• Nenhum resultado encontrado

A interdisciplinaridade na educação é tratada na área das Ciências Sociais. Deste modo, o campo educativo contempla a produção do conhecimento, a prática docente, a socialização, onde ocorrem os processos educativos. Esses processos acontecem através das relações sociais e enquanto objeto de investigação ou enquanto práticas pedagógicas somente podem ser adequadamente analisados tomados como objeto das ciências sociais (JANTSCH, BIANCHETTI, 1995).

É importante destacar práticas interdisciplinares no âmbito das Ciências Sociais no ensino superior ocorridas no Brasil e, para demonstrar essa prática, foi escolhida uma experiência interdisciplinar por região.

Com o intuito de obter uma resposta para a questão - que é interdisciplinaridade? - a professora Guimarães (2008) vivenciou com sua turma do ensino superior uma atividade prática em sala de aula. Esta atividade consistia em construir com professores e alunos diferentes colchas de retalhos. A proposta era costurar uma colcha partindo de retalhos contendo os saberes construídos de cada grupo para que fosse possível visualizar o todo significativo. A autora complementa o conceito de interdisciplinaridade afirmando que é preciso buscar a totalidade (conceito) nas partes, ou seja, nos retalhos (teóricos) que já foram tecidos.

41

Fazenda (1994) estuda interdisciplinaridade há mais de 30 anos e descreve que 1990 foi o ano de maior contradição em seus estudos sobre interdisciplinaridade, por causa da grande quantidade de pessoas que estava realizando práticas intuitivas em sala de aula. Essa expansão de atividades interdisciplinares se deu por perceberem que a interdisciplinaridade ganhou forças na educação. Para que essas práticas intuitivas sejam efetivas é preciso fundamentá-las com a teoria.

Muitos professores por não conhecerem conceitos ou teorias sobre a interdisciplinaridade tentam vivenciar práticas interdisciplinares porque virou um modismo e correm o risco de realizar intuitivamente sem a menor legitimidade.

Fazenda (2007) construiu sua teoria legitimada pela ação, tomou como base a experimentação de diferentes formas de observação e registro das ações do dia a dia dos docentes, destacadas por quatro qualidades:

espera - a interdisciplinaridade não acontece rapidamente, é preciso um tempo; humildade - exige investimento na busca do conhecimento e a humildade da dúvida;

desapego renunciar ao saber definitivo, envolver-se com compromisso em seu trabalho na busca de novos conhecimentos;

respeito - por si mesmo e pelo outro.

No Brasil, muitas universidades e faculdades têm buscado realizar práticas interdisciplinares, criando projetos, mudando currículos. Mas muitas Instituições de Ensino Superior - IES têm feito mudanças baseadas na superficialidade de conceitos, sem o aprofundamento necessário para realizar uma interdisciplinaridade legítima. Outras IES têm aprofundado seus estudos e propostos excelentes projetos interdisciplinares, o que pode ser demonstrado com alguns exemplos a seguir.

REGIÃO NORDESTE

No Nordeste, Araújo e Farias (2007), em 2006, relataram que o Governo do Estado de Pernambuco decidiu abrir, em Caruaru e Salgueiro, cursos de Administração para promover o desenvolvimento socioeconômico, oportunizando a capacitação, melhorando a mão de obra nessa região que tem crescido fortemente e que se destaca pelo polo de confecções. A Universidade de Pernambuco (UPE) criou um projeto pedagógico com o objetivo de oferecer aos alunos uma formação integral que privilegiasse a visão trans e interdisciplinar dos fenômenos organizacionais. Utilizaram para execução deste projeto a ABP-Aprendizagem

42

Baseada em Problemas. Foi escolhida essa metodologia de Problematização com o intuito de estimular a participação do aluno, e fazê-lo parte integrante e primordial da sua própria aprendizagem.

