieurs siècles à avoir redonné toutes ses lettres de noblesse à la rhétorique. Il ne la confine ni à l´usage stylistique, épidictique, comme on le fait habituellement depuis Du M asais, ni au langage-ornement du courtisan et des manipulateurs en tous genres.134

133

PERELMAN, 1996.

134

MEYER, 1999: 259-260. Minha tradução do original em francês: “Entretanto, é irrecusável que a relação de Perelman constitui uma renovação maior da disciplina, uma nova maneira de compreender a retórica, sua natureza e sua missão [...] Porque Perelman é o primeiro depois de muitos séculos a ter restituído todas as usas cartas de nobreza à retórica. Ele não a confina nem ao uso estilístico, epidítico, como se faz habitualmente, desde Du Masais, nem à linguagem-ornamento do cortesão e dos manipuladores de todo o gênero.

---

102 Certam ente, a contribu ição d e Perelm an e d e Olbretchs-Tyteca é d e extrem a relevância, p ois eles não ap enas retom aram , m as reelaboraram o legad o d e Aristóteles.135 Essa reelaboração contou com u m d irecionam ento voltad o p ara a p rática

ju d iciária, o qu e não im p ed iu a grand eza d o trabalho. Entretanto, se, p or u m lad o, u m au tor com o Olivier Rebou l afirm a ser o Tratado da argumentação a teoria d o d iscu rso p ersu asivo a p artir d as heranças grega e latina, p or ou tro, reconhece qu e, nessa em p reitad a, os au tores d eixaram d e lad o u m im p ortante asp ecto d a argu m entação referente à ord em afetiva.136 O fato d e Perelm an e Tyteca d eixarem d e lad o as em oções,

a m eu ver, acabou p or conferir u m a abrangência lim itad a p ara a obra, p ois não há com o se p ensar em argu m entação sem levar em conta os três elem entos: as p aixões, a constru ção d e im agens e a razão. Além d isso, se, p or u m lad o, Perelm an evid enciou o papel do auditório, por outro, ele desconsiderou a importância do contexto. Sua análise não leva em conta as circu nstâncias, as qu estões sociais e cu ltu rais, extrem am ente relevantes para se refletir sobre a linguagem.

Plebe e Em anu ele, críticos d a obra d e Perelm an, afirm am qu e na nova retórica do autor há dois elementos que enfraquecem sua visão:

[...] o p rim eiro d eles é a contrad ição congênita entre ver na retórica u m a força inovad ora, m as estu d á-la com o u m p roced im ento conservad or e m entalm ente p regu içoso; o segu nd o é su a tend ência a fazer o m u nd o d a retórica deslizar do plano lógico-filosófico p ara o p lano m eram ente sócio- psicológico.137

Por m eio d essas e d e ou tras críticas, Plebe e Em anu ele se p rop õem a ap resentar as várias contrad ições qu e consid eram existir na obra d e Perelm an, a p artir d e u m

135

Como afirmei anteriormente, há controvérsias em relação ao fato de essa obra representar a maior contribuição do período. Plantin acredita que a abordagem de Ducrot é tão ou mesmo mais importante que a deles, pois foi ela quem conferiu novo fôlego aos estudos de argumentação, com uma outra visão sobre o assunto.

136 REBOUL, 1991. 137

--- olhar voltad o p ara u m a abord agem lógico-filosófica d a retórica.138 Evid entem ente, tais

consid erações não d im inu em a im p ortância d a obra p erelm iana p ara as p esqu isas em argumentação.

De m inha p arte, no qu e concerne às análises d iscu rsivas, não m e p arece su ficiente fazer u so ap enas d as contribu ições d e Perelm an e Olbrechts-Tyteca, p ois, com o já afirm ei, eles p arecem não levar em conta im p ortantes elem entos relativos à situ ação d e interação, à p osição d os su jeitos, às crenças, aos valores, entre ou tros. Essa abord agem p arece ad equ ad a a u m d iscu rso id ealizad o, u m a vez qu e, na lingu agem com u m , argu m entar é sem p re se d irecionar a u m ou tro em circu nstâncias esp ecíficas, a p artir d e p aixões e valores. Além d o m ais, a obra d estes au tores d estaca u m a p ersp ectiva m ais racional d a argu m entação, o qu e não é su ficiente p ara atend er às demandas de minha pesquisa.

Contem p oraneam ente a Perelm an, Tou lm in139 elabora u m a obra qu e tam bém se

volta p ara o estu d o d a argu m entação sob u m a p ersp ectiva qu e d estaca a p rática ju ríd ica, m as em u m a d ireção op osta. Ele p rop ôs u m esqu em a com p osto d e cinco elem entos qu e resu m iriam a argu m entação, a saber: dado, lei de passagem, reserva,

garantia e conclusão140. Tal esqu em a p arece-m e tam bém red u tor na m ed id a em qu e,

assim com o em Perelm an, revela u m a visão racional d o d iscu rso argu m entativo, desconsiderando dois importantes elementos: o ethos e o pathos. Tanto Perelman quanto Tou lm in m u ito contribu íram com o d esenvolvim ento d os estu d os d a argu m entação, mas cometeram o pecado capital de se concentrar em uma visão do logos.

