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Alexandre Kruse Grande Arruda

Sou Alexandre Kruse Grande Arruda. Nasci no dia 10 de janeiro de 1931, em Recife, Pernambuco, filho de Eupréprio Grande Arruda e Frida Kruse Grande Arruda. Meu pai era formado em direito, mas eu escolhi outro caminho: fiz licenciatura em letras neolatinas, no ano de 1956, e me formei em administração de empresas, em 1971, pela Universidade Estadual de Pernambuco. Por influência de meu irmão, entendi que administração de empresas me abriria um horizonte um pouco melhor.

O senhor se arrependeu da escolha realizada?

Não. Eu dei aulas de português, à noite, até ingressar no Ministério do Trabalho, em 1953, como fiscal do trabalho. Foi, talvez, o primeiro concurso público realizado em âmbito nacional. Naquela época, não havia tanta concorrência; em Pernambuco, para 40 vagas, inscreveram-se cerca de 400 candidatos. Tomei conhecimento do concurso por intermédio do Dasp,1que os divulgava através da imprensa. Fiz provas de português, legislação trabalhista e previdenciária, e matemática. Passei em 4

º

lugar. O que me interessava, mesmo, era a garantia de estabilidade. A experiência de meu pai, quando perdera o emprego, e a

dificuldade que ele enfrentou até arranjar outra forma de ganhar a vida, isso me marcara muito. Cresci com essa idéia na cabeça: entrar no serviço público. Algo que, aliás, voltou à moda; hoje em dia, todos parecem obcecados por estabilidade.

Tomei posse mediante uma portaria assinada pelo ministro João Goulart2e passei a executar ações atinentes à fiscalização, sem nenhuma interferência no campo sindical. Havia a política sindical, certamente, mas nunca me constou que algum fiscal tenha sido chamado para qualquer intervenção – não naquela época. A remuneração básica, inicial, era de 1.720 cruzeiros, mas graças a um convênio com a OIT,3naquele mesmo ano, incorporamos uma gratificação equivalente a 50% do salário. No serviço público federal, apenas os fiscais de consumo ganhavam mais!...

Que tipo de irregularidade ocorria com maior freqüência?

No comércio, a jornada de trabalho excessiva. Eu preferia visitar as empresas à noite, para fiscalizar o trabalho noturno, ao invés de verificar livros etc. Não havia um domingo ou feriado que eu não estivesse na rua. O que mais me gratificava era obrigar o empresário a cerrar as portas, permitindo que os

empregados saíssem, voltassem para casa. E desde que ele o fizesse, cumprindo a legislação, eu nem



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13 Dorothea Fonseca Furquim Werneck, nascida em Ponte Nova, Minas Gerais, em 1948, foi ministra do Trabalho no governo José Sarney, de 13 de janeiro de 1989 a 14 de março de 1990. Ver: DHBB.

14 Antônio Rogério Magri, nascido em Guarulhos, São Paulo, em 1940, foi ministro do Trabalho no governo Fernando Collor, de 15 de março de 1990 a 19 de janeiro de 1992. Ver: DHBB e www.mte.gov.br [acesso em 24/2/2007]

15 O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, FGTS, foi instituído pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto nº 59.820, de 20 de dezembro de 1966. O Fundo é formado por depósitos mensais, efetuados pelas empresas em nome de seus empregados. Ver: www.mte.gov.br/Trabalhador/FGTS/ [acesso em 27/11/2006]

16 O Instituto Nacional do Seguro Social, INSS, foi criado pelo Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1990, mediante a fusão do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social, IAPAS, com o Instituto Nacional de Previdência Social, INPS. Todos os trabalhadores que recolhem ao INSS uma porcentagem de seus rendimentos (que varia de acordo com a faixa salarial e com o tipo de vínculo com o empregador) têm direito aos benefícios oferecidos pela Previdência Social por meio do INSS. Ver: www.mpas.gov.br [acesso em 23/2/2007]

17 Marcelo Pimentel, nascido em Vitória, Espírito Santo, em 1925, foi ministro do Trabalho no governo do presidente Itamar Franco, de 4 de maio a 31 de dezembro de 1994. Ver www.mte.gov.br [acesso 23/2/2007]

18 Walter Barelli é formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em ciências econômicas pela Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (FITO). Foi diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, Dieese, entre 1967 e 1990. Em 1989 foi assessor econômico de Luís Inácio Lula da Silva, então candidato à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Foi ministro do Trabalho entre 8 de outubro de 1992 e 4 de maio de 1994, durante o governo de Itamar Franco. Ver: DHBB.

