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Segundo dados extraídos do Boletim Anual Juventude e Mercado de Trabalho, apresentado em agosto de 2018, o qual utilizou como base primária para a coleta de dados a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, consolidados para o ano de 2016, a qual é a última base disponível, em 2016 haviam 155.769

vínculos de trabalho formal em Caxias do Sul, ocorrendo neste mesmo ano o fechamento de 8.841 postos de trabalho em comparativo com o ano de 2015. Ainda, o citado Boletim aponta para a diminuição de vagas em especial na faixa etária de jovens com idade até 17 anos, onde foi identificado um decréscimo de 9,8% em relação ao ano anterior, sendo pontuada ainda uma diminuição da contratação de jovens aprendizes neste período (THOMÉ et al., 2018).

Outro dado relevante apresentado pelo Boletim Anual Juventude e Mercado de Trabalho, é o fato de que em Caxias do Sul, são computados 131,5 mil jovens na faixa etária de 14 a 29 anos, os quais representam 27,2% da população, sendo assim, Caxias do Sul conta com uma população jovem com maiores proporções em relação ao Estado do Rio Grande do Sul, onde 23,1% da população é jovem, e até mesmo do Brasil, no qual 26,9% da população enquadra-se enquanto jovem. Acredita-se que este aumento da população juvenil se dá devido as migrações de jovens de cidades e regiões com menos estrutura, os quais se instalam em Caxias do Sul em busca de oportunidades de emprego e educação, pois historicamente a inserção de jovens no mercado de trabalho formal no município de Caxias do Sul é superior em relação a do Estado e a do País (THOMÉ et al., 2018).

Ainda, identifica-se que no município de Caxias do Sul o setor que mais emprega jovens em aprendizagem profissional é o da indústria, seguido pelo comércio e serviços, sendo estes dados esperados, tendo em vista que o município é um polo metal mecânico, e a indústria de transformação torna-se desse modo o setor que mais absorve mão de obra economicamente ativa e formalizada. Ainda, ao longo do período analisado identificou-se um decréscimo de 10% de ocupação de contratação de aprendizes na indústria de transformação, enquanto que outros setores mantiveram seus percentuais (THOMÉ et al., 2018).

Em relação a vinculação laboral na perspectiva dos jovens, as entrevistas realizadas seis meses após a conclusão do curso de aprendizagem da Lefan foram muito significativas para compreender as trajetórias dos aprendizes egressos e as questões de desigualdade social presentes no mercado de trabalho regional. Dos quatro jovens entrevistados, apenas Sofia conseguiu se manter vinculada à empresa onde realizou o curso de aprendizagem, Bruna ao não ser efetivada buscou outra oportunidade em programa de aprendizagem profissional no município, estando vinculada ao Projeto Pescar, já Carolina e Davi enfrentam o desemprego e buscam oportunidades desde a conclusão do curso, há seis meses.

Assim, como mencionado, Sofia conseguiu se manter vinculada à empresa em que realizou a aprendizagem após o curso, atuando hoje na modalidade de estágio, apenas no turno da tarde, sendo ofertada a possibilidade da efetivação após completar 18 anos. Ao longo da entrevista referiu sentir-se desconfortável com o fato de que poucos aprendizes foram

efetivados pelas empresas, e os que foram, como ela, não eram os jovens que mais necessitavam do salário para auxiliar a família. Descreveu:

Durante o curso, os professores sempre falavam pra gente que quando saíssemos de lá iriamos competir no mercado de trabalho, e eu sou grata por ter conseguido uma vaga, mas queria que eles [os colegas] ficassem bem, mas a maior parte não foi efetivada, mesmo tendo vaga. Eu até tento ajudar, quando vejo que abriu uma vaga eu envio o currículo de amigos que sei que estão procurando emprego.