Nesta pesquisa, Araújo e Farias (2007) verificaram que foi adotado um modelo em que a formação por temas centrais e por disciplinas fosse conciliada para atender o máximo possível os princípios da visão complexa proposto por Morin (1990). Essa proposta foi dividida em quatro fases: 1.ª definição dos conteúdos requeridos para o desenvolvimento das competências previstas no perfil do egresso do curso; 2.ª disposição dos conteúdos em disciplinas, de acordo com pré-requisitos e os temas centrais; 3.ª identificação da interação dos conteúdos das disciplinas, dos temas centrais; 4.ª a finalização da matriz disciplinar constando a contribuição dos conteúdos de cada disciplina e, ou atividade para a realização da formação pretendida. Os temas centrais definidos para cada fase desta formação foram:

contexto (semestres iniciais) - o objetivo é que o aluno perceba o cenário sócio, político, econômico e organizacional em que está situado;

negócios (3.º e 4.º períodos) - percebam as diferenças de vários tipos de negócios, os requisitos para a formalização e suas vantagens. A questão ética, a filosofia e os princípios da economia;

processos (5.º e 6.º períodos) - organizacionais, a gestão de pessoas, gestão financeira;

operações (7.º e 8.º períodos) - tais como materiais, logística e produção.

Araújo e Farias (2007) descrevem que de acordo com esses temas foi feita a disposição das disciplinas e atividades de cada semestre e ano acadêmico. Neste modelo, a pesquisa é parte essencial para a produção dos conhecimentos exigidos, que dará suporte à solução dos problemas propostos de acordo com a realidade regional. Conhecimentos que colaborarão para a compreensão dos conteúdos do ensino. A vivência na realidade é fundamental para execução deste projeto que visa fazer a relação da teoria com a prática permitindo aos professores e alunos uma visão de totalidade de integração superando a visão fragmentada.

Vale salientar o incentivo à pesquisa como parte importante deste projeto. A Universidade de Pernambuco realiza um encontro regional anual de iniciação científica, incentivando os alunos a pesquisarem. Para haver interdisciplinaridade, a pesquisa é fundamental para desenvolver atitude investigativa, senso crítico, a criatividade.

Libâneo (1998) ajuda a refletir afirmando que realizar atividades e obter a prática interdisciplinar não é simplesmente conhecer o conteúdo, mas fazer a relação do conhecimento científico a uma prática, ou seja, compreender a realidade para transformá-la.

Esse projeto interdisciplinar proposto pela Universidade de Pernambuco está bem fundamentado e articulado, contribuindo para a inter-relação da teoria com a prática. Sua concepção foi bem administrada com muitas reuniões e discussões, elaborando desde a definição dos conteúdos que interagiam entre si, a organização dos conteúdos em disciplinas considerando os temas centrais e definindo uma lógica até fechar a proposta com a construção da matriz curricular. Com a definição dos temas centrais pode-se perceber que alunos e professores conseguem ter uma visão mais ampla das suas disciplinas e a articulação existente entre estas.

Outro ponto que merece destaque neste projeto experimental é a capacitação pela qual todos os professores passam independente de disciplinas, com objetivo de aprender um conjunto mínimo de conhecimento de administração para melhorar a compreensão da sua disciplina dando mais sentido para a realização do projeto.

Excelente proposta que a Universidade de Pernambuco propôs, pautada nos princípios da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, em que o aluno consegue visualizar toda a Gestão, conhecer o perfil do administrador, obter um entendimento global e a universidade atende aos seus pilares educacionais: Ensino, Pesquisa e Extensão.

REGIÃO SUDESTE

Outro exemplo de práticas interdisciplinares ocorreu na região Sudeste, na cidade de Belo Horizonte, no ano de 2006, uma pesquisa desenvolvida por Melo; Oliveira e Corgosinho (2007) em uma IES privada. Essa pesquisa tinha o objetivo de analisar um projeto Interdisciplinar desenvolvido como estratégia pedagógica para o curso de graduação em Administração. Foram verificadas as dificuldades, adequação do fluxograma dos acompanhamentos, a qualidade das orientações, por meio de questionários com questões abertas e fechadas. Esse questionário foi aplicado aos líderes das equipes de alunos do curso de Administração e aos professores orientadores destas equipes de alunos. O Projeto Interdisciplinar (PI) foi realizado em todos os semestres, menos no último período do curso porque é substituído pelo trabalho de conclusão de curso (TCC).

