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2.1 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

2.1.4 As tecnologias na escola

Diante das exigências da sociedade da informação a comunidade escolar vem se deparando nas últimas décadas com três caminhos:

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O conceito de inovação que se propõe, envolve a utilização de novas tecnologias em sala de aula, o que implicará novas formas de ensinar e aprender.

Repelir as tecnologias e tentar ficar fora do processo; apropriar-se da técnica e transformar a vida em uma corrida atrás do novo; ou apropriar-se dos processos, desenvolvendo habilidades que permitam o controle das tecnologias e de seus efeitos (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2008, p. 25).

Mas, o que se apresenta nos últimos anos é o desenvolvimento de políticas públicas que tem desdobramento na introdução de tecnologias no veio educacional público por meio de programas governamentais, vinculados à inclusão digital. Na visão de Moran (2007), a trajetória de implantação das tecnologias começou com a visão de melhorar o desempenho do que já existia no setor administrativo. Depois as tecnologias começaram a ajudar os professores nas aulas: organização dos conteúdos, apresentações, ilustração de aulas, pesquisa e avaliação. Ao mesmo tempo, os alunos começaram a descobrir as ferramentas de apoio à aprendizagem, tais como: programas de texto, multimída, navegação em bases de dados e internet.

Atualmente, vários projetos e programas que visam a construção de uma educação para essa geração que vive e convive em rede e de formação docente, estão em andamento. Como exemplos, destaca-se: a inserção de computadores e banda larga nas escolas; ao incentivo a aquisição de computadores por professores; a democratização do ensino técnico e superior, por meio da realização de ofertas de educação na modalidade EAD21; e, ainda programas e projetos vinculados a processos de formação docente. Como iniciativas relacionadas ao contexto educacional: o Programa Banda Larga nas Escolas; o Programa Computador Portátil para Professores; o Programa Nacional de Informática na Educação - Proinfo; o Projeto Um Computador Por Aluno - UCA, a Universidade Aberta do Brasil – UAB e o Programa Escola Técnica Aberta do Brasil-e-TEC. São ações políticas da informática educativa no Brasil, criados por iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério da Educação, Ministério das Comunicações, Ministério da Cultura, Ministério do Planejamento, Ministério do Desenvolvimento, Ministério da Integração Nacional, Ministério do Desenvolvimento Agrário, em parceria com Secretarias, Fundações e empresas estatais22.

Mediante os aspectos abordados observa-se a relevância das contribuições dos projetos EDUCOM, FORMAR e o Programa Nacional de Informática na

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21 EAD – Educação a distância.

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Educação - Proinfo23. O Projeto EDUCOM foi operacionalizado a partir de sugestões da comunidade científica do país e contribuiu de maneira significativa para consolidar em sua época a forma como a informática deveria ser tratada no Brasil. O Projeto Formar, voltado exclusivamente para capacitação de professores para o uso de computadores na escola, permitiu a realização de quatro cursos de pós-graduação na área de informática na educação realizados em 1987, 1989 e 1991.

Os dois primeiros na UNICAMP/SP e os outros dois nos Estados de Goiás e Sergipe, com o apoio do Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET/MG. O Proinfo tem sido considerado o programa com maior abrangência e duração e muitos educadores apropriaram-se do uso desse recurso e passaram a aspirar e a reivindicar a presença dele no seu fazer pedagógico (OLIVEIRA, 2006). Ressalta-se que em 12 de dezembro de 2007, foi publicado decreto reorganizando o Proinfo, denominado Programa Nacional de Tecnologia Educacional. A finalidade do programa é promover “o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de educação básica”, (Decreto 6.300, 2007)24

. Muda o enfoque do programa: ao invés de centrar-se no computador, passa a trabalhar com todas as mídias. O Proinfo, agora denominado Proinfo Integrado, encontra-se dentro de um programa de políticas públicas em educação e tecnologia desenvolvidas pelo governo federal em parceria com os estados e municípios. Esse programa funciona de forma descentralizada com coordenações estaduais, com atribuições de disseminar o uso das tecnologias da informação e comunicação nas escolas da rede pública. Os vinte e sete estados brasileiros aderiram ao Proinfo e cada um o implantou com base na Política Nacional de Educação, adequando-o às suas especificidades regionais. Com esse movimento o governo brasileiro, em uma primeira instância, garantiu o acesso aos recursos tecnológicos.

Quando as TIC são incorporadas às práticas pedagógicas origina-se a Tecnologia Educacional. E, segundo Almeida e Valente (2011, p. 74) não basta prover acesso à tecnologia e automatizar práticas educacionais; é um processo muito maior. As tecnologias da informação e comunicação precisam “estar inseridas, integradas aos processos educacionais, agregando valor à atividade que o aluno ou o professor realiza”. A tecnologia e sua relação com a educação foi abordada pela _______________

23 Este programa será tratado apenas de Proinfo.

24BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6300.htm. Acesso em 12 fev. 2014.

primeira vez na década de 1940, como uma disciplina na Universidade Americana de Indiana (PONS, 1988). Na educação brasileira, segundo Libâneo (2000), a tecnologia carrega a marca tecnicista25 do quadro da ditadura militar, juntamente com o temor à máquina, medo da perda de emprego, precária formação cultural e científica que não inclui a tecnologia.

