• Nenhum resultado encontrado

AFONSO ARINOS E A MESTIÇAGEM NO BRASIL

5 RIOS VERDE E NEGRO E A POLUIÇÃO DAS CRISTALINAS ÁGUAS DO LAGO PORTUGUÊS

5.1 AFONSO ARINOS E A MESTIÇAGEM NO BRASIL

Afonso Arinos, conectado aos discursos sobre mestiçagem com base nas categorias de raça e cultura, comparou “a civilização e a cultura brancas” no Brasil a um lago que recebeu as águas “mistas e turvas” dos rios verde e negro. Nessa metáfora, o rio verde, interpretado como os indígenas, e o negro, como os africanos, desaguaram no plácido lago representado pelo branco europeu, formando as águas brasileiras. Essa mistura de águas teria alterado a unidade das profundezas e a placidez da superfície desse lago2.

A metáfora usada por Afonso Arinos define suas considerações em torno do processo de miscigenação e, consequentemente, evidencia suas concepções acerca das culturas de brancos, índios, negros e mestiços. Para ele, mesmo quando os povos vencidos eram culturalmente muito inferiores, não deixava m de exercer a sua poderosa influência. Daí sua preocupação em mapear os aspectos legados por índios e negros no processo de formação do povo brasileiro.

Foi por isso que se propôs a fixar o curso, as direções desses rios, mapeando suas influências e identificando de que forma elas foram assimiladas no processo de formação da civilização brasileira. Tratou dos conceitos de civilização e cultura, mantendo uma estreita conexão com a categoria raça e, sobretudo, com a crença nas hierarquias entre as culturas e as civilizações, apoiado pela perspectiva evolucionista. Dialogando com Oswald Spengler (1880-

1 FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Conceito de civilização brasileira. Rio de Janeiro: Companhia Editora

Nacional, 1936. (Coleção Brasiliana). p. 133.

1936)3, afirmava que as civilizações eram o resultado dos tipos de culturas que possuíam. Culturas atrasadas resultavam em civilizações atrasadas e vice-versa4.

Escrevendo num contexto de acaloradas discussões, em que a mestiçagem passou a ser valorizada e a defesa em torno da viabilidade da nação e do povo brasileiro ganhou ênfase, Afonso Arinos explicitava suas dúvidas em relação à concepção de uma civilização propriamente brasileira. Preocupava ao nosso autor como se desenvolveria uma civilização resultante de tantas e contraditórias forças. Foi com o propósito de entender essa questão e para nomear a parte de responsabilidade que cabia a índios e negros na “[...] modificação do panorama da civilização branca”5 que tomou emprestado do sociólogo Vilfredo Pareto6 o termo resíduo.

Na famosa e bem-conceituada Coleção Brasiliana, lançada pela Companhia Editora Nacional, em 1936, publicou suas ideias sobre o que entendia ser um conceito de civilização brasileira. Ao estabelecer os princípios norteadores de sua proposta, dialogou com a História, com a Sociologia, com a Antropologia e com a Psicologia. Em relação às duas últimas,

3 Oswald Arnold Gottfried Spengler, filósofo alemão que se tornou mundialmente conhecido após a publicação de

Der Unterganf dês Abendlandes (A decadência do Ocidente), obra em dois volumes. O primeiro, escrito em 1911,

foi publicado em 1918; e o segundo, escrito e publicado após a guerra, em 1922. Segundo Patrini, Spengler mesclava o pensamento de Nietzsche e a metodologia de Goethe. Ao lançar A Decadência do Ocidente num período de crise intensa, Spengler tornou-se um fenômeno editorial. Suas ideias fizeram com que o público alemão acreditasse que ele teria profetizado a decadência do Ocidente no ambiente de crise sociocultural da época. Ainda conforme Patrini, Spengler, após ter sido cortejado por Hitler, o teria caracterizado como um homem vulgar e, por este motivo, teve sua obra proibida pelo III Reich. Algumas das suas ideias, especialmente as que foram veiculadas em seus livros políticos subsequentes, foram adotadas pelo movimento nacional-socialista. Este fato parece ter motivado seu atual ostracismo. Para Patrini, persiste, ainda hoje, um preconceito em torno desse filósofo que o marca como nazista, ainda que, em vida, Spengler não tenha demonstrado simpatia explícita pelo nazismo. O livro