Essa IES tem na prática interdisciplinar um dos pilares fundamentais de sua proposta pedagógica como forma de superar a visão fragmentada do ensino. As vivências dos alunos neste processo possibilitam o desenvolvimento de competências exigidas pelo mercado,

como: capacidade de trabalhar em grupo, de integração, de comunicação, de liderança. O Projeto Interdisciplinar faz a ligação entre as disciplinas tendo como ponto de convergência a ação cooperativa e reflexiva e a troca entre alunos e professores em torno da pesquisa de um tema transversal que dirige todas as atividades do projeto. Cada período tem um tema transversal a ser abordado por equipe, como mostra o quadro abaixo.

PER. TEMA PROJETO FINAL FORMA DE

APRESENTAÇÃO

1.º O trabalho na sociedade contemporânea Relatório final Painel

2.º Gerentes/ Gerência Relatório final Peça de teatro

3.º Responsabilidade Social Revista Apresentação oral

4.º Empreendedor/ Empreendedorismo Relatório final Vídeo reportagem

5.º Projeto de uma empresa Projeto de empresa Feira de negócios

6.º Inovação nas organizações Relatório final Estandes

7.º Diagnóstico organizacional Sumário executivo Depoimento

Quadro 2 - Temáticas e resultados esperados do Projeto Interdisciplinar. Fonte: Araújo e Farias (2007).

Nota: Dados oriundos do Projeto Pedagógico do Curso de Administração da IES estudada. Conforme Melo, Oliveira e Corgosinho (2007), apesar de o projeto ter a cada semestre uma metodologia diferente, muitas vezes inovadora, como apresentar o trabalho por meio de peça de teatro ou vídeo reportagem, entre outras formas, este é interrompido a cada semestre, o aluno faz um projeto novo e não há continuidade durante todo o curso.

Outro ponto que merece atenção e crítica é em relação à proposta do projeto interdisciplinar, em todos os períodos os alunos participam desta atividade interdisciplinar e, no último período do curso, o trabalho muda sua formatação completamente, voltando para o tradicionalismo de uma prática convencional que é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Ainda segundo Melo, Oliveira e Corgosinho (2007), durante cada semestre os professores vão orientando as equipes e os alunos finalizam seus trabalhos com um relatório e a apresentação em uma Semana do Projeto Interdisciplinar. Nesta semana, a IES oferece uma programação diversificada com palestras, feiras, workshops, exposições, seminários, filmes, mesas-redondas e painéis, entre outras atividades, compartilhando o conhecimento construído. Essa semana é de extrema importância para os alunos, professores e toda comunidade acadêmica porque é a conclusão do projeto interdisciplinar, construído por uma equipe multidisciplinar. Neste sentido, os alunos têm a oportunidade de visualizar o projeto como um todo, ou seja, de forma integral.

Melo, Oliveira e Corgosinho (2007) concluem sua pesquisa considerando que a construção do Projeto Interdisciplinar é uma ótima estratégia pedagógica para promover uma formação profissional diferenciada do administrador. Apesar das dificuldades apresentadas como a falta de tempo, de integração dos alunos nas equipes de trabalho, dificuldade de orientação, falta de recursos físicos e materiais, a superação e a busca de alternativas para solucionar os problemas fazem parte do processo educativo baseado na interdisciplinaridade, bem como sua construção coletiva. Quanto aos aspectos pedagógicos foi verificado que o projeto interdisciplinar tem promovido a integração e ligação das disciplinas do curso de administração.

REGIÃO SUL

Oliveira e Neves (2008) realizaram uma pesquisa na região Sul do Brasil, na Universidade Católica de Pelotas. Essa pesquisa teve como objetivo analisar a implantação do novo currículo de administração de empresas e se ele oferece uma formação interdisciplinar, o contexto do ambiente de trabalho no processo de mudança, caracterizando o perfil exigido à formação do Administrador como empreendedor.

Em 1969, foi criado o curso de administração de empresas na Universidade Católica de Pelotas (UCPel). O currículo proposto na Universidade desde o início do curso foi mantido por 28 anos. Só em 1990 que o currículo foi modificado para atender ao mercado de trabalho e as demandas das novas realidades surgidas. Após muitas reuniões com outras universidades e até mesmo participações em encontros nacionais, a universidade atualizou o seu currículo.

