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Algumas ideias sobre o humanismo político e a religião como uma base necessária para

No documento HUMANISMO E DIDÁTICA DA HISTÓRIA (páginas 100-124)

uma democracia sustentável

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Este trabalho2 não aborda a dicotomia elite-massa nas democracias modernas, também não contribui para uma comparação internacional e intercultural das democracias. Em vez disso, em uma virada mais fundamental para a cultura política da democracia, ele se refere à conceituação da abordagem de valores e atitudes mentais e sua importância para a democracia. (Ao tematizar este nível fundamental de constituir a democracia pela cultura, os argumentos apresentados podem ser úteis para qualquer reflexão e para parâmetros de comparação). Como tal, a minha argumentação é elitista por seu caráter acadêmico e intelectual. Com isto, tem como objeto uma comparação das democracias; combina, por assim dizer, a investigação das elites com as elites investigadas. O quadro de interpretação dos elementos culturais essenciais da democracia é composto de dois elementos, nomeadamente, teoria política e filosofia da história. Ambos são sintetizados por seu respeito especial e comum a um elemento básico da cultura humana: o da identidade coletiva.

A democracia assenta em dois pilares: as instituições e a mentalidade das pessoas. Se as instituições não são aceitas e reconhecidas pelo povo

1 Eu gostaria de agradecer a Ursula van Beck pelas inúmeras questões críticas e argumentos que produziram melhorias substanciais em minhas próprias argumentações. Continuo responsável, é claro, pelo que permaneceu ainda não convincente e problemático.

2 Traduzido do inglês Rooting political order in the values of the citizens. Some ideas on political humanism and religion as a necessary base for a sustainable democracy, por Maria Auxiliadora Schmidt (Texto cedido pelo autor).

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é fácil alterá-las para formas menores ou não-democráticas.3 Portanto, a mentalidade das pessoas que vivem nas instituições desempenha um papel importante para a comparação entre diferentes países, na perspectiva da sustentabilidade da sua ordem política democrática.

Neste capítulo, não discutirei as peculiaridades das diferentes democracias e os problemas de comparar suas diferentes culturas políticas e sua manifestação na mentalidade da elite. Em vez disso, eu gostaria de focar o sistema de valores fundamentais pelos quais a democracia em geral e em seus princípios é definida, e continuar a olhar para a questão da diferença cultural que decorre de diferentes tradições da cultura política.

A fim de deixar claro sobre o que democracia é essencialmente, é útil olhar para o seu contrário. O contrário é a teocracia, o autoritarismo e o totalitarismo. Tendo como exemplo o Islã e o papel que ele desempenha no desafio político da ordem democrática hoje, eu gostaria de explicar a peculiaridade da democracia em contraste com a teocracia. A democracia baseia suas decisões políticas na vontade do povo, na teocracia elas são entendidas como a vontade de Deus. A democracia é uma questão de discussão e negociação, a teocracia é uma questão de aplicar uma ordem divina para assuntos terrestres e de exigir obediência. A teocracia obtém sua legitimidade e a ordem, referindo-se às forças sobrenaturais, transcendendo o campo da existência humana, ao passo que a democracia se refere à responsabilidade dos homens para com sua forma de vida política. Sua legitimidade decorre de meras capacidades humanas e principalmente da razão como uma capacidade comunicativa para discutir e regulamentar assuntos mutuamente interessantes à comunidade. Esta referência 'terrestre' ou 'deste mundo' dá a democracia a característica cultural do humanismo (pelo menos nos tempos modernos).4 A melhor indicação para esse humanismo é o papel que o conceito de ' 'dignidade humana' possui no quadro constitucional das democracias.

