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O Programa Um Computador por Aluno permite uma alteração da educação centrada no professor para uma pedagogia centrada no desenvolvimento coletivo. Por isso, há necessidade de desenvolver políticas públicas para preparar o professor para a utilização de laptops educacionais com estudantes. Nesta perspectiva, pesquisadores advertem:

Tornam-se primordiais a formação e a transformação do professor, que deve estar aberto às mudanças, aos novos paradigmas, os quais o obrigarão aceitar as diversidades, as exigências impostas por uma sociedade que se comunica através de um universo cultural cada vez mais amplo e tecnológico (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2008, p. 29).

É necessário construir caminhos para os professores se apropriarem criticamente das tecnologias, conscientes de que há uma dicotomia a ser superada, paralelamente aos significativos avanços científicos e tecnológicos da sociedade, da qual qualquer mudança dependerá de sua capacidade de analisar e adotar princípios, estratégias e técnicas mais adequadas às condições da realidade educacional.

A formação de professores inseridos no Programa Um Computador por Aluno foi idealizada pelo Ministério da Educação, em parceria com as universidades globais: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUCMG, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Universidade Federal do Ceará – UFC, Universidade Federal do Pernambuco - UFPE e Universidade de São Paulo – USP. As universidades denominadas globais são as responsáveis pelo programa de formação de determinados estados. O programa de formação continuada foi acoplado ao ambiente virtual de aprendizagem e-Proinfo, disponível na plataforma do MEC. Esta formação propaga um caráter cuja tônica é a prática reflexiva. A reflexão sobre as ações desencadeadas tanto por professores como pelos formadores, o que poderia propor uma revisão constante das ações de formação, em conformidade com o contexto de cada localidade e escola.

4.3.1 Formação Brasil: a formação dos professores inseridos no Projeto UCA

Para a preparação dos professores, bem como dos gestores, nas escolas contempladas com o Projeto UCA utilizou-se o “Projeto UCA formação Brasil”, organizado pelas instituições parceiras, citadas acima. Entre seus objetivos o projeto da formação Brasil buscava “criar e socializar novas formas de utilização das tecnologias digitais nas escolas públicas brasileiras para ampliar o processo de inclusão digital escolar e promover o uso pedagógico das tecnologias de informação

e comunicação” (BRASIL, 2009, p. 01). O processo foi organizado para todas as regiões do Brasil envolvidas no Projeto UCA. Por esta razão, conta com uma estrutura que inclui a participação de instituições de ensino superior (IES), secretarias de educação estadual ou municipal, centros de formação de multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional - estadual (NTE) e municipal (NTM), professores, gestores e alunos monitores das escolas, com a intenção de criar uma rede de colaboração e cooperação (BRASIL, 2009, p. 2-3), conforme representado pela figura 4.

FIGURA 4 – ESTRUTURA DA FORMAÇÃO BRASIL

Fonte: BRASIL, Formação Brasil: projeto planejamento das ações, 2009 (Adaptada)

O projeto da formação de professores foi validado pelo Grupo de Trabalho de Assessoramento - GTUCA e desenvolvido pelas universidades e instituições locais. O GTUCA, grupo de trabalho composto por especialistas em Tecnologias Educacionais, é constituído por representantes de universidades brasileiras. As universidades, denominadas universidades globais, ficaram com a responsabilidade de formar representantes de universidades locais de diferentes estados, os quais, por sua vez, deveriam coordenar a formação dos formadores que atuariam direto nas escolas. Os formadores dos professores são, em geral, representantes das Secretarias de Estado e do Núcleo de Tecnologia Educacional. Para a execução do projeto o GTUCA dividiu-se em três instâncias: GT de formação, GT de avaliação e

GT-UCA-MEC

IES – UCA - Global

IES - LOCAL

SE- NTE

Equipe de formadores

Equipe de educadores/pesquisadores representantes de

Universidades de várias regiões do país que participaram junto ao MEC da análise do Projeto Uca e da construção dos princípios...

Instituição Ensino Superior representadas pelos participantes do GT-UCA_MEC

Instituição de Ensino Superior de cada Estado

Representante da Secretaria de Educação do Estado e do NTE

GT de pesquisa. As universidades globais, além da formação dos professores, têm que desenvolver pesquisas sobre o Projeto UCA.

