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moderno foi a separação entre objeto e valor, entre epistemologia e ética, fato

que a práxis científica se outorgou a introduzir. As coisas não contêm nenhum valor imanente e o ganho do conhecimento sobre a materialidade se constitui como uma procura de respostas para questões do tipo ‘como’. Tais respostas são cegas diante do estabelecimento de vínculos entre o saber científico e as regras éticas de conduta. Elas são unicamente habilitadas para o estabelecimento de critérios sobre como se faz algo e não a respeito do que deve ou não ser realizado.” (p. 06) Para saber mais, cf.: FREITAS, Marcel de Almeida. A lógica cartesiana, tecnicista e empirista enquanto sustentáculo do ethos industrial

do ocidente moderno. (2006) Disponível em

místicos, dos alternativos, muitas vezes até prescinde do raciocínio lógico.” (Idem, p. 197).

O que penso e considero fundamental é compreender dois aspectos essenciais: um deles é a interconexão existente entre os dois hemisférios, de tal forma que um depende do outro para alcançar o funcionamento integrado; entretanto, cada qual tem uma contribuição específica e diferenciada para nossa experiência vivencial e para nosso comportamento. É o resultado dessa interação que vai determinar “o que sentimos, assim como a nossa relação com o mundo e os nossos relacionamentos com os outros; esse é o outro aspecto a compreender. Quando há cooperação ocorre uma harmonia interna”, como destaca Schreiber, citado por Schmidek e Cantos (2008, p. 198).

A capacidade de gerir, de administrar de maneira adequada os diversos interesses, que podem ser divergentes e até conflitantes, advém da harmonia e do equilíbrio provenientes da interação entre os hemisférios, que mais recentemente têm sido chamados de “cérebros”. Como foi descrito a pouco, conforme nos explicam Schmideke Cantos, a separação de funções entre os hemisférios corticais, fruto da complexidade de dimensões e potencialidades decorrentes do processo evolutivo, criou em nós, de um lado, um “cérebro” cognitivo, racional e analítico e, de outro, um “cérebro” intuitivo, afetivo e emocional.

Ambos atuam de maneira distinta, porém complementar diante das experiências que vivemos. O cérebro emocional (que corresponde ao hemisfério direito) faz a identificação da existência de pontos de vista e de interesses divergentes; o cérebro cognitivo (que corresponde ao hemisfério esquerdo), cuja base é fundada nos valores da solidariedade e da igualdade, opera identificando e administrando de maneira inteligente, fazendo prevalecer a cooperação e superando as vantagens da luta individual pela existência; o que nos conduz a uma atitude serena e sábia.

O que nossos narradores nos ensinam e que podemos de longe perceber é que o desenvolvimento das estruturas cerebrais nos seres humanos foi organizado de modo mais complexo e diferenciado. Mediante esse processo as estruturas cerebrais propiciaram abstrações e comportamentos peculiares, trazendo-nos uma consciência superior, mais fina e complexa. Toda essa estrutura nos diferencia sobremaneira de qualquer outra espécie e não é somente pela quantidade de neurônios, mas, sobretudo, pela incomparável capacidade que possui de restaurar suas próprias funções. Uma das exigências básicas para o funcionamento de nosso cérebro é o crescimento de conexões neuronais. Baseados nos estudos de Schmidt, Schmidek e Cantos (2008) descrevem

que, durante a vida de uma pessoa, um neurônio é capaz de realizar cerca de 6.000 a 20.000 conexões sinápticas com outros neurônios que se encontram em diferentes partes do cérebro e, o mais interessante, a quantidade de sinapses que cada neurônio é capaz de fazer exerce maior influência no desempenho cerebral do que a própria quantidade dessas células. Com isso, parece-me possível inferir que o salto qualitativo30 é que o desempenho cerebral está nas sinapses31 e não exatamente no

30

Essa expressão e seu sentido para a aprendizagem eu conheci com meu orientador, prof. Dr. Reinaldo Matias Fleuri, a quem peço licença de uso e também agradeço. Como uma lembrança marcante e terna, destaco que o escutei pronunciá-la pela primeira vez quando ele foi membro de minha banca de defesa de Mestrado, em 26 de fevereiro de 2003. Sua utilização neste texto tem a finalidade de demarcar o que a meu ver constitui avanços significativos decorrentes da(s) abordagens em discussão.