A constituição alemã, por exemplo, começa com o artigo 1: " A dignidade humana é inviolavel. Respeitar e protegê-la será o dever de toda autoridade do estado. 2. o povo alemão, portanto, reconhece os

3 Um exemplo paradigmático é o fim da República de Weimar e a tomada de poder pelos nazistas

na Alemanha.Muitos membro do parlamento federal, embora não pertencessem aos partidos que negavam a democracia, como os comunistas e os nacional-socialistas, tinham perdido a confiança na ordem democrática e votaram a favor do “Ermâchtigungsgesetz” (ato de habilitação) o que,na verdade acabou com a validade da constituição democrática

4 Na democracia grega falta o princípio fundamental da igualdade e, portanto, sua base cultural não pode ser chamada de humanística. Mas, o pensamento político grego é uma das condições históricas para o que chamamos hoje de humanismo político.

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direitos humanos como invioláveis e inalienáveis e como a base de todas as comunidades, da paz e da justiça no mundo." Isto não é um caso isolado, mas representativo da maioria das Constituições das democracias modernas, começando com a declaração das Nações Unidas de 1948. Aqui o preâmbulo diz que: "o reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, da justiça e paz no mundo." Cerca de 145 das 193 Constituições dos Estados do mundo, em abril de 2004, se referem explicitamente ao conceito de 'dignidade humana' ou 'dignidade pessoal' como uma base cultural para legitimar a forma democrática de dominação política (Baets, 2005).

Dignidade é uma qualificação normativa da humanidade. Como uma norma fundamental, domina a vida humana na sua dimensão política e social sob a forma de leis básicas. Podemos dizer que é o fôlego cultural da vida política e social na sua forma moderna, secular e civil. Mas a dignidade humana é mais do que uma regra e princípio ético. É um fator constitutivo da identidade humana também.5 Como tal, ancora a legitimidade da dominação política e da forma de vida social no núcleo e profundidade da subjetividade humana.

A questão de como a democracia é sólida e bem estabelecida em diferentes países do mundo não pode ser respondida sem referência a esta dimensão da subjetividade humana, onde a humanidade é eficaz como um princípio moral básico e um elemento de formação da identidade pessoal e coletiva.

Identidade política como parte da cultura da democracia moderna é geralmente definida por nacionalidade. Isto é - no meu entendimento – o significado da terceira parte do slogan bem conhecido da Revolução francesa, a "fraternidade". Ele indica a nova e especialmente democrática forma de união, o quadro de pertença, de identidade política das pessoas que se definem como cidadãos.6 Eu omitiria a pergunta se esta forma nacional de identidade política nas democracias modernas aplicar-se para onde quer que a democracia esteje instalada. Em qualquer caso, é típico e representa um problema de identidade, que é inerente não só na sua forma nacional.

Identidade sempre implica uma distinção entre o eu próprio e os 5 Apreciação de si e reconhecimento pelos outros – e ambos ao mesmo tempo – são uma condição

necessária para a identidade estável e dignidade.

6 Isto é claramente expresso por Chipkin (2007): 2. "... a nação é uma comunidade política cuja forma é dada em relação ao exercício da democracia e da liberdade."

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outros, quer se trate de autoreferência de uma pessoa ou de um grupo. Esta distinção é uma fonte de tensões, uma vez que é normalmente baseada na lógica do etnocentrismo (Rüsen, 2004 a, b, c). Essa lógica é composta por três elementos, (a) uma avaliação desequilibrada: a auto-imagem é caracterizada por um conjunto de valores positivos. Considerando que a imagem dos outros é caracterizada por um conjunto menos positivo, ou mesmo valores não negativos. O exemplo generalizado desta avaliação desigual é a justaposição da civilização contra a barbárie. (b) o etnocentrismo consiste em uma teleologia orientada a origem como a forma dominante da narrativa mestra, que informa as pessoas quem está lhes apresentando a história, como eles se tornaram o que são e o que eles querem ser no futuro. (c) finalmente, etnocentrismo fornece às pessoas uma posição central entre a variedade de povos e países ao redor deles, enquanto que os outros são marginalizados no espaço e no tempo.