O processo de formação na escola, destinado para professores e gestores, é desenhado com uma carga horária de 180 horas, na modalidade semipresencial e dividida em módulos. As atividades realizadas a distância são desenvolvidas no ambiente virtual e-Proinfo71. A carga horária destinada às atividades presenciais e a distância é definida pelas universidades locais. A formação abrange as dimensões tecnológica, pedagógica e teórica e objetiva “preparar a equipe de professores e gestores das escolas para o uso pedagógico inovador das tecnologias digitais e favorecer a estruturação de redes cooperativas” (BRASIL, 2009, p. 26). A dimensão

tecnológica está direcionada ao domínio e apropriação para o uso do sistema Linux

Educacional e de aplicativos presentes nos laptops; a dimensão pedagógica está voltada para o uso dos laptops em processos de ensino-aprendizagem; a dimensão

teórica busca um desenvolvimento valorativo onde o projeto político pedagógico

esteja de acordo com a realidade de cada instituição (BRASIL, 2009, p. 26). “Os módulos preveem a vivência de pequenas ações pedagógicas com uso de tecnologias digitais, visando desenvolver nos professores e gestores competências tecnológicas e pedagógicas que lhes permitirão planejar situações de aprendizagem para os alunos” (BRASIL, 2009, p.19).

A proposta da formação supõe a estruturação de uma rede de formação, a criação de cultura de redes cooperativas com o uso das TIC, favorecendo a autonomia, o aprofundamento e a ampliação do conhecimento sobre a realidade. Além disso, essa proposta visa contribuir com a (re)construção do projeto político pedagógico, previsto no Módulo 5 do curso, usando as possibilidades do laptop educacional, bem como, contribuir com a inserção de uma prática inovadora do uso das tecnologias (BRASIL, 2009). A estrutura geral da formação pode ser melhor compreendida com base na figura 5.

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O ambiente e-Proinfo é um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem que permite a concepção, a administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem (BRASIL, 2009).

FIGURA 5- ESTRUTURA GERAL DA FORMAÇÃO DO PROUCA Fonte: BRASIL, Formação Brasil: projeto planejamento das ações, 2009

A formação também é desenvolvida por meio de ações, denominadas: Ação 1, Ação 2, Ação 3 e Ação 4, que são executadas pelas IES Globais, IES Locais, Secretarias de Educação NTE/NTM, professores e gestores. A Ação 1, caracterizada como Preparação da equipe de formação e Pesquisa, é realizada pelo GTUCA de cada universidade global que “coordena, acompanha e analisa a concepção e a estrutura curricular das propostas de curso de preparação e formação a ser desenvolvida para as várias instâncias envolvidas no Projeto UCA”(PUCSP, 2011), dentro da região sob a sua responsabilidade. A Preparação da Equipe de Formação das IES Locais e NTE/NTM é denominada de Ação 2. Os formadores das IES Global elaboram “a estrutura curricular, os conteúdos, o desenho e a produção dos cursos de acordo com a concepção do GTUCA e dá suporte para a preparação das IES Locais e NTE/NTM” (PUCSP, 2011). A Ação 3 é a Formação da Escola, envolvendo professores e gestores realizada pelas equipes das IES Locais e NTE/NTM. É um movimento de planejamento e implantação de ações pedagógicas com o uso do laptop educacional, em parceria com os professores e gestores da escola (PUCSP,

2011). A Ação 4 é a Capacitação dos Monitores, da qual as Secretarias de Educação ficaram responsáveis.

Assim, o documento denominado Formação Brasil - Planejamento das Ações (BRASIL, 2009, p. 30) enfatiza que o curso de formação voltado ao PROUCA pretende que os professores e gestores integrem de forma inovadora as potencialidades do laptop educacional no cotidiano escolar, reconhecendo o potencial pedagógico do laptop, da web e da web 2.0.

No Estado do Tocantins, a responsabilidade global da formação de professores inseridos no Programa Um Computador por Aluno foi da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Sob o título de formação em rede o curso propagou a aprendizagem colaborativa.

4.4 O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE FORMAÇÃO CONTINUADA