Ainda, em relação a busca por uma ocupação laboral em turno integral, ou mais vantajosa, a jovem Sofia referiu que atualmente não pretende buscar outra ocupação profissional pois já pesquisou por vagas na internet e não encontrou nenhuma que lhe interessasse mais do que a que ocupa hoje. Sofia pontua ainda que não conseguiu uma vaga efetiva em um dos setores da empresa onde atua pela falta de experiência pois, mesmo já atuando na empresa, o setor tinha a necessidade de contratar alguém que já soubesse realizar as atividades, não se dispondo a dar a oportunidade e ensinar a jovem. Em relação a sua visão sobre oportunidades de trabalho na região, Sofia pontua: “Não é bem assim para conseguir entrar no mercado de trabalho, não cai vaga do céu”.

Também em entrevista com os egressos do curso de aprendizagem, a jovem Carolina relatou a dificuldade na busca por uma nova inserção laboral, pontuando que já se cadastrou em agências de emprego e atualmente busca tanto estágio quanto emprego em turno integral, distribuindo currículos em lojas e mercados, porém foi chamada para poucas entrevistas, nas quais não foi selecionada, afirmando que a pouca experiência profissional tem sido uma grande dificuldade para se inserir profissionalmente pois é exigido ampla experiência na maior parte das vagas, referindo sobre a expectativa frente a uma entrevista, e a frustração por não ter retorno:

Fui chamada para uma entrevista na prefeitura, para fazer estágio lá, a mulher que me entrevistou elogiou meu currículo e o que eu faria lá seria bem parecido com o que eu fazia no curso de aprendizagem na empresa. Ela ficou de me ligar, mas nunca ligou.

A questão do desemprego também foi apontada pelo jovem Davi, em entrevista posterior ao curso, referiu que como não foi efetivado na empresa onde realizou a aprendizagem profissional, tentou vagas de emprego, em especial nos mercados da cidade, porém mesmo com a experiência de ter cursado aprendizagem profissional em vendas e ter trabalhado em uma grande rede de supermercados da cidade, em seis meses conseguiu ser chamado para apenas duas entrevistas, não sendo contratado neste período, assim o jovem referiu:

Fiz apenas duas entrevistas depois do término do curso, gostaria de mais entrevistas. Estou largando currículos, mas no ramo do mercado, não busco nada específico, pretendo aprender coisas novas.

Outro ponto que ficou evidente nas entrevistas individuais com os jovens foi a questão de preconceitos diversos os quais foram apontados como fatores que prejudicam a vida laboral dos jovens. Sofia, que assumiu sua homossexualidade para família e amigos, refere que optou por não falar sobre sua identidade de gênero no ambiente de trabalho por receio ao preconceito entre colegas. Descreve:

Eu não falei para ninguém do trabalho porque acho que se eu falar vão me tratar diferente. Tem um colega homossexual em outro setor que já assumiu, e eu vejo as pessoas fazendo comentários sobre ele, até o chefe dele, desqualificando, como se por causa da opção sexual ele não fosse um bom funcionário. Há pouco tempo um funcionário na produção estava sofrendo com comentários homofóbicos, piadinhas, e não aguentava mais, ai ele procurou o setor de recursos humanos, até para ver se conseguia trocar de setor, mas não fizeram nada por ele, e trataram como se o problema fosse ele, ai ele não aguentou mais e se demitiu. Então eu não falo nada sobre minha opção para evitar esse tipo de situação.

Outra situação de preconceito foi identificada na entrevista com Carolina, a qual aponta o fato de ser negra como um dos fatores principais para a sua dificuldade em se reinserir no mercado de trabalho. Refere:

Em escritórios ou lugares assim, quando tu vai largar currículo, tu não vê um preto, ai quando chego no lugar e já vejo que ali todo mundo é branco, já sei que não tenho muitas chances de ser chamada para trabalhar ali. Muitas vezes quem pega meu currículo me olha de cima a baixo, dá para ver que fazem julgamento. Mas eu acho que não tem nada a ver isso, não é por causa do meu cabelo, da minha pele ou da minha roupa que eu não sou capaz, a roupa não te faz diferente de ninguém, mas entre um branco e um preto sempre ficam com o branco.

