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Para discutir o regramento institucional aplicado pela Lefan se faz necessário compreender a noção de “habitus”, utilizada por Pierre Bourdieu, a qual facilitará a compreensão de como as condutas sociais são internalizadas. Assim, Bourdieu apresenta o habitus como um sistema de disposições duráveis, estruturadas e estruturantes das práticas e representações as quais conduzem os indivíduos na obediência de regras. O autor norteia ainda o pensamento de que os indivíduos internalizam representações objetivas em conformidade com o grupo social ao qual integram, sendo deste modo, a internalização se dá de modo não somente individual, mas também social (BOURDIEU, 1994).

Deste modo, Bourdieu nos apresenta o conceito de habitus como um processo contínuo firmado entre o mundo social e os indivíduos, processo o qual se dá no cotidiano da vida humana, balizando deste modo o aprendizado que é interiorizado pelos indivíduos ao longo de suas trajetórias de vida, conduzindo de tal modo como tais indivíduos irão se relacionar socialmente, como irão se expressar e refletir. O autor aponta ainda a escola como principal agência socializadora de habitus, a qual irá consagrar e constituir habitus comuns a uma geração por exemplo (BOURDIEU, 2007).

Na obra “A Reprodução: Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino” de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron (1975) os autores apresentam a ação pedagógica como um exercício de violência simbólica, a partir da qual são incutidos arbítrios culturais por meio das relações simbólicas de força. Assim, tais relações de força, são impostas significações, desse

modo o arbítrio cultural dominante tende a permanecer em sua posição dominante o que dará bases para a ação pedagógica dominante (classes superiores), que tende a impor e definir o valor econômico e simbólico a ação pedagógica dominada (classes inferiores). Bourdieu e Passeron seguem postulando que a cultura dominante possui a tendência de julgar a cultura dominada como ilegítima.

Compondo a discussão sobre a temática de dominação social, Jessé Souza no livro “A tolice da inteligência brasileira” (2015) apresenta a ideia de que a disciplina, incutida no sujeito desde a educação familiar, será a chave para o sucesso tanto na escola quanto no mercado capitalista competitivo, o qual impõe alto grau de disciplina e autocontrole para um trabalho bem-sucedido. Deste modo, segundo o autor, quase que automaticamente as instituições, em especial as de ensino, moldam as escolhas dos indivíduos, desde as mais íntimas.

Souza (2015) utiliza o conceito de habitus discutido por Bourdieu para apontar os esquemas cognitivos e avaliativos os quais são incorporados de forma pré-reflexiva e automática, desde o início da vida do sujeito no seio familiar, a partir do qual são formadas as redes sociais guiando a identificação por um lado e preconceitos por outro, preconceitos estes que por um determinado tipo de personalidade, a qual é julgada como improdutiva e disruptiva pela e para a sociedade.

Ao longo de sua obra, Souza (2015) relaciona o conceito de habitus apresentado na obra de Bourdieu, com o conceito de “poder disciplinar”, cunhado por Foucault, para explicar como os imperativos institucionais, balizam os comportamentos práticos e cotidianos dos indivíduos. Assim, refere que a obra “Vigiar e Punir” de Foucault apresenta uma correlação entre o poder e o saber, fatores estes que modificam radicalmente a forma como ocorre a dominação e a legitimação da ordem social, não apenas pelo corpo, mas também pela alma do indivíduo. No livro de Foucault (1977) é apresentado ainda como o poder passa a ser baseado no conhecimento do homem, e a partir disso, as práticas punitivas são direcionadas para transformações implícitas na forma como o corpo é reinventado por meio das relações de poder visando com isso a construção de “corpos dóceis”14 e produtivos, tendo em vista a concepção de que o corpo só pode ser considerado força útil ao passo em que é submisso e produtivo. Segue explicando que a docilidade proposta só é atingida a partir da retirada da consciência do indivíduo, garantindo a submissão. Assim, Foucault nomeia enquanto microfísica do poder as formas pelas quais as práticas institucionais e sociais aplicam o poder

14 Um corpo dócil para Foucault é aquele que pode ser submetido, sujeitado e, a partir disso, utilizado,

disciplinar de forma complexa e de difícil percepção, sendo exercido como se fosse em benefício do submetido, naturalizando os comportamentos.