31 Para ilustrar destaco os estudos do Dr. Karl Pribam, importante pesquisador e professor emérito de psicologia e psiquiatria da Universidade de Stanford (USA) sobre o sistema límbico e a relação entre o córtex frontal e aquele sistema; porém ele é mais conhecido por ser o criador da Teoria Holográfica. Para este pesquisador as memórias encontram-se codificadas em padrões que, advindos de impulsos nervosos, entrecruzam-se por todo o cérebro, a exemplo dos padrões de interferência de luz laser que se entrecruzam na área inteira de um filme contendo uma imagem holográfica. Ou seja, o cérebro é um holograma; sendo assim, as sensações que lhe chegam são gravadas em todas as suas partes; o cérebro é um holograma e reproduz um padrão holográfico. Essa teoria contribui também para explicar como é possível o cérebro humano armazenar uma infinidade de memórias em um espaço tão restrito. Estimativas indicam que durante a vida média do homem contemporâneo, essa capacidade é da ordem de 10 bilhões de bits de informação; comparativamente corresponderia a seis coleções da Enciclopédia Britânica. Evidentemente que, ao contrário deste pesquisador, muitos outros ainda defendem que as memórias se encontram em neurônios ou em pequenos grupos deles. Outra implicação altamente provocadora e perturbadora de sua teoria Holográfica é a forma como o cérebro decodifica a enormidade de frequências recebidas por meio dos sentidos, tais como as frequências sonoras, olfativas, luminosas, entre outras na concretude do mundo de percepções. Codificação e decodificação de frequências é o que faz um holograma; funcionando como um espécie de lente convertendo frequências que aparentemente parecem não ter significado em imagens coerentes. Este pesquisador diz que assim também é o que faz o cérebro; atua como uma lente mediante princípios hologramáticos convertendo matematicamente as frequências recebidas por meio dos sentidos no mundo interior de nossas percepções. De acordo com Pribam (1991, p. 35) “[...] o cérebro, num dos estágios de processamento, executa suas análises no domínio de frequências”, realizando tal processo nas junções entre os neurônios e não no

número de neurônios, o que mais uma vez sugere que a educação e a sensibilidade tenham relações com esse dado.

Vamos relembrar e ampliar o que foi dito anteriormente sobre as sinapses. O que é mesmo uma sinapse? Nossos narradores não detalham muito além do que já foi dito anteriormente; por isso vou entrar na história outra vez para responder essa pergunta, oferecendo mais elementos. Vejamos que interessante! Uma sinapse é precisamente o ponto de encontro entre os neurônios; é o que une um neurônio a outra célula. Considerando que os neurônios formam uma rede de atividades elétricas, eles necessariamente precisam estar interconectados de alguma maneira. O fato é que não existe continuidade celular entre um neurônio e o seguinte. O que há é um espaço, chamado de espaço sináptico, preenchido por um fluido. Entretanto, o sinal que é enviado não consegue atravessar eletricamente esse espaço. Então é necessário que determinadas substâncias químicas produzidas pelos neurônios façam essa mediação. São os neurotransmissores, espécies de mensageiros do cérebro.

Schmidek e Cantos (2008), citando Khasal e Stauth, explicam que o armazenamento de cada uma das memórias do cérebro não acontece nos neurônios isolados, mas sim nas redes neuronais. Isso porque cada célula cerebral tem ramificações que alcançam as demais células que com a ação dos neurotransmissores se interconectam, formando uma imensa e complexa teia, uma rede. Se um neurônio morre, a conexão pode ser restabelecida por meio de outro neurônio, preservando assim a memória. Com o envelhecimento, a ramificação entre as células se intensifica cada vez mais, a exemplo de uma árvore quando está em processo de crescimento espraiando suas raízes. Dessa maneira, ao atingir a meia idade, uma pessoa tem mais ramificação cerebral do que na juventude. Essa ramificação cumpre uma importante tarefa: compensar a morte de células cerebrais. Então, podemos inferir que a estimulação cerebral é um fator relevante para o entretecimento dessas redes e as interconexões estabelecidas entre as células.

