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RECURSOS CONHECIDOS PARCIALMENTE PROVI DO O APELO DAS DEMANDANTES E DESPROVIDO O

No documento 176rdj093 (páginas 183-187)

Tribunal de Justiça do Distrito Federal

APELAÇÃO CÍVEL Nº 2007011041749-

05. RECURSOS CONHECIDOS PARCIALMENTE PROVI DO O APELO DAS DEMANDANTES E DESPROVIDO O

APELO DA DEMANDADA. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.” (APC 2006.01.1.071881-6, reg. ac. nº 304706,

Rel. JOÃO BATISTA TEIXEIRA, Primeira Turma Cível, DJ-e 12/05/2008, pág. 230).

A empresa ré ainda postula em seu recurso de apelação que os juros e a correção monetária somente incidam após o trânsito em julgado.

A v. sentença estabeleceu que a importância destinada aos autores a título de danos materiais fosse corrigida e acrescida de juros de 0,5% ao mês até janeiro de 2003 e de 1% a contar daquela. Com relação ao valor relativo aos danos morais arbitrado em favor do menor, determinou sua correção a partir da data de sua fixação e a incidência de juros moratórios nos moldes estabelecidos para os danos materiais.

Versa a hipótese sub judice sobre responsabilidade civil contratual, por prestação de serviço de transporte de pessoas, envolvendo a empresa ré e o genitor falecido do autor.

Assim, tanto quanto aos danos materiais e danos morais, os juros moratórios devem incidir a partir da citação (artigo 219 do Código de Processo Civil e artigo 405 do Código Civil), ficando afastada a incidência da Súmula nº 54 do c. STJ que cuida de caso de responsabilidade extracontratual. Merece reforma a r. sentença apenas quanto ao termo a quo de incidência dos juros de mora, devendo prevalecer, entretanto, o seu cômputo no percentual de 0,5% ao mês e, após a vigência do novo Código Civil, no percentual de 1% ao mês.

183 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Com relação à correção monetária, mostra-se escorreita a r. sentença ao fixar, quanto ao dano material, a recomposição do valor aquisitivo da moeda desde a data do evento danoso, e, no dano moral, a partir de sua fixação, uma vez que o c. STJ, por meio da edição da Súmula nº 362, já assentou que “a correção monetária do valor

da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”.

Confiram-se os seguintes precedentes jurisprudenciais firmados no c. STJ,

in verbis:

“Embargos declaratórios. Recurso especial. Responsabilidade civil. Hospital. Danos morais e materiais. Juros e Correção monetária. Pensão mensal vitalícia. Omissão. Acolhimento parcial.

1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, em casos de devolução de valores pagos parceladamente, a correção monetária incide sobre as prestações vencidas a partir da data em que deveriam ter sido pagas e não o foram.

2. Tratando-se de responsabilidade contratual, os juros incidirão a partir da citação.

3. Quanto à data do início do pensionamento no valor de um salário- mínimo, deve retroagir à data do evento danoso.

4. Embargos declaratórios parcialmente acolhidos para aclarar o acórdão e suprir as omissões.” Grifou-se. (EDcl no REsp 400.843/

RS, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/08/2007, DJ 15/10/2007 p. 254)

“PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE IN- DENIZAÇÃO - DANOS MORAIS E MATERIAIS - ACIDENTE RODOVIÁRIO - MORTE - INDENIZAÇÃO - ARBITRAMEN- TO PELO TRIBUNAL A QUO - VALOR RAZOÁVEL - JUROS MORATÓRIOS - CORREÇÃO MONETÁRIA - TERMO INICIAL - PENSÃO MENSAL - REDUÇÃO DE 1/3 RELA- TIVO AOS PRESUMÍVEIS GASTOS PESSOAIS DA VÍTIMA - NECESSIDADE.

1 - Não sendo constatado valor exacerbado na fixação, pelo Tribunal local, do montante indenizatório do dano moral (R$ 130.000,00) em razão da morte da vítima, por acidente rodoviário, inviável sua revisão por esta Corte.

2 - Tratando-se, in casu, de responsabilidade contratual, os juros moratórios incidem a partir da citação, conforme precedentes desta Corte.

