• Nenhum resultado encontrado

AMPLIANDO PASSOS: UMA TRAJETÓRIA DE CONSULTA À BASE DE DADOS SCIELO

fórmulas matemáticas De repente, a física quântica veio trazer-lhes surpresas.”

OS CAMINHOS E (DES)CAMINHOS NO COMPLEXO CAMPO DA DOCÊNCIA E DA FORMAÇÃO: TRILHAS A VISITAR

2.2 AMPLIANDO PASSOS: UMA TRAJETÓRIA DE CONSULTA À BASE DE DADOS SCIELO

Na tentativa de subsidiar minha pesquisa fiz uma busca atenta e sistemática na base de dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online) com o objetivo de localizar artigos relacionados à educação intercultural e à formação de professores e professoras. Como procedimento, fiz a leitura dos títulos e das palavras-chave de todos os artigos citados em relação às duas temáticas nas diferentes áreas. Nos casos de artigos relacionados diretamente às ciências humanas e sociais e mais especificamente à temática da formação de professores com alguma vinculação à educação intercultural, foram lidos também os resumos e, nos vários casos nos quais os critérios de título, palavra- chave e resumo não davam conta do objetivo proposto, os textos foram lidos na sua íntegra.

83 Refiro-me à dimensão técnica, política, ética e estética citadas especialmente por Terezinha Azeredo Rios. Cf. RIOS, T. A. Compreender e Ensinar: por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez Editora, 2003.

A Scientific Electronic Library Online - SciELO84 é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros.

Nesta pesquisa, primeiramente utilizei a base central de dados de todos os periódicos; empreguei o método por palavra e por país, neste caso, Brasil, mas o site possibilita fazer buscas em outros países, tais como: Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, Portugal e Venezuela. Além dos países, também possibilita buscas em duas temáticas específicas que são a saúde pública e as ciências sociais. A tentativa de classificação foi estabelecida pelas palavras-chave educação intercultural e/ou interculturalidade e formação continuada.

Após pesquisar pelo método da palavra, repeti o procedimento, porém com o método de pesquisa do tipo integrada, a qual abrange país, autor, palavra-chave, título, organização, ano de publicação, tipo de documento, idioma original.

No primeiro método adotado, com a palavra interculturalidade foram encontrados treze títulos, sendo o primeiro deles de Paula (1999), A interculturalidade no cotidiano de uma escola indígena; o segundo de Martins (2001), Pedagogia dos inocentes; o terceiro de Fleuri (2003), Intercultura e educação; o quarto é de Rodrigues (2005), Reflexões sobre a convivência com o diverso em escolas italianas; do mesmo ano é o texto de Osório (2005), A interculturalidade e seus inúmeros começos comunitários; o sexto é de Fleuri (2006), Políticas da diferença: para além dos estereótipos na prática educacional; do sétimo ao décimo as publicações são do ano de 2007; Nunes (2007),

84 A SciELO é o resultado de um projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com a BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. Desde 2002, o Projeto conta com o apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O Projeto tem por objetivo o desenvolvimento de uma metodologia comum para a preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da produção científica em formato eletrônico. A interface SciELO proporciona acesso à sua coleção de periódicos através de uma lista alfabética de títulos, ou por meio de uma lista de assuntos, ou ainda através de um módulo de pesquisa de títulos dos periódicos, por assunto, pelos nomes das instituições publicadoras e pelo local de publicação. A interface também propicia acesso aos textos completos dos artigos através de um índice de autor e um índice de assuntos, ou por meio de um formulário de

pesquisa de artigos, que busca os elementos que o compõem, tais como autor, palavras do título, assunto, palavras do texto e ano de publicação. (Texto extraído do site) Para saber mais, consultar - http://www.scielo.br/

Epidemiologia crítica: ciência emancipadora e interculturalidade; Langdon (2007), Participação e autonomia nos espaços interculturais de Saúde Indígena: reflexões a partir do sul do Brasil; Rodrigues (2007), Interculturalidade: por uma genealogia da discriminação; Candau (2007), Didática na perspectiva multi/intercultural em ação: construindo uma proposta; Candau (2008), Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença; Maher (2008), Em busca de conforto lingüístico e metodológico no Acre indígena; Mota (2008), O tripé identidade, língua e nação nas falas de jovens brasileiros imigrantes nos Estados Unidos. Nesse conjunto é possível verificar que as produções aparecem a partir do ano de 1999 e a maioria está relacionada às populações específicas; nada consta em relação à educação intercultural e formação continuada de professores e professoras.