Essa questão de racismo, identificada por Carolina, não é uma percepção isolada, sendo também mencionada por Sofia ao longo de sua entrevista individual quando destacou a desigualdade competitiva existente no mundo do trabalho, por questões como o território de moradia, a cor da pele, o estilo de roupas usados e até mesmo a capacidade de comunicação. Sofia ressalta:

Durante o curso foram nos direcionando para as vagas para a prática profissional, e no começo eu pesava que essa escolha era aleatória, porém quando fomos para as empresas eu percebi que foram direcionando conforme o perfil das empresas. E quem foi encaminhado para o supermercado? Os que eram do Reolon! Que se vestiam com roupas diferentes, que não tinham facilidade para falar, e mais negros... Já quem foi para o escritório de empresa? Na minha, duas gurias brancas, que falam bem e se vestem melhor.

Consciente desta desigualdade competitiva enraizada na cultura brasileira, presente desde o percurso no curso de aprendizagem profissional e ao longo de toda a trajetória profissional dos indivíduos Sofia desabafa: “Eu fiquei me sentindo mal, porque percebia que tinha essa vantagem por ser branca e me expressar bem em relação aos colegas”.

As dificuldades em relação a comunicação e adaptação também foram indicadas na entrevista realizada na terceira etapa da pesquisa com o jovem Davi, o qual especificou as

dificuldades que identifica em si e que em sua percepção dificultam oportunidades de trabalho, descrevendo:

Adaptação eu digo ao ambiente, a pessoa não está familiarizada, faz algo e não sabe se fez certo. Comunicação eu digo, por exemplo, eu não gosto muito de conversar e não falo bem.

Como apresentado anteriormente no subtítulo 1.4 sobre exclusão em um cenário de política pública inclusiva: os jovens desligados do programa, na fala de Sofia sobre os colegas desligados que cumpriam MSE, aponto para outra situação de preconceito a qual é identificada pelos jovens como um fator que prejudica a inserção laboral. Retomo um trecho da fala da jovem:

Eu percebia que os meninos que tinham MSE eram tratados de forma diferente dentro do curso, qualquer coisa eram chamados para conversar, mas não viam o lado deles, eles mesmos falavam que não adiantava fazer o curso pois não iam ter as mesmas chances que a gente no mercado de trabalho.

Assim, as principais faces do preconceito apontadas pelos jovens interlocutores desta pesquisa, como barreiras para a inclusão no mercado de trabalho foram: o preconceito pela falta de experiência; o preconceito por residir em um território violentado; o racismo; a homofobia; e o preconceito por ter cumprido MSE. Tais situações de preconceito indicam ainda a violação do direito à diversidade e igualdade, direito o qual prima pela igualdade de oportunidades entre os jovens, vetando qualquer tipo de discriminação. Porém percebe-se que nas trajetórias dos jovens interlocutores desta pesquisa, os quais representam uma amostragem das juventudes brasileiras, tais discriminações de apresentam no cotidiano, sendo a desigualdade de oportunidades uma constante.

6.3 A EXPECTATIVA FRENTE AO PRIMEIRO EMPREGO, SOB O PONTO DE VISTA DO “NATIVO”

Compreende-se que o trabalho se configura como um elemento socializador fundamental no que compete a satisfação das necessidades humanas tendo em vista que por meio da atividade laboral o homem se descobre em suas potencialidades e fragilidades, transformando não só o ambiente que lhe cerca, mas também transformando a si mesmo pois o trabalho perpassa a subjetividade do trabalhador. Nesse sentido, a inserção laboral não representa apenas uma troca entre força de trabalho por uma remuneração, e sim, o trabalho apresenta uma significativa representação social, que se efetiva pelo convívio, ocupação, reconhecimento e pertencimento a um determinado grupo, agregando assim valor social ao

indivíduo, alimentando a autoestima e satisfação das necessidades do sujeito (MOURA; POSSATO, 2012).

A partir da noção de que o trabalho se configura como um importante elemento socializador para os indivíduos, foi realizada um encontro de pré-campo, com o Grupo de Jovens do CRAS, o qual ocorreu no dia 09 de maio de 2018. Neste encontro, compareceram 8 jovens sendo proposta a atividade a partir da pergunta “O que o primeiro emprego significa para você?”, sendo sugerido que os jovens apresentassem suas respostas para esta pergunta utilizando-se de material como folhas coloridas, lápis de cor, canetinhas coloridas, cola glitter, revistas para recorte e colagem, EVA, linhas de lã, entre outros materiais disponibilizados.