19 Murilo Macedo, nascido em Sete Lagoas, Minas Gerais, em 1923, foi ministro do Trabalho durante o governo do general Figueiredo, entre 15 de março de 1979 e 14 de março de 1985. Ver www.mte.gov.br [acesso em 24/2/2007]

20 O Grupo de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho tem por finalidade coordenar programas e ações de diferentes órgãos governamentais que intervêm na questão do trabalho forçado e formular novas propostas legislativas; além de ser um dos principais instrumentos do governo federal para reprimir o trabalho escravo, através de fiscalizações diretas nas fazendas onde há a suspeita de existência de trabalho escravo. Ver: http://minerva.pgt.mpt.gov.br/escravo/fiscal/index.html e www.presidencia.gov.br [acesso em 24/2/2007]

21 A Comissão Pastoral da Terra, CPT, foi criada em junho de 1975, durante o Encontro de Pastoral da Amazônia, convocado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e realizado em Goiânia, Goiás. Ver: www.cptnac.com.br/?system=news&eid=26 [acesso em 27/11/2006]

22 Fernando Collor de Mello foi eleito presidente da República em 1989, nas primeiras eleições diretas para Presidência após a ditadura militar, que se iniciara em 1964. A partir de 1986, como governador eleito do estado de Alagoas, Collor se apresentou ao país encarnando a personagem do "caçador de marajás", cuja bandeira política principal era o saneamento e a moralização da administração pública. Cerca de dois anos após sua eleição, tornou-se alvo de diversas denúncias de corrupção e de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Comprovado o esquema de corrupção e o envolvimento do presidente, a CPI apresentou seu relatório ao país e entidades da sociedade civil – lideradas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) – deram entrada no pedido de impeachment do presidente, o que levou a Câmara dos Deputados a afastar Collor do poder, em 29 de setembro de 1992. Três meses depois, antes de ser julgado e impedido definitivamente pelo Senado Federal, Collor renunciou. Mesmo assim teve seus direitos políticos cassados por oito anos. O vice-presidente Itamar Franco assumiu em definitivo o cargo e completou o mandato restante. Ver: www.cpdoc.fgv.br

MINISTÉRIO DO TRABALHO: UMA HISTÓRIA VIVIDA E CONTADA



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Esta entrevista foi realizada por Ângela M. de Castro Gomes e Marcelo Timótheo da Costa, na Delegacia Regional do Trabalho, em Recife, no dia 11 de setembro de 2006.



continuei com as mesmas atividades, sem sofrer nenhuma restrição. Por outro lado, a mobilidade praticamente cessou. A partir de 1964, dois delegados ocuparam a chefia da DRT, até a posse de Romildo Leite, em 1968. Então, somente uma década depois, em 1979, eu o sucedi.

Em que circunstâncias o senhor assumiu a chefia da DRT de Pernambuco?

Foi logo após os metalúrgicos do ABC terem cruzados os braços.7Qual era o contexto? A revolução sandinista acabara de triunfar na Nicarágua,8e os militares ainda guardavam bastante fresca a memória das Ligas Camponesas9e do Che Guevara.10A anistia fora decretada em 28 de agosto,11e Arraes voltara ou estava para voltar do exílio.12A greve na zona canavieira eclodiu no dia 4 de setembro.

Naquela noite, por telefone, fui avisado de que um avião estaria à minha espera, às 9 horas do dia seguinte, para me conduzir à Brasília. Lá, recebi do ministro Murilo Macedo13instruções bastante claras: administrar o movimento, acabar com a intervenção nas entidades e garantir a lisura das eleições sindicais. No dia 5, às 17 horas, reuni, na sede do Senai,14os representantes do sindicato dos usineiros e da associação dos plantadores de cana, o pessoal da Fetape,15o secretário estadual do Trabalho e o secretário de Relações do Trabalho, Alencar Rossi, enviado pelo ministro, para me apoiar. Ninguém dormia; as discussões se estendiam até às 3 horas da madrugada. Em cinco dias, conseguimos fechar um acordo.

É evidente que, do ponto de vista do Ministério do Trabalho, Romildo Leite não era mais a pessoa indicada para chefiar a DRT.