Adotando o tópico de busca regional, apareceram dezesseis artigos, sendo que vários citados acima se repetiram, porém neste tópico foi possível localizar outros artigos que não apareceram na busca anterior: Kreutz (1999), Identidade étnica e processo escolar; Darras (2004), Ao cruzar os caminhos – Bioética e saúde pública; Martinéz e Tamagno (2006), La naturalización de la violencia: Un análisis de fotografías antropométricas de principio del siglo XX; Walh (2008), Interculturalidade, plurinacionalidade e descolonização: as insurgências político-epistêmicas de re-fundar o Estado; Freire (2009), Tradução e Interculturalidade: o passarinho, a gaiola e o cesto; Bartolomé (2010), Interculturalidad e territorialidades em confronto na América Latina; Oliveira e Candau (2010), Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil.

Nesse primeiro bloco geral de consulta, como já dito anteriormente, não foram localizados textos relacionados à formação continuada de professores na temática da interculturalidade, embora alguns façam referências indiretas aos processos formativos mais gerais, porém focados aos contextos escolares formais e às especificidades de práticas educativas, tais como educação indígena e educação antirracista. Esse dado leva a inferir que nesta base de dados não existem estudos diretamente relacionados à educação intercultural e à formação continuada de professores e professoras para os anos iniciais do ensino fundamental.

Com a expressão educação intercultural, mantendo o mesmo método de localização foram encontrados vinte textos, sendo que todos estavam vinculados às práticas educativas. Nesse bloco apresentarei as temáticas abordadas: cinco dos textos localizados encontram-se

relacionados à educação indígena (1999(3), 2000, (2)) respectivamente; um artigo atribuído à Matemática (1999); Cultura acústica e letramento em Moçambique (1999); Identidade étnica e processo escolar (1999); Identidade (2000); Cotidiano escolar (2002); Saúde na Nicarágua (2002); Projetos político-pedagógicos (2003); Imigrantes, diversidades e desigualdades no sistema educativo português (2005); Formação médica e pedagogia da resistência (2005); sujeito e democracia latino- americanos (2005); Interculturalidade e seus começos (2005); Educação, igualdade, diferença (2008). Sobre a formação de professores, especificamente, foram localizados dois textos, sendo o primeiro deles de Canen (2001), relacionado à formação de professores para diversidade; e Freire (2001), dança-educação. Nesse bloco é possível identificar que a maioria dos estudos encontra-se focado às populações específicas, porém sem relação explícita entre educação intercultural e formação continuada de professores e professoras, sugerindo a precariedade e a insuficiência de estudos na área.

Adotando o método de pesquisa do tipo Integrada, a partir da palavra Interculturalidade, com a localização país, foram identificados onze artigos, cujas publicações variam entre os anos de 1999 a 2010. As temáticas que aparecem vinculadas à interculturalidade são as seguintes: interculturalidade como categoria constitutiva de uma escola indígena (1999); à identidade étnica e processo escolar (1999); à educação popular (2005); à saúde pública (2007); à Didática na perspectiva multi/intercultural (2007); às identidades e direitos (2007); aos direitos humanos e educação (2008); à Identidade, Língua e Nação (2008); às Práticas discursivas em contexto de formação continuada de professores indígenas (2008); às narrativas orais e línguas indígenas (2009); Pedagogia decolonial, educação antirracista e intercultural no Brasil (2010). Vários desses textos já haviam sido identificados e citados anteriormente. A maioria das pesquisas apresentadas nesse conjunto permanece relacionada às populações específicas, entretanto aparece uma diretamente relacionada à formação continuada de professores e professoras, mantendo-se vinculada à população específica, neste caso, a indígena.

Utilizando o método de pesquisa do tipo Integrada, a partir da palavra Interculturalidade, porém com a localização regional, também apareceram onze textos publicados, e todos já foram citados.

Na busca por Educação Intercultural mantendo o mesmo método de pesquisa (integrada), porém com a localização país, apareceram dezesseis textos, sendo que onze deles são os mesmos localizados com a palavra interculturalidade. Apareceram na pesquisa os textos de Borges

(1999), que discute uma visão indígena da história; Freire (2001) que fala sobre Dança-Educação, destacando o corpo e o movimento no espaço do conhecimento cuja discussão vincula-se a processos de formação de professores a partir de uma experiência intercultural com professores do Brasil e da Inglaterra; casa-Nova (2005), com foco em (I)migrantes, diversidades e desigualdades no sistema educativo português; Rocha (2009) que fala sobre a língua inglesa no ensino fundamental e público; Cruz e Brostolin (2010), com o foco em Educação, sustentabilidade e povos indígenas.

Nesse bloco, apenas um texto encontra-se vinculado diretamente à relação entre educação intercultural e formação de professores e professoras, todavia a experiência se deu em um contexto bastante específico, envolvendo professores de nacionalidades distintas. Entretanto, aparece um texto relacionado ao ensino fundamental e público, ainda que seja diretamente focado em uma disciplina.

Mudando apenas a localização para regional, com as palavras Educação Intercultural apareceram dezessete artigos. Vários deles já foram citados. O que surge de novo é um artigo sobre saúde intercultural, identidade social e políticas públicas no Chile (2006). Essas temáticas sinalizam que a educação intercultural parece transitar por outros contextos e áreas, transpondo o eixo até então colocado nas populações específicas.

