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ANÁLISE ESTATÍSTICA

No documento Terapia manual.pdf (páginas 115-119)

Kinematics analysis of the jump in the sagital plane in women with patellofemoral syndrome.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

A consistência dos dados angulares da primeira aterrissagem dos 3 THT realizados foi verifi cada através da análise de variância (ANOVA), coefi ciente de correla- ção intraclasse (CCI) e pela análise de concordância de Bland-Altman. O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para testar a distribuição da normalidade. As variáveis do es- tudo, assumindo a curva de normalidade, foram apre- sentadas em média e desvio padrão (DP). Para compa- rar os resultados dos ângulos de fl exão do quadril, joe- lho e dorsifl exão do tornozelo, entre o GC e GE, foi utili- zado o teste t de Student independente bicaudado, dos dados obtidos no terceiro salto. A signifi cância estatís- tica foi estipulada em 5% (P<0,05). As análises foram realizadas no programa SPSS® (Statistical Package for Social Sciences versão 15.0).

RESULTADOS

Os grupos foram homogêneos quanto às caracte- rísticas antropométricas, diferindo apenas quanto à dor femoropatelar (Tabela1).

Os valores angulares máximos de fl exão do quadril, joelho e dorsifl exão obtidos durante a primeira aterrissa- gem do THT para as 3 repetições realizadas em cada grupo avaliado, apresentaram forte concordância e nenhuma di- ferença através da análise de variância (Tabela 2).

A análise de Bland-Altman do grupo controle apre- sentou viés menor que 4° para todas as análises. A va- riabilidade dos dados entre o primeiro e segundo salto foi de 19,82° para o quadril, 16,38° para o joelho, 12,7° para o tornozelo e entre o segundo e terceiro salto, foi de 12,34° para o quadril, 18,8° para o joelho e de 12,14° para o tornozelo (Figura 1).

Tabela 1. Descrição da amostra em média (DP)

grupo controle grupo experimental P*

massa (Kg) 54,5(7,58) 56,16(5,25) 0,53

altura (m) 1,61(0,06) 1,64(0,04) 0,11

IMC 21,01(2,73) 20,68(1,76) 0,73

EVA (mm) 0(0,0) 55,16(13,57) 0,001

Abreviações: Kg, Quilogramas; m, metros; mm, milímetros; IMC, índice de massa corpórea; EVA, escala visual análoga.*P calculado por teste t indepen- dente bicaudado.

Tabela 2. Consistência dos dados de amplitude máxima de fl exão do quadril, joelho e dorsifl exão durante a primeira aterrissagem do THT entre as 3 repetições.

grupo controle grupo experimental

CCI [95%IC] P CCI [95%IC] P

quadril 0,95 [0,88-0,98] 0,946 0,97[0,93-0,99] 0,621

joelho 0,75 [0,37-0,92] 0,845 0,87[0,68-0,96] 0,626

tornozelo 0,94[0,84-0,98] 0,752 0,82[0,55-0,94] 0,879

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André Serra Bley, Amir Curcio dos Reis, Nayra Deise Rabelo dos Anjos, et al.

Não foram observadas diferenças nas amplitudes de movimento máximas de fl exão do quadril, joelho e dorsifl exão do tornozelo entre os grupos controle e ex- perimental (Tabela 3).

DISCUSSÃO

O presente estudo não confi rmou a hipótese de que mulheres com SDFP apresentariam maiores picos de amplitude de movimento do quadril, joelho e torno- zelo durante a primeira aterrissagem do THT. As dife- renças das médias encontradas entre os grupos para os picos de fl exão do quadril, joelho e tornozelo não foram signifi cantes.

É importante destacar que os estudos consultados sobre a cinemática do salto não descrevem a variabilida- de angular dos dados obtidos, o que pode gerar conclu- sões indevidas. Neste estudo optou-se por utilizar para análise entre os grupos, os valores angulares do tercei- ro teste, pois na análise de concordância de Bland-Alt- man, a variabilidade dos picos angulares do grupo con- trole apresentaram valores menores entre o segundo e terceiro teste, exceto para o joelho, na qual a variabili- dade apresentou-se ligeiramente maior.

Ford et al. (26) apresentou a consistência durante a coleta de dados tridimensionais apenas pelo CCI e ob- servou bons resultados, no entanto, esta única avalia- ção não demonstra a variabilidade existente para cada teste realizado. Portanto, a análise de Bland-Altman é de suma importancia, uma vez que sua interpretação expressa se os resultados obtidos podem ser realmente considerados clinicamente importantes.

Diante dos dados obtidos neste estudo, apenas os resultados maiores que a própria variabilidade do teste empregado poderiam ser considerados como diferen- tes e clinicamente importantes entre os grupos. Sendo assim, as diferenças angulares encontradas entre os grupos controle e experimental deveriam ser maiores que 12,34° para o quadril, 18,8° para o joelho e 12,14° para o tornozelo, valores inferiores devem ser decorren- tes da própria variabilidade do teste empregado.