Exato. Ele foi um homem totalmente identificado com os ideais do movimento político-militar de 1964, e muito afirmativo. Ao deixar o cargo, portou-se com a maior dignidade, talvez consciente de que, naquela conjuntura, a DRT devia mesmo ser chefiada por alguém com maior capacidade de negociação. Fui indicado pelo então governador Marco Maciel,16provavelmente após sondagens junto ao pessoal da delegacia. Reagi com surpresa e preocupação, mas não havia como recusar. Na vida, há situações boas e más, e as que conseguimos superar, tornam-se positivas.

Assim, concluídas as conversações, chegamos à primeira convenção coletiva assinada entre a Fetape, plantadores e usineiros, um acordo tão avançado que se mantém, até hoje, 90% inalterado. O que se fixou, fundamentalmente, foram condições de trabalho. Todos os empregados receberam carteira profissional. Além disso, em cada propriedade, teriam direito a dois hectares de terra para plantar o que quisessem, garantindo a sua subsistência. Também se previu a reforma das moradias e o transporte por veículos melhores que os caminhões. E mais: estabeleceu-se que os auditores fiscais atuariam no campo de forma permanente.

A que o senhor atribui o fato de os trabalhadores, naquele momento específico, terem conseguido tais avanços?

O movimento foi muito bem coordenado, sem dúvida, mas por parte do governo houve uma clara determinação de apoiar as demandas, consideradas justas, evitando que os acontecimentos se tornassem



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lavrava o auto... Não havia necessidade; a atuação da Delegacia Regional do Trabalho, DRT, ficara patente. De fato, isso me parecia muito mais concreto do que aplicar multas por falta de registro ou por outra qualquer irregularidade; o patrão pagava, e o empregado, muitas vezes, nem tomava conhecimento do que acontecera. O meu jeito permitia um diálogo direto com ambas as partes.

Os empregadores resistiam?

Resistiam. E, eventualmente, eu recorria à Polícia Federal. Estender a jornada para além do limite legal tornara- se uma prática corrente. Em 1953, a maioria dos postos de trabalho estava ocupada pela “velha guarda”, inspetores já bem próximos da aposentadoria e pouco dispostos a ações como as que eu empreendia. Aquilo, realmente, mexia com a tranqüilidade dos empresários. Quando fiquei conhecido, eles baixavam as portas à minha simples aproximação... Alguns chegaram a se sentir perseguidos por mim, e se nos encontrávamos, na rua, reclamavam. Nada disso! O que havia era uma escolha pessoal que se casava com as diretrizes da DRT.

E por quanto tempo o senhor manteve essa fiscalização voltada para o trabalho noturno?

Bastante tempo. Ninguém queria saber de trabalhar naquele horário. Eu gostava, pelo retorno que propiciava, incidindo diretamente sobre os empregados. Além disso, a autuação tradicional demorava um ano para ser julgada e converter-se em multa. Eu só autuava – depois de mandar o pessoal embora – quando o empresário era reincidente.

O senhor lembra o nome do delegado regional, nessa época?

A mobilidade era muito grande. Entre 1953 e 1964, passaram pela chefia da DRT uns cinco ou seis delegados. Não seria fácil destacar um deles. Foi um período muito conturbado politicamente, com troca de ministros, morte de um presidente, renúncia de outro...4

Nesses 12 anos, acaso surgiu algo diferente no campo das irregularidades?

Isso sempre dependeu de orientação ministerial. A cada gestão podia ocorrer mudança de ênfase relativamente ao cumprimento de determinado artigo da CLT,5dando maior relevo a um determinado tipo de infração. Contudo, durante muito tempo, e em virtude da resistência dos empregadores, o Ministério manteve a prioridade do combate ao trabalho noturno.

Essas mudanças políticas produziam reflexo na sua vida profissional?

Não. Apenas, após a queda de Jango, e sobrevindo o regime militar, os auditores perderam todas as vantagens e gratificações que haviam obtido em anos anteriores. Por considerar que o Ministério do Trabalho não passava de um antro de pelegos, o governo Castelo Branco cancelou o convênio com a OIT.6 Todavia, excesso de pessoal só poderia existir nos altos escalões; na DRT, desde 1953, todos os fiscais eram concursados. O clima e o ambiente de trabalho permaneceram inalterados, e eu, pessoalmente,