Sofia, ao longo da entrevista individual após o curso refere:

A gente tinha palestras com frequência, mas as palestras eram com os freis da congregação, eu sei que era um curso financiado pela igreja, e eles até colocavam para falar com a gente uns freis mais novos, acho que para a gente entender melhor o que eles falavam por serem mais jovens, mas no final não mudava nada, era tudo mais do mesmo, sempre falando sobre o comportamento jovem e como a gente deveria agir, e sempre levando para o lado religioso. Eu queria ter tido palestras com outras pessoas, de outras áreas, falando do mercado de trabalho, da atuação, enfim, focando nos assuntos de trabalho e não só de religião e comportamento.

Foucault (1977) apresenta ainda a ideia de que na modernidade os processos disciplinadores passaram a ser a lógica principal, sendo chamada pelo autor como “sociedade do poder disciplinar”. Em relação a disciplinarização, esta passa a ser percebida como benefício ao sujeito disciplinado pois este percebe a recompensa pela sua disciplina a partir de compensações materiais e imateriais, como o reconhecimento social e prestígio, que muitas vezes estão atrelados a tal disciplina, sem perceber o asujeitamento implicado pelo uso econômico e útil de seu corpo. Com relação a esse processo disciplinador, Sofia na entrevista individual após o curso refere:

Eu idealizei muitas coisas e quando fui pra empresa não era bem assim. No curso falavam sobre como ia ser na empresa, que iam tratar a gente de um jeito, que era para a gente se comportar de um jeito, mas os lugares não são iguais, e na prática eu via que não era bem como falavam no curso, eu acho que falaram tanto sobre essa questão de comportamento no curso que nas primeiras semanas na empresa eu tinha dificuldade de me expressar, ficava com medo de fazer algo errado, então ficava na minha e não falava muito.

Assim, pode-se analisar a partir dos estilos juvenis, mudanças desde os primeiros contatos com a instituição, onde eles ainda estavam se adaptando as regras, o percurso onde utilizam o uniforme, mas ainda o customizando com seus estilos próprios, até o aceite do processo civilizatório como regra geral. Pereira (2015) ao apresentar as principais correntes teóricas sobre a moda, refere que cada sociedade apresenta uma forma característica de vestimenta, retratando enquanto “veste” as peças de roupa as quais revestem exteriormente o indivíduo, caracterizando-o. Segue referindo que o estilo de vestimenta do indivíduo é influenciado por questões geografias, econômicas e de pensamento de cada período histórico, expressando desta forma os costumes, necessidades e desejos da classe social a qual a vestimenta pertence. Refere ainda sobre a imitação, a partir da qual os indivíduos copiam a mesma forma do vestir-se de outros indivíduos dentro de um grupo, utilizando esta estratégia como forma de sentir-se pertencente ao grupo.

Aqui, retomo o regramento institucional em relação às vestes dos alunos para posteriormente refletir sobre o uso do uniforme: “Proibido uso de bermudas, saias, blusas

curtas, bonés, capuz, anéis, correntes e acessórios deste porte nas dependências da Lefan ou em qualquer lugar durante o curso; usar diariamente o uniforme e o crachá fornecidos pela instituição”.

Figura 5: Jovens e seus estilos de vestimenta

Fonte: Acervo institucional da Lefan

O que foi discutido até o momento sobre a domesticação corporal ao trabalho pode ser observado nos corpos e vestimentas dos jovens pertencentes ao programa de aprendizagem profissional da Lefan. Na figura 4 é possível identificar os jovens, no início do curso, antes de serem incutidos os valores institucionais e a obrigatoriedade do uniforme, como padrão institucional. Percebe-se a variedade de estilos, estampas, cores e modelos de vestimentas, a partir das quais os jovens se expressam e se posicionam enquanto pertencentes a determinados grupos sociais. No retrato dos jovens no início do curso, é possível identificar marcas esportivas, por meio de abrigos e camisetas de times de futebol, além de roupas estilizadas, com rasgos e personagens, além das roupas apontadas formalmente como proibições no regramento institucional como bermuda, blusa curta, correntes e acessórios.