O caráter tenso desta lógica da identidade formada é aparente: a avaliação desequilibrada provoca um "choque de civilizações" na identidade política. Especialmente, as relações internacionais sofrem com estas assimetrias que opõem um ao outro. Na identidade retratada nas narrativas mestras muito deste confronto constitui-se como uma luta de – centrismos uns contra os outros (eurocentrismo, sinocentrismo, afrocentrismo etc ou país do Deus próprio contra outros países na sombra da divina luz da civilização etc.).

Desde que o conceito de formação de identidade da cultura política nas democracias modernas refere-se à idéia de uma "inviolável" dignidade do ser humano, o humanismo político da democracia moderna é confrontado por esta lógica de conflito do etnocentrismo. Um conceito de cultura política paradigmaticamente diferente é representado como uma comunidade política com base em e centrado em torno de valores teocráticos. (Aqui, o Islã tornou extremamente importante hoje na política de identidade, não só na Europa). Nem a diferença entre uma democracia e outra não é livre de elementos etnocêntricos. Outras democracias são tradicionalmente encaradas como sendo caracterizada por uma falta de humanismo em comparação com a sua própria autoestima.7

7 Isto é sempre o caso se democracias com uma tradição histórica longa comparam-se com as recém estabelecidas. Atitudes ocidentais para as democracias não-ocidentais não são livres desta auto-estima etnocêntrica. Mas, mesmo no Ocidente pode ser observada uma inter-relação tão desiquilibrada. Intelectuais alemães no pós-guerra, por exemplo, olharam com alguns sentimentos de inferioridade (ou, pelo menos, das deficiências históricas) para as democracias mais estabelecidas no oeste da Europa e EUA.

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Essa dimensão histórica da identidade política democrática é um lugar para a mesma luta. Toda a gente apela para a origem decisiva (com provas mais ou menos histórica) de que o fundamento da democracia é a liberdade. 8

Um aspecto especial desta luta é o fato de que a democracia é um resultado da história ocidental. Isto levou a um problema de identidade política nas democracias não ocidentais. Sua cultura política historicamente refere-se não ao seu próprio passado (em uma perspectiva de tempo histórico), mas a uma origem fora de suas próprias histórias. Isto freqüentemente conduziu a um sentimento de alienação ou a uma identidade fragmentada, enquanto a lógica do etnocentrismo é efetiva.

Para superar este fato, o humanismo político da democracia moderna deve ser reconsiderado.

Ser um ser humano é a fonte para as regras básicas para a dominação política nas democracias modernas, as regras que têm sido expressas na lei constitucional por um conjunto de direitos humanos. Ao mesmo tempo, a humanidade é um princípio constitutivo da identidade nas sociedades modernas de construção: ser um ser humano é essencial para a autoestima das pessoas em relação aos outros. Na cultura política moderna cada uso de poder e dominação encontra seus limites na qualidade humana dos dominados. A desumanidade é a base fundamental para legitimar qualquer uso de poder e dominação e, ao mesmo tempo, a humanidade tem um elevado, se não o maior valor, para cada pessoa, cada comunidade em relação à sua identidade. A qualidade das democracias depende da validade desta síntese de legitimidade e identidade ambos mesclados com a idéia de humanidade.

O poder desta ideia da humanidade depende de tradições culturais. No ocidente, onde as tradições culturais vêm desde a antiguidade, a idéia de humanidade é profundamente influenciada pela idéia do direito natural, pela crença cristã da unidade de Deus e a humanidade em Cristo

