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2.1 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

2.1.1 Sociedade da informação

As transformações que repercutiram nas formas de trabalhar, informar e comunicar constrói a sociedade da informação, designando o processo de mudanças com base no uso da informação para gerar conhecimentos. Nela cabe enfatizar a emissão da informação com propostas que possam explorar as potencialidades das tecnologias, que ocasionaram uma série de mudanças em todos os campos do conhecimento e, em particular, na área da informação reunindo os

recursos da microeletrônica, da ciência da computação, das telecomunicações, da engenharia de softwares e das análises de sistemas.

Mediante a constatação acima, Kenski (2008) tenta ilustrar as consequências do movimento da sociedade da informação mencionando Eco (2003)12, que descreve o processo do advento dos táxis, os quais acabaram por extinguir a função de cocheiros. Esse exemplo retrata uma pequena parte dos “movimentos” impulsionados por novos adventos e consequentemente criação de novas funções sociais, necessidade de novas aprendizagens e extinção de outras. Castells (2006) considera que os movimentos que culminaram a sociedade da informação estão diretamente ligados à reestruturação pela qual o modelo capitalista de países desenvolvidos passou nos anos 80 da década passada; e nos países em desenvolvimento a partir dos anos 1990.

No Brasil, esse movimento teve início em maio de 1998, quando um grupo iniciou um trabalho, a partir de um convite do Ministério da Ciência e Tecnologia. A proposta do grupo foi sintetizada no Livro Verde13. Ainda, de acordo com o Livro Verde, o Brasil, lançou por meio da Presidência da República e coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia o programa Sociedade da Informação (SocInfo), em dezembro de 1999. O objetivo era fomentar o uso intensivo de tecnologias da informação e comunicação em todos os setores e atividades da sociedade, buscando acelerar o desenvolvimento econômico e social do país.

A sociedade da informação recebeu ao longo de sua constituição, várias denominações: Sociedade em rede (Castells, 2001), Mundo Digital (Negroponte, 1995), Cibersociedade (Joyanes, 1997), Era das Relações (Moraes, 1997), entre outras. A expressão “sociedade da informação” consagrou-se como o termo hegemônico para fazer referência à sociedade decorrente das transformações impostas pelas revoluções industrial e pós-industrial.

Assim, Castells (2006) reitera que o estabelecimento dessa sociedade está relacionado à internet, economia e capitalismo. Trata-se de uma sociedade e de uma economia que usam as tecnologias da informação e da comunicação e as _______________

12ECO, Humberto. Alguns mortos a menos. O Estado de São Paulo, São Paulo, 10/08/2003, p.16.

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Livro lançado no Programa Sociedade da Informação no Brasil, do qual apresenta metas de ampliação do acesso, meios de conectividade, formação de recursos humanos, incentivo à pesquisa e desenvolvimento, comércio eletrônico, desenvolvimento de novas aplicações por meio de ações aplicáveis, etc. Contém desde o planejamento e orçamentos até a execução e acompanhamento específicos do Programa Sociedade da Informação.

novas linguagens, tomando a informação como elemento central de toda atividade humana, destacando-se aquela relativa às condições de produção e crescimento econômico. Para Behrens (2010, p. 81) “o desafio que se impõe nessa sociedade é o de como acessar a informação recebida, como interpretá-la, e, acima de tudo, como produzir novas informações com criatividade, ética e visão global”. Mesmo porque tempo-espaço se configura diferente, de forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias mais curtas. Um computador com conexão à internet, por exemplo, permite que textos, imagens e sons sejam transmitidos em tempo real, a partir de um processo em que os átomos tornam-se bits, ou seja, se virtualizam e quebram as barreiras do tempo e espaço.

Embora não haja a menor dúvida de que estamos numa era da informação, a maior parte das informações chega até nós sob a forma de átomos: jornais, revistas e livros. Nossa economia pode estar rumo a uma economia da informação (bits), mas medimos o comércio e fazemos nossos balanços pensando em termos de átomo... A superestrada da informação nada mais é do que o movimento global de bits sem peso à velocidade da luz. Todas as indústrias, uma após outra, olham-se no espelho e se perguntam sobre seu futuro; pois bem, esse futuro será determinado em 100% pela possibilidade de seus produtos e serviços adquirirem forma digital (NEGROPONTE,1995, p. 17-18).

Diante deste contexto, é inevitável nos dias atuais a associação do termo tecnologia da informação com informática, rede de computadores, internet, multimídia, banco de dados e outros recursos oferecidos pelo computador. Sob essa óptica, todas as tecnologias como telefone, rádio, TV, vídeo, áudio, e outros que antes eram utilizadas separadamente, hoje foram integradas aos vídeos, impressoras, conexão à internet, leitores e gravadores de disco óticos, sistemas de áudio, estações de rádio, entre outros. Essa integração tornou possível o armazenamento da informação sob as mais diversas formas, tornando o computador o centro de processamento que possibilita todas as operações, o que não só agiliza a comunicação, mas também a torna mais acessível.

Os primeiros computadores surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos em 1945 (LÉVY, 1999, p. 31). Por um determinado período, eles foram reservados ao uso militar para cálculos científicos. Somente nos anos de 1960 os computadores foram incorporados ao uso civil. E, sem dúvida, o computador é uma das tecnologias que têm recebido destaque, tanto no meio social como nas propostas e ações didáticas que focaliza o compartilhamento e interação, a construção de

conhecimentos de forma dinâmica e atraente. O computador na escola é o maior exemplo de inclusão das TIC no contexto educacional. De aulas no laboratório de informática ao uso da internet dentro da sala de aula.

Todavia, o que se observa são os discursos e discussões sobre os benefícios e malefícios que a utilização dessa tecnologia engendra, principalmente, no processo educacional. Professores e alunos encontram-se imbricados em um contexto de virtualização do ensino, pelo qual o quadro negro e o giz vêm sendo substituídos pelo monitor e o mouse.

Independentemente das pessoas estarem conectadas ou não à grande rede mundial de computadores, suas vidas são direta ou indiretamente influenciadas pelas ações que ocorrem no mundo virtual por meio da internet. Kenski (2008, p. 43) define internet como o “ponto de encontro e diversão”. Para a autora a internet é a redes das redes, é o espaço possível de integração e articulação de todas as pessoas conectadas com tudo o que existe no espaço digital, o ciberespaço. Vale ressaltar que o nome internet originou do termo internetworking14.

O fluxo incessante de informações, segundo Lévy (1999), proporcionado pela internet como um segundo dilúvio, porém sem um fim, e que desejando ou não, faz ou fará parte da vida de grande parte das pessoas, bem como, das futuras gerações. Daí a importância, segundo o autor, de ensinar as novas gerações a navegar na internet, pois tudo que está e acontece nela influencia o que está dentro e fora dela. Diante disso, se faz necessário uma educação permanente, que explore as possibilidades oferecidas pela tecnologia. Nestas condições, a quantidade de informações com as quais o cidadão tem que lidar, faz com que o educador avalie suas estratégias pedagógicas em uso para adequá-las às novas situações. Caso contrário, corre-se o risco de ter escolas irrelevantes para os alunos, como também formar profissionais mal preparados. O modelo de produção e distribuição dessa sociedade atual requer pessoas cada vez mais especializadas, que atendam a determinadas capacidades, conhecimentos, habilidades e acaba por exigir da educação que as prepare para cumprirem esse papel, ainda que os educadores não saibam exatamente como proceder para que isso se concretize.

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14 É uma referência à arquitetura e aos serviços da internet que tem como objetivo interligar múltiplas redes físicas de modo a formar um sistema coordenado e homogêneo.