Nossos autores relatam dois experimentos significados que demonstram a importância da estimulação cerebral. Um deles foi realizado com ratos e mostra diferenças significativas quando da

interior deles. O funcionamento do cérebro como um todo decorre das interações sinápticas. Para saber mais, cf.: PRIBAM, K. Qual a confusão que está por toda a parte. In: Ken Wilber (org.). O paradigma holográfico e outros paradoxos: uma investigação nas fronteiras da ciência. São Paulo: Cultrix, 1991.

presença ou ausência de estímulos. Quando criados em gaiolas contendo em seu interior objetos estimulantes, na forma de brinquedos tais como rampas, rodas, escadas, entre outros, os ratos apresentavam um córtex cerebral mais espesso, em relação a outros submetidos ao mesmo confinamento, porém privados de objetos na forma de brinquedos ou então em total isolamento. A pesquisa demonstrou que o aumento da espessura do córtex estava diretamente associado a um significado aumento da ramificação e das interconexões estabelecidas com as demais células, e não era devido tão somente a um número maior de células nervosas. O outro estudo apresentado foi realizado com freiras católicas moradoras de um convento nos Estados Unidos. As mais longevas, algumas com mais de cem anos, inclusive, e que mostravam ter uma saúde mental da melhor qualidade, eram, em sua maioria, as que praticavam diferentes atividades, dentre elas pintura, ensino, ações que demandavam um exercício mental constante. Nossos narradores, Schmidek e Cantos (2008), sugerem algumas conclusões. A primeira citando Cardoso e Sabbatini, que em seu entendimento é óbvio é que “o desenvolvimento do cérebro humano talvez seja virtualmente quase ilimitado”. (Idem, p. 199). E a segunda apresentada como possibilidade, “é que todos os estímulos que nos proporcionam experiências diferentes liberam hormônios que libertam os neurônios em estado germinal.” (Idem, p. 200).

Esses entre outros exemplos reiteram que a quantidade de sinapses que cada um dos neurônios pode fazer influencia diretamente na inteligência e no desenvolvimento cerebral. E mais, à medida que crescem as ramificações das células aumenta a capacidade cerebral de integrar funções ainda mais complexas e distintas. Schmidek e Cantos (2008, p. 200-1), citando Schmidt, ilustram com um belo exemplo a assertiva feita acima.

[...] a cada novo sorriso que encontramos, ao sentir o perfume de uma flor não familiar, ou de ouvir uma harmonia musical diferente, o cérebro forma novas conexões, associando assim a memória dessas experiências por toda extensão do córtex cerebral. Isto explica, por exemplo, o fato de sermos capazes de reconhecer ao telefone a identidade de uma voz familiar, antes mesmo que seu nome seja pronunciado.

Para encadear as ideias e avançar na discussão quero relembrar as três evidências que abriram esta história, pois elas são fundantes para a

continuidade da jornada. A primeira se sustenta no conjunto de argumentos explicitados até então e se vincula diretamente às outras duas; a segunda e a terceira são complementares, especialmente se considerarmos a imensa capacidade de desenvolvimento e de recuperação que nosso cérebro possui, o que o torna, como já narramos anteriormente, um sistema de plasticidade funcional altamente elevado; e que os processos de interação entre os neurônios não é fixo, ainda que se considere o nosso desenvolvimento e a maturação iniciais. Essas evidências ainda podem ser reiteradas pelas comprovações que cada vez mais aparecem nessa área do conhecimento, como é caso, por exemplo, das pesquisas que utilizam um conjunto de equipamentos de alta tecnologia e técnicas sofisticadas que comprovam a plasticidade cerebral, sendo possível trazer de volta à vida funcional áreas que foram arruinadas.

Estudos recentes também têm mostrado o envolvimento de distintas estruturas cerebrais nos processos de aprendizagem, assim como nos processos de memória. Outra constatação que merece destaque é que o padrão de interconexões entre neurônios depende da experiência, o que reitera sua plasticidade. As experiências parecem lapidar as redes neuronais para funções como a linguagem, o raciocínio entre outras capacidades. Experiências nos modificam, porém determinadas mudanças não são totalmente visíveis.

Nosso cérebro tem a capacidade de modificar seu desempenho assim como suas estratégias a partir de estímulos externos. E mais, tais estímulos têm sido considerados fundamentais para a preservação das sinapses e das próprias células nervosas. Em outras palavras, a cada nova vivência e a cada aprendizagem, novas conexões neuronais são acrescidas.