184 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

3 - Esta Corte consolidou o entendimento segundo o qual, nas indeni- zações por dano moral, o termo a quo para a incidência da correção monetária é a data em que foi arbitrado o valor. Precedentes. 4 - A teor da jurisprudência desta Corte, do cálculo da pensão mensal deve ser deduzida a terça parte, correspondente as presumíveis despesas pessoais da vítima

5 - Recurso conhecido em parte e, nessa parte, provido, para reduzir de um terço o valor da pensão mensal fixada pelo Tribunal local, bem como para determinar a atualização monetária do valor indenizatório dos danos morais, a partir desta data.” Grifou-se. (REsp 826.491/

CE, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em 16/05/2006, DJ 05/06/2006 p. 295)

Registre-se que a questão referente ao depósito em conta poupança da quantia devida ao menor e ao respectivo bloqueio para saques, como requerido pelo Ministério Público, deverá ser dirimida pelo MM. Juiz a quo, na fase de cumprimento da sentença.

Por fim, insurge-se o autor quanto à falta de fixação pelo MM. Juiz a quo dos honorários advocatícios devidos pela empresa ré, os quais, à evidência, devem ser pagos em razão de sua sucumbência e, em atenção às alíneas dispostas no § 3º do artigo 20 do Código de Processo Civil, devem ser fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

À vista do exposto, DÁ-SE PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO INTERPOSTO PELA EMPRESA-RÉ, para o fim de reconhecer a prescrição operada em relação à primeira autora e, assim, julgar extinto o processo, com resolução de mérito, nos moldes previstos no art. 269, inciso IV, do CPC, e para que, em relação ao valor devido ao segundo autor, os juros moratórios incidam a partir da citação da ré, confirmando-se a r. sentença quanto à atualização monetária do dano material a partir do evento danoso e, no dano moral, a partir de sua atual fixação.

Condena-se a primeira autora no pagamento da metade das custas processuais e honorários advocatícios da parte ré, estes arbitrados em R$ 500,00, à luz do que determina o § 4º do art. 20 do CPC, ficando, contudo, suspensa a sua exigibilidade, em conformidade ao que dispõe o art. 12 da Lei nº 1.060/50.

De outro lado, DÁ-SE PARCIAL PROVIMENTO AOS RECURSOS INTERPOSTOS PELO SEGUNDO AUTOR e pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, para majorar o valor da indenização fixada a título de dano moral para R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) ao autor e fixar o valor da pensão mensal na quantia correspondente a 2/3 do salário-mínimo, desde a data do evento danoso até quando este vier a completar 25 (vinte e cinco) anos de idade.

185 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Condena-se a ré no pagamento da metade das custas processuais e em honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, com esteio no artigo 20, § 3º, do CPC.

Desa. Ana Maria Duarte Amarante (Vogal) - Senhor Presidente, no

caso vertente, à primeira vista parecem convergir duas normas para a regência do termo inicial da incidência dos juros: de um lado, tem-se, realmente, evento durante a execução de um contrato de transporte e, por outro, tem-se também a prática de um ato ilícito; no meu entendimento, é deste último que mais se aproxima o caso de que resultou o evento danoso, daí porque entendo, pedindo vênia ao eminente Relator, que os juros devam incidir a partir do evento danoso. Considera-se, portanto, em mora o devedor, nessas hipóteses, desde a data em que perpetrou o ato.

Com essas breves considerações, sobre um único ponto de divergência, peço vênia para aderir aos demais fundamentos do eminente Relator no seu douto e substancioso voto.

Des. Jair Soares (Presidente e Vogal) - Voto com o eminente Relator,

salvo no tocante ao termo inicial dos juros de mora.

Consoante observou a eminente Desembargadora Ana Maria Duarte Amarante, existem duas normas que, em princípio, aplicar-se-iam à hipótese: a do art. 405 do Código Civil, que diz que “contam-se os juros de mora desde a citação inicial”. Este artigo, inserido na parte que trata da inadimplência contratual, refere-se aos juros nos casos de inadimplência contratual. Na hipótese, trata-se de contrato de transporte. Mas foi-se além do simples descumprimento contratual. Houve um ilícito qualificado como delito. Tenho que se aplica o art. 398 do mesmo Código, que diz: “nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.” Assim era no regime do Código anterior, que sempre considerou que, nos casos de delito, os juros de mora são devidos desde quando ocorrido o evento danoso, e não da citação inicial.

Acompanho o eminente Relator com essas observações.

DECISÃO

Recurso conhecido. Rejeitadas as preliminares, deu-se parcial provimento a todos os recursos. Unânime. Exceto quanto ao termo inicial dos juros de mora, cuja decisão foi por maioria.

186 R. Dout. Jurisp., Brasília, (93): 45-490, maio/ago. 2010 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

No documento 176rdj093 (páginas 183-187)