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ESCALA DIAGRAMÁTICA PARA AVALIAÇÃO DE BACTERIOSE EM PÊSSEGOS

No documento Anais... (páginas 176-180)

Marcos Robson Sachet1; Idemir Citadin2; Silvia Scariotto3; Gener Augusto Penso1; Marieli Teresinha Guerrezi4

1Eng. Agr., Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Pato Branco, PR; marcos.sachet@gmail.com e generpenso@gmail.

com

2Professor Titular, UTFPR; Pato Branco, PR; idemir@utfpr.edu.br

3Eng. Agr., Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, RS; silviascariotto@yahoo.com.br 4Estudante de Agronomia, UTFPR; Pato Branco, PR; marieliguerrezi@hotmail.com

Considerada uma das principais doenças das prunóideas, a bacteriose causada por Xanthomonas ar-

borícola pv. pruni infecta folhas, ramos e frutos e pode comprometer a produtividade principalmente quando

as condições climáticas forem favoráveis (ROSSELLÓ et al., 2012). Os sintomas nos frutos são inicialmente na forma de manchas aquosas, que se transformam em lesões de coloração marrom, com a evolução da doença há ocorrência de rachaduras. Os frutos infectados são indesejáveis para o processamento e consu- mo in natura, por terem a aparência comprometida perdem valor comercial (STEFANI, 2010). As infecções primárias ocorrem após pelo menos três dias consecutivos de chuvas, com temperaturas entre 14 e 19 °C e progresso da doença estão estreitamente correlacionados com o número de dias chuvosos após o início da doença (BATTILANI et al., 1999; SACHET et al., 2013).

A atual taxa de relatos de ocorrência pelo mundo sugere possibilidade de epidemias no futuro (LA- MICHHANE, 2014). Há poucos recursos para seu controle, limitando-se ao uso de antibióticos, aplicação de produtos cúpricos durante o período de dormência ou uso de indutores de resistência (BOUDON et al., 2005). Não se tem identificados cultivares imunes apenas diferentes níveis de sensibilidade nas folhas (ME- DEIROS etal., 2011; SACHET et al., 2013) e pouco se conhece sobre a sensibilidade nos frutos, sendo que a sensibilidade em cada órgão é governada possivelmente de forma independente.

A intensidade da doença pode ser quantificada através de medidas de severidade para descrever o progresso da epidemia e sua relação com o clima, para adotar medidas de controle ou seleção de genótipos superiores. A única metodologia de avaliação para bacteriose em frutos foi feita por Werner e Ritchie (1986) e consiste em escala de notas entre 0 (nenhuma lesão) e 5 (30% da superfície do fruto afetada). Quantidades de infecções acima das que ocorrem nos genótipos nas condições de cultivo no Brasil.

Considerando a ausência de métodos padronizados para quantificação da severidade de bacteriose em frutos de pessegueiro para as condições locais, este trabalho teve como objetivo desenvolver uma escala diagramática para avaliação da severidade da doença e analisar os níveis de acurácia, precisão e reprodutibi- lidade das estimativas geradas com sua utilização.

Para elaboração da escala diagramática, foram coletados 110 frutos infectados de 29 genótipos dis- tintos, identificados e conduzidos com descrito por Citadin et al. (2014), cultivados na área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no município de Pato Branco, Paraná. Os frutos foram fotografados na posição lateral, com a imagem representando metade do fruto com limite na sutura. As áreas lesionadas da metade do fruto foram copiadas em lâminas de transparência. As transparências e a respectiva área total (casca) tiveram a área estimada através de integrador (LICOR, model 3100 área meter).

Para composição da escala diagramática considerou-se a máxima e a mínima proporção de área do fruto lesionada. Os demais níveis intermediários foram definidos matematicamente seguindo incremento logarítmico e respeitando-se a acuidade da visão humana de acordo com a Lei do estímulo de Weber-Fe- chner.