Com essa nova proposta, a UCPel implantou habilitações de Marketing e Comércio Exterior no 8.º semestre do curso, em que o aluno faz a opção que melhor lhe agradar. Essas habilitações foram criadas para atender as características regionais. Mas para a realidade do mercado atual não basta apenas ter uma especialização profissional, é preciso desenvolver uma visão multidisciplinar. Segundo Oliveira e Neves (2008), o desafio era estabelecer um currículo com uma visão mais aberta, ampliada, ou seja, uma visão do todo. A proposta desse novo currículo foi oferecer a possibilidade da autocrítica, a troca de conhecimento e experiências com profissionais de outras áreas e uma comunicação efetiva.

Abandonar um currículo depois de tantos anos é muito difícil, pois os docentes e discentes estão adaptados e acomodados aos velhos conteúdos. Esse novo currículo discutido entre a comunidade acadêmica trouxe uma proposta inovadora que foi a interdisciplinaridade e a adaptação deste currículo a realidade da região.

seguia o modelo de Jantsch (1995), que traz a interdisciplinaridade como fator de mudança na vida acadêmico-universitária. No modelo da UCPel, ressalta-se:

1. formação com atuação interdisciplinar;

2. a formação do administrador é um tema/problema complexo, demandando às contribuições da Economia, Direito, Contabilidade, Psicologia, Informática, entre outros, bem como dos seus desdobramentos;

3. A interdisciplinaridade não é padronizada, portanto, o currículo procura se adaptar às especificidades de cada região;

4. Execução de projetos (objetos/problemas) voltado para região da UCPel para atender à necessidade de mão de obra das empresas instaladas na área;

5. A UCPel já efetuou uma reforma administrativa, acabando os departamentos, dando origem às Escolas, com dinâmica administrativa e pedagógica mais efetiva. Procurou incentivar os professores a formar grupos de pesquisa sem burocracias. A priorizar os possíveis projetos interdisciplinares;

6. Na UCPel, foi feito um planejamento de formação e qualificação dos docentes afim de adequar seu quadro de professores às inovações da ciência e da tecnologia.

Segundo Oliveira e Neves (2008), a mudança de currículo não foi a única inovação da UCPel, mas a mudança também da administração da universidade, deixando de ser compartimentada e burocrática, fomentando o trabalho em equipe, estreitando os laços entre as pessoas e diminuindo a burocracia. De acordo com Robbins (2000, p.259), as equipes estão sendo introduzidas no mundo inteiro como meio para aumentar a produtividade, a qualidade e a satisfação do trabalhador . A UCPel passou a trabalhar em equipe, desde o administrativo até os trabalhos com os alunos, introduzindo os conceitos interdisciplinares, melhorando a qualidade do ensino e a interação entre eles.

Outras universidades no sul do país podem ser citadas com projetos interdisciplinares relativo à Formação do Administrador , mobilizando diferentes ciências, adaptando os conhecimentos gerais, mas tendo o cuidado de adequá-los às realidades regionais. Como exemplo: a URCAMP de Bagé-RS, que se voltou para a Formação de um Administrador

Rural; a UNISINOS de Canoas-RS, com o foco para de sua formação para o comércio exterior; e a PUC de Porto Alegre-RS, para um Administrador com ênfase em Análise de Sistemas. A formação interdisciplinar oferece ao administrador uma visão totalizante do saber, contemplando os principais conteúdos do homem deste novo século.

REGIÃO CENTRO-OESTE

Na região Centro-Oeste do país, foi implantado em 2006 um campus universitário pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), na cidade de Sinop. Criado para atender a formação de professores por meio de uma organização curricular voltada para a flexibilidade, a diversidade e a interdisciplinaridade. Feistel e Maestrelli (2009) levantaram discussões sobre a interdisciplinaridade na formação dos professores e analisaram a prática interdisciplinar desenvolvida no curso de formação de professores de Ciências Naturais e Matemática da Universidade Federal de Mato Grosso, campus de Sinop.

Essa proposta interdisciplinar foi organizada por uma equipe de docentes da UFMT composta por professores com formação (graduação e pós-graduação) nas áreas de ensino de Física, Química, Matemática e Biologia. Foram feitas várias ações coletivas, como: grupo de estudos e reuniões pedagógicas semanais, para debates, elaboração e planejamento das aulas de acordo com a proposta curricular interdisciplinar.

