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2. Interpretação dos resultados

2.1. As características da amostra

A nossa amostra, que compreendia a quase totalidade dos professores do 1ºCiclo do Ensino Básico a leccionar no ensino oficial do Concelho de Rio Maior, à data da aplicação do questionário, é diversificada em termos de idades, tempo de serviço, tipos de formação, inicial e contínua, e abrangente no que se refere aos cargos que um professor, neste grau de ensino, pode desempenhar.

No que se refere ao sexo dos respondentes, encontramos na nossa amostra características comuns com as que referem VIRGÍNIO SÁ (2004, p.388) e SILVA (2003, p.226), nomeadamente quando este último autor afirma que

“A relação pais-professores constitui, na prática, uma relação entre mães e professoras, incluindo naturalmente, mães-professoras e professoras-mães. As próprias associações de pais são, no fundo, associações de mães. A relação escola-família constitui, claramente, uma relação no feminino. Pelo menos no 1ºciclo do ensino básico, e na sua vertente escolar.”

É que, a esmagadora maioria dos docentes que responderam ao nosso inquérito são do sexo feminino, 91,8%. Aliás, este valor está de acordo com o que afirma SILVA (ibid, p.233) ao dizer que “o 1ºCiclo é constituído actualmente, no que respeita ao corpo docente, por uma presença esmagadoramente feminina (superior a 90%)”. Ou seja, a docência no 1ºCiclo, no Concelho de Rio Maior, acompanha essa tendência, apresentando-se como uma profissão maioritariamente feminina.

Outra característica dos respondentes em que vale a pena reflectir, é o facto dos docentes declararem ter tido, ou não, formação na área da relação Escola-Família. Segundo os resultados que apurámos, a maioria dos docentes não teve formação nessa área, o que vem confirmar o que afirma SILVA (2003, p.255) quando diz que a relação Escola-Família é,

“algo imposto pelo Estado, e para o qual a maioria das docentes não recebeu formação adequada (nem a nível da sua formação inicial, nem da formação contínua), torna-se facilmente uma fonte de angústia acrescida, de stress adicional, em suma, de mal estar docente. E crescente.”

Refira-se ainda que, nos nossos dados, encontrámos alguma tendência para serem os professores mais novos e os que possuem o curso das Escolas Superiores de Educação a afirmarem maioritariamente que tiveram formação na área da relação Escola-Família, ao passo que, os mais velhos e os que fizeram o Curso do Magistério Primário e que completaram a sua formação com um Complemento de Formação, são os que maioritariamente afirmam que não tiveram formação nessa área. Assim poderemos estar perante uma ligeira tendência para que esteja em curso uma progressiva inclusão desta temática na formação inicial dos jovens professores, alteração que, de acordo com os respondentes, não se estará a verificar ao nível da formação contínua de professores.

Quanto às escolas onde leccionam os docentes da amostra, possuem características bastante diversificadas. A maioria dos docentes lecciona em escolas de tipo EB1, quase todas situadas em aldeias do Concelho, com apenas um ou dois docentes em cada escola e sempre com dois, três ou quatro anos de escolaridade em cada turma e com menos de vinte alunos (algumas com menos de 10). Neste tipo de escolas também se encontra uma escola maior que é sede do único Agrupamento Horizontal do Concelho (que é constituído apenas por escolas do 1ºCiclo) e que se situa numa vila relativamente pequena. Este Agrupamento, tal como os outros, possui uma Associação de Pais. Apesar de ser expectável que a relação Escola-Família fosse diferente neste tipo de escolas, os resultados da nossa pesquisa não o revelaram, uma vez que as respostas que os docentes deram às questões que lhes colocámos no questionário, não sofrem variações muito significativas com o tipo de escola.

Embora com dois professores a menos, é muito aproximado o número de docentes da amostra que leccionam nas duas escolas de tipo EBI que existem no Concelho. São escolas com os três ciclos do Ensino Básico juntos no mesmo edifício, as turmas têm entre vinte e vinte e cinco alunos, integram alunos quase sempre de um único ano de escolaridade, mas que podem possuir diferentes níveis de desenvolvimento e aprendizagem, o que leva a que, em alguns casos, as turmas sejam muito heterogéneas. Estas escolas são sede dos dois agrupamentos verticais do Concelho e nelas se encontram também sedeadas as Associações de Pais respectivas.

É ainda de referir que, no Concelho de Rio Maior, de acordo com as respostas que obtivemos, são os professores mais novos que maioritariamente leccionam em escolas de tipo EB1, que se situam em aldeias ou vilas e os professores mais velhos que leccionam em escolas da cidade, de tipo EBI.

Encontrámos ainda outra tendência curiosa, trata-se do facto de serem os professores mais velhos aqueles que, maioritariamente, são apenas Titulares de Turma, sendo que, são os do grupo etário “De 36 a 45 anos”, aqueles que afirmam em maioria exercerem outros cargos para além de serem professores de uma turma. Estes resultados poderão levar-nos a reflectir sobre se serão efectivamente os professores mais experientes, como pretende o Ministério da Educação, aqueles que se encontram mais motivados e que possuem melhor formação para exercerem as funções de coordenação e supervisão dentro das escolas, tal como refere no seu preâmbulo o recentemente aprovado Estatuto da Carreira Docente, a que já fizemos referência, e que reserva para os professores mais velhos a possibilidade de acederem à categoria de “Professor Titular” e consequentemente de exercerem os referidos cargos.