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Acompanhamento dos clientes

Foto 5 – Uma das Famílias Entrevistadas

4.4 Inserção no Pronaf e Visão da Metodologia

4.4.6 Acompanhamento dos clientes

O resultado da pesquisa sinaliza para a ocorrência de avanços no atendimento aos agricultores familiares. Historicamente, a quantidade de beneficiários e a sua dispersão na zona rural se constituem óbices relevantes ao acompanhamento dos beneficiários do Pronaf, sobretudo aqueles do Grupo B, em função do alto custo operacional. A exigência constante do capítulo 10 do MCR é que 10% dos clientes do Pronaf B sejam visitados após a liberação do crédito, podendo, para este fim, ser contratado serviço de terceiros.

Segundo o resultado da consulta promovida pelo BNB, em 2007, já comentada neste capítulo, 86% dos beneficiários do Pronaf B entrevistados não receberam qualquer visita de funcionário do Banco. Os demais receberam uma ou mais visitas. No que concerne à empresa elaboradora do respectivo projeto, 22% foram visitados por um técnico duas ou mais vezes, 25% receberam uma visita, e os demais nenhuma.

Referidos percentuais, embora superiores ao mínimo exigido pela legislação do crédito rural, estão abaixo do número de visitas buscado pelo Agroamigo, qual seja: ao menos 30% dos que acessam o crédito. Conforme mencionado, com vistas a facilitar o deslocamento às diferentes comunidades, cada AMR dispõe de uma motocicleta, fruto de convênios envolvendo o MDA, as prefeituras e o INEC, entidade que operacionaliza o Programa.

Na experiência de Caucaia 14,6% declararam que foram visitados pelo AMR antes de sair o dinheiro. Dentre os participantes da pesquisa, 51,2% afirmaram ter recebido a visita do AMR após a liberação do financiamento. Entre estes, 29% receberam apenas uma visita, para 43% dos clientes ocorreram duas visitas, para 9,5% deles houve três visitas, e os demais não souberam precisar quantas. Além disso, várias pessoas, entre os entrevistados, relataram que frequentemente se encontram com o AMR nas localidades onde moram, oportunidade em que esclarecem dúvidas e conversam sobre o andamento das atividades que desenvolvem. O AMR declarou que, logo após a palestra informativa, geralmente procura visitar “aquelas casas mais próximas ao local onde tá havendo aquela reunião”.

Indagados acerca de como foram para eles essas visitas, responderam: “Veio olhar se o galinheiro estava bom”; “Como estão as vendas, se estava juntando o dinheiro”; “Veio olhar as criações”; “Saber se tinha aplicado realmente naquilo que tinha sido financiado”; “Veio verificar se estava tudo bem”; “Vê se aplicou, pede comprovante, dá ideia”.

De outra forma, perguntei acerca da utilidade das visitas, ao que responderam: “Conversa, orienta”; “Veio olhar os bichos; viu como tava trabalhando, vacinas etc.”; “Mandei ele olhar, mas ele já me conhece”; “Para ver o chiqueiro, se estava como ele explicou; orientou sobre as vacinas”; “Se não viesse, muitos fariam outras coisas com o dinheiro”; “A gente fica mais esperto, ele faz algumas perguntas”; “Ver as condições”; “Ficou sabendo que eu não ia poder pagar, veio conversar; depois renegociou”.

Falando acerca dos benefícios da visita, vários agricultores ressaltaram a importância da orientação que recebem nessa ocasião: “Orienta”; “Explica tudo”; “Tira dúvidas”; “Explica sobre vacinas, água e quantidade de ração por dia”; “Bom para saber mais, me envolver”; “Pra saber sobre as condições melhores pras galinhas botarem ovos e aumentarem”; “Na construção do chiqueiro”; “Alertar para guardar o dinheiro do pagamento”. Dentre os entrevistados, 37,% afirmaram ter participado de reuniões coletivas de acompanhamento.

Um dos dirigentes do STR entrevistados afirma:

Com o Agroamigo melhorou. A gente sente um acompanhamento mais do que o Pronaf tradicional. A gente sente que há preocupação; o Agroamigo vai lá na casa do cliente, conversa com ele, tenta conversar com a família toda. Não resta dúvida. Dá a César o que é de César.

Vale ressaltar que expressivos 97,6% dos entrevistados acham que os financiamentos do Agroamigo podem ajudar a melhorar suas condições de vida. Perquiridos quanto ao porquê, dizem: “É uma ajuda”; “Ajuda nas despesas da casa” ; “Investimento, oportunidade de trabalho”; “Ajuda no salgado”; “O BNB está investindo na gente”; “Pode ajudar em um momento de necessidade”; “O bônus é importante”; “Ajuda boa, sabendo aplicar...”; “Ajuda porque possibilita um ganho certo”; “Porque tudo que vem de Deus é bom”; “Tanto que ainda estou nele”; “Ajuda na renda familiar”; “Porque o juro é pouco”; “Ajuda na produção”; “Esse dinheiro dá pra fazer alguma coisa, vai mantendo melhor”; “Facilita”.

Em algumas respostas percebe-se que a oportunidade do crédito contribui para elevar a autoestima e a autoconfiança desses agricultores: “Deu pra pagar, posso comprar as mercadorias do botequim”; “Muitas vezes ajuda a realizar uma atividade”; “Sempre quis trabalhar e não tinha como, com o Agroamigo foi possível”; “Por ser confiável”; “Incentivo, compromisso”.

Segundo a pesquisa realizada por Bastos (2006) com beneficiários do Pronaf B, 84,4% dos agricultores entrevistados definiram o Programa como uma forma de ajudar os mais pobres.

Nessa perspectiva, um dos monitores do Agroamigo entrevistado fez as seguintes considerações:

Considero o Agroamigo importante alternativa para qualificar e distribuir o crédito no Nordeste. Em sendo seguida a metodologia do Programa, acredito que em médio prazo iremos conscientizar o pequeno agricultor familiar a trabalhar de forma empreendedora com o objetivo de obter lucro com a atividade desenvolvida e, conseqüentemente, melhorar a condição de vida da sua família.

Pela fala, particularmente dos agricultores entrevistados, depreende-se que, embora ainda longe de atender as principais necessidades do beneficiário do Pronaf B, a presença do AMR possibilita uma maior aproximação e ajuda a estabelecer um diálogo com esse agricultor, na maioria das vezes carente não apenas em relação à satisfação de suas necessidades básicas, mas também de conhecimento e informação.

De outra forma, espera-se que o convênio firmado entre a SAF/MDA, o BNB e a EMATERCE, descrito neste capítulo, possa iniciar um círculo virtuoso que venha a modificar o quadro atual de deficiência de assistência técnica aos beneficiários do Pronaf B.