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O Ministério do Trabalho e Emprego: os anos 1990 e

Janeiro

Lei nº 7.998, de 11 de janeiro, regula o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O FAT voltava-se para o custeio do Programa de Seguro-Desemprego e do pagamento do abono salarial, além do financiamento de programas de desenvolvimento. É criado também o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalho (CODEFAT), com encargo de aprovar e acompanhar a execução do Plano de Trabalho Anual do Programa do Seguro-Desemprego e do abono salarial, e os respectivos orçamentos.

Março

No dia 7, morre Luís Carlos Prestes. Seu enterro, no Rio de Janeiro, atrai a atenção de políticos, em geral, e da população da cidade e do país.

Março

No dia 15 é empossado o presidente eleito, Fernando Collor de Mello. É nomeado para o Ministério do Trabalho Antônio Rogério Magri, permanecendo até janeiro de 1992. Como primeira medida econômica do governo, é lançado o Plano Collor, visando acabar com a inflação. O cruzado novo é substituído pelo cruzeiro e a equipe econômica bloqueia, por 18 meses, os saldos das contas correntes, cadernetas de poupança e demais investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. Estão previstas demissões de funcionários públicos e privatizações das empresas estatais. Os preços dos produtos são tabelados e os salários, pré- fixados.

Abril

O conjunto de medidas do Plano Collor é aprovado pelo Congresso. Por meio da Lei nº 8.028 são criados os seguintes órgãos: Conselho Nacional de Seguridade Social, Conselho Nacional do Trabalho, Conselho de Gestão da Proteção ao Trabalhador, Conselho de Gestão da Previdência Complementar, Conselho de Recursos do Trabalho e Seguro Social. Ocorre, também, a extinção Conselho Nacional de Política Salarial e do Conselho Nacional de Política de Emprego. O Ministério do Trabalho passa a se chamar Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

Maio

É deflagrada uma greve de ferroviários no Rio de Janeiro, como protesto contra 6 mil demissões na Rede Ferroviária Federal. Os ferroviários de Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul aderem ao movimento.

Junho

Greve nacional dos petroleiros por aumento de salário e contra demissões. Os trabalhadores da Ford Taboão, em São Bernardo do Campo, entram em greve, paralisando apenas um setor vital da produção. Nesse mês, o presidente Collor demite 53 mil servidores públicos federais e coloca em disponibilidade mais 52 mil.

Outubro

São realizadas eleições para governador, senador, deputado federal e deputado estadual em todo país.

Janeiro

É decretado o Plano Collor II para controlar o mercado financeiro. Os preços dos produtos e os salários são novamente congelados. O governo pratica uma política de juros altos, esforçando-se para desindexar a economia.

Fevereiro

A Autolatina (holding entre a Volks e a Ford) anuncia 5.110 demissões. Os operários entram em greve e há recuo na decisão.

Março

É fundada a Força Sindical, uma nova central de trabalhadores.

Abril

Collor envia projeto de lei ao Congresso para a realização de uma reforma da estrutura sindical. Entre as mudanças, está o sindicato por empresa e o fim da unicidade sindical.

Maio

Extinção do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR).

É convocada pela CUT e pela CGT uma greve geral nacional, mas a adesão é parcial

Agosto

É proposto, pelo governo Collor, o fim da aposentadoria por tempo de serviço, da estabilidade dos servidores públicos e da gratuidade do ensino superior.

Ministério do Trabalho - Uma cronologia



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Agosto

Realizadas manifestações a favor do impeachment do presidente Collor em todo o país com expressivo número de pessoas, entre elas jovens que se tornam conhecidos como os caras-pintadas. Relatório da CPI incrimina o presidente Collor, que nega as acusações.

Setembro

Início do processo de impeachment do presidente Collor e seu conseqüente afastamento do poder.

Outubro

O vice-presidente Itamar Franco assume a Presidência da República. Walter Barelli assume a pasta do Trabalho. Morre em acidente aéreo, o líder do PMDB, deputado Ulisses Guimarães.

Novembro

Por meio da Lei nº 8.490, é criado o Conselho Nacional do Trabalho e o Ministério volta a ser Ministério do Trabalho (MT).

Dezembro

O Senado vota o impeachment de Collor com 76 votos a favor e 3 contra. Ao ser condenado por crime de responsabilidade, o ex-presidente perde o direito de ocupar cargos públicos e concorrer em eleições até 2000. Minutos antes dessa decisão, Fernando Collor renuncia à presidência da República.

Fevereiro

A Câmara Setorial da Indústria Automobilística fecha seu segundo acordo.

Abril

É concluída a privatização da Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda.