debaixo de um sol de 40°, e sob o risco de ser posto para fora. Além disso, colher os dados de empregados que mal sabiam de si, e a assinatura do empregador, na carteira profissional, com a data original da admissão, não era a data daquele dia não... As datas eram retroativas. Num engenho – nunca me esqueci – a data que constou da carteira de um trabalhador foi 10 de janeiro de 1931... Meu

aniversário! O homem estava lá há 50 anos! Assim, empreendendo uma verdadeira catequese, aquelas jovens registraram mais ou menos 65 mil trabalhadores. Imagine o impacto social! Ter assegurados, retroativamente, todos os direitos trabalhistas sem precisar recorrer à justiça, que, obviamente, não daria conta de milhares de recursos solicitando reconhecimento do tempo de serviço. E nós fizemos isso. Cabe reconhecer, também, a colaboração dos empregadores. E só em casos extremos, recorri ao presidente do sindicato dos usineiros para intermediar os impasses. Enfim, abstraindo um ou outro incidente, as carteiras profissionais eram assinadas sem reação. Num único local de trabalho, e de uma só vez, por exemplo, foram registrados 6 mil empregados, todos com a data original da admissão.

Nunca ocorreu nenhum incidente mais grave?

Só uma vez, que eu me lembre. Dois fiscais foram impedidos de realizar o seu trabalho, e expulsos de uma usina. O ministro Murilo Macedo me telefonou quase à meia noite, e eu coloquei o cargo à disposição. Ele nem tomou conhecimento. “Essa é uma questão de Estado. Transfira o problema para mim e fique tranqüilo; amanhã, tudo estará resolvido”. Seguindo as suas instruções, permaneci calado; a fiscalização teve prosseguimento e nunca mais me falaram a esse respeito. Ignoro quem o terá alertado, talvez o próprio usineiro, ou quem sabe, alguém de prestígio. De um jeito ou de outro, tudo terminou em paz, e eu saí do episódio com uma imagem muito boa. No dia-a-dia, porém, e durante a minha gestão inteira, de setembro de 1979 a abril de 1985, o mérito foi das equipes de auditores. Aquela foi uma fase de transição, onde cada gesto adquiria um relevo enorme, e repercutia positivamente, como uma exigência da realidade.

O senhor se aposentou em 1985?

Sim, mas continuei no cargo, porque a lei permitia. Hoje, passados 20 anos, é importante frisar que a superação das dificuldades que enfrentamos não se deveu à minha competência, somente; tive sorte. E não me deitei, esperando que ela viesse. Estive, é verdade, na convergência de múltiplos fatores positivos. Sem o apoio de Brasília, jamais teria feito nada. E no caso particular da fiscalização rural, instituída pela convenção que pôs fim à greve dos canaviais, o muito que se fez resultou do esforço dessas criaturas maravilhosas, que deram tudo de si a um trabalho comum, rotineiro. Todos juntos, naquele momento de retomada do processo histórico, obtivemos avanços significativos. Foi bonito.

Entrevista Alexandre Kruse



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explosivos. A abertura política dava os primeiros passos, e o presidente da República, o general Figueiredo,17estava interessado em dar ao mundo uma prova da liberalização do regime. Enquanto se negociava, o general Octávio Medeiros, chefe do SNI,18permaneceu no Recife, incógnito e, para acertar detalhes acerca de um ou outro ponto, ouvia o ministro da Fazenda, Delfim Neto, que chegou a ser consultado de madrugada. Os empregadores tiveram de ceder.

Restavam ainda duas incumbências: acabar com a intervenção nos sindicatos e promover a eleição dos novos dirigentes.

Para isso, foram nomeadas juntas governativas. As eleições deram trabalho porque havia um decreto ou portaria ministerial, conferindo aos presidentes das entidades em exercício, uma prerrogativa que favorecia o continuísmo: indicar as mesas coletoras e apuradoras de votos. Competir era, praticamente, impossível. Perder uma eleição, só querendo!... Então, contrariando interesses, a DRT designava pessoas das diversas correntes, para compor essas mesas da forma mais equilibrada possível. Os grupos dominantes, evidentemente, recorriam à Justiça Federal...

Essa competência passou à Justiça do Trabalho.

Exato. Mas naquela época, os recursos eram encaminhados à Brasília, onde esbarravam na disposição de assegurar que os pleitos sindicais transcorressem de maneira correta, conforme os padrões da OIT, e para demonstrar que a abertura política em curso seria realmente ampla.

A DRT estabeleceu bons contatos com as novas lideranças que emergiram nessa ocasião?

