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VARIAÇÃO NO TEMPO MÉDIO DE BROTAÇÃO DOS PESSEGUEIROS SANTA ÁUREA E TROPIC BEAUTY EM PATO BRANCO PR

No documento Anais... (páginas 116-120)

Edenes Maria Schroll Loss1; Marcos Robson Sachet1; Idemir Citadin1; Cleverson Brunetto1; Moeses Andrigo Danner2

1Graduandos e pós-graduandos em Agronomia, UTFPR - Campus Pato Branco; Via do Conhecimento Km 1; Pato Branco, PR; edenes-

loss@yahoo.com.br

2Professor Adjunto, UTFPR - Campus Pato Branco; Via do Conhecimento Km 1; CEP 85503-390; Pato Branco, PR; idemir@utfpr.

edu.br

O pessegueiro (Prunus persicaL. Batsch) é uma espécie frutífera que apresenta capacidade de adap- taçãoa diferentes condições ambientais, sendo cultivado em regiões temperadas e subtropicais. Essas espé- cies quando introduzidas em regiões tropicais e subtropicaismanifestam alguns distúrbios, como: abertura de gema de forma escalonada no tempo, redução de números de gemas brotadas, redução da longevidadee, em alguns casos extremos, a própria sobrevivência da planta é ameaçada (CITADIN et al., 2002).

As condições ambientais são, muitas vezes, desfavoráveis a sobrevivência das plantas. Sendo assim, em períodos de estresse, no caso, de baixas temperaturas hibernais, as fruteiras de clima temperado desen- volvem mecanismos de resistência ao frio e de controle do crescimento (LANG et al., 1987; PETRI &CAME- LATO, 2004; PETRI& LEITE, 2004; HAWERROTH et al., 2009).

A endodormência é a fase na qual o fator inibidor do crescimento está localizado no próprio órgão considerado (LANG et al., 1987). Durante essa fase, a planta apresenta resistência a temperaturas negativas. Portanto, a indução da endodormência é fundamental para sobrevivência de plantas de clima temperado, quando cultivadas em locais sujeitos à ocorrência de geadas. Por outro lado, a superação da endodormência e a capacidade da planta em brotar regularmente na saída do inverno é igualmente fundamental para aso- brevivência da planta (CARVALHO et al., 2010).

Esta superação está relacionada ao efeito do frio acumulado (RICHARDSON et al., 1974; EREZ et al., 1979) e com isso a não ocorrência deste,em quantidade suficiente pode ocasionar o surgimento de diversos tipos de distúrbios fisiológicos ligados à brotação e floração das espécies que apresentam esse mecanismo, afetando consequentemente a produtividade e a longevidade dos pomares, além de possibilitar brotação escalonada, dificultando o manejo da cultura (MAUGET & RAGEAU, 1988; OUKABLI et al., 2003).

Porém, a estimativa exata da necessidade de frio de uma planta para a quebra da dormência é pra- ticamente impossível em condições de campo, uma vez que, a radiação solar, as flutuações de temperatura, entre outros fatores, não podem ser controlados (DENNIS JR., 2003). Ou ainda, as temperaturas baixas ocor- ridas durante a para- e ecodormência são erroneamente contabilizadas.

Um método tradicional para determinar a necessidade de frio das cultivares é o teste de estacas de nós isolados. Os ramos são segmentados, deixando-se apenas uma gema em cada estaca. Isso elimina parte das inibições correlativas. Estas estacas são submetidas à temperatura e fotoperíodo adequado para o cres- cimento. A média aritmética do tempo necessário para abertura de cada gema, sob estas condições, mede a intensidade da dormência ou o tempo médio de brotação (TMB). O objetivo do trabalho foicompreender os mecanismos de entrada e saída da dormência de gemas de pessegueiros das cultivares commédia e baixa necessidade de frio em condição de baixo acúmulo de frio.

Os experimentos foram realizados no período de abril a agosto de 2012 à 2015. Os ramos das cultiva- res Tropic Beauty (TB) e Santa Áurea (SA) foram coletados na área experimental da UTFPR, no município de Pato Branco, Paraná, altitude de 760 m, latitude de 26°10’ S e longitude 52°41’ W. O solo do local pertence à unidade de mapeamento latossolo vermelho distroférrico, textura argilosa, álico, fase floresta subtropical

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perenifólia, relevo ondulado (BHERING et al., 2008). O clima do local é do tipo Cfa (Classificação de Köeppen). Para cada data foram coletados 20 ramos tipo brindila. Esses ramos foram seccionados em qua- troporções equidistantes (ápice, 3/4, 2/4 e base) com 6 centímetros de caule abaixo e 1 cm acima da última gema vegetativa. As demais gemas foram removidas e os ferimentos isolados com fita parafinada. As esta- cas foram colocadas em espuma fenólica umedecida e submetidas a 25 ºC (±1 ºC) em câmara de crescimen- to e 16 horas de fotoperíodo. Foi registrado o tempo individual decorrido desde a colocação na câmara de crescimento até a brotação, considerado o estágio de ponta-verde (PV), e a média destes constituiu o tempo médio de brotação (TMB).