Ao longo do grupo de reflexão realizado com os jovens aprendizes da Lefan no dia 08 de novembro de 2018, ao serem questionados sobre as roupas que usam em espaços não institucionais, foi sinalizado por eles o uso de abrigos e roupas “de marca”, Davi e Gustavo, ambos jovens que referiram diversas vezes o desejo em seguir carreira profissional como jogadores de futebol, pontuam que usam roupas de marca pelo prestígio social que usar uma roupa de marca fornece. Ao, serem questionados se as roupas ditas “de marca” que usam são

roupas originais ou réplicas, os jovens referem que acreditam que são réplicas tendo em vista o valor pago pelas mesmas, o qual é muito inferior ao valor pago em lojas especializadas das marcas, além da qualidade dos produtos, nitidamente ser inferior. Deste modo, foram questionados sobre as motivações para fazer aquisição de réplicas em detrimento de aquisição de vestimentas de outras marcas mais acessíveis, Gustavo refere:

Ah, comprar roupa original é muito caro, sem condições, melhor usar falsificação porque daí não corre o risco de perder em um assalto, mas a marca dá o status, usar outras roupas sem marca não é legal, não quero ser menos que ninguém.

Tal pensamento vai de encontro com o de Georg Simmel, o qual na obra “Filosofia da moda e outros escritos” refere que os sujeitos são direcionados pela imposição do ambiente social a satisfazer a necessidade de distinção e demarcação de seu grupo utilizando a moda como um apoio social, levando o indivíduo a seguir um caminho seguido por todos do grupo, visando deste modo a aceitação social (SIMMEL, 2008). Pereira (2015) complementa, identificando que o “gosto”, o “estilo” são forças exercidas por meio de valores e costumes do grupo social em que o jovem vive.

Sem educação, trabalho e outros direitos fundamentais, o consumo passa a ser o único ponto – quase estereotipado – de (auto) inclusão social, o que pode ser rechaçado e ridicularizado pelas camadas mais altas que, rapidamente, reorganizam seus marcadores de classe e distinção (PINHEIRO-MACHADO; SCALCO, 2014, p. 14).

Em relação ao estilo de vestimenta que usam, por exemplo, o jovem Davi refere considerar seu estilo como “largado”, sendo expresso pelo uso de abrigos e roupas com numerações maiores do que as necessárias para seu porte físico, ficando com folgas em seu corpo. Gustavo e outros jovens identificam-se com o mesmo estilo. Vanessa, faz piada com as falas dos colegas, os quais estavam repetindo a mesma resposta e refere: “Ah agora só por que é do Reolon todo mundo é largado?”.

Os diferentes territórios juvenis são também lugares simbólicos para o reconhecimento das identidades em comum; é em torno de determinado território que se constitui o grupo de iguais. A identidade do grupo precisa se mostrar publicamente para se manter e, assim, cada grupo cria suas próprias políticas de visibilidade pública que podem se expressar pela roupa, pela mímica corporal, em vocabulários e gramáticas exclusivos ou num novo estilo musical (CARRANO, 2008, p. 65).

Em relação aos estilos juvenis, Bourdieu apresenta em seu livro “A distinção: crítica social do julgamento”, algumas formas nas quais são estabelecidas condições de produção de consumidores de bens culturais e dos gostos. Segundo Bourdieu, as distintas escolhas feitas pelos indivíduos as quais podem ser vistas apenas como “questões de gosto”, representam as distinções. Assim, é fundamental a compreensão de que os sujeitos sociais irão diferenciar-se por meio de seus gostos e hábitos, a partir dos quais, expressam suas posições sociais. Deste

modo, a formulação do “gosto”, da “preferência”, será o mecanismo chave o qual diferenciará os sujeitos e desenvolverá os processos de distinção entre os grupos sociais, tornando possível a aproximação das parcelas populacionais que compartilham do mesmo habitus, diferenciando-se em contrapartida, das práticas que constituem outros estilos de vida (BOURDIEU, 2008).

