• Nenhum resultado encontrado

Apêndice A - Termo de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Protagonismo ambiental em práticas de arborização: elementos motivacionais, saberes e fazeres dos atores sociais envolvidos

Profa. Dra. Alessandra Aparecida Viveiro e Fábio Gabriel Nascibem

Número do CAAE: 78675617.7.0000.5404

Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo se você não aceitar participar ou retirar sua autorização em qualquer momento.

Justificativa e objetivos:

Justifica-se a presente pesquisa, pois ela busca fazer diálogos entre os saberes populares e científicos, trazendo a tona os conhecimentos e motivações de atores sociais sobre plantio de árvores. Buscamos, a partir destes saberes e fazeres, trazer a tona ações de protagonismo ambiental que possam inspirar a formação de novos atores, contribuindo para construção de uma racionalidade ambiental. Deste modo, nosso objetivo é investigar as vivências de atores sociais que realizaram ações de plantio de árvores, configurando ações de protagonismo ambiental, inspirando futuras ações de protagonismo ambiental e valoração de novos atores sociais.

Procedimentos:

Participando do estudo você está sendo convidado a participar em uma entrevista que será gravada, na qual relatará suas vivências sobre o plantio de árvores que você realizou. Estimamos cerca de 1h30min para realização da entrevista, sendo que as gravações serão mantidas armazenadas até o fim da produção do relatório de pesquisa.

Desconfortos e riscos:

Você não deve participar deste estudo caso não se sentir à vontade, não queira expor suas vivências a respeito do tema da pesquisa, seja por qual motivo for. Não há riscos previsíveis em sua participação, que é voluntária.

Benefícios:

Não há benefícios diretos para os participantes da pesquisa. De forma indireta, espera- se que a pesquisa traga contribuições para o campo de Educação Ambiental, possibilitando identificar aspectos que estimulem novas ações de protagonismo ambiental.

Acompanhamento e assistência: Não há previsão inicial.

Sigilo e privacidade:

Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado.

Ressarcimento e Indenização: Não há previsão inicial. Contato:

Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com os pesquisadores: Profa. Dra. Alessandra Aparecida Viveiro (pesquisador responsável, Telefone para contato: (...); e Fábio Gabriel Nascibem (Pesquisador participante), Telefones para contato: (...), ou pelo email: (...)

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP das 08h30min às 11h30min e das 13h00 as 17h00 na Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936 ou (19) 3521-7187; e- mail: cep@fcm.unicamp.br.

O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

O papel do CEP é avaliar e acompanhar os aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), tem por objetivo desenvolver a regulamentação sobre proteção dos seres humanos envolvidos nas pesquisas. Desempenha um papel coordenador da rede de Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) das instituições, além de assumir a função de órgão consultor na área de ética em pesquisas

Consentimento livre e esclarecido:

Após ter recebido esclarecimentos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar e declaro estar recebendo uma via original deste documento assinada pelo pesquisador e por mim, tendo todas as folhas por nós rubricadas:

Nome do (a) participante: ________________________________________________________ Contato telefônico: _____________________________________________________________ e-mail (opcional): ______________________________________________________________

_______________________________________________________ Data: ____/_____/______. (Assinatura do participante ou nome e assinatura do seu RESPONSÁVEL LEGAL)

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma via deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.

______________________________________________________ Data: ____/_____/______. Fábio Gabriel Nascibem

Apêndice B - Coletânea de Histórias Orais

A História Oral do primeiro plantador

O despertar como plantador

Eu sempre tive esse gosto pela natureza, eu não sei explicar o certo, mas sempre gostei de apreciar as árvores, gosto de ver nascer, crescer, produzir, mas o certo, o porquê que eu gosto disso é difícil explicar. Foi desde pequeno, porque eu tive influência da minha avó, ela sempre gostou de flores, de plantas, e eu cresci perto dela, então eu fui influenciado por ela. Mas, de uns seis, sete anos eu já estava plantando também.