Abril

Como previsto pela Constituição de 1988, é realizado plebiscito sobre a forma de governo. A votação se encerra com os seguintes resultados: República, 66%; Monarquia, 10,2%; Presidencialismo, 55,4%; Parlamentarismo, 24,6%.

Agosto

Instituído o cruzeiro real como moeda de transição para o real.



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Setembro

Três categorias fazem greves nacionais: petroleiros, bancários e portuários.

Outubro

Realiza-se a primeira privatização de uma empresa estatal no Brasil: a Usiminas.

Dezembro

Pela Lei nº 8.315, é criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) com o objetivo de

organizar, administrar e executar, em todo o território nacional, o ensino da formação profissional rural e a promoção social do trabalhador rural, em centros instalados e mantidos pela instituição, ou sob forma de cooperação.

Janeiro

Reunidos em congresso extraordinário, integrantes do PCB abandonam a agremiação e fundam o Partido Popular Socialista (PPS).

Março

Câmara Setorial da Indústria Automobilística fecha seu primeiro acordo.

Maio

Por meio da Lei nº 8.422, o Ministério do Trabalho passa a ser denominado Ministério do Trabalho e da Administração Federal (MTA), ficando a seu encargo os assuntos referentes ao mercado de trabalho, política de empregos, seguro desemprego e outros programas de apoio ao trabalhador desempregado, política salarial, inclusive das empresas estatais, política de imigração, etc.

É instalada uma CPI para apurar as denúncias de Pedro Collor contra seu irmão, o presidente Collor, e o empresário e tesoureiro Paulo César Farias.

Abril

Por meio do Decreto nº 509, foi criada a Delegacia Regional do Trabalho do estado de Tocantins. São extintos os seguintes órgãos: Conselho Nacional de Seguridade Social, Conselho de Gestão da Proteção ao Trabalhador, Conselho de Gestão da Previdência Complementar, Conselho de Recursos do Trabalho e Seguro Social, Conselho Nacional do Trabalho.



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Fevereiro

Anunciado o Plano Real, pelo ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso. Um indexador (URV) precede a nova moeda, que seria ancorada no dólar até 1999.

Março

No dia 23, trabalhadores do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador aderem à greve convocada pelas centrais CUT e CGT em protesto contra o Plano Real.

Setembro

Deflagrada, no dia 12, greve de 77 mil metalúrgicos do ABC pela reposição salarial pós-Plano Real. No dia 27, 50 mil petroleiros de 21 estados entram em greve por 108,36% de reposição.

Tudo era soldado a ponto. O trabalhador era agressivo, as condições adversas.

Mas o perverso mesmo era a rotatividade do pessoal. (Depoimento de Antônio Tavares, gerente de

Recursos Humanos, 1994).

Outubro

Fernando Henrique Cardoso é eleito presidente da República no primeiro turno com 54,3% dos votos. Outros 27% são dados a Luís Inácio Lula da Silva, do PT.

Dezembro

No dia 14, o presidente eleito despede-se, em discurso, do seu posto no Senado e anuncia as diretrizes do novo governo, anunciando o fim da Era Vargas. Nesse ano o país perde várias personalidades como o paisagista Roberto Burle Marx, o maestro Antônio Carlos Jobim e o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna.

Janeiro

Fernando Henrique Cardoso toma posse como presidente da República e Paulo de Tarso Almeida Paiva é nomeado para o Ministério do Trabalho, permanecendo até março de 1998. No dia 3, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) denuncia a escravização de 4.500 trabalhadores rurais.

Ministério do Trabalho - Uma cronologia



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Outubro

Entre 1993 e 1994, os parlamentares acusados de incluir emendas no orçamento da União para

enriquecimento ilícito foram investigados. Seis parlamentares foram cassados, quatro renunciaram e oito foram absolvidos pela Câmara. Foi a chamada CPI dos Anões do Orçamento.

Novembro

Realizado no dia 4 uma marcha pela reforma agrária e a vida, de Campinas a São Paulo, com cerca de mil sem-terra.



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Abril

No dia 17 chega a Brasília a Marcha Nacional por Reforma Agrária, Emprego e Justiça. Caravanas da CUT e da UNE participam do protesto, que reúne milhares de pessoas. O 17 de Abril torna-se o Dia

Internacional pela Reforma Agrária.

Maio

A Companhia Vale do Rio Doce é privatizada.

Junho

Aprovada Emenda Constitucional que permite a reeleição do presidente da República, de governadores e prefeitos.

Julho

Cisão na Força Sindical e criação da Social Democracia Sindical (SDS). No dia 9, é aprovado na Câmara o fim da estabilidade dos servidores públicos. Venda de 12 empresas estatais do setor de telecomunicações.



