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5. ANÁLISE DOS DADOS

5.5 Descrever o processo de gerenciamento das equipes de trabalho do Projeto Profissional

5.5.1. Coesão

A categoria coesão foi citada como fundamental para o trabalho em equipe neste projeto, 10 professores destacam a importância de um grupo coeso para o sucesso do PPI. Já os alunos tiveram um índice de 100% e falaram que é essencial uma equipe coesa tanto do grupo dos discentes como o grupo dos docentes.

docentes 100% disseram que não interferem na escolha dos grupos, mas colaboram no início do primeiro período para que os alunos se conheçam e assim formem suas equipes de trabalho:

Procuro não interferir na escolha dos grupos, mas apenas aconselhar e ajudar a fazer reflexão sobre suas escolhas (Professor D)

No primeiro período, orientamos como escolher os integrantes do grupo em função de ser um trabalho que eles vão desenvolver ao longo de dois anos, chamamos atenção para o nível de compromisso com os estudos, disponibilidade de horários para realizarem atividades extrasala.... (Professora N)

No primeiro semestre, as equipes se formam livremente, sob acompanhamento e orientação do professor articulador. Como regra, admite-se o número máximo de seis alunos por equipe. Eventuais pedidos de mudança de alunos de uma equipe para outra são permitidos numa fase inicial, visando flexibilizar a formação espontânea de grupos e o atendimento aos pressupostos de interesses pessoais e simpatias entre os participantes (Professor A)

É importante destacar que esses grupos são formados no primeiro período e ficam juntos nos dois anos, que é a duração do curso de Gestão de Pessoas. O projeto é contínuo, a cada semestre, o grupo insere as informações necessárias para a construção do PPI, e ao término do curso, estão com um projeto de uma empresa.

Os professores relataram que só interferem na formação das equipes quando um aluno chega à sala que é transferido de outra faculdade para a FBV, ou até mesmo de outro curso, ou quando sai de um grupo por problemas de relacionamento, ou quando são repetentes e precisa se realocar em alguma equipe de trabalho:

Só interferimos mais de forma muito sutil e em situações determinadas. Por exemplo, quando um aluno recém chegado (seja por ter feito a matrícula fora de tempo, ou por ser de outro período) precisa se encaixar em um grupo, procuro o grupo que mais se encaixa a este perfil. Outro momento de atuação é no sentido de evitar grupos com muitos componentes, relocando os alunos excedentes. (Professor L)

Só há necessidade de interferir na escolha dos grupos em caso de situações de conflito entre os membros da equipe ou quando alguma empresa encerra as atividades e precisamos inserir os membros dos grupos já existentes e de algum modo os grupos fazem resistência em recebê-los. (Professor M)

O professor M na sua fala trouxe uma questão relevante que é a falência de uma equipe seja por evasão de componentes do grupo, ou conflitos entre eles, ou repetência. Mas quando ocorre de algum grupo se desintegrar, os professores interferem a fim de facilitar o processo de inserção dos alunos nas equipes de trabalho.

ampla, autores como Robbins (2000, 2005), Albuquerque e Palacios (2004), Zimerman (1997), Ivanevoch e Matteson (1999) falam de diversas fases para a formação de uma equipe. Bowditch e Buono (1992) descrevem quatro estágios para o desenvolvimento de um grupo: no primeiro os componentes do grupo descobrem qual a tarefa que irão realizar, qual o perfil de líder que será aceito pelo grupo, os tipos de relacionamento que estão surgindo. O segundo estágio fala da erupção quando iniciam os conflitos entre os membros do grupo porque um ou mais componentes não aceitam a influência do grupo, criando resistências. O terceiro estágio é a normalização, a resistência é vencida a partir do momento que o grupo institui normas, torna-se um grupo coeso. O quarto estágio é a realização, o grupo está preparado para buscar atingir suas metas. Questões como relacionamento, status dos integrantes, partilha das ações são solucionadas e o foco no grupo é dirigido para a tarefa a executar.