A Decadência do Ocidente é considerado um estudo de filosofia da História e, segundo Patrini, reúne as áreas

econômica, política, matemática, artística e cultural, para debatê-las sob uma ótica histórica e comparada. Nele, Spengler considera como fundamental o caráter histórico das culturas, das civilizações e do mundo. Spengler escandalizou os historiadores de sua época e, apesar do sucesso editorial, com a chegada do Nacional-Socialismo na Alemanha, suas ideias foram combatidas e ele acabou falecendo em Munique em maio de 1936. Cf. PATRINI, Augusto. Oswald Spengler: um enigma histórico-intelectual no século XX (A Decadência do Ocidente de Oswald Spengler: seu conceito de história e seus intérpretes.) In: ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA: HISTÓRIA E LIBERDADE. 20., São Paulo, set. 2010. Anais... São Paulo: ANPUH/SP; Unesp-Franca, 2010. Disponível em: <http://www.anpuhsp.org.br/sp/downloads/CD%20XX%20Encontro/PDF/Autores%20e%20Artigos/Augusto% 20Patrini.pdf>. Acesso em: 27 maio 2016. Ver também: SPENGLER, Oswald. A decadência do Ocidente: esboço de uma morfologia da História Universal. Tradução Herbert Caro. 4. ed. condensada por Helmut Werner. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.

4 FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Conceito de civilização brasileira. Rio de Janeiro: Companhia Editora

Nacional, 1936. (Coleção Brasiliana). p. 49.

5 Ibid., p. 131.

6 PARETO, Vilfredo. Traité de Sociologie Générale. Édition française par Pierre Boven revue par l’auteur. Paris:

Librairie Payot & CO., 1917. v. I. Disponível em: <https://archive.org/stream/traitdesociolo01pareuoft#page/ 450/mode/2up>. Acesso em: 2 set. 2014. p. 451-457. As influências de Pareto na obra de Afonso Arinos serão discutidas na Seção 7 deste estudo.

aproximou-se da vertente que procurou estabelecer relações entre a cultura e a personalidade de seus membros.

Essa relação entre cultura e personalidade pode ser observada na Antropologia, por meio da influência de Franz Boas (1858-1942), quando vários dos seus discípulos desenvolveram o que ficou conhecido como “estudos de cultura e personalidade”7. A obra de Boas teve desdobramentos impactantes para os estudos evolucionistas, pois questionava a existência de uma espécie de evolução natural e necessária da humanidade e produzia, pela primeira vez, a separação da noção de raça e da noção de cultura8.

As antropólogas Ruth Benedict e Margaret Mead situam-se entre os colaboradores de Boas. Suas obras são exemplares, quando se referem à “escola cultura e personalidade”. E m livro publicado em 1934, com o título de Padrões de Cultura, Ruth Benedict9, norte- americana, analisa a relação entre cultura e indivíduo, buscando compreender como o costume desempenhava papel fundamental na conformação da personalidade dos indivíduos inseridos em uma dada sociedade.

Com uma extensa produção intelectual, Margaret Mead é apontada como uma das primeiras a tentar trabalhar a perspectiva da mulher e da criança na compreensão da cultura. Num ensaio sobre essa antropóloga, Mendonça10 escreveu:

Em sua concepção, as linhas gerais (organização econômica, social, religiosa etc.) da cultura “primitiva”, uma vez em contato com o mundo “civilizado”, eram consideradas ativas e responsáveis pelo tipo de ajustamento obtido progressivamente com o avanço do processo de colonização.

Tomando a citação acima, observamos que as ideias defendidas por Afonso Arinos, ao estabelecer relações entre o comportamento dos brasileiros e o que denominou de resíduos afro-índios estão relacionadas a esse tipo de entendimento. Para ele, em nossa sociedade da década de 1930, ainda se encontravam vigentes padrões culturais legados pelos “primitivos” índios e negros.

7 Cf. MENDONÇA, João Martinho de. Margaret Mead (1901-1978). In: ROCHA, Everardo; FRID, Marina.

(Org.). Os antropólogos: clássicos das Ciências Sociais. Petrópolis, RJ: Vozes; Rio de Janeiro: Editora PUC, 2015. p. 133-153. p. 134-135.

8 Cf. MOURA, Margarida Maria. Franz Boas: a Antropologia Cultural no seu nascimento (1858-1942). Revista

USP, São Paulo, n. 69, p. 123-134, mar./maio 2006. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/

article/view/13519/15337>. Acesso em: 27 maio 2016. p. 128-130; MOURA, Margarida Maria. Franz Boas (1858-1942). In: ROCHA, Everardo; FRID, Marina (Org.). Os antropólogos: clássicos das Ciências Sociais. Petrópolis, RJ: Vozes; Rio de Janeiro: Editora PUC, 2015. p. 42-60. p. 46.

9 BENEDICT. Ruth. Padrões de cultura. Tradução Ricardo A. Rosenbusch. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. (Coleção

Antropologia). Tradução de: Patterns of culture.