Assim, Melissa, em uma folha de ofício branca escreveu destacando com canetinhas coloridas:

Para mim ter um primeiro emprego é: Responsabilidade; Dinheiro; Bom comportamento; Melhores condições financeiras” [escreveu ainda] “Ter um emprego para mim é muito importante, mas tenho medo de não conseguir porque não tenho nenhuma experiência. Ter um emprego vai melhorar minha vida, financeiramente e de todos os jeitos, vou ganhar dinheiro, vou ter novas experiências, poder comprar coisas para meu uso pessoal e me ocupar mais. Emprego envolve ter muita responsabilidade, tanto quanto horarios, e deveres a cumprir. Ter um emprego e super importante e eu quero muito trabalhar porque quero ter um futuro melhor e gostaria de trabalhar atendendo em lojas.

Com isso, a não inserção no mercado de trabalho devido à escassez de vagas de emprego prejudica de modo geral a sociedade, e gera um impacto ainda maior nas vivências dos jovens, os quais anseiam pela inclusão laboral como forma de crescimento pessoal e social. Assim, pode ser identificado nos jovens que não conseguiram se inserir no mercado de trabalho sentimentos negativos com relação a si mesmos e ao futuro, como sentir-se desqualificado, incapaz, inútil, fracassado, sentimentos estes que abalam a autoimagem e comprometem a busca por oportunidades, fazendo com que estes não almejem, e sim apenas aceitem o que surgir (MOURA; POSSATO, 2012).

O medo frente a não conseguir uma ocupação laboral pela falta de experiência, mencionado na atividade entregue por Melissa é um medo recorrente nas vivências dos jovens, o medo de sobrar, de não ser incluso no mundo do trabalho. Essa consciência de que a experiência e qualificação profissional tornam-se elementos fundamentais para o acesso ao mercado de trabalho também é apontado por Sheila, a qual apresentou sua resposta em uma folha amarela, utilizando-se de canetinhas coloridas para a escrita de algumas palavras, deixando em destaque a frase “Meu Primeiro Emprego” e “Trabalho”, ainda, escreveu:

Bom, quando eu trabalhar pela primeira vez num cargo proficionalizante vou ficar tímida mas depois passa, meu primeiro salário vou investir em mim e um pouco em casa. Quero um emprego para que no futuro eu tenha um currículo mais proficionalizante. Emprego para mim significa ter responsabilidade, ter meu próprio dinheiro, poder ajudar minha mãe em casa, poder comprar minhas próprias coisas.

Deste modo, a baixa escolaridade, identificada em números mais expressivos na população com condições socioeconômicas menos privilegiadas, com frequência exclui estes jovens dos processos seletivos. Bem como, a falta de acesso a cursos de qualificação básica, como em informática e idiomas, tão comuns para jovens pertencentes a famílias com maior poder aquisitivo, se mostra um fator de exclusão para jovens pobres. Essa dificuldade em acesso a cursos de qualificação é apontada por Carolina, egressa do curso de aprendizagem da Lefan, na entrevista individual realizada na terceira etapa desta pesquisa, onde relatou que em anos anteriores iniciou o curso de informática básica, e em outra ocasião iniciou o curso de auxiliar de farmácia, porém não pôde concluir ambos os cursos por falta de recurso financeiro, pois eram cursos pagos, destacando a falta de cursos gratuitos na cidade. Quando questionada sobre a possibilidade de aprender informática na escola a jovem refere: “Na escola até tem os computadores lá no laboratório, mas ninguém usa, é fechado, acho que não funcionam”.

Somado a esta precária escolarização e capacitação, a dificuldade em estabelecer objetivos claros e apresentar estes no momento de uma entrevista podem transmitir à instituição a ideia de que tais jovens não têm planejamento e engajamento, acarretando na desqualificação do candidato às vagas ofertadas.