Neste sentido, é que os professores procuram no início do semestre esclarecer sobre a importância desta fase de escolha do grupo e explicam quais as tarefas que eles terão de cumprir do PPI. Quando perguntado aos alunos como foi a escolha de sua equipe, a maioria citou por afinidade, identificação com o outro ou por sentar próximo:

Formamos a equipe por identificação, afinidade com as pessoas (Aluna B)

Logo nos primeiros dias de aula os professores chegavam e mandavam a gente se apresentar e desde a primeira semana sempre sentavam as pessoas nos mesmos lugares e foram se conhecendo quem está perto vai formando o grupo. Atualmente não é a mesma equipe, mudou no 2.º e no 3.º período, pessoas entraram, outras saíram (Aluna A)

Começou com uma professora que fazia dinâmicas para a gente se conhecer, estreitar a relação porque no 1.º período ninguém conhece ninguém e a gente foi se formando por identificações, pessoas que se destacavam mais em falar, em dá exemplos, trazer suas experiências para sala de aula, a gente terminou se juntando. Nós nos formamos observando um ao outro, a postura, o comprometimento (Aluno H)

A formação desses grupos não é feita pela habilidade, aptidão, conhecimento técnico, mas pela aproximação que os alunos têm em sala de aula. Na medida em que vão se conhecendo e trabalhando juntos é que percebem que existe um objetivo maior que é a construção do projeto de uma empresa que precisa ter êxito para obter a nota para aprovação do semestre. Alderfer e Smith (1982) falam de algumas características específicas de uma equipe, como: a) instituem relações interdependentes significativas uns com os outros; b) identificam-se como representante daquele grupo, ou seja, de um coletivo se diferenciando de outros que não fazem parte do seu grupo; c) outras pessoas que não fazem parte deste grupo o

reconhecem como componente de uma coletividade; e d) distribuem papéis em seu interior em função das expectativas da própria equipe, bem como de componentes de outros grupos.

Diante dessas características é que alunos enfatizam a importância da coesão do grupo, de se ver como grupo, como parte desta coletividade:

Agora no 4.º período a gente não conseguiu dividir o PPI para que um se dedicasse mais àquela parte, porque o grupo está tão integrado que um precisa do outro, todo mundo participa, não existe fulano existe Pousada do Porto, é nossa empresa do PPI (Aluno H)

Nosso grupo tem uma harmonia muito grande. O grupo é muito homogêneo, temos algumas dificuldades, mas a gente supera. Tem gente do grupo que mora muito longe, em Moreno, que não tem acesso a e-mail, mas a gente se organiza. Existe um desequilíbrio na participação porque tem gente que não consegue pesquisar, aí a gente traz o material e socializa. Tudo o que a gente pensa que pode ser feito é feito, um ajudando o outro, mas isso não quer dizer que um faça mais do que o outro, todo mundo trabalha (Aluna J)

O grupo coeso tem mais possibilidade de obter sucesso, um exemplo é este grupo da aluna J que está abrindo a empresa criada com o PPI. Nadler, Hackman e Lawler (1979) destacam a equipe de trabalho em relação à efetividade. Uma equipe para ser efetiva deve partir de três critérios fundamentais: os resultados produtivos do trabalho em si que se referem à quantidade e qualidade do trabalho; a satisfação dos membros que se refere à experiência vivida pela equipe permitindo que as necessidades individuais sejam satisfeitas e a sobrevivência da equipe que diz respeito à interação do grupo, a união para que a equipe possa realizar da melhor forma possível a tarefa proposta. Para que haja essa integração, para que esse grupo seja coeso, é necessário o envolvimento desde o professor articulador cuja função principal é integrar os professores do semestre e mobilizar os alunos na criação deste projeto até os próprios alunos na busca da construção de novos conhecimentos, agindo como participante e co-responsável pelo seu processo de aprendizagem.