Adotando a mesma biblioteca eletrônica, especificamente o periódico Revista Brasileira de Educação, pesquisando por assunto, assim como adotando todos os índices e toda a coleção deste periódico (vinte quatro números publicados – de 2002 a 2010), ao entrar com as palavras-chave interculturalidade pesquisando por assunto e com todos os índices aparecem os mesmos textos cujas temáticas já foram citadas: Fleuri (2003), Intercultura e educação; e Candau (2008), Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Esses dados reiteram a vinculação da interculturalidade à educação e à temática dos direitos humanos, da igualdade e da diferença.

Como forma de refinar um pouco mais a pesquisa, utilizei a categoria diversidade, e adotando primeiramente a busca por assunto, três textos foram identificados, a saber: Gomes (2003), Cultura negra e educação; Ortis (2007), Anotações sobre o universal e a diversidade; e Fleuri já registrado acima. Empregando todos os índices, apareceram dezesseis textos, são eles: Valente (2003), Programa Nacional de Bolsa Escola e as ações afirmativas no campo educacional; Reguillo (2003), Las culturas juveniles: un campo de estúdio, breve agenda para la

discussion; Gomes (2003), já citado acima; Fleuri (2003), citado acima; Cury (2004), Ensino religioso na escola pública: o retorno de uma polêmica recorrente; Leitão (2004), Buscando caminhos nos processos de formação/autoformação; Siqueira (2004), A regulamentação do enfoque comercial no setor educacional via OMC/GATS; Shimizu (2006), Ética, preconceito e educação: características das publicações em periódicos nacionais de educação, filosofia e psicologia entre 1970 e 2003; Ortis (2007), acima citado; Fleuri (2008), Rebeldia e democracia na escola; Ribeiro (2009), Trabalho e educação no movimento camponês: liberdade ou emancipação?; Dalben (2009), Os ciclos de formação como alternativa para a inclusão escolar; Miranda (2009), A organização escolar em ciclos e a questão da igualdade substantiva; Nosella (2010), A pesquisa em educação: um balanço da produção dos programas de pós-graduação; Pietri (2010), Sobre a constituição da disciplina curricular de língua portuguesa; Coradini (2010), Titulação escolar, condição de "elite" e posição social. Observando os dados encontrados, constata-se a abrangência que a temática da diversidade alcança, porém nada aparece especificamente sobre formação continuada de professoras/es.

Entrando com as expressões Formação de professores e diversidade, pesquisando por assunto, assim como com todos os itens, nada foi localizado. Adotando tão somente a expressão Formação de professores, quatorze artigos apareceram: Cavalcante (2003), Formação de professores na perspectiva do Movimento dos Professores Indígenas da Amazônia; Silva Júnior (2003), Reformas do Estado e da educação e as políticas públicas para a formação de professores a distância: implicações políticas e teóricas; Almouloud (2004), A geometria no ensino fundamental: reflexões sobre uma experiência de formação envolvendo professores e alunos; Leitão (2004), Buscando caminhos nos processos de formação/autoformação; Barreto (2006), As tecnologias da informação e da comunicação na formação de professores; Moreira (2005), O conhecimento matemático do professor: formação e prática docente na escola básica; Michels (2006), Gestão, formação docente e inclusão: eixos da reforma educacional brasileira que atribuem contornos à organização escolar; Saviani (2009), Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro; Fischer (2009) já citado anteriormente; Felgueiras (2008), A história da educação na relação com os saberes histórico e pedagógico; Ferreira (2008), Reformas educativas, formação e subjectividades dos professores; Soares (2008), Aulas compartilhadas na formação de licenciandos em matemática; Lopes (2008), Imagens de

um lugar de memória da educação nova: Instituto de Educação do Rio de Janeiro nos anos de 1930; Gatti (2008), Análise das políticas públicas para formação continuada no Brasil, na última década. Nesse conjunto de pesquisas, o que se pode observar é que apenas duas delas referem-se diretamente à formação de professores e professoras na educação básica, sendo uma voltada ao ensino fundamental, porém focada a partir de um conteúdo da matriz curricular e a outra de uma área do conhecimento. A formação continuada aparece em dois artigos, porém eles não se referem especificamente ao ensino fundamental.

Considerando os resultados obtidos na consulta à biblioteca digital SciELO e mais especificamente ao periódico citado85, de expressivo reconhecimento no país na área da educação, constata-se que nos últimos anos não parece haver uma produção científica significativa na área da formação continuada de professores e professoras para os anos iniciais do ensino fundamental, no que tange à educação intercultural; porém isso não significa que o tema não tenha absoluta relevância nos dias atuais; esse dado denota bem mais a urgência de pesquisas a esse respeito e neste segmento do ensino.