• Nenhum resultado encontrado

APELAÇÃO CÍVEL Nº 2004011118597-

No documento 176rdj093 (páginas 106-111)

Tribunal de Justiça do Distrito Federal

APELAÇÃO CÍVEL Nº 2004011118597-

Apelantes - Indústria e Comércio de Moda Santana Ltda. Epp e outros Apelados - Consulnet Consultoria e Assessoria Empresarial SC Ltda. e outros Relator - Des. João Mariosi

Terceira Turma Cível

EMENTA

CIVIL - CONTRATO - SERVIÇO ADVOCATÍCIO - PEDRAS PRECIOSAS - EXECUÇÃO FISCAL.

1. O contrato de prestação de serviço celebrado com advogado para o oferecimento de pedras preciosas ao Fisco como forma de garantia de pagamento de débitos tributários não tem como objeto a compra destes minerais de alto valor monetário, mas a representação do devedor em execução fiscal, sobretudo porque o preço pactuado no negócio jurídico é significativamente inferior aos quilates indicados no pacto.

2. Recurso não provido.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, João Mariosi - Relator, Nilsoni de Freitas Custódio - Revisora, Humberto Adjuto Ulhôa - Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador Mário-Zam Belmiro, em proferir a seguinte decisão: conhecer. Negar provimento ao recurso. Unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 21 de julho de 2010.

RELATÓRIO

Adoto em parte o relatório da sentença:

“INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MODA SANTANA LTDA - EPP e WLANIR SANTANA PIMENTA DE ALMEIDA, qua- lificados nos autos, propôs a presente ação ordinária c.c pedido liminar de antecipação de tutela, em face de CONSULNET CONSULTORIA E ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA e

106 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

LAÉRCIO FILGUEIRAS SANTOS, aduzindo, em síntese, que pretendem a rescisão de um contrato particular firmado entre o primeiro autor e os réus e o cancelamento dos protestos efetiva- dos pelos réus contra a pessoa do 2º autor, representante legal do primeiro autor.

Segundo a inicial, a empresa 1ª AUTORA firmou com a 1ª RÉ contrato de compra e venda de pedras preciosas, em 23/01/2001, sendo que nada foi entregue à 1ª autora. O 1º réu teria contrata- do um advogado para oferecer em juízo as pedras preciosas para garantia de dívidas fiscais, o que não foi aceito. Os autores são devedores fiscais e, pretendiam utilizar as pedras para garantia destes processos. No entanto, atualmente estão no programa REFIS, de parcelamento de débitos.

Apesar da 1ª AUTORA não ter recebido as pedras, em 2004, os réus protestaram os títulos de crédito contra o representante legal da 1ª AUTORA, o segundo AUTOR, por ser avalista destes títulos. Como as pedras não foram aceitas em juízo, o protesto não é legítimo.

Na inicial, o 1º AUTOR argumenta ter pago aos réus dois cheques no valor de R$ 10.000,00 cada um, bem como R$ 11.000,00 em créditos na loja do AUTOR. Os réus protestaram o último cheque de R$ 10.000,00 e as duplicatas avalizadas pelo 2º AUTOR. Por estas razões, pede a rescisão do contrato, cancelamento dos protestos e indenização por danos morais, bem como a devolução em dobro dos valores já pagos.

Com a inicial, vieram os documentos de fls. 15/76.

Na decisão interlocutória de fls. 86, foi concedida em parte a tutela para que os cartórios se abstivessem de dar publicidade aos protestos lavrados.

Citados pessoalmente (fls. 136), os réus, às fls. 147/149, apre- sentaram contestação, impugnando os pedidos iniciais, sob a alegação de que as pedras preciosas foram efetivamente entregues, por meio de oferta aos juízos da Fazenda onde os autores seriam devedores fiscais.

Réplica às fls. 152/158.

Na audiência de conciliação de fls. 190, o acordo restou infru- tífero.

Na decisão interlocutória de fls. 198, o feito foi saneado, os pontos controvertidos foram fixados e deferida produção de prova oral.

107 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Na instrução de fls. 212, os réus não compareceram e foi indeferido o pedido de confissão ficta.”

O dispositivo da sentença é o seguinte:

“Diante do exposto e, considerando o mais que dos autos consta, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos iniciais, tudo nos termos da fundamentação.

