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3.2 AS MÍDIAS SOCIAIS A FAVOR DA EDUCAÇÃO

3.2.1 Redes sociais

As redes sociais são um fenômeno mundial e a cada dia se fazem mais presentes na vida dos cidadãos. Elas se fazem presentes como uma nova forma de estabelecer relações, realizando tarefas como: divulgação de notícias, produtos, compartilhamento de vídeos, músicas, imagens e preferências pessoais. As redes sociais podem ser entendidas como:

Um processo de socialização, algum tipo de interação coletiva e social que pressupõe o partilhamento de informações, conhecimentos, desejos e interesses. Para tanto, variáveis microssociológicas, como afetos, simpatias, confiança, sentido de pertencimento, solidariedade, respeito, proatividade, reciprocidade, entre outras, precisam entrar em ação e balizar a relação que pessoas estabelecem entre si e no mundo virtual (FRANCO, 2012, p. 117).

As redes sociais funcionam como diários virtuais em tempo real. São comuns posts de gente narrando a rotina, reclamando do trabalho, mostrando a roupa do dia, o prato do almoço ou exibindo sua localização: na academia, na faculdade, no hospital ou na balada. Isso sem contar os "selfies" (autorretratos). A exposição nas redes, hoje, é inevitável e o limite é o bom senso de cada um. Os limites dependem da intenção e do perfil de cada pessoa. Os níveis de exposição de um executivo, de um ator, de uma escritora e de uma dançarina de funk são completamente

diferentes. Não há certo e errado, há o adequado à necessidade e ao objetivo de cada pessoa.

Porém, o conceito de rede social não é novo. Sua história vincula-se a um seminário de Manchester que, na década de 1950 por meio de Max Gluckman, deflagrou um levante anti-Radcliffe-Brown54 que tinha por finalidade questionar e pensar os estudos de redes sociais. Deste levantamento teórico, emergiu o trabalho conduzido pelo sociólogo John Barnes intitulado “Class and Committees in a Norwegian Island Parish”, publicado em 1954 na revista britânica Human Relations, o qual tinha por mote explicar o modelo de organização social de uma pequena comunidade de Bremer, Noruega, por meio da análise do conjunto de relações que seus membros possuíam uns com os outros. Sendo assim, atribuída a Barnes (1954) a origem do que hoje entende-se por rede social (MITCHELL,1974; LEFEVBRE, 2007; MERCKLE, 2004).

Contudo, sua operacionalização se dará somente mais tarde com os experimentos e estudos de Milgram (1967) e de Bott (1976). Sendo que o estudo do primeiro foi retomado em 2008, pela Microsoft e, em 2011 em parceria firmada entre o Facebook e o Yahoo. Em 2013, o site BI Intelligence divulgou a lista das redes sociais mais acessadas no mundo. Os números são referentes a outubro de 201355, como segue: Facebook: 1,15 bilhão de usuários únicos; Youtube: 1 bilhão; Qzone: 712 milhões; Sina Weibo: 500 milhões; Whatsapp: 350 milhões; Google+: 327 milhões; Tumblr: 300 milhões; Line: 275 milhões; Twitter: 240 milhões; Wechat: 236 milhões. Para estar presente nas redes sociais se faz necessário cadastrar em determinados softwares sociais objetivando o agrupamento de pessoas.

Logo, os espaços formais de ensino-aprendizagem veem-se em conjunta transformação à realidade sociocultural e, nessa conjuntura investem em redes sociais para promover o pensamento crítico quando são fornecidas oportunidades para debater os conteúdos expostos. Considera-se que as redes sociais já são o _______________

54 É lugar comum na tradição antropológica que, a antropologia inglesa do século XX forneceu a disciplina pelo menos dois grandes patriarcas: Bronislaw Malinowski, que desenvolveu o método que distinguiria a antropologia das outras disciplinas, e Alfred Radcliffe-Brown, cuja teoria permitiria a institucionalização da disciplina como campo acadêmico e de pesquisa. Desta junção, surgiu um estilo empirista e formalista de escrita que buscava sempre produzir teorias unificadoras e gerais que permitissem explicar a sociedade para além de seu objeto de estudo em específico e junto com elas, uma legião de descendentes que ora reivindicavam herança junto a um e rechaçavam os seguidores do outro (ALVES, 2011, p. 22).