Para cálculo do número de horas com temperaturas abaixo de 7,2ºC e 12ºC, e acima de 20ºC, foram utilizados dados de temperatura do ar, coletados com frequência de uma hora, fornecidos pela estação me- teorológica do SIMEPAR, localizada na estação de pesquisa do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), em Pato Branco a 8 km da área experimental. A soma de horas para cada faixa de temperatura foi realizada a partir do dia primeiro de abril.

Para todos os anos, ficou evidente o maior TMB para SAdo que para TB (exceto na primeira coleta de 2012). Essa informação corrobora com o resultado de Scariottoet al. (2013) em que, avaliando a soma de ho- ras abaixo de 12ºC (HF12) até a data de brotação em campo, estimou para TB 240 HF12 e para SA 581 HF12. Os anos de 2012 e 2013 foram semelhantes quanto ao comportamento do TMB para ambas as culti- vares (Figura 1, A e B) como também para a ocorrência de temperaturas favoráveis e desfavoráveis. Nesses períodos o acúmulo de frio foi de 130 e 160 HF, abaixo das 224 HF média reportada para a regiãopor CARA- MORI et al. (2008). A redução do TMB foi acentuada até maio devido ao avanço no desenvolvimento da gema e pela perda contínua da fase de paradormência causada pelas folhas. Em 2012, após o período de parador- mência, ocorreu elevação do TMB com pico para TB em 06/06 e SA em 21/06. Para 2013, ambos os picos ocorreram na coleta do dia 04/06. Isso condiz com resultados de Carvalho et al. (2008), em que, a dormência foi elevada a partir de maio em condições semelhantes de frio para a cv. Chimarrita.

Os anos de 2014 e 2015 se assemelharam quanto à baixa ocorrência de temperaturas efetivas para a saída de endodormência, apenas 43 HF. A redução de TMB ocorreu de modo contínuo em 2014. Em 2015, houve uma breve elevação, tardia, no início de julho.

Nesses períodos de baixo acúmulo de HF, o TMB foi geralmente menor do que para as mesmas da- tas em anos de maior acúmulo de HF. Considerando HF12, os picos de dormência quando ocorreram foram próximos a 200 HF12, parece que essa temperatura foi capaz de estimular a planta a mobilizar seu metabo- lismo para defesa contra o frio, isso também foi observado para gemas vegetativas de macieira submetidas a diferentes doses de frio por Sachet (2014), mas não é tão óbvia em condição de campo, pois não se repetiu para o ano de 2014.

Mesmo nos anos de maior acúmulo de HF (130 e 160), a instalação de endodormência verdadeira ou profunda parece não ocorrer, ou não ocorre nos moldes que são reportados em locais de alto acúmulo de HF (600 ou mais HF). O progresso típico reportado para a dormência segue uma curva de distribuição normal (em forma de sino) com pico assumindo TMB superiores a 30 dias. Dessa forma, pode-se inferir que, nas con- dições deste experimento, as fases de para- e eco- tiveram forte influencia sobre o período de dormência e a endodormência é superficial e em alguns anos imperceptível.

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Ano 2012

abr mai jun jul ago

TM B ( di as ) 0 5 10 15 20 25 30 Santa Áurea Topic Beauty Ano 2014

abr mai jun jul ago

Ano 2013

abr mai jun jul ago

Ano 2015

abr mai jun jul ago

Ano 2012

abr mai jun jul ago

Som at ór io de h or as 0 200 400 600 < 7,2ºC < 12ºC > 20ºC Ano 2013

abr mai jun jul ago

Ano 2014

abr mai jun jul ago

Ano 2015

abr mai jun jul ago

130 HF 160 HF

43 HF 43 HF

(A) (B) (C) (D)

(E) (F) (G) (H)

Figura 1. Tempo médio de brotação para as cultivares Tropic Beauty e Santa Áurea e comportamento climá- tico ocorrido durante as avaliações nos anos de 2012 (A-E), 2013 (B-F), 2014 (C-G) e 2015 (D-H).

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Instituto Tecnológico SIMEPAR, pelo fornecimento dos dados climáticos, ao CNPQ e à Embrapa Clima Temperado pelo apoio financeiro e a UTFPR/PPGAG pelo apoio logístico e instalações físicas.

Referencias

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FLORAÇÃO E BROTAÇÃO DE PESSEGUEIROS CULTIVADOS NA REGIÃO SUDOESTE

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