• Nenhum resultado encontrado

3 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

3.3 As Salas de Recursos Multifuncionais

A Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) é um dos ambientes de trabalho exclusivos do professor de Educação Especial e de acordo com Alves et al (2006) pode ser conceituada como:

(...) espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional especializado para alunos com necessidades educacionais especiais, por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas em um novo fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimentos pelos alunos, subsidiando-os para que desenvolvam o currículo e participem da vida escolar (ALVES et al, 2006, p.15).

Segundo Galvão Filho e Miranda (2012) é na SRM que um novo fazer pedagógico é materializado, através de uma gama de estratégias metodológicas que contribuem de forma decisiva na aprendizagem e na construção de conhecimentos dos alunos com deficiência e/ou necessidades educacionais especiais, atuando na preparação tanto para o currículo formal aplicado na sala regular quanto para as atividades da vida diária. Ainda dentro desta ideia, Luna (2015), ao tratar sobre a importância da SRM, explica que:

As salas podem oferecer vários recursos que tornam a vida escolar da pessoa com deficiência mais significativa. A produção de materiais didáticos adaptados é da competência da interação entre as necessidades apontadas pela professora regente e a professora especial. O funcionamento deste espaço e pode fazer a diferença, facilitando o acesso ao conhecimento, muitas vezes sem se distanciar da proposta pedagógica original da sala regular (LUNA, 2015, p. 76).

As salas de recursos multidisciplinares são divididas, pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (SEESP/MEC), em dois tipos. O primeiro tipo corresponde ao trabalho focado nos alunos público-alvo do Atendimento Educacional Especializado, com exceção dos alunos com baixa visão ou deficiência visual.

De acordo com o documento do Ministério da Educação intitulado “Manual de Orientação: Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais”, as salas

possuem uma série de materiais específicos para seu funcionamento, que são classificados em (BRASIL, 2010, p. 11): • Equipamentos: 02 Microcomputadores; 01 Laptop; 01 Estabilizador; 01 Scanner; 01 Impressora Laser; 01 Teclado com colmeia; 01 Acionador de pressão;

01 Mouse com entrada para acionador; 01 Lupa eletrônica.

• Mobiliários: 01 Mesa redonda; 04 Cadeiras;

01 Mesa para impressora; 01 Armário;

01 Quadro branco;

02 Mesas para computador; 02 Cadeiras. • Materiais Didático/Pedagógicos: 01 Material Dourado; 01 Esquema Corporal; 01 Bandinha Rítmica; 01 Memória de Numerais I; 01 Tapete Alfabético Encaixado; 01 Software Comunicação Alternativa; 01 Sacolão Criativo Monta Tudo;

01 Quebra Cabeças – sequencia lógica; 01 Dominó de Associação de Ideias; 01 Dominó de Frases;

01 Dominó de Animais em Libras; 01 Dominó de Frutas em Libras;

Já as salas do segundo tipo são voltadas para a atuação com alunos com deficiência e/ou necessidades especiais na área visual. Segundo o Manual de Orientação (BRASIL, 2010, p. 12) elas contem tudo que a sala tipo I possui, mas adicionadas dos seguintes equipamentos e materiais didático/pedagógicos:

01 Dominó Tátil; 01 Alfabeto Braille;

01 Kit de Lupas manuais;

01 Plano inclinado – suporte para leitura; 01 Memória Tátil.

01 Impressora Braille de pequeno porte; 01 Máquina de datilografia Braille; 01 Reglete de Mesa;

01 Punção; 01 Soroban;

01 Guia de Assinatura;

01 Kit de Desenho Geométrico; 01 Calculadora Sonora

A manutenção do Atendimento Educacional Especializado executado na Sala de Recursos Multifuncionais é prevista pelo Decreto 7.611 de 17 de dezembro de 2011, no parágrafo 2º do artigo 5º, que discrimina quais as ações contempladas através do apoio técnico e financeiro do Governo Federal:

I - aprimoramento do atendimento educacional especializado já ofertado;

II - implantação de salas de recursos multifuncionais;

III - formação continuada de professores, inclusive para o desenvolvimento da educação bilíngue para estudantes surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do Braile para estudantes cegos ou com baixa visão;

IV - formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para a educação na perspectiva da educação inclusiva, particularmente na aprendizagem, na participação e na criação de vínculos interpessoais;

V - adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade; VI - elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e

VII - estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior (BRASIL, 2011, p. 2).

Entretanto, na prática esta parece não ser a realidade encontrada. Luna (2015) em sua tese, objetivou avaliar como se deu o processo de implementação das Salas de Recursos Multifuncionais no município baiano de Jequié. Os sujeitos participantes da pesquisa foram as professoras de AEE que atuavam na SRM e coordenadora de Educação Especial do município. O estudo foi desenvolvido através de análise de documentos, entrevista com roteiro semiestruturado, discussão através de grupo focal e observação.

Os resultados deixaram claro que existem muitas dificuldades que infelizmente atrapalham o desenvolvimento das ações da SRM, entre as principais podem ser citadas: a falta de uma formação continuada para os professores, a carga horária insuficiente para atender a grande demanda e consequentemente a sobrecarga de trabalho, além da falta de cooperação entre os professores do AEE com os da sala regular e falta de integração com a equipe multidisciplinar.

Contudo, a autora deixa claro que apesar dos problemas, o trabalho na SRM apresenta avanços consideráveis, no que tange ao atendimento e educação de alunos com deficiência e/ou AEE do município pesquisado, “confirmando esta mudança cultural de reorganização e concepção de escola. Afinal, uma escola para ser de fato uma escola moderna e aliada aos princípios do novo modelo de sociedade tem que ser uma escola boa para todos” (LUNA, 2015, p. 77).

Outro problema reside no fato de que o governo garantiu apenas o material necessário para a criação das SRM, mas não garantiu a sua manutenção. Ainda que existisse uma estrutura física e material apropriada, de nada adianta se não houver profissionais capacitados para transformar todos aqueles equipamentos em eficientes ferramentas educativas. Este pensamento também é compartilhado por Luna (2015):

Materiais com textura, jogos de categorização, softwares, ou adaptações mecânicas para informática, mobiliário se estabelecem como recursos para a autonomia do aluno e mediação do aprendizado. Todos esses materiais devem ser bem trabalhados por pessoas que consigam aliar todo o aparato tecnológico ao conhecimento de desenhos pedagógicos adequados em um sistema de coparticipação do professor especializado e o de classe regular (LUNA, 2015, p. 76-77).

Assim, é inegável a importância da Sala de Recursos Multifuncionais para o aluno considerado público-alvo do AEE, pois segundo Galvão Filho e Miranda (2012) na SRM o aluno pode aprender uma série de recursos para sua vida diária, além do uso de diversos recursos de tecnologia assistiva que ajudarão no seu desenvolvimento educacional e também em sua autonomia.