Para explicar a Tecnologia Educacional, Barreto (2003, p. 271), registra que esta expressão pode ser utilizada em substituição do termo recurso, isto é, refere-se às tecnologias utilizadas no processo ensino-aprendizagem. A tecnologia educacional apoia o trabalho pedagógico e, consequentemente, abrem-se ilimitadas possibilidades de aprendizagens aos alunos. Todavia, é importante que as Tecnologias Educacionais ultrapassem o simples ato de adquirir instrumentos de comunicação. É necessário utilizá-las no ambiente escolar de forma a trazer para o contexto da escola as informações presentes nas tecnologias e as próprias ferramentas tecnológicas, articulando-as com os conhecimentos escolares e propiciando a interlocução entre os indivíduos. Para Masetto (2006, p. 139), a tecnologia “tem sua importância apenas como um instrumento significativo para favorecer a aprendizagem de alguém. Não é a tecnologia que vai resolver ou solucionar o problema educacional do Brasil”. São os processos de utilização desses recursos que definirão o ensino-aprendizagem.

A trajetória das tecnologias educacionais ao longo dos anos não foi bem sucedida. Vários projetos tecnológicos, como exemplos o Educom e o FORMAR, não prosperaram. Isso porque, segundo Brito e Purificação (2008) o simples uso das TIC não garante avanço na educação, até porque, quando não são bem utilizadas situam-se como novidade por pouco tempo, sem realmente ocorrer mudanças significativas. Compactuando das ideias de Masetto (2006) e Brito e Purificação (2008), Sancho (2006) argumenta que o avanço tecnológico nem sempre resulta em avanço e melhoria na educação. Não basta investir em tecnologias, se faz necessário investir em formação, preparar os professores para atuar nesse contexto digital e por muitos anos.

O desafio da formação atinge todos os professores, desde os que nunca ligaram um computador, até aqueles que já demonstram habilidade no seu uso, o que pode gerar muitas incertezas. Há um consenso de que a vinda do laptop _______________

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educacional para as escolas pode representar uma mudança metodológica muito mais drástica do que a própria inovação tecnológica. Pensando assim, o laptop pode representar um aumento das possibilidades de trabalho do professor, que precisa adequar-se ao mundo tecnológico, ou seja, necessita maior preparação para se trabalhar com esse recurso didático que chegou à escola.

O uso de artefatos tecnológicos nas escolas, segundo Cysneiros (1999, p. 11-24) tem sido uma história de insucessos, caracterizada por ciclos, que se inicia mostrando as vantagens educacionais do seu uso, complementadas por um discurso dos proponentes salientando a obsolescência da escola. Para o autor, as políticas públicas de introdução da nova tecnologia nos sistemas escolares terminam pela adoção limitada por professores, sem a ocorrência de ganhos significativos. Em cada ciclo, uma nova sequência de estudos aponta prováveis causas do pouco sucesso da inovação, tais como falta de recursos, resistência dos professores, burocracia institucional, equipamentos inadequados. Após algum tempo surge outra tecnologia e o ciclo recomeça, com seus defensores argumentando que foram aprendidas as lições do passado, que os novos recursos tecnológicos são mais poderosos e melhores que os anteriores, podendo realizar coisas novas. E o ciclo fecha-se novamente com uso limitado e ganhos educacionais modestos.

Assim, a docência encontra-se num emaranhado de possibilidades e necessidades, numa rede que vai sendo tecida a partir do imbricamento: do ser docente que existe em cada um; da leitura crítica da sociedade atual; da compreensão de quem é, e de como aprende o novo indivíduo; dos conhecimentos que serão necessários para que essa nova geração viva e conviva nessa sociedade; das diferentes TIC e da compreensão de suas possibilidades, potencialidades e limites para os contextos educativos; e da permanente necessidade de estar continuamente aprendendo, num processo de aprender a aprender. Esse processo implica necessariamente no binômio ação-reflexão, do qual o resultado pode incrementar qualitativamente uma prática pedagógica responsável, comprometida com a formação e com a capacitação humana, numa perspectiva emancipatória.

Por outro ângulo, cabem ao Estado oferecer esta qualificação e o aperfeiçoamento, a valorização dos professores e proporcionar a infraestrutura adequada. Em vista disso e com o trabalho articulado, é possível aliar educação de qualidade e avanço tecnológico em consonância com avanço social; exigindo soluções e abordagens inovadoras que fundamentem os cursos de formação para

uma possível transposição didática que atenda a nova geração que vive conectada no ciberespaço.