Neste estudo, as diferenças angulares obtidas, entre os grupos, para quadril, joelho e tornozelo foram de 4,54°, 2,8° e 1,44°, respectivamente. Estes valores são inferiores a variabilidade observada no grupo con- trole (Figura 1). Contudo, os resultados obtidos, além de não apresentarem diferenças signifi cantes, podem

não implicar em repercussões clínicas importantes para o paciente.

Os resultados estão de acordo com outros estu- dos (10,13), que utilizaram a aterrissagem do salto para avaliação da cinemática do quadril e joelho e não apre- sentaram diferenças cinemáticas destas articulações no plano sagital.

Optou-se então por utilizarmos o THT, pois é um teste que indica indiretamente a força e potência do membro inferior, o qual é extremamente utilizado em avaliações clínicas (20), além de ser a aterrissagem do primeiro salto do THT um momento que exige extremo controle neuromuscular, pois ocorre a absorção do cho- que e imediatamente após essa fase há uma fase de im- pulso para a preparação para o próximo salto.

Devido à alta exigência neuromuscular do teste, al- terações biomecânicas poderiam ser observadas com maior facilidade. Além disso, não foram encontrados es- tudos que realizaram a análise cinemática do THT para indivíduos com SDFP.

A hipótese avaliada neste estudo de que diferen- tes ângulos de quadril e joelho no plano sagital pode- riam ser diferentes em mulheres com SDFP, foi base- ada em estudos que indicam que mulheres com SDFP Tabela 3. Ângulo máximo de fl exão do quadril, joelho e dorsifl exão durante a aterrissagem do terceiro salto.

grupo controle grupo experimental P*

quadril 61,15(8,97) 56,61(8,3) 0,21

joelho 52,60(6,31) 49,80(5,83) 0,27

tornozelo 30,20(7,39) 28,76(4,84) 0,57

Média (desvio padrão). *P calculado pelo teste t independente bicaudado. Valores em graus.

Figura 1. Representação gráfi ca de Bland-Altman da primeira aterrissagem do THT do grupo controle. (A) Variabilidade angular entre o primeiro e segundo momento de coleta; (B) Variabilidade angular entre o segundo e terceiro momento.

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Análise cinemática do salto no plano sagital em mulheres com síndrome femoropatelar.

apresentam fraqueza dos músculos do quadril (14,15) e joelho (27), que pode infl uenciar na cinemática articu- lar dos membros inferiores. Dentre estes estudos pes- quisados, nenhum avaliou a cinemática do tornozelo no plano sagital.

O estudo de Harrison et al. (28) refere que os me- canismos de absorção de choque de um salto podem estar relacionados às causas da SDFP, pois são caracte- rizados pelas diferenças nas amplitudes de movimentos articulares dos membros inferiores. O ângulo de fl exão do joelho é considerado o mais importante deles, pois pode gerar estresse aumentado entre a patela e fêmur, consequentemente favorecendo a dor femoropatelar.

No entanto, sabe-se que a aterrissagem de um salto gera importantes amplitudes de movimento no quadril, joelho e tornozelo, portanto, possíveis alterações dos me- canismos de absorção do salto pelo quadril e tornozelo poderiam infl uenciar positiva ou negativamente as ampli- tudes de movimento da articulação do joelho.

Pollard et al. (29) e Howard et al. (30) verifi caram que os indivíduos saudáveis que apresentam menores amplitudes de movimento de quadril e joelho durante a aterrissagem do salto apresentam maiores amplitudes de movimento no plano frontal, como forma de atenua- rem as forças de reação do solo.

Além disso, sabe-se que os músculos relacionados com o controle dos movimentos no plano sagital apre- sentam maior área de secção transversa e que mesmo diante de desequilíbrios musculares, podem ser capa- zes de controlar os movimentos do quadril, joelho e tor- nozelo, não evidenciando grandes alterações cinemáti-

cas. Porém, os músculos que controlam os movimentos nos planos frontal e transversal são menos volumosos e em testes de alta demanda biomecânica, como o THT, podem não ser capazes de controlar a cinemática articu- lar dos membros inferiores, acarretando maior adução e rotação do quadril (10,11,13).

Dessa forma, estudos recentes têm investigado principalmente as alterações nos planos frontal e trans- versal. Este estudo apresentou limitações pois, não reali- zou a análise das variáveis que podem infl uenciar as am- plitudes de movimento no plano sagital tais como os mo- mentos de força envolvidos e atividade eletromiográfi ca e, devido a variabilidade encontrada nos resultados, um maior número de participantes poderiam evidenciar se pequenas alterações angulares no plano sagital são dife- renças clínicas importantes em indivíduos com SDFP. CONCLUSÃO

Mulheres com SDFP não apresentaram diferenças cinemáticas no plano sagital do quadril, joelho e torno- zelo durante a primeira aterrissagem do THT.

A variabilidade angular observada dentro do grupo controle é um dado que deve ser considerado nas aná- lises de estudos tridimensionais, pois diferenças encon- tradas podem ser decorrentes da variabilidade do pró- prio teste empregado, não representando uma diferen- ça mínima clinicamente importante.

AGRADECIMENTOS

A bolsa de estudos e auxílio à pesquisa concedida pela Universidade Nove de Julho.

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Artigo Original

Correlação do posicionamento do calcâneo

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