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LAGRIA VILLOSA CAUSA INJURIAS EM PÊSSEGOS NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ, SC

No documento Anais... (páginas 169-172)

Alison Uberti1; Maike Lovatto2; Gian Carlos Girardi3; Scheila L. Ecker4; Márcia Aparecida Smaniotto5; Clevison Luiz Giacobbo6

1Acadêmico Agronomia (ICV/UFFS), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Chapecó – SC; Rod. SC 484, Km 2 Bairro

Fronteira Sul; CEP 89801-001; alisonuberti@hotmail.com

2Acadêmico Agronomia (PRO-ICT/UFFS), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Chapecó – SC; maikelovatto2@hot-

mail.com

3Acadêmico Agronomia (PIBITI/CNPq), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Chapecó – SC. gian.carlos.girardi@

gmail.com

4 Eng. Agrônoma, mestranda – Pós-graduação–PPGCTA (Ciência e Tecnologia Ambiental – UFFS), bolsista CAPES, Chapecó – SC;

scheila.agro2010@gmail.com

5Eng. Agr., Dra. em Fitossanidade/Entomologia, professora Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Chapecó – SC;

marcia.smaniotto@uffs.edu.br

6Professor Dr. Agronomia/PPGCTA (Ciência e Tecnologia Ambiental – UFFS), Campus Chapecó – SC; clevison.giacobbo@uffs.edu.br

O pessegueiro (Prunus persica (L.) Batsch) pertence à família das Rosaceae e ao gênero Prunus (L.). A espécie é de clima temperado e tem como principais produtores a China, a Itália, os Estados Unidos, a Grécia, a Espanha, a Turquia e o Irã,que responderam, em 2012, por 86% da produção mundial de pêssego, sendo 61% da China. A produção na América do Sul destaca o Chile e o Brasil, com 1,54% e 1,11% respectivamente da produção mundial (FAO, 2014).

O pêssego é produzido em grande escala principalmente nos estados do sul do Brasil, onde predomi- na o clima temperado (Anuário Brasileiro de Fruticultura, 2012). Seu consumo é muito apreciado em âmbito nacional e mundial por ser uma fruta consumida in natura e industrializada. Por ter uma comercialização relativamente alta com o fruto in natura, as injúrias causadas por insetos-praga acabam prejudicando a qua- lidade do pêssego, necessitando de manejo adequado para a sua produção.

Na cultura do pessegueiro, segundo Salles (2003), os insetos-praga são uma constante ameaça, po- dendo causar perdas econômicas significativas para os produtores. Existem várias espécies de insetos que atacam o pessegueiro em diferentes fases do ciclo da cultura e dentre essas, destacam-se a mariposa orien- tal Grapholita molesta (Busck, 1916) e a lagarta-das-fruteiras Argyrotaenia sphaleropa(Meyrick, 1909), ambas (Lepidoptera: Tortricidae), mosca-das-frutas sul americana Anastrepha fraterculus(Wiedemann, 1830) (Dip- tera: Tephritidae), cochonilha-branca-do-pessegueiroPseudaulacaspis pentagona (Targioni-Tozzetti, 1886)e cochonilha piolho-de-são-josé Quadraspidiotus perniciosus (Comstock, 1881), ambas (Hemiptera: Diaspidi- dae), pulgões-do-pessegueiro Brachycaudus (Appelia) schwartzi (Börner, 1931) e Myzus persicae (Sulzer, 1776) (Hemiptera: Aphididae), brocas-das-rosáceas Scolytus rugulosus (Mueller, 1818) (Coleoptera: Scolytidae) e

Euphoria lurida (Fabricius, 1775) (Coleoptera: Scarabaeidae) e ácaros Tetranychus urticae(Koch, 1836) e Pa- nonychus ulmi(Koch, 1836), ambos (Acari: Tetranychidae).

A intensidade de ocorrência dos insetos-pragaassim como as doenças variam de acordo com as condições climáticas, com a cultivar implantada, com a localização do pomar, com o tipo de solo, os tratos culturais e o estado nutricional das plantas. Com isso o objetivo do trabalho foi identificar os insetos-praga causadores de injúrias em frutos de pessegueiro em um pomar localizado na cidade de Chapecó – SC.