55 AS 10 MAIORES REDES SOCIAIS do mundo. Disponível em: http://lista10.org/tech-web/as-10-maiores-redes-sociais-do-mundo/. Acesso em 01 jul. 2014.

habitat dos alunos contemporâneos - eles já estão lá. Se de um lado pode haver resistências por parte dos próprios alunos em misturar estudo no lugar em que eles se divertem, de outro lado eles já sabem utilizá-las, estão familiarizados com vários recursos, acessam-nas com frequência, o que pode facilitar atividades realizadas nas redes. Além disso, as redes sociais têm potencial para gerar interação, fomentar o trabalho em grupos e em redes. Aos professores recai a cobrança pela inovação das práticas pedagógicas em virtude da nova geração que são midiáticos, conectados e dinâmicos desafiando o espaço escolar. Esse novo cenário educativo,

[...] busca provocar uma prática pedagógica que ultrapasse a visão uniforme e que desencadeie a visão de rede, de teia, de interdependência, procurando interconectar vários interferentes que levem o aluno a uma aprendizagem significativa, com autonomia, de maneira contínua, como um processo de aprender a aprender para toda a vida (BEHRENS, 2010, p. 111).

Assim, a utilização de redes sociais como potencializadoras de acesso ao conhecimento requer ir além do trabalho docente em sala de aula, pois elas trazem elementos de subjetividade bem mais que os objetivos inicialmente estabelecidos. Requer ainda, entendimento sobre comportamentos, mediação, uso, aplicação e interação. O professor deve se tornar ente participativo destas formas de interação, buscando envolver o estudante em uma rede de compartilhamento de conhecimentos. Na educação a rede social deve ser visualizada como uma prática essencialmente social na qual o professor transpõe os muros escolares e as barreiras geradas pela separação física, por meio da modalidade a distância.

As redes sociais possibilitam a aprendizagem colaborativa em rede, por meio do diálogo e da construção coletiva de saberes entre os sujeitos. Pois, constitui-se em um ato coletivo, solidário, com troca de experiências. “A dialogicidade constitui-se no princípio fundamental da relação entre educador e educando” (FREIRE, 1998, p. 96). O professor precisa otimizar a rede para estabelecer uma maneira de ensinar e aprender com objetivos claros e metodologias definidas. Destarte, as redes sociais não foram criadas com objetivos educacionais, mas estão sendo utilizadas como ambientes virtuais de aprendizagem permitindo a ressignificação do ensinar e aprender. Todavia, já foram criadas redes sociais voltadas para a educação na

versão Português com acesso gratuito, podendo citar: Edmodo56 – voltado para o ensino fundamental; Passei Direto57 - rede brasileira voltada a estudantes do ensino superior; Ebah58 - também é uma rede brasileira destinada ao compartilhamento de material acadêmico. Tem como público-alvo estudantes do ensino superior. Mas, qualquer escola pode criar, também, a sua rede social.

Contudo, alguns estabelecimentos escolares proíbem o acesso às redes sociais. Tal fato não justifica apenas em posicionamentos retrógrados ou antipedagógicos. Envolvem outros fatores, tais como: questão de banda, de capacidade das redes internas das instituições, segurança e, principalmente, preparação dos professores. Essas evidências demonstram que as escolas, inicialmente, precisam se preparar estruturalmente para trabalhar com a educação em rede.

Outra propensão da sociedade em rede é a integração entre aprendizagem online, ensino híbrido e colaborativo, do qual o aprendizado social baseia-se na premissa de que a compreensão e o conhecimento sobre algo é um processo social que se dá por meio de conversas e interações contínuas entre pessoas fundadas na desconstrução de problemas e proposição de ações, a exemplo da sala de aula invertida.