8 É incrível que na África do Sul não foi feita nenhuma tentativa publicamente eficaz para criar

uma nova identidade Sul-Africano, referindo-se ao evento histórico fundador de, conjuntamente, promover a superação do apartheid e criar uma ordem política baseada na idéia de liberdade. Em minha opinião, seria possível desenvolver uma nova narrativa mestra da África do Sul, referindo-se a esta grande mudança histórica de um sistema de supressão em um sistema de liberdade política. Uma das razões por que isso nunca foi tentado com êxito é o fato de que a identidade nacional já teria sido criada no período pré-democrático da história sul-africana, como uma identidade única de grupos da população como os Afrikaners ou os Zulus. É simplesmente impossível dar uma identidade já estabelecida a favor de um novo e diferente. Só é possível dar essa identidade já estabelecida no quadro de uma identidade política se a identidade original que está preservada e mudou. Um paradigma para tal preservação e mudança é a relação entre identidade nacional e Europeia no processo de unificação da Europa. Ver Rüsen, 2007

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e pelas críticas contra as formas de poder político religioso, inauguradas pelo Iluminismo(Cancik, 1983, 1993).

A questão debatida muitas vezes culmina com o problema, se este fundamento cultural da democracia no princípio da humanidade é uma peculiaridade ocidental para a organização de dominação política, ou se esse princípio também pode ser encontrado em outras culturas e tradições. É plausível que a alegação para tais valores na cultura política das democracias modernas e para sua validade universal, seja compatível com diferentes contextos históricos em que a democracia emergiu ou está em construção.

A validade universal da qualidade normativa da humanidade tem sido, por um longo tempo, um problema da teoria política, filosofia moral e história intelectual. Mas um problema neste contexto parece ser sem solução, ou seja, o problema da diferença cultural como um fato fundamental da vida humana - principalmente nos processos culturais de formação da identidade - pode estar relacionado com o princípio universal da humanidade.

Desde que a diferença seja um fator constitutivo da identidade humana, esta questão é da maior importância para a cultura política e seu papel em apoiar, estabilizar, ou limitar, desafiar e desestabilizar a ordem democrática da dominação política.

A diferença cultural é um desafio para as relações nacionais e internacionais na vida política moderna. No contexto nacional, duas grandes questões requerem uma resposta. Em primeiro lugar, como podem diferentes identidades culturais dos cidadãos serem mediadas por uma identificação legitimada com a ordem política existente e com a cidadania comum? Em segundo lugar, desde que a cultura política precisa de homogeneidade cultural, ao nível das convicções sobre a legitimidade do poder e dominação, como tal homogeneidade é possível em sociedades com uma população heterogênea?

No contexto das relações internacionais a diferença cultural tem sido associada com o perigo de um 'choque de civilizações'. Em uma perspectiva histórica este confronto é caracterizado por uma predominância ocidental em conceituar as principais questões da vida económica, social e política. As culturas não ocidentais entendem isso como um desafio e uma ameaça para a autenticidade e dignidade das suas identidades culturalmente diferentes. Esta tensão pode levar à radicalização se as diferentes visões de mundo são estruturadas ao longo de conceitos universalistas peculiares. Mais, se não todos, diferentes culturas humanas compartilham uma

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tendência universalista ao expressar o seu valor mais alto: autoestima. Diferença cultural é, portanto, um choque inevitável de universalismos.

Para evitar a luta de universalismos diferentes, não é suficiente se referir a alguns conceitos abstratos ou ideias além da diferença cultural. Em vez disso, é necessário procurar os antropológicos universais. Só então, será encontrado um ponto de partida e uma plataforma criada para fins de validade universal em comunicação intercultural. O relativismo cultural presente no nível do discurso intelectual é meramente uma saída do campo das relações gerais entre diferentes visões de mundo e conceitos fundamentais da cultura política. Isso não significa paz no relacionamento intercultural; pelo contrário, o relativismo tem apenas um significado político: uma luta permanente entre diferentes interpretações culturais dos assuntos humanos. Assim, ele confirma o choque de civilizações e não o pacifica.