A minha vó e meu pai também tem costume de plantar. Até hoje ele costuma pegar árvore no horto aqui em São Carlos e planta, daí lá no sítio da igreja, às vezes lá para o lado do sítio dos meus amigos, lá a gente realiza o plantio também.

Quanto a mim, geralmente eu mesmo plantava no sítio em áreas de reserva, que nós pegamos mais área de reserva, são sítios dos meus amigos. O meu pai tem o costume de pegar, ele já andou plantando numa reserva aqui perto, agora a igreja comprou um sítio que acho que tem oito alqueires e ele tá lá plantando na reserva. Mas eu tenho um projeto que eu quero colocar em prática logo que é começar a produzir as mudas e encontrar um grupo, uma equipe para plantar nas áreas verdes daqui.

A prática de plantio

Já realizamos plantio em nossas propriedades, mas a princípio é em propriedade de terceiros. Agora que a gente está querendo colocar em prática, começar a fechar mais. Porque a princípio é em áreas rurais, áreas de preservação, trazer mais para a cidade. São Carlos é uma cidade que tem várias áreas que dá pra fazer plantio, mas para isso eu preciso conversar na prefeitura para ver se tem apoio porque aí é só formar a equipe, o horto vai com apoio da prefeitura, o horto realiza doação de mudas.

Quando planto eu estou acompanhado, geralmente sou eu e meu pai. Uma vez ou outra é um amigo aqui ou ali, uma companhia de ocasião. Quanto às minhas mudas sou eu que planto. O meu pai às vezes planta as próprias, mas também pega no horto. Mas o meu foco é frutíferas, né, então é mais fácil plantar em casa, esperar crescer até dar o tempo de eu colocar na terra.

A principal motivação, passar de geração em geração e saberes ou fazeres envolvidos

[A minha identificação com a natureza] é sim, muito forte. Acho que o

princípio [da minha identificação] foi ela, [minha avó]. Os primeiros passos foi ela para reconhecer as espécies, o jeito certo de plantar, para fazer o plantio da muda. Aí outras coisas nós vamos agregando conhecimento, vai pesquisando, vai passando um pro outro.

A princípio [não influenciei diretamente alguém], não, mas eu sinto que meu sobrinho vendo meu pai e eu plantando está se identificando, porque às vezes quando acontece de a gente ir, ele quer ir junto pra plantar.

[Por fim, quanto a solos e questão hídrica] procuro escolher, eu tenho esta

visão de procurar plantar no tempo das águas, e na questão do solo, eu procuro sempre procurar espécie nativa, identificada no solo. Aqui é cerrado, a vegetação aqui é cerrado, então a gente foca mais nesta parte, das espécies do cerrado.

A segunda História Oral

Na infância

Eu vim da fazenda Tabarana. O tempo que eu passei por lá quando era criança, meu pai era, era mensalista, e trabalhava na fazendo do finado Dr. Raul33. Ele trabalhava no tempo dele com camaradas. Trabalhava com Caterpillar, que é máquina de esteira, trabalhava fazendo açudes, todos os açudes, mais de 50 açudes, na fazenda da Tabarana do finado Dr. Raul. E ele também tirava toras do mato do canteiro, onde tinha uma mata chamada “mata do canteiro”. Ele tirava tora lá de dentro da mata com

33 Raul da Rocha Medeiros foi médico e proprietário rural. Na carreira política foi vereador e prefeito da

um trator puxando. E daí eu fui crescendo, se formando, tornando mais moço, experiente...

Aí o finado Dr. Raul faleceu, aí veio os problemas de cortar sítio, fazer sítio pequeno, aí nós passamos para sítio do finado, finado, aí meu Deus, como é o nome do homem? Ah, dos Marchetto, do Eugênio Marchetto... Nós passamos por lá.

Aí tomamos conhecimento com a família que morava lá de andar no meio dos matos, aí comecei a ter conhecimento de matas, o que é madeira-cipó, o que é remédio, o que não é remédio, então fui tomando conhecimento dessas coisas aí, até uma árvore chamada “Tingui”. O Tingui é usado para tirar as folhas dele, quando você acha um poço cheio de água que tem peixe, então pega aquela palha, torce ela, joga dentro do rio, pega os peixes para comer. Os peixes morrem tudo e não é veneno. Então come aqueles peixes dali.