Dionathan, em resposta à atividade proposta no Grupo de Jovens do CRAS no dia 09 de maio de 2018, desenhou uma paisagem, com prédios de uma indústria e árvores,

representou o céu com nuvens, sol e um $ feito com linhas de lã verde e laranja. Ao descrever o que representava o desenho, referiu: “Quero trabalhar em uma empresa grande, aquelas bem diferentes com os vidros de espelho e com jardim grandão e bonito, desses que só se vê em mansão”.

Essa idealização por ser incluso em um ambiente elitizado, com características de arquitetura e paisagismo que dificilmente são encontradas em territórios violentados como é o caso do território onde o jovem reside, mostra como a divisão entre territórios se apresenta também a partir da delimitação geográfica entre classes sociais. Quanto a isso, é identificado que jovens pertencentes a famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica são os que mais encontram dificuldades na busca pelo primeiro emprego. Essa dificuldade se apresenta inclusive pela residência em territórios violentados, o que em muitos casos fomenta o estigma social de que tais jovens possam ser violentos ou indisciplinados, além da comum distância da residência destes jovens, que residem em periferias, em relação aos postos de trabalho, que em geral se localizam em regiões centrais.

Com o a verbalização de Dionathan sobre seu desejo de trabalhar em um ambiente elitizado, alguns jovens riram e falaram que para ter acesso a um ambiente como o descrito é necessário ter “quem indique”, algum familiar ou amigo que já trabalhe neste local e que possa conversar com o setor de contratações para facilitar a entrada na empresa. Com isso, compreende-se que a falta do capital social, traduzido pelo ter “quem indique”, por si só é um diferencial muito relevante nesta busca pelo primeiro emprego. Essa facilidade em garantir uma vaga a partir da indicação foi mencionada por Carolina na entrevista individual após o curso da Lefan, onde falou sobre a necessidade de ter quem ajude a conseguir oportunidades, referindo que conseguiu a vaga no curso de aprendizagem profissional pois uma das chefias do trabalho da mãe indicou, porém agora não tem contatos para vagas de emprego. Indica ainda outras colegas do curso que conseguiram se vincular em atividades laborais atualmente pois tinham pessoas para indicar e informar sobre vagas, apontando essa dificuldade de conseguir oportunidades quando não há alguém influente que ajude.

A questão da indicação como fator de desigualdade competitiva também foi apontada na entrevista individual de Sofia, egressa do curso de aprendizagem a qual referiu sobre a seleção para o programa de aprendizagem profissional:

Tinha gente que acho que não precisava estar lá, que tinha uma condição melhor e estava lá porque alguém tinha indicado, eu sei que tinha gente que precisava mais que eu, mas agradeço por ter feito o curso, porque talvez eu não estivesse empregada hoje se não tivesse feito.

Para jovens pertencentes a famílias pobres, que em muitos casos convivem com outras pessoas também em situação de desemprego, a busca pelo primeiro emprego gera um peso ainda maior pela urgência em auxiliar com as despesas domésticas. Ter esse “apadrinhamento” de uma pessoa influente em alguma instituição para facilitar a vinculação ao mercado de trabalho, comum para jovens com um forte capital social, pertencentes a famílias com maior poder aquisitivo atua retroalimentando a desigualdade competitiva ao passo em que, mantêm as classes altas nas posições de poder e relega jovens pobres a trabalhos precarizados, mantendo a desigualdade socioeconômica na sociedade.

Em outras palavras, nem todos os jovens vivem a sua juventude como uma situação de trânsito e preparação para as responsabilidades da vida adulta. Isso significa dizer, por exemplo, que para jovens das classes populares as responsabilidades da “vida adulta”, especialmente a “pressão” para a entrada no mercado de trabalho, chegam enquanto estes estão experimentando um tipo determinado de vivência do tempo de juventude (CARRANO, 2008, P.67).

Essa desigualdade socioeconômica fica marcada na maior parte das respostas dos jovens participantes do grupo do CRAS na atividade realizada no dia 09 de maio de 2018, os

quais mencionam ajudar a família como fator principal para a entrada no mercado de trabalho