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Maio

É crida a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos. Greve nacional dos petroleiros, reivindicando cancelamento das demissões, reescalonamento das faixas salariais e constituição de uma comissão paritária para negociar os passivos salariais. A greve dura até junho, terminando com a ocupação das refinarias pelo Exército.

Agosto

Trabalhadores sem-terra entram em confronto com a Polícia Militar em Corumbiara, Roraima. Morrem 11 pessoas.

Setembro

O Ministério do Trabalho passou a ter nova estrutura organizacional por meio do Decreto nº 1.643.

Março

Cerca de 3 mil famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) tomam a Fazenda Macaxeira, no Pará, realizando uma das maiores ocupações de terras no país.

Abril

Em Eldorado dos Carajás, Pará, os sem-terra protestam contra a lentidão da reforma agrária. Houve choques com a polícia e o saldo foi de 19 mortos.

Junho

Convocada pela CUT, Força Sindical e CGT uma greve geral contra o desemprego.

Como sempre, a mídia apontou que a paralisação teria sido um fracasso, mas fizemos um estudo comprovando que entraram em greve doze milhões de pessoas. Apesar de não ser o número de grevistas esperado por nós, acreditamos que muita gente participou da greve. (Vicente Paulo da

Silva, sindicalista)

Janeiro

Aprovada na Câmara a emenda da reeleição, inclusive para presidente da República. No dia 21, O presidente Fernando Henrique sanciona a lei dos contratos temporários de trabalho, de até 2 anos, com direitos trabalhistas flexibilizados.



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Marcha contra o neoliberalismo, Porto Alegre, 1996. Acervo CUT, RS.



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Junho

Criação do Ministério da Defesa e transformação dos ministérios do Exército, Marinha e Aeronáutica em comandos militares.

Julho

Mil quatrocentos e cinqüenta trabalhadores da Ford Ipiranga, usina pioneira do nacional-

desenvolvimentismo, cruzam os braços logo ao saber da intenção da montadora de fechar a fábrica.

Agosto

Com o Decreto nº 3.129, o Ministério do Trabalho passou a ter a seguinte estrutura organizacional: Gabinete do Ministro; Secretaria-Executiva; Consultoria Jurídica; Corregedoria, Secretaria de Políticas Públicas de Emprego; Secretaria de Inspeção do Trabalho; Secretaria de Relações do Trabalho; Delegacias Regionais do Trabalho; Conselho Nacional do Trabalho; Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço;Conselho

Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador; Conselho Nacional de Imigração; Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro).

Ministério do Trabalho - Uma cronologia



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Abril

Edward Amadeo ocupa a pasta do Ministério do Trabalho num período em que o desemprego alcança índices elevados.

Maio

A CUT inicia marcha de 15 mil trabalhadores a Brasília contra o desemprego.

Outubro

Fernando Henrique Cardoso se reelege presidente logo no primeiro turno das eleições, com 54,27% dos votos válidos, contra 31,71% do petista Luiz Inácio Lula da Silva. No dia 8, o presidente anuncia acordo com o FMI, incluindo pacote fiscal com corte nos gastos sociais. Um terço do Senado é renovado e são eleitos governadores e deputados federais e estaduais.

Novembro

Medida Provisória nº 1.726 insere dispositivos na CLT, facultando a suspensão do contrato de trabalho para a matrícula do trabalhador em cursos ou programas de qualificação profissional. Institui-se a bolsa de qualificação profissional, permitindo o pagamento de benefício no desemprego de longa duração.

Dezembro

Acordo inédito entre a Volks e os sindicatos (ABC e Taubaté) para evitar 7.500 demissões. Em troca da redução da jornada de cinco para quatro dias por semana, em três semanas do mês, houve o adiamento de demissões e o corte de até 15% nos salários dos trabalhadores, que recebiam mais de R$ 2.416,00.

Janeiro

O presidente Fernando Henrique Cardoso assume seu segundo mandato presidencial. O Ministério do Trabalho passa a denominar-se Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Medida Provisória nº 1.799, de 1

º

de janeiro. É nomeado para a pasta, Francisco Dornelles. No dia 5 do mês, 2.800

metalúrgicos demitidos da Ford de São Bernardo entram na fábrica para trabalhar. A empresa interrompe a produção, alegando falta de condições.