A referência a essas duas autoras é justificada pelo alcance dos estudos realizados sobre padrões de cultura e personalidade, que lhes conferiram respeito dentro e fora da comunidade acadêmica. Conforme Rocha11, o reconhecimento e o sucesso alcançados por essas antropólogas não estão relacionados apenas ao estilo dos seus textos etnográficos, mas também ao fato de grande parte das preocupações de seus estudos serem atinentes à América. Para ele, ao optarem pela estratégia de comparação com a moderna sociedade americana, seus estudos engendraram problemas de ordem da cultura e da identidade na sociedade norte-americana. As influências dos seus estudos cruzaram os limites dessa sociedade.

Não há referências bibliográficas na obra de Afonso Arinos, que o relacione diretamente a qualquer uma dessas autoras. Entretanto, ao desenvolver a ideia de uma personalidade compartilhada pela maioria dos membros de uma sociedade e baseada em traços legados pelas chamadas “culturas primitivas”, seus escritos guardam aproximação com as teses dessa escola que fizeram sucesso nos anos 1920-1940.

Em Afonso Arinos, esse tipo de influência pode ter ocorrido indiretamente, por meio das leituras realizadas por ele. Afinal, foi leitor de Gilberto Freyre que, por sua vez, foi orientando de Franz Boas e leitor das autoras citadas12. Como crítico e leitor da obra de Freyre, Afonso Arinos dialogou com as ideias propostas em Casa Grande e Senzala. Suas impressões sobre o livro podem ser constatadas em uma das primeiras críticas a essa obra, quando, em 1934, escreveu Uma Obra Rabelaisiana13. Em sua avaliação, o livro passaria a ser uma das vigas mestras do nosso edifício intelectual. Entretanto, não poupou críticas à linguagem usada por Freyre, considerando-a pouco técnica, pouco científica e, segundo ele, em algumas páginas do livro, ela chegava a ser chula, anedótica e impura. Avaliou que houve pressa na composição do estudo e que era “no fundo literatura, muita literatura”14. Também encontrou proximidades entre Freyre e Rabelais, ao citar aspectos que, posteriormente, também incluiria em suas análises, a exemplo do comportamento das mulheres indígenas:

Não é senão rabelaisiana aquela prodigiosa exposição de frade caprinos, de mulatas e índias que se deitam docilmente, de receitas de doces, de vestuários (até os íntimos), de lutas, de doenças (venéreas e outras), de plantas de casas, castelos, engenhos,

11 ROCHA, Gilmar. “Culturas e personalidades”: as experiências etnográficas de Ruth Benedict e Margaret Mead

nos anos 20-40. Cadernos de Estudos Sociais, Recife, v. 20, n. 1, p. 107-127, jan./jun. 2004. p. 109.

12 Na bibliografia de Casa Grande e Senzala, encontramos referências a Ruth Benedict e, embora não cite Margaret

Mead, as influências dessa escola também estão na obra. FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala. Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 553.

13 FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Uma obra rabelaisiana. In: FONSECA, Edson Nery da (Ed.). Casa-Grande

& Senzala e a crítica brasileira de 1933 a 1944. Recife: Comp. Ed. de Pernambuco, 1985. p. 81-88.

pomares de atos de sodomia e bestialidade de rebanhos, amores e danças. Tudo bem agitado, misturado, conserva-se em lugar fresco e tome-se quando conviver15.

Não obstante as críticas formuladas, a obra Conceito de Civilização Brasileira recebeu influências das ideias de Freyre, como demonstraremos na próxima subseção deste estudo. Afinal, a categoria mestiçagem também constitui a base das formulações de Afonso Arinos. Além disso, na crítica que escreveu sobre Casa Grande e Senzala já antecipava a ideia que desenvolveria em 1936, utilizando a imagem do triângulo. Essa figura geométrica também foi aludida em sua crítica para definir a forma como Freyre interpretou a sociedade brasileira:

Gilberto conseguiu mostrar admiravelmente qual foi a influência respectiva de cada lado do triângulo branco-verde-negro na formação do nosso Brasil político, étnico e econômico. Isolou as atividades do português, do índio e do africano, depois mostrou como as três raças se misturavam na luxúria das redes balouçantes. Mas, no fundo, não tirou desses fatos admiravelmente expostos, nenhuma conclusão pragmática. Não disse o que eles representam de imperativo na evolução de nossa história. E nós ficamos como o doente da comédia de Antonio José que não sentia nenhuma melhora com a simples indicação dos nomes das suas doenças16.