E dali para cá vim aprendendo, andando no meio dos matos, conhecendo as cavernas que tinha nas pedras, andando por essas beiradas de serra. Fui conhecendo, conhecendo, até chegar na parte adulta que aí eu tive um “sitinho”... Eu tava trabalhando aqui na cidade já, depois de casado. Aí meu sogro pediu para mim: “venha morar junto com nós no sítio”. Aí eu fui lá para a Cachoeira34

morar com meu sogro, aí fiquei lá 18 anos, onde eu tive os dois filhos meus, foram criados com minha sogra, passamos por lá...

Aí comecei subindo, aí meu sogro faleceu, minha sogra faleceu também, aí fui fazer a divisão do sítio, peguei quatro alqueires de terra, e ali comecei plantar, plantando bastante, aí começamos vender. Falei “não dá mais para tocar a roça”. Meu filho tombou um trator na serra, e aí eu fiquei meio desgovernado com aquele acidente. Aí eu falei: “vou embora”. Daí minha mulher falou: “vamos, vamos embora”. Aí barganhamos, vendemos o sítio, barganhamos com uma casa que era do Abílio Carcinonni e dali começamos a andar trabalhando de um lugar para outro, minha mulher foi costureira, trabalhando de costureira, e eu trabalhando de diarista, por dias aí...

Plantador profissional

[Então] surgiu um serviço, que eu estava desempregado, aí um cidadão

falou assim: “Ó Tonhão, tem uma brecha para você entrar no matadouro”. Aí fui trabalhar no matadouro. Aí comecei trabalhar com sangue, na lavagem de sangue, na piscina de tratamento de sangue. Aí trabalhei mais ou menos um ano e meio, dois anos nestas partes aí.

[Depois] comecei a trabalhar na horta, me chamaram para trabalhar na

horta, granja, e também coisa de viveiro de mudas. Foi aí que comecei a aprendizagem. Aí fui crescendo, nessas partes aí.

[Em outro momento] me convidaram para ir ao viveiro de mudas. Que

naquele tempo nós trabalhávamos com equipe. Então eram o Guimarães, outras pessoas, era o Garbim, Tadeu Nogueira, tudo que nós trabalhamos nestas partes aí do viveiro de mudas. Aí pediram para eu ir fazer a coleta de sementes. Aí eu falei: “como vou tirar semente?”, aí me deram um alicate de guilhotina para cortar os galhos lá em cima da árvore. Você do chão puxava da cordinha, aí o galho descia e você tirava a semente. Aí começamos a tirar a semente, aí foi preparando essa semente no viveiro, e eu também já fui começando a semear... Semear... Fui fazendo a “semeação” no viveiro e plantas foram nascendo, já ia plantando nos balainhos, passando para os balainhos, e foi em seguida. Aí eu começando tirar semente de embaúba, que embaúba é delicada a semente dela... Só tira onde é brejo... Onde é brejo, barranco molhado... Tem que ser local molhado... Aí você tirava a semente, aquelas batatinhas, aquelas bolinhas, aí você coloca secar e esfarelava ela na mão. Aí você colocava no pote de preparação para semear, e ela é pouco tempo para nascer, dentro de 15, 20 dias no máximo já começa o nascimento dela.

Aí dali eu comecei tirar também, painas, paineiras. Eu ia ali pelo Santo Antônio35 nos parentes meus, tinha muitas paineiras, aí nós pegávamos um bambu cumprido com um gancho, balançava lá em cima e apanhava. Eu ia com meu carro, minha Brasília, que eu tenho ela até hoje, mas não tá andando muito bem [o

entrevistado dá risadas], então a gente foi pegando semente e fazendo. Então pegou

bastante, trabalhava em equipe, 3, 4, 5 homens que vinham da Usina. A Usina entrou em parceria com nós também. Aí era semente à vontade para fazer, era muito balainho também para fazer, aí foi em seguida, daí para lá fui só crescendo, aí, pode falar?