Os trabalhos foram conduzidos em um pomar de pessegueiro, que faz parte de uma rede brasileira de avaliações para porta-enxertos de Prunaceas, coordenado pela Embrapa Clima Temperado, localizado

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no campo de trabalho da fruticultura da área experimental da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó – SC. O plantio do pomar foi em julho de 2014, sendo baseado no sistema de média/alta densidade com espaçamento de 5 metros entre fileiras e 2 metros entre plantas (5 x 2m, 1000 plantas.ha-1) e

conduzidas na forma de y (ípsilon).

No final do mês de março de 2015 foi realizado a semeadurada cobertura vegetal no solo em todo o pomar de pessegueiro. A cobertura foi composta por aveia preta (Avena strigosa), nabo forrageiro (Raphanus

sativus) e ervilhaca (Vicia sativa). Em agosto do mesmo ano realizou-se o manejo do acamamento desta co-

bertura com auxílio de um rolo faca. Após alguns dias da derrubada da cobertura vegetal, surgiu o azevém (Lolium multiflorium) em meio à palhada seca do solo, permanecendo até o momento. Não foi realizada a aplicação de agrotóxicos durante o período de estudo.

No mês de setembro de 2015, observou-se que frutos de pêssego cv. BRS Libra que se encontravam verdes e em maturação fisiológica apresentavam aberturas decorrentes da alimentação de insetos. Inicial- mente foram realizadas observações visuais nas plantas, em busca dos insetos-praga e, posteriormente, avaliou-se a presença de insetos no solo, nas proximidades do caule. Para ter certeza de que as injúrias es- tavam sendo causadas pelos insetos encontrados, coletou-se aproximadamente dez larvas que foram acon- dicionadas em frasco transparente, contendo quatro pêssegos intactos, coletados do pomar e utilizou-se algodão umedecido em água destilada para manter a umidade no recipiente. A abertura superior do frasco foi coberta com voil.

Na base de todas as plantas, removendo a camada de palha da cobertura vegetal e revolvendosu- perficialmente o solo, observou-se um número elevado de larvas de LagriavillosaFabricius, 1783 (Lagriidae: Coleoptera). Popularmente L. villosa é conhecido como Idi Amin, é um coleóptero nativo da África que foi introduzido no Brasil em 1976, no estado do Espírito Santo (AZEREDO E CASSINO, 2004). Esse nome foi inspirado no nome de Idi Amin Dada, um líder político e ditador de Uganda (LIZ et al., 2009). Os adultos apresentam corpo alongado, com aproximadamente 1,5 cm de comprimento, coloração cinza-metálico ou marrom metálico (ZUCCHI et al., 1993). Dependendo da claridade natural do dia ou de luminosidade artifi- cial, a coloração do besouro pode parecer esverdeada. As larvas são alongadas, com formato deprimido, com cerca de 15 mm de comprimento quando completamente desenvolvidas. São do tipo elateriforme, com três pares de pernas e coloração marrom escuro (LIZ et al., 2009). São conhecidos como detritívoros, além de cosmopolitas e vivem no solo, entre a matéria seca superficial e os primeiros 2 a 5 cm de solo.

Neste estudo registrou-se a presença de insetos adultos nas plantas de pessegueiro e de azevém e em meio a cobertura seca do solo, além de grande quantidade de larvas alimentando-se em frutos caídos no solo. Após dois dias de confinamento das larvas coletadas no pomar, registrou-se as mesmas injúrias do que aquelas visualizadas nos frutos no campo, ficando evidente que as larvas de L. villosa eram as causadoras das injúrias.São poucas as culturas em que existem relatos de danos causados por essa espécie, sendo que em cultivos de soja, tanto larvas quanto adultos podem causar prejuízos em folhas, principalmente quando estão em alta densidade e em condições de estresse hídrico (MONTERO et al., 2002). Esses mesmos autores citam que no Sul do Brasil, essa espécie está associada à soja transgênica (RR) e ao feijão. As possíveis causas da presença de L. villosa nesses cultivos se deve à vegetação espontânea das bordas, que foi sendo eliminada em função do uso, muitas vezes de forma excessiva e desnecessária, do glifosato.Em cultivos intensivos há maior susceptibilidade de danos (SALUSO& XAVIER, 2009). Nas observações visuais realizadas neste estu- do, constatou-se que nas plantas de cobertura, principalmente no azevém, tanto os insetos jovens quanto adultos eram abundantes.