MINISTÉRIO DO TRABALHO: UMA HISTÓRIA VIVIDA E CONTADA



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Manifestação de juízes do trabalhistas contra a extinção da Justiça do Trabalho, vendo-se, ao centro, o ex-minsitro do Trabalho, Arnaldo Süssekind (1ª fila). Rio de Janeiro, RJ, !999. Arquivo pessoal Arnaldo Süssekind

Outubro

São realizadas eleições presidenciais e o pleito para vai para o segundo turno. A vitória é de Luís Inácio Lula da Silva (PT).

Janeiro

Posse do novo presidente da República. Jaques Wagner, do PT baiano, é nomeado para o Ministério do Trabalho e Emprego, permanecendo até janeiro de 2004.

Junho

O Decreto nº 4.764, do dia 24, estrutura a Secretaria Nacional de Economia Solidária.

Julho

Pelo Decreto nº 4.796, é instituído o Fórum Nacional do Trabalho, no âmbito do Conselho Nacional do Trabalho, do MTE, buscando promover o entendimento entre o governo federal e os representantes dos trabalhadores e empregadores, com vistas a construir consensos sobre temas relativos ao sistema brasileiro de relações de trabalho, em especial sobre a legislação sindical e trabalhista.

Janeiro

Ricardo José Ribeiro Berzoini é nomeado para o MTE, permanecendo até julho de 2005.

Abril

O MST inicia ocupações em todo o país. O movimento ficou conhecido como “abril vermelho”.

Maio

O Decreto nº 5.063 deu nova Estrutura Regimental ao Ministério do Trabalho e Emprego, reorganizando a Ouvidoria-Geral e o Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude.

Junho

Aprovado na Câmara Federal o valor do salário mínimo proposto pelo governo de R$ 260,00.



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Abril

São comemorados os 500 anos do Descobrimento do Brasil.

Maio

O MST promove protestos em 20 estados.

Maio

Deflagrada greve dos servidores federais, reivindicando reajuste salarial de 63,68%. A paralisação terminou no dia 6 de dezembro com o reajuste 13,2%

Julho

Greve de policiais militares e civis na Bahia, com duração de 13 dias. Devido à falta de segurança, ocorre uma onda de violência com saldo de 37 mortos, 126 feridos à bala, 80 estabelecimentos saqueados e um prejuízos de aproximadamente R$ 10 milhões.

Outubro

O Executivo envia à Câmara projeto de lei que propõe alteração na CLT, com parcelamento das férias e do 13

º

salário, diminuição do salário-família, FGTS, piso-salarial; além da não garantia de outros direitos como proteção ante a automação, aviso prévio proporcional e de 30 dias.

Neste ano o senador Ademir Andrade, do Partido Socialista Brasileiro, PSB, propõe Emenda Constitucional, PEC, nº 438/2001, que prevê a

expropriação das terras de pessoas que forem flagradas explorando mão-de-obra escrava em suas propriedades. Essa PEC permanece em tramitação na Câmara dos Deputados, até fim de 2006, tendo sido aprovada pelo Senado Federal.



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Corte de madeira no meio da floresta, Pará, 2003. Delegacia Regional do Trabalho do Pará, MTE, Pará.

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MINISTÉRIO DO TRABALHO: UMA HISTÓRIA VIVIDA E CONTADA

Agosto

A criação do Instituto Carvão Cidadão, ICC, partiu da iniciativa das sete siderúrgicas do estado do Maranhão. Objetivando contribuir para a erradicação do Trabalho Escravo, o ICC apresentou proposta à Secretaria de Inspeção do Trabalho do MTE para desenvolver um trabalho de inserção social dos trabalhadores resgatados do trabalho escravo, oferecendo vagas na área de reflorestamento das Siderúrgicas associadas.

Outubro

Em 15 de outubro, por meio da Portaria nº 540 do Ministério do Trabalho e Emprego, MTE, é criado o Cadastro de Empregadores, a chamada Lista suja. A inclusão do nome do infrator no cadastro ocorre após o final do processo administrativo decorrente dos autos de infração lavrados pelos auditores fiscais. A exclusão, por sua vez, vai depender do monitoramento do infrator durante dois anos. Se durante esse período, não houver reincidência e forem pagas todas as multas impostas pela fiscalização e quitados todos os débitos trabalhistas e previdenciários, o nome é retirado.

Dezembro

É aprovada a Emenda Constitucional nº 45, da Reforma do Judiciário que, em seu artigo 114 dá a Justiça do Trabalho competência para julgar as relações de trabalho e não só as relações de emprego.

Fevereiro

O governo envia ao Congresso Nacional a Proposta de Emenda à Constituição nº 369. sobre a Reforma Sindical, elaborada pelo Fórum Nacional do Trabalho.

Julho

O sindicalista e metalúrgico Luiz Marinho é nomeado ministro do Trabalho e Emprego, permanecendo até abril de 2007.

