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2.3 Trabalho em Equipes: Valorizando a Troca de Experiências

2.3.1 Desafios na construção das equipes de trabalho

O trabalho em equipe tem sido uma competência requisitada da maioria das organizações. Atualmente, o trabalho em equipe tem sido incentivado por quase todos os departamentos das empresas e a competência de saber trabalhar em grupo passou a ser um pré-requisito básico para selecionar um novo funcionário.

De acordo com Casado (2002), as mudanças que as empresas vêm passando fazem com que novas formas de gestão sejam desenvolvidas, para se adequar à realidade do mercado e não ficar fora dele. Um mercado de grande competitividade, de crescente especialização, o trabalho em times surge como uma alternativa viável para a gestão de recursos humanos e para elevar o desempenho das empresas.

Takushi&Nonaka (1986) e Galbraith et al. (1995) citam este ambiente competitivo que requer flexibilidade e velocidade: organizações flexíveis. Ainda afirmam que as empresas têm evitado o trabalho individual e isolado, porque reconhecem que trabalhar em equipe é fundamental para enfrentar o contexto atual no mundo, que requer rapidez, integração, inovação, criatividade, em que a multifuncionalidade não pode ser um fator de restrição para o funcionário, mas ao contrário deve colaborar para o seu crescimento integral.

Para compreender melhor o trabalho em equipes é preciso entender seu conceito. Há uma grande diversidade no que se refere à definição de equipe de trabalho, não há um único conceito, ou um consenso do que seja equipe.

Segundo Casado (2002, p. 240):

Equipe é o conjunto de pessoas que busca um objetivo comum, clara e explicitamente formulado. Cada uma usa suas habilidades e se esforça no cumprimento de sua tarefa de acordo com o objetivo maior. [...] O foco da definição de equipe é a responsabilidade pelo cumprimento das atribuições

que levarão à consecução dos objetivos comuns.

Greenberg e Baron (1995) definem equipe de trabalho quando algumas pessoas juntam os seus esforços, interagem e se relacionam para alcançar um objetivo comum, a conclusão da tarefa depende tanto do esforço individual como em conjunto. Em relação à responsabilidade dos resultados obtidos, em equipe a responsabilidade é de todo o grupo, o resultado é compartilhado.

Alderfer e Smith (1982) complementam esse conceito de equipe como um grupo de pessoas com algumas características específicas, como: a) instituem relações interdependentes significativas uns com os outros; b) se identificam como representante daquele grupo, ou seja, de um coletivo se diferenciando de outros que não fazem parte do seu grupo; c) outras pessoas que não fazem parte deste grupo o reconhecem como componente de uma coletividade; e d) distribuem papéis em seu interior em função das expectativas da própria equipe, bem como de componentes de outros grupos.

Greenberg e Baron (1995) ainda descreveram o trabalho em equipe em relação ao objetivo do trabalho. Cada membro da equipe tem suas metas específicas, um alto grau de comprometimento para atingir o objetivo de trabalho compartilhado. A preocupação não está na tarefa individualmente, mas na execução e conclusão do objetivo global.

Outro ponto que esses autores destacaram é a relação da equipe com a organização quanto à definição dos objetivos. As pessoas da equipe têm mais autonomia, são elas que definem o papel de cada um, que decidem como irão realizar a tarefa, quais ações com a finalidade de obter os melhores resultados.

Para Gonzáles, Silva e Cornejo (1996) toda equipe possui um líder que não assume a responsabilidade da tarefa sozinho, mas compartilha com os membros da equipe. Quanto à efetividade da tarefa, é demonstrada a partir dos produtos da equipe.

Para que haja a construção e consolidação de uma equipe de trabalho é necessário que haja o reconhecimento de necessidades e interesses comuns.

A literatura sobre a construção e desenvolvimento de uma equipe de trabalho é bem ampla, autores como Robbins (2000, 2005), Albuquerque e Palacios (2004), Zimerman (1997), Ivanevoch e Matteson (1999) falam de diversas fases para a formação de uma equipe. Bowditch e Buono (1992) descrevem quatro estágios para o desenvolvimento de um grupo: no primeiro, os componentes do grupo descobrem qual a tarefa que irão realizar, qual o perfil de líder que será aceito pelo grupo, os tipos de relacionamento que estão surgindo. O segundo estágio fala da erupção quando iniciam os conflitos entre os membros do grupo porque um ou

mais componentes não aceitam a influência do grupo, criando resistências. O terceiro estágio é a normalização a resistência é vencida a partir do momento que o grupo institui normas, torna-se um grupo coeso. O quarto estágio é a realização, o grupo está preparado para buscar atingir suas metas. Questões como relacionamento, status dos integrantes, partilha das ações são solucionadas e o foco no grupo é dirigido para a tarefa a executar.

Ainda segundo Bowditch e Buono (1992) é importante destacar que nem todos os estágios são sequenciados, pode acontecer de voltar ao estágio anterior antes de passar para o seguinte. Inicialmente, quando a equipe está em construção, os membros procuram se conhecer enquanto integrantes, mesmo que antes de formar essa equipe os componentes se conheciam na empresa, mas não como equipe com um objetivo de trabalho e uma tarefa a cumprir. Depois que instituem regras, definem papéis, estabelecem o líder, os membros começam a se ver enquanto equipe, passando pelo processo dos conflitos, de negociações, de ajustes, que fazem parte de todos os grupos.

Como em todo grupo, há sempre um integrante que assume a liderança da equipe e segundo Bass (1990) qualquer componente da equipe pode apresentar certa liderança. Yukl (2002, p.3) define liderança como um processo de influenciar outros a compreenderem a respeito das necessidades que devem ser satisfeitas e como elas podem ser eficazmente realizadas e o processo de facilitação dos esforços individuais e coletivos para alcançar objetivos compartilhados .

Portanto, em uma equipe, o papel do líder é fundamental para se obter sucesso e estabelecer a integração do grupo. É preciso instituir claramente as lideranças formais porque em momentos de impasse essas lideranças exercem seu poder procurando um acordo amigável para que não haja um rompimento do grupo. Bowditch e Buono (1992) alertam para a importância de destacar essa fase final da realização que é o estágio da produtividade, do desempenho, da efetividade da tarefa. Quando essa tarefa é finalizada e o grupo não tem mais a necessidade de continuar junto, ele se desintegra.

Aprender e trabalhar em equipe é um grande desafio porque é um processo que mexe com as pessoas, necessita de esforço para superar as dificuldades. Segundo Demo (2007), trabalhar em equipe requer paciência, renúncia, boa comunicação, entendimento das mensagens, amadurecimento para ouvir o outro, respeitando a opinião de cada um, propondo novas ideias, sem medo de críticas ou de represálias.