Nosso cérebro é plástico e é capaz de modificar seu desempenho e até suas estratégias a partir de estímulos externos. Nesse sentido, podemos inferir que mesmo em situações cotidianas de experiências sociais, por exemplo, quando duas pessoas se encontram e conversam, a ação da rede neuronal do cérebro de uma das pessoas pode afetar diretamente e até prolongar a conexão sináptica modificável no cérebro da outra pessoa. Se é assim, imaginemos esse processo em situações de ensino e aprendizagem.

A existência de nossos dois cérebros, como foi descrito anteriormente, um cognitivo, racional e analítico e outro intuitivo, afetivo e emocional, indica-nos dois modos operacionais, como bem destacam Schmidek e Cantos (2008); saber integrá-los devidamente e de maneira harmoniosa e equilibrada abre para nós “a potencialidade de um

processo de consciência bastante ampliado e de uma vida mais plena, criativa e amorosa.” (Idem, p. 201). É preciso compreender que é no entrelaçamento do cognitivo, racional e analítico com o intuitivo, afetivo e emocional que temos o “humano”. Trata-se, portanto, de um processo no qual a relação é imprescindível. E mais, cérebro e corpo são unidades inextricavelmente conectadas, formando um conjunto complexo que existe em permanente relação, sendo também a garantia de sua existência/sobrevivência.

A complementaridade dos dois hemisférios é imprescindível para o entendimento do ser humano em sua inteireza, na medida em que cada ser constitui uma totalidade em profunda relação com o contexto. Nessa perspectiva a humanidade é um conjunto de totalidades e de contextos que se interligam e se movem em relação umas às outras e aos seus contextos numa complexa rede. Essa interligação sugere que vivemos em interação constante de tal forma e em dadas proporções que a ação de cada ser repercute de alguma maneira nos demais e no contexto onde se encontra, reverberando no conjunto, provocando mudanças de variadas ordens.

Tal complementaridade, somada à plasticidade cerebral, é fundamental no processo de construção do conhecimento e da aprendizagem; essa evidência traz fortes implicações às teorias científicas e pedagógicas, na medida em que anuncia novas pautas à educação.

Gosto muito do que diz a pesquisadora Maria Cândida Moraes (2003) sobre como construímos uma visão do mundo:

A visão que temos do mundo decorre da maneira como o conhecemos, da maneira como observamos, apreendemos e interpretamos aquilo que está ao nosso redor. Se acreditamos que nada é predeterminado de fora para dentro, que a participação é fundamental e que não existe a representação do mundo exterior à nossa percepção, então valorizaremos mais a experiência, a reflexão, a autonomia, a construção coletiva, o diálogo, a sincronicidade de processos; a abertura ao novo e ao criativo, às circunstâncias que surgem e, negaremos o monólogo, o condicionamento, a padronização, a prepotência e a dominação (Idem, p. 18).

É nessa perspectiva somada ao conjunto de evidências que apresentei com a história narrada, que anuncio uma premissa básica: o

mundo onde vivemos não está separado de nós ao vivermos nele. Com isso quero dizer que não tem qualquer importância estudar os sistemas e as subdivisões que constituem nosso corpo, neste caso, substancialmente o sistema nervoso, se não considerarmos este corpo no mundo e o nosso viver nele, o que significa também o nosso viver junto, em interação com outros corpos, outros seres humanos e outras formas de existências; - sistemas interagindo entre sistemas -; trata-se de um complexo processo de relações que pede atenção fundamentalmente às operações que se dão entre nós, no nosso viver.

Dessa compreensão se origina uma maneira de conhecer que requer a presença de um observador.

Essa evidência é reiterada no conhecido aforismo de Humberto Romésin Maturana e Francisco J. Varela (1995, p. 201): “viver é conhecer (viver é ação efetiva no existir como ser vivo).” Tal afirmação, a meu ver, caracteriza o sentido de unidade com o meio no qual nós, seres humanos, encontramo-nos inseridos, em um processo de interdependência. Essa é uma mudança de ordem epistemológica e ontológica, ou seja, uma mudança paradigmática na própria ciência, com implicações profundas na educação, como tentarei apresentar a seguir. 1.2 NAS TRILHAS DA COMPLEXIDADE: OUTROS OLHARES PARA VER O MUNDO E TUDO O QUE NELE EXISTE