Este problema político significativo é reproduzido no nível acadêmico de comunicação intercultural. A maioria das discussões sobre diferenças culturais e comunicação intercultural é realizada sob a pressuposição mais ou menos tácita de um conceito Spengleriano da cultura. As culturas são vistas como unidades semânticas que têm apenas um inter-relacionamento externo. O mainstream de comparação intercultural segue esta linha epistemológica da diversidade das culturas independentes uma da outra e seguindo suas profundas estruturas semânticas (ou 'códigos') de compreender o mundo. Com estes pressupostos relativísticos, a academia é uma parte do choque de civilizações - sem sabê-lo. Em vez de contribuir para uma solução, é parte do problema.

Os problemas não resolvidos da diferença cultural são um desafio para os valores básicos de uma cultura política democrática com sua pretensão de validade universal. Como um elemento constitutivo da formação da identidade humana, a diferença cultural tem que ser mediada com esta abordagem universalista. A questão é: como?

Para responder à pergunta primeiro deve-se olhar para trás na história e estudar as origens e a evolução de universalismos culturais em todo o mundo. Aqui podem ser observadas duas principais tendências na evolução histórica a longo prazo. Primeiro, a tendência de ir além dos limites étnicos para os elementos básicos da humanidade e, em segundo lugar, a realização de trans-étnicos conceitos universais da humanidade de forma exclusiva, ou seja, ser incompatível com outras interpretações universalistas e de entendimento da humanidade.

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desenvolvimento geral das culturas para ideias universalistas de humanidade, que vão além dos limites das comunidades concretas (Giesen, 1991a, 1991b). Originalmente, (nas sociedades arcaicas) os membros de uma comunidade se chamavam 'humanos', portanto, compreender os outros membros da raça humana como não pertencentes ao seu próprio grupo, seria ser não humano. Eles poderiam ser tratados de acordo, seguindo os padrões de uma dupla moral. O resultado de tal conceituação da diferença cultural pelo uso dos critérios da humanidade é uma idéia profundamente enraizada da desigualdade e da moralidade relacionada da duplicidade. No longo prazo do desenvolvimento civilizacional esta desigualdade tem sido modificada, se não superada, pela ideia de que, em princípio, todos os seres humanos são iguais e que há somente uma moral universalista. O resultado deste desenvolvimento histórico universal é a visão de mundo moderna da igualdade humana. Uma reconstrução do desenvolvimento histórico em direção a um conceito de igualação da humanidade é plausível, mesmo se não segue a tradicional ideia de modernização como um processo de ocidentalização. Esta universalização conceitual da humanidade como um valor cultural básico tem um impacto político específico e uma consequência sobre a legitimidade do uso de poder e de dominação da institucionalização. É um fato, mesmo em um conceito de 'modernidades múltiplas' (Eisenstadt, 2000) a partir do qual diferentes culturas têm seus próprios caminhos de modernização.

Este processo de universalizar a humanidade como um valor cultural básico tem ocorrido em lugares diferentes e em épocas diferentes, o que levou a uma variedade de ideias ou humanidades e aos conceitos do humanismo. A diferença é o resultado a partir dos diferentes contextos em que eles surgiram. Enquanto ainda carregam os traços de seu surgimento excluem-se uns aos outros. O melhor exemplo para esta exclusão mútua é a reivindicação exclusiva de verdade universal da crença religiosa no judaísmo, Cristianismo e Islã. Você só pode seguir uma das crenças religiosas, que necessariamente exclui as outras. Uma vez que todas elas reivindicam verdades universais, sua inter-relação é guiada pela profunda convicção de que as outras não são verdadeiras, por parte de todas as religiões do mundo. O resultado desta inter-relação exclusiva é evidente: um choque de sistemas de crenças religiosos que, persistentemente, leva à supressão, à discriminação e ao derramamento de sangue.

É uma das realizações da sociedade civil moderna ter superado esta inter-relação exclusiva das religiões, afirmando o caráter laico da ordem política. O secularismo ultrapassa os limites das crenças religiosas. O

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