Nestas reuniões, foi elaborada uma proposta com a preocupação de trabalhar interdisciplinarmente os conteúdos das diferentes áreas; a abordagem de conteúdos que permitam uma visão mais ampla e adequada da realidade; os critérios de escolha dos conteúdos e formas de avaliação dos alunos.

Feistel e Maestrelli (2009) enfatizam na criação deste curso de formação de professores a equipe de trabalho. Para elaborar a proposta curricular e as atividades interdisciplinares, a universidade reuniu uma equipe de professores multidisciplinar e que fazia parte dos cursos que estavam sendo propostos. É fundamental a participação dos professores que fazem parte do quadro docente do curso de Ciências Naturais e de Matemática porque eles estão vivenciando o dia a dia com os alunos e conhecem sua realidade.

Os cursos de Ciências Naturais e Matemática da UFMT foram elaborados para contemplar a interdisciplinaridade, baseados nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs e a grade curricular foi feita por meio dos eixos temáticos, cada semestre letivo é norteado por um destes eixos.

De acordo com Feistel e Maestrelli (2009), o curso foi estruturado em oito módulos, sendo que nos quatro módulos iniciais são desenvolvidos, a cada semestre, um dos quatro eixos temáticos dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, de forma a abordar a diversidade do conhecimento das Ciências Naturais e da Matemática. Tais módulos são: Introdução às Ciências da Natureza e Matemática, Terra e Universo, Biodiversidade e Manutenção dos Seres Vivos.

Esses módulos são comuns para as habilitações em Física, Química e Matemática, e cada um deles subdivide-se em componentes curriculares. Já os quatro módulos finais estão alicerçados na história da construção de cada uma das áreas específicas da habilitação (Física, Química ou Matemática), e também subdividem-se em componentes curriculares que compreendem os respectivos conceitos e princípios de cada área.

Feistel e Maestrelli (2009) compreendem a prática interdisciplinar como apropriação de saberes que vão sendo adquiridos de forma reflexiva com o coletivo dos profissionais e em contínuo diálogo da teoria com a prática. Uma proposta para formação dos professores na área de Ciências Naturais e Matemática que supere a organização curricular disciplinar em busca da interdisciplinaridade.

Segundo os autores é um grande desafio trabalhar de forma interdisciplinar, mas os docentes da UFMT/campus de Sinop vêm obtendo sucesso neste trabalho coletivo, embora ainda com muitas dificuldades e limitações.

Apesar de seguir os PCNs, os docentes têm sentido grandes dificuldades em aspectos como: articular os conteúdos do ensino de Ciências de modo a conferir-lhes maior significação, inter-relação e relevância ao abordar a temática; como desenvolver adequadamente a abordagem de temas, na formação inicial de forma interdisciplinar. A proposta deste currículo visa atender com mais ênfase a formação inicial dos professores, mas fica mais restrito o trabalho interdisciplinar com os demais semestres do curso.

Vale destacar que a conscientização dos professores da UFMT é o passo inicial para o ensino interdisciplinar. A participação na elaboração do currículo troca de experiências, interação entre professores e discussão coletiva das atividades dos cursos é de essencial importância para vivenciar a interdisciplinaridade, oferecendo aos alunos maior significação ao ensino e superação da fragmentação no processo de ensino-aprendizagem.

Feistel e Maestrelli (2009) reforçam a importância desta proposta, enfatizando a coletividade dos professores e a prática interdisciplinar desenvolvida no curso de Ciências Naturais e Matemática para a formação inicial de professores. Nessa perspectiva, esse novo formato de currículo visa desenvolver no sujeito uma visão crítica e transformadora, por meio

de interações entre educador e educandos, de acordo com uma estrutura curricular interdisciplinar referendada pelos Eixos Temáticos dos PCNs.

De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, na região Norte não foi encontrada nenhuma instituição de ensino superior que oferecesse trabalho interdisciplinar em seus projetos pedagógicos.

Na seção seguinte será abordado o trabalho em equipe, requisito fundamental para realização de práticas interdisciplinares no ensino superior.