Estão preparadas essas mudas aí em diversos lugares. Foi semeado para os sítios vizinhos da serra da Tabarana, serra da Anhumas, Água Limpa, para tudo quanto é lado... Pivetta, vários lugares nós servíamos mudas, Cestari também pegaram muitas mudas nossas lá, entrava bem dizer em parceria, sabe? Às vezes pegava um balainho e trocava sobre muda na prefeitura e daí começava plantio. Daí eu comecei com uma equipe plantando nas terras. Eu pegava o tratorzinho, tirava semente, aí coletava a semente. O que era excesso de semente, que tinha muito na cidade eu levava no tratorzinho e semeava na serra, em lugar úmido, que dá vegetação, brotamento, eu semeava. Aí nascia tudo lá. Aí eu comecei a pegar o tratorzinho também, coletagem de semente para o viveiro de mudas, tudo isso daí.

[Além de Monte Alto] tem árvores plantadas que a usina entrou em

parceria ali indo para Guariba, passando uma distância mais ou menos de Guariba ali passando um córrego no lado esquerdo, ali pediram para fazer uma mata com mudas nossas do viveiro de mudas, muitas mudas, muitas... Mais de duas mil, três mil mudas que foram servidas com eles, mas eles trabalharam com parceria com a prefeitura. Servia os balainhos, servia os homens para fazer mudas... Aí quando vinha buscar levava duas “Scannias” de mudas para plantar... E outras cidades vizinhas vinham buscar com nós também que servia, serviu Vista Alegre do Alto, serviu mudas nossas também do viveiro... Vários lugares aí da região foi servido mudas do viveiro de mudas em parcerias com a prefeitura.

Relação com ambiente: Plantio e abertura de trilhas nas serras

[Agora em relação à minha experiência nas] serras tudo também foram

plantados, vários lugares, onde tinha biboca de serra que eles faziam fiscalização, que tinha fiscal que fazia fiscalização, que tinha que plantar, aí levava muda e plantava. O nosso Turvo36 aqui embaixo, abaixo do museu nós tivemos muitas mudas, onde plantamos, ainda até o tratorzinho tá carregado de mudas, a carretinha tá lá em casa, em casa tenho um retrato que tava tirando, plantando as mudas lá abaixo do museu.

Então, as trilhas começaram através da tiração de sementes. Eu não conhecia nenhum motoqueiro de Monte Alto, não tinha contato com ninguém... De repente eu comecei a abrir um pedaço de trilha, que eu fazia trilha para coletagem de

semente, semeação de sementes... Aí veio três motoqueiros e passou pela trilha e disse assim: “Ó Tonhão, podemos usar estas trilhas?”. Eu falei: “Ó, meu amigo, é o seguinte, respeitando o meio ambiente não tem nada mais, pode conseguir passar”. Aí passaram, e no passar dessa trilha eles falaram no outro sábado: “não tem jeito do senhor aumentar mais?”. Aí deu no que deu: as trilhas formadas. Aí veio dez motos, cinco motos, trinta motos, cinquenta motos, até duzentas motos veio também... Até hoje muitos motoqueiros vem para Monte Alto para fazer as trilhas, e eu falei para eles, expliquei a eles sobre as toras, o que é meio ambiente, o que não é meio ambiente, respeito, respeito sobre a natureza, sobre as cobras, sobre os bichos, tudo... Até hoje tem respeito sobre essas coisas aí. E eu descia com eles até na pirambeira lá embaixo, nós andávamos lá embaixo da serra e eu ia explicando para eles o que é Cabreúva, o que é peroba, o que é jatobazeiro, ou também o pau-d’alho, que parece alho, cheiro dele é que nem alho, mesma coisa, muito grande as toras, nós temos toras de jatobazeiro, de todas essas árvores aí que dois homens não abraçam os troncos delas, de tão grossas que são, muito gigantescas. Eu conheço todas as regiões da serra do Cascavel, da fazenda do Cascavel. Então é muito bom, ali é rico. Aquela parte é riquíssima em água. Toda quanto é baixada tem mina de água, é muito rica, e água potável. Só um lugar, só um lugar, que tem uma parte que tem águas venenosas, aquela água não serve para tomar porque ela é um lodo vermelho, lodo amarelo que tem... Então dizem que ela é uma água “enferrujada” e não tem como consumir. Aí teve um rapaz lá que veio nadar com as crianças lá, e eu falei: “Olha, cuidado, dizem que essa água aí dá febre, essa água aí”. Daí o menino falou: “Ah, não. Água é água” e tomou banho ali. Quando foi no outro dia as crianças estavam todas doentes, e eu falei para eles: “Não falei para vocês que essa água não pode fazer consumo nem para beber, nem para tomar banho, para nada?”. Agora as outras cascatas são tudo água potável, água boa. Se você passa e você está com sede, pode abaixar nas minas e tomar das minas que a água é boa de verdade, excelente, ok?