Com o essas obras se m antiveram em d estaqu e, qu ase qu e sozinhas, p or u m longo p eríod o, as teorias e os estu d os d e argu m entação qu e foram su rgind o contentavam-se ap enas em rep eti-las. Felizm ente, em u m a via d istinta, Osw ald Ducrot,

138

Para saber mais, ver PLEBE & EMANUELE, 1992.

139

---

104 ju ntam ente com Jean-Clau d e Anscom bre, forneceu u m a nova abord agem teórica p ara os estu d os d a argu m entação. Inserid o no cam p o d a lingü ística p ragm ática e, na tentativa d e rom p er com a p ersp ectiva d e u m a lingü ística d a inform ação, Du crot d eu início ao d esenvolvim ento d a Teoria da A rgumentação na Língua. Seu interesse consiste em estu d ar os fenôm enos argu m entativos d e natu reza lingü ística, os qu ais abrangem qu estões relativas às m arcas argu m entativas (op erad ores e conectores argu m entativos) e às regras argu m entativas qu e p erm item a ativid ad e argu m entativa141. Em su a

p ersp ectiva, as instru ções d e natu reza lingü ística contêm o valor argu m entativo d a p róp ria língu a, o qu e o leva a afirm ar qu e a argu m entação é u m ato lingü ístico fu nd am ental. A Teoria da A rgumentação na Língua p rivilegia, nesse sentid o, p roblem as e objetivos d a “lingü ística d a frase”, ou seja, visa aos m eios lingü ísticos d e qu e d isp õe o su jeito falante p ara orientar seu d iscu rso, além d e se p rop or a avaliar em qu e m ed id a essa orientação p od eria contribu ir p ara atend er a certos objetivos argu m entativos. A argu m entação sob esse enfoqu e volta-se p ara a argu m entativid ad e d os enu nciad os e não p ara o caráter social d a argu m entação, com o faz a retórica. Isto p orqu e Du crot não p rocu ra estabelecer relações com social nem com a história. Ele ap enas com eça a ap ontar algo no sentid o qu and o d esenvolve a noção d e topos, m as logo d esiste d a empreitada, concentrando-se mais uma vez em uma trilha ligada ao sistema da língua.

A p rop osta d e Du crot refere-se ao estu d o d e enu nciad os isolad os, escolhid os aleatoriam ente, p orqu e, com o já afirm ei, p ara ele, a argu m entação está na p róp ria estru tu ra d a língu a. O p róp rio au tor afirm a haver u m a d iferença entre argu m entação lingü ística e argu m entação retórica, qu e constitu i p ara ele u m a realid ad e fu nd am ental. Enqu anto a p rim eira se inscreve no sistem a d a língu a e, p or isso m esm o, é inerente a ele, a segu nd a m obiliza p roced im entos d iscu rsivos visand o a u m efeito p ersu asivo.

140 Este esquema está bem explicado em PLANTIN (1996) e CHARAUDEAU (2002). 141

--- Para Du crot, a p alavra argu m entação é u sad a som ente p ara se referir à argu m entação lingü ística e não p ossu i qu alqu er relação d e sentid o com a retórica.142 Assim , essa visão

se d iferencia d e ou tras abord agens p ragm áticas d a argu m entação, as qu ais consid eram que a argumentação não se relaciona simplesmente com os enunciados.

Além d e Du crot e Anscom bre, au tores com o Moeschler, Vignau x e Grize se d ebru çaram sobre o estu d o d a argu m entação, a p artir d e u m p onto d e vista p ragm ático. Tod avia, cad a qu al abord ou a qu estão d e acord o com interesses qu e atend iam às p rop ostas d e su as p esqu isas. Enqu anto Du crot p rivilegiou as qu estões lingu ageiras internas à língu a, au tores com o Vignau x e Grize estu d aram a argu m entação sob u m p onto d e vista logicizante, o qu al p rocu rou reconstitu ir, p ela Análise d o Discu rso e p ela Análise d a Conversação, u m a lógica d o raciocínio em língua natural.143

Jacqu es Moeschler, p or su a vez, voltad o p ara a Análise d a Conversação, p rop ôs u m trabalho qu e p rivilegia as trocas lingu ageiras. A abord agem d o au tor se d ireciona p ara d ois sentid os qu e se com p lem entam : estu d o d os conectores argu m entativos e ou tros op erad ores d e encam inham entos lingu ageiros e o estu d o d a estru tu ra d a conversação e d e su as su bu nid ad es (trocas, intervenção etc)144. Assim , ele u ltrap assa a

fronteira d o enu nciad o, p ois acaba p or fazer u m a análise m icro, m as relacionad a a u m a abord agem m acro. Entretanto, em bora esse p onto d e vista se mostre m ais abrangente qu e aqu ele d a Teoria da A rgumentação na Língua, ele tam bém não abarca qu estões importantes para a proposta da tese, como aquelas relativas à emoção.

Trabalhos com o os d e Du crot, d e Tou lm in e m esm o o d e Perelm an p rivilegiam o logos como dimensão fundamental. Mesmo com olhares diferentes para bases teóricas e objetos analisad os, esse au tores d estacam u m a via qu e abord a a argu m entação com o

142

---

106 algo m ais racional. Além d isso, na falta d e u m a concep ção m ais sistem ática d e retórica, p ontos d e vista m ú ltip los e até m esm o incom p atíveis p od em coexistir. Segu nd o Meyer, essas evid ências nos levam a qu estionam entos acerca d e qu al seria o estatu to d o

logos145.