É possível que o alto acúmulo de matéria seca coincidiu com as altas temperaturas, embora atípicas para esta época do ano e, juntamente com o solo seco debaixo da palhada, foram fatores que favoreceram o aumento populacional de L. villosa. As temperaturas médias dos meses de julho, agosto e setembro foram respectivamente 15,5 °C, 21,1 °C e 19,6 °C. Comparando-seàs médias dos anos anteriores, fica evidente o aumento de temperatura nos mesmos meses em2013, sendo que as médias foram 14,5 °C, 14,6 °C e 17,6 °Ce 9,9 °C em julho, 17,4 °C em agosto e 12,0 °C em setembro de 2014 (INMET). Liz et al. (2009) relatam que o clima seco e quente gera condições determinantes para os surtos populacionais e influencia diretamente na severidade do ataque deste inseto em morangueiro.

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cobertura vegetal, favoreceram o estabelecimento do Idi Amin na cultura do pessegueiro. Estes insetos são detritívoros oportunistas e, por isso, o controle deverá prosseguir ao longo de todo o período de cultivo e colheita de pêssegos, embora este inseto ainda não tenha sido enquadrado como praga primária em pesse- gueiro. Novos estudos são necessários para prever a ocorrência de L. villosa em pomares de pessegueiro, co- nhecer sua biologia e preferência de alimentação. Como alternativa de manejo, recomenda-se que os frutos desprendidos das plantas sejam retirados do local para evitar que o Idi Amin encontre condições favoráveis para proliferação.

Referências

Anuário Brasileiro da Fruticultura. Santa Cruz do Sul, Ed. Gazeta Santa Cruz, 128 p., 2012.

AZEREDO, E. H.; CASSINO, P. C. R. Bioecologia e efeitos tróficos sobre Lagria villosa (Fabricius, 1783) (Co- leoptera: Lagriidae) em áreas de batata, Solanum tuberosum L. Agronomia, v.38, n.1, p.52 - 56, 2004.

FAO. Food and Agricultural Organization. Disponível em: <http://faostat.fao.org/>. Acesso em: 07 out., 2015.

INMET. Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: <www.inmet.gov.br> Acesso em: 08 out., 2015.

LIZ, R. S. de L.; GUIMARÃES, J. A.; MICHEREFF FILHO, M. GUEDES, Í. M. R.; RIBEIRO, M. G. P. de M. Ma-

nejo do Idi Amin no cultivo do morangueiro. Embrapa. Comunicado Técnico 69, 8p., 2009.

MONTERO, G.A.; L. VIGNAROLI; DENOIA, J. Otro coleóptero causa daños en cultivos de soja en sistemas de siembra directa. Sistema de información técnica. Secretaría de extensión, FCA-UNR, 2002. Disponível em: <http://www.fcagr.unr.edu.ar/Extension/Informes %20tecnicos/ coleoptero.htm>. Acesso em: 08 out., 2015.

SALLES, L. A. B. Principais pragas e seu controle. In: RASEIRA, M. C. B.; CENTELHAS-QUEZADA, A. Pês-

sego:produção. Brasília, DF: Embrapa Clima Temperado, 2003. p. 123 – 135.

SALUSO, A.; XAVIER, L. Aspectos biológicos y criterios de manejo de Lagria villosa (Coleoptera: Lagriidae) “Idi Amin” en sistemas productivos. In: Actualización técnica en soja. Serie Extensión N° 56. EEA Paraná INTA. 112p, 2009. Disponível em :<pp.http://www.inta.gov.ar/parana/info/biblioteca/publicaciones/Serie_ Ext_56.htm>. Acesso em: 08 out., 2015.

ZUCCHI, R. A.; SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O. Guia de identificação de pragas agrícolas. Piracicaba: FEALQ, 1993. 139p.

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COMPATIBILIDADE DE ENXERTIA DA CULTIVAR BRS KAMPAI SOB DIFERENTES

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