Regresso ao viveiro e trabalho nas praças como jardineiro

Aí [depois disso] eu voltei para o viveiro de mudas denovo. Eu tava no viveiro, aí veio o Tadeu Nogueira37 com mais outros e me deram um tratorzinho e disse assim: “Ó, você vai trabalhar sobre as praças de Monte Alto”. Aí eu comecei a

trabalhar nas praças da cidade. Todas as praças da cidade, eu trabalhava com o tratorzinho pequenininho. Aí eu lotava uma média de sete viagens por dia e tirava cada dia numa praça limpando, ajeitando, carpindo, eu mesmo, só eu sozinho, limpando e levando embora para os lugares. Aí começaram deste jeito, aí o Tadeu Nogueira falou: “Tonhão, agora você vai para a praça, trabalhar na praça”, mas aí eu disse: “mas eu não sei nada, como é que eu vou para a praça?”, e ele falou: “Não sei, vai lá”. Aí eu comecei, na época o administrador acho que era o Gilbertão38, o Mauricião39... Aí falou assim: “Você vai trabalhar na praça”, aí eu disse assim: “Mas como vou trabalhar na praça, se está tudo morta as plantas?”. Aí o Gilbertão disse: “Você se vira, você não vai ser jardineiro? Você se vira. Isso é serviço seu”. Aí eu falei: “Então dá licença, vou cortar tudo”. Cortei tudo, me trouxeram adubo, adubei, a coisa dentro de quinze dias no máximo virou uma mata, ficou muito bonito. Aí as mulheres falavam: “Seu Maurício, não deixa mais o grandão sair da praça, porque o grandão levantou a praça, ressuscitou a praça que tava morta”. Aí comecei por oportunidade trabalhar aqui com muito carinho, muito amor, até hoje tenho amor no plantio, tudo o que eu faço. Graças a Deus eu tô contente, tô feliz, meu administrador é bom, o dirigente também, o João Paulo é muito bom, são todos bons para mim... Eu tô até hoje aqui feliz, graças a Deus.

Plantio como um gosto pessoal

[Estas foram às experiências profissionais, agora a primeira árvore que plantei]... Ah, foram várias, [mas] a primeira de todas foi na área industrial, foi junto

com a equipe que veio fazer o plantio, junto com as crianças das escolas. Então foram várias árvores. Lá foram plantadas Cabreúva, aroeira, peroba, guajuvira, vários tipos de árvores que eu nem me lembro no momento. E eu tirava sementes, depois destas árvores formadas eu tirava sementes também para levar para o viveiro de mudas. Inclusive tem uma árvore na área industrial até hoje que ela serve para fazer cola. A semente dela é uma verdadeira cola. Você pega e cola mesmo, cola qualquer coisa.

[Agora em relação à] minha casa eu plantei, planto, gosto de jardim na

minha casa. Plantei roseiras, tenho um pé de “coisa” também, de amora, que já tá dando amoras, mamão, tem dois pés de mamão começando a “ponhar” mamãozinho também, na rua tem três pés de oitis, de pau-rei que veio também quando nós buscamos