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3. Revisão bibliográfica e levantamento webgráfico sobre elementos motivacionais, saberes e

3.1 Revisão bibliográfica

Buscando trazer contribuições sobre as questões que tangem aos elementos motivacionais e saberes envolvidos em práticas de plantio de árvores, que se configuram como ações de protagonismo ambiental, realizamos uma revisão bibliográfica, objetivando analisar quais são os relatos de ações de protagonismo ambiental no plantio de árvores e quais foram os saberes e elementos motivacionais que impulsionaram estas ações. Para tanto, houve três movimentos:

1) O primeiro foi uma ação coletiva de alguns membros da equipe do projeto “Plantadores de Árvores”, desenvolvido no Laboratório de Estudos do Setor Público (LESP), na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi feito um levantamento de produção científica sobre a temática a partir de buscas no Google Acadêmico, Google, SciELO, e nos bancos de teses e dissertações da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e também no portal do projeto "Estado da Arte da Educação Ambiental no Brasil (EArte). Para tanto, debruçamos nestes bancos de dados olhando para os seguintes descritores: “protagonismo ambiental”, “socioambientalismo” e “arborização”, sendo este último combinado com os termos “iniciativa”, “participação”, “mobilização” e “cidadania” (VIVEIRO; GONÇALVES JUNIOR, 2016).

No que tange ao olhar direcionado aos artigos, teses e dissertações encontrados pela equipe do projeto, um total de 42 trabalhos, sendo: 31 artigos em periódicos, 10 teses/dissertações e 1 artigo em anais de evento. Então, estes trabalhos foram agrupados em

três eixos principais: identificados sob os termos “participação”, “percepção e convivência” e “diagnóstico e recomendações” (VIVEIRO; GONÇALVES JUNIOR, 2016).

O eixo “participação” reúne trabalhos que traziam exemplares “atrelados às iniciativas comunitárias e escolares neste campo, bem como reflexões sobre estímulos e significados implicados no engajamento público e nas relações de poder na gestão ambiental

(VIVEIRO; GONÇALVES JUNIOR, on-line, 2016). Sendo assim, foram integrados trabalhos que apresentavam relatos de iniciativas em escolas e outros espaços, vistos como janelas de oportunidade para participação coletiva em plantios, onde havia engajamento e participação de diferentes atores no plantio de árvores, abrindo oportunidades para ação e participação neste sentido.

Já no eixo “percepção e convivência”, “um grupo majoritário dedica-se a tratar de pesquisas realizadas junto à população e que procuram averiguar aspectos relativos à percepção ambiental” (VIVEIRO; GONÇALVES JUNIOR, on-line, 2016). Neste eixo foram aglutinados trabalhos que descreviam as percepções dos plantadores: Por que plantam? Qual a relação entre arborização e os plantadores? Etc. Os trabalhos, de modo geral, tratam de uma maneira mais descritiva, buscando perfilar as ações sem uma preocupação socioambiental, de aspectos políticos, econômicos ou sociais relacionados às ações.

O último eixo, “diagnósticos e recomendações, [...] se dedica a estudar a compatibilização entre arborização e ambiente urbano, enfatizando adequações necessárias e questões urbanísticas” (VIVEIRO; GONÇALVES JUNIOR, on-line, 2016). Como se pode notar, esse eixo aglomera trabalhos que diagnosticam, sob um olhar técnico, problemas ambientais e levantam possíveis recomendações e soluções a estes.

Pudemos apurar que os principais resultados dão conta que estes trabalhos registram, dentre outras coisas, fundamentos da Educação Ambiental crítica, participações de projetos de plantios em escolas, percepções de moradores sobre arborização, participação democrática em Educação Ambiental em municípios, e outros elementos, mas não necessariamente trazem ações, saberes e motivações de atores sociais envolvidos em práticas de protagonismo ambiental, imbuídos em um olhar socioambiental, objetivo desta pesquisa.

2) Em segundo momento, realizamos uma pesquisa de revisão bibliográfica no site do Encontro Pesquisa em Educação Ambiental (EPEA), em todos os volumes disponíveis dos anais. Para tanto, buscamos em títulos, resumos e palavras-chave, principalmente

buscando os seguintes caracteres: “atores sociais”, “elementos motivacionais”, “saberes”, “plantadores” e “protagonismo”.

Em relação aos anais do EPEA, não encontramos artigos que se relacionem com a temática em voga. Considerando a escassez de resultados, refletimos a importância de trazer contribuições à área a partir de tais reflexões, na qual pensamos que este referencial construído até o presente momento na pesquisa traz um olhar para além de concepções consideradas ingênuas ou conservadoras de Educação Ambiental (NASCIBEM; VIVEIRO; GONÇALVES JUNIOR, 2017).

3) O último movimento se deu, em 2018, quando houve a participação de um membro da equipe do projeto em uma banca de defesa de dissertação, na UFSCar, de Ribeiro (2018), que desenvolveu sua pesquisa junto ao Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural, do Centro de Ciências Agrárias, da mesma Universidade.

O trabalho teve por objetivos investigar: o perfil daquele que planta (Quem é? Em que áreas prefere plantar? Etc.), se há relação entre ser plantador com ter origem rural e se existe uma relação de cuidado, ou seja, se os plantadores manifestam zelo pelas árvores, mantendo-as, podando-as e conservando-as, visto como vital para a preservação ambiental (RIBEIRO, 2018).

Metodologicamente, valeu-se de uma busca inicial em reportagens jornalísticas e visitas em áreas públicas onde se realizam plantios, na cidade de Araras-SP. A partir desta sondagem, chegaram à conclusão que o tema é pouco estudado, e então, em visitas de campo, encontraram um total de 121 áreas públicas onde há práticas de plantio. Deste total, selecionaram 17 ações, em 7 áreas, a fim de entrevistar e estudarem mais a fundo (RIBEIRO, 2018).

Os principais resultados remontam que parece haver uma relação entre origem rural e a motivação para plantar. Além disso, há também relação entre o conceito de cuidado com a manutenção das áreas plantadas: constataram que os plantadores possuem um papel pela preservação natural na cidade. Por fim, levantam a questão de que possivelmente, a cidade pudesse vir a reconhecer, cadastrando os plantadores que se comprometam a zelar pelas áreas verdes (RIBEIRO, 2018).

Diante do quadro apresentado, pensamos serem relevantes os dados obtidos nesta pesquisa. Entendemos ainda, que nossa pesquisa tem um olhar socioambiental para a questão; faremos também uma descrição e um perfil dos plantadores, a exemplo do que foi feito, mas situamos a nossa contribuição com um olhar sobre a cultura, as visões de mundo, as

racionalidades acessadas, das quais pensamos essenciais para o entendimento do que leva as pessoas a lançarem mão destas ações. Posteriormente, pensamos ser possível a partir deste entendimento, vir a inspirar outros plantadores.

A exemplo do autor, faremos, a seguir, um levantamento sobre reportagens disponíveis na grande mídia sobre o tema.