Toda significação que procurei dar na abertura deste capítulo pode ser o impulso para um grande salto qualitativo, no sentido de ver e considerar outras importantes evidências; uma das mais fundamentais é o reconhecimento de que a ciência, mediante sofisticadas pesquisas realizadas nas fronteiras dos limites disciplinares, tem demonstrado encontrar-se em um momento de profunda transformação, sinalizando uma nova epistemologia. Essa evidência é confirmada pela pesquisadora Maria José Esteves Vasconcellos32 (2005), ao afirmar que a ciência

32 Maria José Esteves Vasconcellos é psicóloga de formação; especialista em terapia familiar sistêmica; pós graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) onde também lecionou até 1992, mesmo ano em que defendeu sua dissertação pela UFMG sobre “As bases cibernéticas da terapia familiar sistêmica. Contribuições à precisão conceitual.” É epistemóloga. Atualmente é coordenadora e professora de cursos de pós graduação no Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Sócia fundadora da EquipSIS – Equipe sistêmica em Belo Horizonte. Sua principal contribuição

contemporânea vem, sim, fazendo uma cuidadosa revisão de muitos de seus conceitos, entretanto isso não significa o abandono do procedimento científico porque ela não chega a tais conclusões por esta via. O caminho passa pela descoberta das limitações intrínsecas aos conceitos e métodos utilizados até então. Em outras palavras, isso não quer dizer que por mudar seu paradigma a ciência esteja perdendo sua cientificidade, está deixando de ser científica ou se confundindo com outros domínios de explicações. Uma nova epistemologia da ciência quer dizer “uma nova visão ou concepção de mundo e de trabalho científico, de uma nova concepção de conhecimento, implícita na atividade científica – em suas teorias e práticas.” (Idem, p. 43).

Edgar Morin33 (2000) segue nesta direção, porém destaca outro aspecto da mudança. Diz ele que “A MAIOR CONTRIBUIÇÃO de

encontra-se no campo da epistemologia sistêmica. Um dos livros que utilizo é “O Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da ciência” (2005) e artigos. 33 Edgar Morin nasceu em Paris (1921) onde vive atualmente. É sociólogo, também formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia e Epistemologia. Durante a Segunda Guerra Mundial participou da Resistência Francesa. Pesquisador e diretor emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Presidente da Associação para o Pensamento Complexo, Presidente da Agência Europeia para a Cultura, membro fundador da Academia da Latinidade, co-director do Centro de Estudos Transdisciplinares da École des Hautes Etudes en Sciences Sociales. É também investigador e membro honorário do Instituto Piaget. Considerado um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos da complexidade. Autor de muitos livros, entre eles: “Introdução ao pensamento complexo”, “Ciência com consciência” e “Os sete saberes necessários para a educação do futuro”. Entretanto, sua obra principal é “O método”; composta de seis volumes, publicados a partir de 1977: “A Natureza da Natureza”, “A Vida da Vida”, “O Conhecimento do Conhecimento”, “As idéias: habitat, vida, costumes, organização”, “A humanidade da humanidade: a identidade humana” e “A Ética”. Morin propõe a religação dos saberes com novas concepções sobre o conhecimento e a educação; é considerado o arquiteto da complexidade, cuja expressão é tomada em seu sentido etimológico latino, aquilo que é tecido em

conjunto. “O pensamento complexo, segundo Morin, tem como fundamento formulações surgidas no campo das ciências exatas e naturais, como as teorias da informação e dos sistemas e a cibernética, que evidenciaram a necessidade de superar as fronteiras entre as disciplinas. Ele considera a incerteza e as contradições como parte da vida e da condição humana e, ao mesmo tempo, sugere a solidariedade e a ética como caminho para a religação dos seres e dos saberes", diz Izabel Rosa Petraglia, professora do Centro Universitário Nove de Julho, em São Paulo. Para saber mais, cf.:

conhecimento do século XX foi o conhecimento dos limites do conhecimento. A maior certeza que nos foi dada é a indestrutibilidade das incertezas, não somente na ação, mas também no conhecimento.” (Idem, p. 55) [grifo do autor].

A ciência contemporânea, diferente da ciência moderna, tem divisado outro percurso, sustentado no pensamento sistêmico,34 que de acordo com Fritjof Capra (1997, p. 39) trata-se da “compreensão de um fenômeno dentro de um contexto”; significa uma nova forma de pensar