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APLICAÇÃO NA PÓS-COLHEITA DE ÁCIDO SALICÍLICO PARA REDUÇÃO DE PODRI DÕES EM PÊSSEGOS CHIRIPÁ

No documento Anais... (páginas 162-166)

Marines Batalha Moreno1; Caroline Farias Barreto1; Pricila Santos da Silva1; Carina Schiavon2; Marcelo Barbosa Malgarim3; José

Carlos Fachinello3;

1Eng. Agr., pós-graduanda na Universidade Federal de Pelotas; Campus Universitário, s/n; CEP 06160-000; Capão do Leão, RS;

marinesfaem@gmail.com, carol_fariasb@hotmail.com e pricilassilva@hotmail.com

2Bolsista de graduação na Universidade Federal de Pelotas; Campus Universitário, s/n; CEP 96160-000; Capão do Leão, RS; carina

-schiavon@hotmail.com

3Eng. Agr., professor titular na Universidade Federal de Pelotas; Campus Universitário, s/n; CEP 96160-000; Capão do Leão, RS;

malgarim@ufpel.edu.br e jfachi@ufpel.edu.br

Introdução

O pêssego é um fruto climatérico e altamente perecível em pós-colheita, é necessário que as frutas sejam armazenadas adequadamente para aumentar o período de oferta ao consumidor (BARBOSA et al., 2010). Com isso tornam-se necessárias, a utilização de técnicas que permitam uma redução das atividades metabólicas e de podridões.

O controle químico, até o momento, é o método mais eficiente para o controle da podridão (PAVANELLO et al., 2015) e ainda não existem cultivares que apresentem elevado grau de resistência à doença, principalmente em condições ideais para desenvolvimento do fungo. Nos últimos anos, o ser humano aumentou sua preocupação em relação ao consumo de frutas, devido ao uso impróprio de produtos químicos, as exigências atuais são que estes defensivos agrícolas sejam biologicamente seguros, surgindo como uma nova alternativa o uso de elicitores (ZISHENG et al., 2011).

As plantas em seu ambiente natural são submetidas a diversos estresses incluindo o ataque de insetos e agentes patogênicos microbianos. As plantas para sobreviverem têm que responder de forma rápida, eficaz e sinalizar os compostos defensivos. O ácido salicílico (AS) regula vários processos referentes a produção vegetal e desenvolvimento das plantas (ASGHARI & AGHDAM, 2010). Relata-se que o AS induz a defesa da planta contra estresse biótico e abiótico, retarda a senescência das frutas (KHADEMIet al, 2012) emantém a firmeza de polpa (ASGHARI & AGHDAM, 2010).

Neste sentido, é reportado pela literatura que o ácido salicílico apresenta potencial na conservação de frutos na pós-colheita de pêssegos (KHADEMI & ERSHADI, 2013). O uso de AS também é citado em outras culturas como, por exemplo, em frutos de morango (LOLAEI et al., 2012) e caqui (KHADEMI et al., 2012).

O objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade de pêssego ‘Chiripá’ sobre os efeitos da aplicação ácido sa- licílico no período de pós-colheita armazenados em câmara fria e conjuntamente com uma simulação de comercialização.

Material e Métodos

Este experimento foi conduzido na safra 2014/2015, os frutos de pêssego Chiripá utilizados foram adquiridos do pomar comercial no município de Morro Rendondo, RS, coordenadas geográficas 31º32’S 52º34’O, 150 metros de altitude. Após a colheita, os frutos foram transportados para o LabAgro-Fruticultura na Universi- dade Federal de Pelotas (UFPel) no Rio Grande do Sul (RS), onde foram pré-selecionados considerando-se a ausência de injúrias visuais e infecções.

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O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, arranjado em esquema fatorial 4x4, com quatro repetições composta de quinze frutos. Para os tratamentos com AS na pós-colheita foram utilizadas as doses de 0, 1 e 3 mM de AS, previamente solubilizado em 20 mL de álcool etílico. Os frutos foram aspergidos nos dois lados utilizando um pulverizador de pressão manual. Na realização das aplicações foi utilizado em mé- dia 2 mL da solução com AS por frutos. Após a secagem dos mesmos, foram acondicionados em caixas plás- ticas higienizadas armazenadas em câmara fria com a temperatura de 1±1ºC e umidade relativa de 90±5%. As análises foram realizadas no momento da colheita e após 20 dias de armazenamento resfriado, posterior- mente realizou-se a simulação de vida de prateleira com 4 dias (20+4) na temperatura ambiente de 20±3ºC. As análises foram às seguintes: coloração, medida com leitura na porção média da amostra e realizada com colorímetro Minolta CR-300®, com fonte de luz D65, com leituras das coordenadas L* e a*; ocorrência de podridões, determinada através do número de frutos que apresentaram sintomas visuais de podridões e expresso em porcentagem de frutos infectados; acidez titulável (AT), 10 mL de suco foram diluídos em 90 mL de água destilada e titulados até pH 8,1 com solução de NaOH 0,1 mol/L, os resultados expressos em porcentagem de ácido cítrico; potencial hidrogeniônico (pH), medido através do peagâmetro Quimus®. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (p<0,05). Sendo constatada significância estatística, procedeu-se a análise entre as médias pelo teste de Tukey (p<0,05) para comparar os tratamentos. Quando houve interação foram ajustadas regressões lineares entre as variáveis de qualidade de frutas em relação aos dias de armazenamento. As análises foram realizadas através do programa estatístico WinStat® (MACHA- DO & CONCEIÇÃO, 2002).

