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INCIDÊNCIA DE PATÓGENOS NA COLHEITA DE FRUTOS DE PESSEGUEIRO SUBME TIDOS A TRATAMENTOS ALTERNATIVOS

No documento Anais... (páginas 184-187)

Daniele Cristina Fontana1; Stela Maris Kulchzinsky2; Matheus Pinheiro Othero1; Renato Trevisan2

1Graduanda em Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria; Campus Frederico Westphalen; Linha 7 de Setembro, s/n, BR

386, Km 40; CEP 98400-000; Frederico Westphalen, RS; daani_fontana@hotmail.com e matheusoteropinheiro@outlook.com

2Eng. Agr., Dr., Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen; Linha 7 de Setembro, s/n, BR 386, Km 40; CEP

98400-000; Frederico Westphalen, RS; stelamk@terra.com.br e renatrevisan@gmail.com

A crescente busca por produtos naturais e sem contaminantes é um grande desafio para técnicos e produtores, visto que as doenças que incidem na colheita de frutos, como de pessegueiro, afetam sua quali- dade acarretando na desvalorização do produto. As podridões se enquadram entre as principais doenças das frutasde caroço, tendo como principal representante a Monilinia fructicola. O controle deve iniciar na fase de floração da cultura, a qual é extremamente suscetível a entrada do patógeno, e se estender até a maturação, bem como o controle de insetos, a fim de diminuir ferimentos nos frutos.

A principal alternativa para o controle da podridão ainda é o uso de fungicidas químicos, porém há a necessidade de reduzir a utilização desses produtos, tanto por razões econômicas quanto ambientais. Pes- quisas reportam a utilização de métodos alternativos para o controle de doenças, utilizando produtos alter- nativos, como extrato de plantas, fosfitos, sais, dentre outros.

Trabalhos desenvolvidos com extratos de algumas plantas vêm demonstrando seu potencial no controle de fitopatógenos, como o cravo-da-índia, que possui ação germicida, antisséptica, desinfetante e anestésica local (Araújo, 2005). Chalfounet al., (2004) avaliando o efeito in vitro de óleos essenciais de canela e cravo em diferentes concentrações, sobre o desenvolvimento micelial de Rhizopus sp., Penicillium spp.,

Aspergillus Níger, EurotiumrepensDe Bary, constataram uma inibição total do óleo de canela sobre os fungos

testados, e o cravo inibiu o desenvolvimento dos fungos a partir da concentração de 600 mg/ml, demons- trando grande potencial no controle de doenças.

Outros produtos que vem se destacando são os fosfitos, que, por estimularem o sistema de autode- fesa da planta contra alguns patógenos, induzem a produção de fitoalexinas. Moreira (1999) utilizou fosfito de K como tratamento em pós-colheita para podridão parda em pessegueiro e obteve 56,8% de controle garantindo sua eficácia.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a incidência de patógenos na colheita de frutos de pessegueiro submetidos a tratamentos alternativos.

O trabalho foi desenvolvido na Universidade Federal de Santa Maria, Campus de Frederico Westpha- len em pomar comercial de pessegueiro Amarelo Precocinho, na cidade de Planalto – RS. Para avaliar o efei- to dos controles alternativos, procedeu-se a pulverização dos seguintes tratamentos: 1) Infusão de cravo da índia (Caryophillus aromaticus L.), 2) Infusão de canela em pau (Cinnamomum zeylanicum Blume), 3) Infusão de boldo (Plectranthus barbatus Andrews), 4) Fosfito de k, 5) Fungicida tebuconazole, 6) Testemunha (água). As aplicações foram realizadas quinzenalmente a partir da plena floração da cultura que ocorreu no dia 08 de agosto de 2014, totalizando quatro aplicações no total. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, e cada parcela composta por três plantas (18 plantas/bloco), com três repetições. Quando os frutos atingiram o estádio de maturação fisiológica, foram colhidos e levados até o laboratório de Fitopatologia. Os frutos foram imersos, por um minuto em solução de etanol 70%, hipoclorito de sódio 2% e, posteriormente, lavados em água esterilizada, conforme metodologia adaptada de Northover e Cerkauskas (1994). Em seguida, foram dispostos em câmara úmida em embalagens plásticas individuais, e armazenados durante 10 dias em câmara do tipo BOD a 25 ºC. Após esse período os frutos foram analisados individualmen-

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te em lupa estereoscópica e verificada a incidência pela presença de estruturas de patógenos.