Emergiram, principalmente, nos sindicatos menos enraizados. Nos demais, mesmo com eleições livres, a “situação” ganhava. No campo, graças à atuação da Fetape, a renovação foi maior.

As lideranças da Fetape o procuravam na DRT?

Eu costumo ser um tanto excêntrico: não marco audiência com ninguém. Nunca. Quem for chegando, vai entrando. As secretárias sentem-se desprestigiadas e brigam comigo. Paciência!... É uma questão de temperamento, sim, mas produz efeitos importantes. Dadas as circunstâncias políticas da minha posse, eu precisava criar empatia com muita rapidez, e facilitar o acesso ao gabinete serviu para quebrar o ranço. Além do mais, eu precisava do apoio da Fetape, para iniciar a fiscalização permanente e sistemática na área rural, prevista na convenção coletiva recém assinada.

A princípio, os colegas auditores tiveram certa má-vontade, e se demonstraram pouco propensos a compor as equipes encarregadas de fiscalizar um tipo de empresa que quase ninguém conhecia, e onde estariam sujeitos a reações inesperadas, eventualmente violentas. Apesar disso, chegamos a montar dez equipes. Só com mulheres. Todas muito compreensivas, tolerantes, mas, ao mesmo tempo, entusiasmadas e dispostas a aplicar a lei. De fato, era preciso um bocado de entusiasmo para fiscalizar as fazendas, MINISTÉRIO DO TRABALHO: UMA HISTÓRIA VIVIDA E CONTADA



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10 Ernesto Guevara de la Serna (1928-1967), mais conhecido como Che Guevara, nasceu na Argentina, mas foi em Cuba que tornou-se mundialmente conhecido, como um dos principais líderes da Revolução Cubana. Após a vitória da Revolução sobre o ditador cubano Fulgêncio Batista, em 1959, implantou-se o regime comunista na ilha, comandado por Fidel Castro. Guevara, então braço direito de Fidel, tornou-se um dos principais dirigentes do novo Estado cubano, sendo nomeado embaixador, presidente do Banco Nacional e ministro da Indústria. Che esteve oficialmente no Brasil em abril de 1961, quando foi condecorado pelo então Presidente Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul. Deixou Cuba e passou a lutar pela revolução na América Latina. Mas foi capturado, em 8 de outubro de 1967 e executado no dia seguinte por soldados bolivianos na aldeia de La Higuera, na Bolívia. Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Che_Guevara [acesso em 20/1/2007]

11 A Lei n° 6.683, de 28 de agosto de 1979, que seria regulamentada pelo Decreto 84.143, de 31 de outubro do mesmo ano, decretou a Anistia. Ver: DHBB.

12 Miguel Arraes de Alencar (1916-2005) foi eleito deputado estadual, em 1954, prefeito do Recife, em 1959, e governador do estado de Pernambuco, em 1962, pelo Partido Social Trabalhista, PST, mas teve este último mandato cassado. Preso logo após o movimento político-militar de 31 de março de 1964, foi libertado no dia 25 de abril de 1965, graças a um habeas corpus emitido pelo Supremo Tribunal Federal. Em 24 de maio de 1965 asilou-se na embaixada da Argélia, e de lá seguiu para o exílio em Argel, capital desse país. Beneficiado pela Lei da Anistia, retornou ao Brasil no dia 15 de setembro de 1979. Foi eleito governador de Pernambuco por mais duas vezes: nas eleições de 1986, pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB, e nas de 1994, pelo Partido Socialista Brasileiro, PSB, do qual foi presidente. Ver: DHBB.

13 Murilo Macedo, nascido em Sete Lagoas, Minas Gerais, em 1923, foi ministro do Trabalho entre 15 de março de 1979 e 15 de março de 1985, durante todo o governo do general João Batista Figueiredo. Ver: DHBB.

14 O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Senai, foi criado em 1942, por iniciativa do empresariado do setor, e hoje, presente em todo o Brasil, é um dos mais importantes pólos nacionais de geração e difusão de conhecimento aplicado ao desenvolvimento industrial. Ver: www.senai.br [acesso em 05/1/2007]

15 Fetape, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco.

16 Marco Antônio de Oliveira Maciel, nasceu em Recife, em 1940. Foi indicado, em 1978, pelo então presidente Ernesto Geisel e pelo futuro presidente João Batista Figueiredo para assumir o governo de Pernambuco, sendo eleito para o cargo pela Assembléia