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No teste de validação, foram utilizadas 100 imagens de frutos contidas no Programa ST-Aval (FUMA- GALLI et al., 2010). A severidade foi estimada inicialmente por dez pessoas sem experiência e sem o auxílio da escala diagramática. Posteriormente, as estimativas foram realizadas com o auxílio.

A precisão foi determinada pelo coeficiente de determinação de regressões lineares estabelecidas entre a severidade real e as estimadas. A acurácia foi quantificada pelo coeficiente angular e pela interseção de cada equação aplicando-se o teste t.

Em condições naturais foi observado com maior freqüência, valores baixos de severidade de bacte- riose em frutos. Com valores mais freqüentes entre 0,05 a 3,35%. A escala diagramática proposta neste tra- balho (Figura 1) possui oito níveis de severidade (0,05; 0,12; 0,28; 0.64; 1,47; 3,33; 7,35 e 15,49%). A máxima superfície de fruto lesionado encontrado foi 15,49%, discordando de Werner e Ritchie (1986) que propõem valores acima de 30% de superfície lesionada.

FIGURA 1 - Escala diagramática para avaliação da severidade de bacteriose em pêssegos. Valores em per-

centual (%) de superfície de fruto lesionada. Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Campus Pato Branco, 2015.

A utilização da escala contribui significativamente para a acurácia dos avaliadores, uma vez que, as médias de severidade estimadas estiveram próximas aos valores reais, ou seja, as linhas com tendência de severidade estimada determinadas para cada avaliador, com o uso da escala, estiveram sempre próximas a linha de severidade real, quando comparado a avaliação da doença sem a utilização da escala.

De acordo com os coeficientes de determinação, com a utilização da escala obtêm-se estimativas mais precisas. Os coeficientes obtidos pelos avaliadores sem o uso da escala variaram de 0,69 a 0,80, com média de 0,74, enquanto que pela utilização da escala os coeficientes aumentaram, variando de 0,81 a 0,92, com média de 0,88 (Tabela 1).

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TABELA 1 - Estimativas de parâmetros e coeficientes de determinação (R2) das equações da regressão linear

calculadas entre severidade real e severidade estimada de bacteriose em pêssegos, realizadas por dez ava- liadores sem e com o uso de escala diagramática (y = a+ bx, em que y representa a severidade estimada e x, a severidade real). Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Campus Pato Branco, 2015.

Avaliador

Sem escala Com escala

Parâmetros R2 Parâmetros R2 a b a b 1 0,83 0,55 0,73 0,79 0,45 0,81 2 0,86 0,36 0,70 0,74 0,60* 0,85 3 0,66 0,0091 0,77 0,84 0,40 0,83 4 1,11* 0,82 0,74 0,88 0,26 0,92 5 1,01 0,77 0,80 0,86 0,009 0,88 6 0,73 1,06 0,69 0,91 0,42 0,89 7 0,88 1,91* 0,74 0,83 0,23 0,92 8 0,70 0,84 0,72 0,88 0,23 0,92 9 0,73 0,43 0,76 0,86 0,46 0,88 10 0,79 0,67 0,77 0,83 0,27 0,91 Média 0,83 0,75 0,74 0,84 0,33 0,88

Quanto avaliado os resíduos das estimativas, para a maioria dos avaliadores, os valores estimados com a escala ficaram próximos dos valores reais. A maioria dos avaliadores superestimou a severidade de doença nos frutos sem o uso da escala, enquanto que ao utilizarem a escala diagramática proposta os erros ficaram dentro dos valores aceitáveis (-10 a +10%).

A utilização da escala diagramática para bacteriose em pêssegos permite quantificar os sintomas de forma acurada e precisa e discriminar diferença de reação entre genótipos de pessegueiro. O uso dessa esca- la em estudos epidemiológicos poderá proporcionar informações mais adequadas a respeito do patossiste- ma Xanthomonas arborícola pv. pruni- pêssegos, como também auxiliará na seleção de genótipos superiores.

Referencias

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ANÁLISE DE FUNGOS PRESENTES EM GEMAS DE DIFERENTES CULTIVARES DE

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