Outubro

Realizado referendo sobre a proibição da venda de armas. Dois terços dos eleitores foram contra a proibição do comércio de armas de fogo e munição no Brasil.

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Ministério do Trabalho - Uma cronologia

Março

O presidente da República assina medida provisória que eleva mínimo para R$ 350,00 a partir de 1

º

de abril, valor que resultou de entendimentos estabelecidos com entidades sindicais.

Maio

O presidente Luis Inácio da Silva sanciona a Medida Provisória 293, sobre o reconhecimento das centrais sindicais e a Medida Provisória 294 que institui o Conselho Nacional das Relações de Trabalho, composto por cinco representantes de cada segmento (governo, trabalhadores e empregadores).

Junho

Manifestantes do Movimento da Libertação dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MLST) invadem Câmara dos Deputados e deixam 20 feridos.

Julho

A medida provisória editada pelo governo elevando o salário mínimo de R$ 300,00 reais para R$ 350,00 foi alterada na Câmara dos Deputados, que estendeu o mesmo percentual de aumento a aposentados e pensionistas do Regime Geral da Previdência. Essa alteração sofre veto presidencial.

Outubro

Realizadas eleições para presidente, governador, deputado estadual e federal, e senador. No dia 1º de outubro, no primeiro turno das eleições, o presidente Lula recebeu 48,61% dos votos válidos e Alckmin, 41,68%. No segundo turno, Lula foi reeleito com 60,83% dos votos válidos.

Abril

No dia 3 de abril assume o Ministério do Trabalho e Emprego, Carlos Luppi, do Partido Democrático Trabalhista (PDT).



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A criação do Ministério do Trabalho, associado à figura de Getúlio Vargas e, principalmente, à existência da “lei”, é um fato consolidado na memória dos trabalhadores brasileiros, inclusive, dos trabalhadores rurais que, até os anos 1970, estiveram excluídos dos direitos trabalhistas. A força dessa memória consolidada fica evidente em vários depoimentos orais, recolhidos nos anos 1990 e 2000, por diferentes pesquisadores, de vários estados do Brasil.

Ah, minha irmã... o Getúlio adiantou nosso povo. O Getúlio começou a lei, com Getúlio tinha lei, irmã. Não existia lei antes do Getúlio não, irmã. O Getúlio fez o Ministério, a polícia respeitava, o Exército respeitava (...). Ele que botou o horário de 8 horas de trabalho, direito de não mandar o pessoal ir embora, que eles estavam mandando todo mundo embora da fazenda. (...) Eu já estava aqui na padaria, então o português falava assim: ´Tem que matar esse homem, tem que matar.` (...) antes de 1930, não tinha lei não. O povo, a gente era bicho. Olha aqui: não foi a Princesa Isabel que nos libertou não. (...) Ela assinou a libertação, mas quem nos libertou do jugo da escravatura, do chicote, do tronco, foi Getúlio, Getúlio Dorneles Vargas.

(Depoimento de Cornélio Cancino, 82 anos, neto de escravos, Rio de Janeiro, 9 de maio de 1995, citado por RIOS, Ana L. e MATTOS, Hebe. Memórias do cativeiro: família, trabalho e cidadania no pós-abolição, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005, p. 129)

Eu conheci vários governos. Conheci o Washington Luís (...). Era o governo que mandava tirar as telhas da casa e botar o povo na estrada, que mandava tirar a mudança de dentro de casa e jogar lá na estrada. Depois o Getúlio Vargas veio, pegou e criou essa lei trabalhista. Nós agradecemos e devemos muito ao Getúlio Vargas. A legislação trabalhista está sendo desmontada... Getúlio Vargas foi o rei, foi o homem que abriu o caminho de todos.

(Depoimento de colono de café e liderança sindical nos anos 1960, Rio de Janeiro, no ano 2000. DEZEMONE, Marcus. Memória camponesa: conflitos e identidades em terras de café. Dissertação de Mestrado. Niterói: UFF, 2004, p. 125.)

Getúlio foi o homem que lutou pelos fracos. Foi o homem que deixou o pirão da mesa da gente fraca. Com ele veio a lei. A gente não tinha direitos antes dele. Getúlio Vargas criou o Ministério, criou os direitos, criou a carteira de trabalho. Esse negócio de férias foi Getúlio Vargas que criou. Ele criou tudo.

(Depoimento de Cecílio Gramosa, lavrador de cana da Bahia, em 2004. AMORIM, Liane, “Aspectos dos Mundos do Trabalho da Cana-de-Açúcar Na Bahia (Usina Dom João, 1909-1969)”. Salvador, Qualificação do