Por isso tudo, JULGO O PROCESSO, com resolução da maté- ria de mérito, com fundamento no artigo 269, I, do Código de Processo Civil.

Em razão da sucumbência dos autores, os condeno no pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, cuja verba fixo em R$ 2.000,00 (dois mil reais), tudo com fundamento no artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil.

Transitado em Julgado e, não havendo manifestação de qualquer das partes, arquivem-se os autos.”

A sentença foi disponibilizada no Diário da Justiça Eletrônico no dia 07.12.2009 (fls. 378/383).

Inconformados, os autores interpuseram o presente recurso de apelação em 10.01.2010 (fl. 235), instruído com a guia de preparo de fl. 240. Requerem a reforma da sentença, com a reedição dos argumentos lançados na inicial.

Não foram ofertadas contrarrazões (fl. 244). É o relatório.

VOTOS

Des. João Mariosi (Relator) - Presentes os pressupostos de admissibilidade,

da apelação conheço.

Industria e Comércio de Moda Santana Ltda. - EPP e Wlanir Santana Pimenta de Almeida ajuizaram ação de rescisão de contrato em face de Consulnet Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda. e Laércio Filgueiras Santos.

Os apelantes alegam que compraram dos apelados pedras preciosas (420 quilates de esmeralda lapidada), por R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

O pagamento do objeto do contrato seria realizado por meio de três cheques no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) cada; R$ 11.000,00 (onze mil reais) em

108 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

crédito de compras nas lojas dos apelantes; 15 duplicatas de R$ 11.330 (onze mil, trezentos e trinta reais) cada.

Os apelados protestaram o último cheque e as duplicatas avalizadas pelo 2º apelante.

Os apelantes pedem a rescisão do contrato, cancelamento dos protestos e indenização por danos morais, bem como a devolução em dobro dos valores já pagos.

Da leitura do Contrato (fls. 28/29), verifica-se que o objeto do negócio jurídico não é a compra e venda das pedras preciosas.

O quilate está avaliado em R$ 2.760,00, e 420 quilates equivalem a R$ 1.159.200,00 (um milhão, cento e cinqüenta e nove mil e duzentos reais), sendo que o valor pactuado é de R$ 200.000,00.

A Cláusula 5ª do Contrato autoriza o vendedor a contratar serviço advocatício para indicar as pedras preciosas como garantia de execuções fiscais no valor total de R$ 1.250.000,00.

Ocorre que a garantia (pedras preciosas) não foi aceita em juízo.

Importante registrar o fundamento da sentença: “O fato é que a única

obrigação assumida pelos réus foi oferecer as pedras preciosas em garantia da dívida e isto foi feito. Aliás, os autores não negam este fato...neste caso, nada justifica os autores alegarem que não receberam as pedras preciosas adquiridas quando, efetivamente, o contrato não previa esta entrega aos autores, mas o oferecimento destas pedras em garantia de débitos fiscais” (fls. 220/221).

Não há, portanto, nos autos provas do descumprimento do contrato, porquanto o seu objeto era a atividade advocatícia e apresentação das pedras preciosas como garantia em processo de execução.

Face o exposto, NEGO PROVIMENTO ao contrato. É como voto.

Desa. Nilsoni de Freitas Custódio (Revisora) - Presentes os pressupostos

de admissibilidade, conheço do recurso.

Cuida-se de apelação cível interposta por Indústria de Comércio e Moda de Santana LTDA. EPP e Wlanir Santana Pimenta de Almeida, em face da sentença que julgou improcedente a pretensão deduzida na exordial.

Em razões de apelação, os apelantes requerem a rescisão do contrato, o cancelamento dos protestos, indenização por danos morais, bem como a devolução em dobro dos valores já pagos.

Delimitada a matéria e analisados os autos, em sede de revisão, concluo que os fundamentos exarados no voto relator coadunam com o meu entendimento sobre a matéria, e estão em consonância com a jurisprudência deste Egrégio

109 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Tribunal de Justiça, razão pela qual nego provimento ao apelo nos termos do voto do e. Relator.

É como voto.

Des. Humberto Adjuto Ulhôa (Vogal) - Com o Relator. DECISÃO

Conhecer. Negar provimento ao recurso. Unânime.

110 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

No documento 176rdj093 (páginas 106-111)