Para análise de dados, realizou-se análise de variância, através do programa estatístico SAS, a 5% de probabilidade. De acordo com os resultadosverificou-se a presença dos seguintes patógenos: Monilinia

fructicola,Colletotrichum sp.,Alternária sp., Cladosporium sp., Penicilium sp., Rhizopus stolonifer e bactéria.

Verificou-se que prevaleceu a ocorrência dos fungos Monilinia e Colletotrichum em todos os tratamentos realizados, quando analisado com os outros patógenos que incidiram em menor proporção. Sendo na fase de colheita que a Monilinia e expressa com maior intensidade, quando comparado a outros fungos. Esta consta- tação corrobora com muitos autores que afirmam que, as condições climáticas nesse período, normalmente, coincidem comas ideais do patógeno (MARI et al., 2003). Coincide também com a maior ocorrência de inse- tos, aumentando assim a probabilidade de ocorrer ferimentos na colheita.

Verifica-se que os tratamentos realizados não diferiram entre si para a maioria dos patógenos, con- tudo, para Alternaria é possível observar diferenças estatísticas no percentual de incidência. Para este pató- geno, os menores valores foram encontrados nos tratamentos com Fungicida tebuconazole (T5), Canela em Pau (T2) e Boldo (T3), com 6,6, 10 e 16% de frutos com podridão nas amostras avaliadas, respectivamente. O grande número de frutos doentes pode ter sido desencadeado por chuva de granizo que ocorreu a uma semana da colheita, provocando portas de entrada para fungos e bactérias. Este fato que pode explicar a incidência de bactéria na colheita, onde parao estabelecimento da doença é necessário ferimento. Noguei- ra (1993) obteve eficiência no controle de doenças quando testou o fungicida tebuconazole em diferentes dosagens e estádios da cultura do pessegueiro, como também De Vicenzo et al., (1997), que concluiu alta eficiência deste fungicida no controle da Monilinia. Já para bactéria, verificou-se redução de doença nos tra- tamentos realizados com Fosfito de K e Boldo, apresentando 0 e 3,3%, respectivamente, e a maior incidência na testemunha com 36,6%, embora não tenha diferido estatisticamente.

A eficiência do fosfito no controle da doença pode ser explicada pelo potencial do produto em es- timular a produção de fitoalexinas e proteger a planta e os frutos, tornando-o menos suscetíveis a injúrias. Quando Moreira (1999) utilizou fosfito de K como tratamento em pós-colheita para Monilinia em pesseguei- ro, obteve 56,8% de controle, garantindo sua eficácia.Quanto aos fungos que apresentaram maior propor- ção de doença, como a Monilinia e Coletotrichum, pode-se verificar sua redução no tratamento com fungici- da, com 16,6%e 10% comparando com a testemunha. Dentre as doenças de colheita e pós-colheita que mais incidem em frutos, o Rhizopus, incidiu apenas no tratamento com infusão de Boldo, não diferindo estatisti- camente dos demais.

Portanto, é possível concluir que os patógenos que proporcionaram maior quantidade de doença- durante a fase de colheita são a Monilinia fructicola e Colletotrichum sp., e os tratamentos que apresentaram maior potencial de controle são o fungicida tebuconazole e o Fosfito de K, não descartando a hipótese do potencial das infusões testadas no controle de doenças.

Agradecimentos

À FAPERGS, pela concessão da bolsa de iniciação científica no período de 2014/2015.

Referências

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artesanais. 2005. 88 f. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) – Universidade Federal deLavras,

Lavras, 2005.

CHALFOUN, S. M.; PEREIRA, M. C.; RESENDE, M. L. V.; ANGÉLICO, C. L.; SILVA, R. A. Effect of powdered spi- ce treatments growth, sporulation and production of aflatoxin by toxigenic fungi. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 28, n. 4, p. 856-862, jul./ago. 2004.

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infecções latentes em frutos. Curitiba, 1999. 76 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) Setor de

Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná.

NOTHOVER, J.; CERKAUSKAS, R. F. Detection and significance of symptomless latent infections of Monili-

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NOGUEIRA, E. M. de C. Controle químico da podridão parda (Moniliniafructicola) em pessegueiro (Prunusper-

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MOREIRA, L. M. Controle químico e biológico de Monilinia fructicola (Wint) Honey e monitoramento de

infecções latentes em frutos. Curitiba, 1999. 76 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) Setor de

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EFICIÊNCIA PRODUTIVA E DENSIDADE FLORÍFERA DE PESSEGUEIRO MACIEL E

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