Resultados e discussão

Ao analisarmos os dados demonstrados na Tabela 1, observamos que em temperatura ambiente, deterio- ram-se e amadurecem rapidamente sendo necessário o armazenamento em frio para retardar as reações metabólicas. Nota-se que houve uma diferença significativa na luminosidade (L*) com relação às doses apli- cadas, com o período de armazenamento dos frutos este fator aumentou principalmente quando compara- dos com a testemunha. No estudo realizado com pêssegos ‘Flordaking’ por Tareenet al. (2012) registraram a maior luminosidade para a dose de 1,5 mM de AS, e a partir de 14 dias a luminosidade decresceu.

Tabela 1: Valores médios obtidos para as variáveis de coloração (L* e a*), potencial hidrogeniônico (pH) e a

acidez titulável (AT) dos pêssegos ‘Chiripá’, tratados na pós-colheita com ácido salicílico, sobre armazena- mento refrigerado 1±1ºC a 90±5% UR, da safra de 2014/2015, Pelotas, RS, 2015.

Época

Doses

0 mM 1 mM 3 mM

L* 0 59,71bB 61,37bA 61,48bA

20+4 60,79bB 63,02aA 63,47aA

a* 0 4,83bA 4,85bA 4,89bA

20+4 8,99aA 8,49aA 6,68aB

pH 0 3,80bA 3,82bA 3,86bA

20+4 4,19aA 4,26aA 4,20aA

AT 0 0,438aA 0,439aA 0,440aA

20+4 0,258bA 0,273bA 0,268bA

*letras minúsculas distintas na mesma coluna e letras maiúsculas distintas na mesma linha diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro.

A coloração da polpa expressa pela coordenada a* (vermelho ao verde) com este estudo notou-se um aumento com o armazenamento, apresentando uma redução para a dosagem 3mM a 20+4 dias, quando comparada com 1 mM a 20+4 dias. O aumento de a* foi constatado também no estudo de amadurecimento

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e qualidade por Hendgeset al. (2013) com ameixas Laetitia tratadas com AS.

Quanto ao pH dos frutos não houve diferença significativa ao avaliarmos a acidez titulável dos frutos de pês- sego Chiripá, no entanto observou-se um aumento do pH com o passar dos dias de armazenamento. A acidez dos frutos não foi alterada pela aplicação de AS, apenas pelo armazenamento, onde houve um decréscimo. A diminuição da acidez com o amadurecimento dos frutos deve-se devido ao consumo de moléculas ácidas, principalmente ácidos orgânicos durante o processo de respiração, ocasionando também um aumento do pH (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Sendo este fato também constatado no estudo de Andrade et al. (2015). A incidência de podridões avaliadas neste experimento demonstra a eficiência das aplicações de AS, para o controle de patógenos pós-colheita, sendo assim uma alternativa viável como um método alternativo. Nos frutos sem aplicação de AS obtiveram uma perda superior a 25,17%, com a dose de 1 mM reduziu para apro- ximadamente 10% o índice de podridões dos frutos armazenados, e ao aplicarmos a dosagem mais elevada 3 mM este índice aproximou-se de 20% de podridões. Os autores Asghari, Aghdam (2010) e Yang et al. (2011) confirmam que o AS pode atuar positivamente no controle de patógenos através da ativação de mecanismos de defesa nos frutos.

Conclusões

A aplicação de AS na pós-colheita de pêssegos ‘Chiripá’ contribuiu na redução da incidência de frutos com podridões. As dosagens aplicadas demonstraram maior eficiência a 1 mM que a 3 mM de ácido, quando ar- mazenados por 20 dias em ambiente refrigerado 1±1ºC a 90±5% de umidade relativa, e 4 dias em tempera- tura ambiente 20±3ºC . A qualidade geral dos frutos não foi alterada pela aplicação do AS.

Referências

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ATIVIDADE ANTIOXIDANTE EM FRUTOS ‘MACIEL’ ENXERTADA EM PORTA-ENXER-

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