Neste contexto, Ribeiro (2012) apresenta a questão da obrigatoriedade do uniforme escolar como um mecanismo de representação simbólica o qual mobiliza dentro do campo educacional um conjunto de sinais socialmente qualificados e apreciados os quais servem de orientação para a reprodução de um habitus, construído a partir de manifestações também simbólicas e de necessidades culturais produzidas pelo sistema educacional. Assim, a adoção de regras, como o uso do uniforme, perpassa a noção de simbólico, pois nesta vestimenta se inscrevem estruturas objetivas e subjetivas, as quais são incorporadas no habitus o qual irá unificar e vincular as práticas de um agente singular ou de uma classe de agentes gerando, de tal modo, práticas distintas e distintivas, as quais definirão as maneiras de expressão do mesmo modo em que identificarão os membros de um determinado grupo social (BOURDIEU, 2008).

O uniforme é um item de uso obrigatório não somente dentro da sede da Lefan, mas também, no caso dos aprendizes, o uso do uniforme deve ocorrer nos ambientes de trabalho. Da turma de aprendizagem profissional da Lefan, dez jovens executam as atividades de aprendizagem profissional em uma rede de supermercados local, onde o uso do uniforme é obrigatório, sendo este composto por um avental por cima da roupa, a qual deve ser neutra, calça de brim escura, azul ou preta, blusa com manga longa ou curta e calçado fechado, sendo proibido o uso de regatas. No caso dos meninos, barba raspada ou aparada e cabelo curto e penteado. Para meninas, o cabelo deve ser preso em coque, envolto por uma tela e um laço de fita. O uso do uniforme é indispensável no dia a dia de trabalho, e sobre isso Vanessa relata:

Toda noite eu arrumo o uniforme antes de dormir, minha mãe sempre me pede se eu já organizei minhas coisas. Um dia eu esqueci e quando cheguei lá que vi que não estava na mochila! Tive que voltar de Uber15 e gastei quase R$50,00 para ir pra casa

e votar pro trabalho e não me atrasar tanto. Só ai se foi grande parte do meu salário, mas é responsabilidade minha então não tinha o que fazer.

Figura 6: Uniforme completo Lefan

Fonte: Acervo pessoal da autora

Quando questionados sobre o significado do uso do uniforme, os alunos da Lefan referem que consideram importante seu uso, na hipótese de futuramente gerenciarem uma empresa, a totalidade do grupo de alunos refere que cobraria o uso de uniforme dos funcionários. Sobre os sentidos do uso do uniforme Alicia refere:

Eu acho importante usar o uniforme, deixa mais organizado sabe? E na rua as pessoas sabem que a gente faz o curso, acho legal esse reconhecimento, mostra que a gente faz parte daqui. Que a gente tem um emprego.

Sobre o uso do uniforme em ambientes externos a instituição Márcia refere:

Lá no mercado falaram que se a gente usar o uniforme fora do local de trabalho eles são responsáveis se acontecer alguma coisa com a gente. Nunca tinha pensado nisso, mas é até bom né? Porque vai que algo aconteça, pelo menos vão ter pra quem ligar e conseguir identificar a gente.

Roberta segue o diálogo sobre o uso do uniforme informando:

Ah eu acho que no trabalho tem que usar uniforme mesmo porque facilita para os clientes, quando eles querem pedir ajuda eles olham pra gente e sabem quem trabalha no mercado e quem não trabalho. É tipo quando tu vai num banco, tu vai confiar de pedir ajuda pra quem tá de uniforme né? Não vai pedir ajuda pras outras pessoas.