Ao que parece, em 1936, Afonso Arinos buscou completar essa tarefa iniciada por Freyre, oferecendo a conclusão pragmática às constatações acerca das influências que permaneciam na sociedade brasileira, associando-as aos aspectos que considerava problemáticos ou negativos do povo e das instituições. Suas considerações ligam-se aos estudos de Benedict e de Mead, no que diz respeito às conclusões de que as culturas modelam a personalidade de seus indivíduos, quando afirmou que a alma ou a psique do brasileiro da década de 1930 resultou de traços também herdados dos ancestrais “primitivos”, por meio dos aspectos culturais transmitidos por indígenas e negros.

Essa associação das ideias de Afonso Arinos com os estudos das antropólogas norte- americanas também foi feita por um dos críticos dos seus trabalhos, o sociólogo Guerreiro Ramos17. Como vimos, suas análises sobre os intelectuais que produziram uma teoria sobre o Brasil incorporaram Afonso Arinos, Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) e Otávio de Farias como integrantes do que denominou de jeunesse dorée. Para ele, essa juventude era formada por jovens bem-nascidos que, diante das transformações advindas do Movimento de

15 FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Uma obra rabelaisiana. In: FONSECA, Edson Nery da (Ed.). Casa-Grande

& Senzala e a crítica brasileira de 1933 a 1944. Recife: Comp. Ed. de Pernambuco, 1985. p. 81-88. p. 82.

16 Ibid., p. 82.

17 RAMOS, Alberto Guerreiro. A Ideologia da “Jeuness Dorée”. Caderno do Nosso Tempo, São Paulo, n. 4,

p. 101-112, abr.-ago. 1955. Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/ Terceiros/Cursos/2012/A- Ideologia-da-Jeunesse-Dor%C3%A9e.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2014. p. 102.

Trinta, tiveram um olhar específico sobre o momento. Segundo Ramos, esses autores apresentaram uma concepção da sociedade brasileira por meio de aspectos psicológicos e entendiam que “As dificuldades daquele período, traduzem uma indisciplina mental, uma desordem intelectual e, consequentemente, só poderão ser erradicadas por operações psicológicas: recristianização, primado das elites letradas, melhoria do caráter nacional”18.

Para Ramos19, nos estudos da Jeunesse dorée, havia influências do que chamou de

[...] pseudociência em que se excelem Spengler, André Siegfried, Keyserling, Salvador Madariaga, Ruth Benedict, Margaret Mead [tais autores] [...] tomavam um estágio transitório da psicologia coletiva como definitivo, estabelecendo uma confusão entre uma condição faseológica de um povo com a sua própria natureza. Como já apontamos, no caso de Afonso Arinos, seu objetivo era compreender o que denominou de psique do brasileiro com base nos traços legados por indígenas e negros, entendendo que a formação da personalidade no Brasil dos anos 1930 seria resultado das primeiras experiências dos seus ancestrais. Suas obras desse período também se encaixam no segundo aspecto apontado por Ramos para classificar o que denominou de tendência “Acadêmico-normativa”, caracterizada pela defesa do primado das elites letradas, aspecto que já apontamos anteriormente na obra de Afonso Arinos.

Em Conceito de Civilização Brasileira20, o argumento central afirma que a população brasileira seria o resultado dos cruzamentos interétnicos. No Brasil dos anos 1930, o brasileiro apresentava uma personalidade calcada nos resíduos indígenas e negros, traduzidos pelo amálgama da miscigenação. Tendo em vista essas considerações iniciais sobre as ideias de mestiçagem desenvolvidas por Afonso Arinos, consideramos necessário um olhar sobre os contextos em que se discutiu essa temática e suas relações com outros temas, como raça e cultura, no intuito de verificarmos como essas questões foram tratadas pelos intelectuais no Brasil e como Afonso Arinos inseriu-se nesse debate.

Nesta subseção, apresentamos parte dessas discussões, situando os contextos e as formas pelos quais o tema da mestiçagem foi abordado. Nela observamos as articulações dessas discussões com as categorias de raça e cultura, e apontamos sua heterogeneidade e suas aproximações. Nosso objetivo é oferecer um panorama geral, ainda que breve, desse debate, a

18 RAMOS, Alberto Guerreiro. A Ideologia da “Jeuness Dorée”. Caderno do Nosso Tempo, São Paulo, n. 4,

p. 101-112, abr.-ago. 1955. Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/ Terceiros/Cursos/2012/A- Ideologia-da-Jeunesse-Dor%C3%A9e.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2014. p. 102.

19 Ibid., p. 109.

20 FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Conceito de civilização brasileira. Rio de Janeiro: Companhia da Editora

fim de que possamos situar melhor as ideias expressas pelo intelectual Afonso Arinos acerca dessas questões na próxima seção.