Ribeiro (2012) em sua obra “Sem uniforme não entra!” Discute o uso do uniforme ao longo da história, apontando que a partir do pensamento de que os uniformes auxiliariam na redução da disparidade entre ricos e pobres, visando deste modo a democratização do ensino, que os uniformes passaram a ser empregados em larga escala pelas instituições de ensino. Porém, é evidente que os uniformes se constituem enquanto símbolos de padronização, considerados fundamentais para o sistema de educação em vigor, o qual pressupõe a educação igual para todos, independente do contexto social, sendo indicada uma tendência do Estado a evitar que a miséria se tornasse visível a partir do uso de uniformes. Enfatiza-se ainda que tal pensamento é abstrato tendo em vista que as questões sociais não desaparecem por debaixo de um uniforme, as quais seguem presentes na linguagem, na estética, na cultura dos sujeitos.

(...) jovens atores urbanos que constroem laços objetiváveis, comemoram-se, celebram-se, inscrevem marcas exteriores em seus corpos que servem para fixar e recordar quem eles e elas são. Essas marcas se relacionam com processos de representação, verdadeiras objetivações simbólicas que permitem distinguir os membros dos grupos no tempo e no espaço. As marcas podem ser objetivadas no próprio corpo (uma tatuagem) ou mesmo habitar o corpo como adereço de identidade, tal como acontece com os bonés que se transformaram em fonte de tensão permanente em algumas escolas que não toleram seu uso, talvez por não enxergarem que esses são signos que representam a extensão da própria subjetividade dos jovens alunos que reagem ao terem de deixar “parte de si” fora do espaçotempo da escola (CARRANO, 2008, p. 65).

Pode ser observado na figura 7 que o uso do uniforme por alunos, mesmo com o intuito de padronizar os corpos, não apaga o estilo dos sujeitos, os quais utilizam de diversos artifícios, como a composição do uniforme com outras peças de vestuário, visando manter seu estilo juvenil, como jaquetas, blusas de manga longa de cores distintas as do uniforme, calças de brim com tonalidades diversas e rasgos, estilo muito empregado nos dias de hoje por diversas marcas. Calçados em cores e modelos diferentes também são usados para demarcar estes estilos, bem como acessórios de cabelo, como bonés, tiaras, toucas, o próprio capuz do uniforme, entre outros acessórios como pulseiras, brincos, colares, anéis, piercings, entre outros, os quais são utilizados por jovens tanto do sexo feminino quando do sexo masculino visando diferenciar-se dos demais, porém ao mesmo tempo, indicar o pertencimento a determinados estilos juvenis.

Figura 7: Uniforme Lefan x estilos juvenis

Fonte: Acervo pessoal da autora

O uso do uniforme evidencia ainda a necessidade de padronizar corpos e mentes, sendo deste modo um valioso recurso de controle da força individual em poder coletivo ao passo em que visa condicionar a docilidade e obediência dos indivíduos. Ainda, o uniforme esculpe uma personalidade, afirmando um projeto político pela demonstração da onipotência (ROCHE, 2007).

Ribeiro (2012) apresenta o pensamento de dirigentes de escolas de preparação profissional ao longo da história nacional desta modalidade de ensino técnico, onde o uso de uniforme seria visto como uma forma de padronização, por meio de vestimentas condizentes e do aprendizado de normas da sociedade do trabalho, deste modo seria possível apresentar a formação profissional como formação de futuros cidadãos, e não como correção de menores. Este pensamento estaria fortemente relacionado com a crença de que o principal objetivo da instituição de ensino seria o aperfeiçoamento moral dos alunos.

Ainda, têm-se a concepção de que o uniforme é um importante recurso para dar a visibilidade pretendida pela organização, ao passo em que esta postura estética composta por um uniforme limpo, bem arrumado e de uso cotidiano seria o responsável por uma boa imagem da instituição frente a sociedade. O uniforme no contexto social externo a instituição, caracteriza-se como uma extensão do poder regulador imposto sobre os sujeitos ao passo em

que estes representam a instituição a partir da vestimenta, composta pelos símbolos e cores da instituição. Deste modo, o uniforme padroniza os alunos dentro e fora da instituição, demarcando os lugares sociais, reforçando o papel da instituição na sociedade, como pode ser identificado na figura 7.

Figura 8: Alunos da Lefan representando a instituição em evento externo

Fonte: Acervo institucional da Lefan

Ainda em relação ao regramento institucional e seus esforços direcionados ao