• Nenhum resultado encontrado

AS TRANSFORMAÇÕES DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO

No documento PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 46-52)

No decorrer do desenvolvimento do modo de produção capitalista, verifica-se que este modelo se metamorfoseou-se, mas para a sua compreensão é importante destacar a crítica marxista sobre a Economia Política Clássica: caracterizada como uma ciência burguesa da sociedade que, submetida à crítica dialética, fornece a chave para a compreensão da sociedade capitalista e da dinâmica da história. Karl Marx, a partir da obra “Influências: Hegel e a Economia Política Clássica”, desenvolve a crítica de superação das concepções anteriores, levando--as a suas consequências e a sua formulação completa e final.

São características da Economia Política:

a) trabalhar com categorias econômicas que se apresentam como entidades situadas fora da história.

b) não apresenta uma análise do trabalho no contexto do modo de produ-ção capitalista.

Nesse aspecto é fundamental retomar que o Modo de Produção Capitalista pres-supõe a propriedade privada dos meios de produção, o trabalho assalariado, para estabelecer e ter controle de uma relação de oposição entre capital e trabalho,

As Transformações do Capitalismo Contemporâneo Repr odução pr oibida. A rt . 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. 47

que se desdobra em uma divisão da sociedade entre interesses inconciliáveis, a luta de classes entre burguesia e proletariado. A análise da remuneração do capi-tal e dos salários situam-se nesse contexto mais amplo.

Baseado nesse contexto, a superexploração do trabalho ocorre quando a remuneração do trabalhador fica abaixo do valor da força de trabalho. Para isso classificamos alguns fatores, dentre eles:

■ a Concorrência acirrada entre empresas.

■ a Ampliação do desemprego conjuntural ou estrutural.

■ a Regimes ditatoriais e/ou ausência de liberdades democráticas. Netto assinala que:

[...] o capitalismo monopolista recoloca, em patamar mais alto, o siste-ma totalizante de contradições que confere à ordem burguesa os seus traços basilares de exploração, alienação e transitoriedade histórica, to-dos eles desvelato-dos pela crítica marxiana. Repondo estes caracteres em nível econômico-social e histórico-político distinto, porém, a idade do monopólio altera significativamente a dinâmica inteira da sociedade burguesa [...] (NETTO, 2001, p. 20).

Com base na afirmação do autor, é de extrema importância destacar que a crise de 1929 nos EUA , também conhecida como a grande depressão do capitalismo, com a quebra da bolsa de valores de Nova York, em que houve a crise do liberalismo clássico – ruína das bases liberais de acumulação; ou seja; a derrocado do Estado Mínimo; da livre concorrência e da liberdade individual. Além disso, a moderniza-ção da economia, propiciada pela I Guerra Mundial e uma super produmoderniza-ção versus a diminuição do poder de consumo que ocasionou no acirramento das expres-sões da questão social, devido às dificuldades de manutenção da força de trabalho. Para responder a esse cenário, o Estado passa a intervir com políticas sociais para conter as manifestações da classe trabalhadora, se buscou no investimento para a manutenção da força de trabalho com um único objetivo: a promoção da acumulação de lucros por meio da junção dos meios de produção.

Neste momento de crise a pressão para melhores condições no trabalho fez com que fosse criado um pacto, entre capital e trabalho, proposta de Estado interventor desenvolvida por Keynes para tirar o capital da crise por meio do pleno emprego e da igualdade.

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA Repr odução pr oibida. A rt. 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. II U N I D A D E 48

Estado Mínimo X Estado Interventor

Liberalismo: Estado não interventor; Mercado auto regulável (teoria da mão invisível – Adam Smith); Liberdade Individual.

Pacto social – K X T: capital abre espaço para a luta democrática, par-tidos políticos e o trabalho abre mão da luta que colocasse em ameaça a ordem de acumulação capitalista.

Esse modelo de Estado Interventor, foi fundamental para a criação do Welfare State - Estado de Bem Estar Social, sendo essa ideia expandida mundialmente pós 1945.

[...] As proposições de Keynes estavam sintonizadas com a experiência do New Deal americano, e inspriraram especialmente as saídas euro-péias da crise, sendo que ambas têm um ponto em comum: a sustenta-ção pública de um conjunto de medidas anticrise ou anticíclicas, tendo em vista amortecer as crises cíclicas de superprodução, superacumu-lação e subconsumo, ensejadas a partir da lógica do capital. Mandel sinaliza que tais medidas, nas quais se incluem as políticas sociais, ob-jetivam amortecer a crise [...] (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.71).

Tendo em vista os princípios que preconizam a política social, os quais buscam amenizar o acirramento dos efeitos colaterais do capital, é necessário compreen-der se as políticas sociais envolvem direitos ou não. Por isso, Vieira afirma que:

[…] as políticas sociais têm sido ligadas ao funcionamento do merca-do, à capacidade de compensar as falhas deste, à ação e aos projetos dos governos, aos problemas sociais, à reprodução das relações sociais, à transformação dos trabalhadores não assalariados em trabalhadores assalariados, ao abrandamento dos conflitos de classe e etc. Políticas sociais meramente descritivas ou não, seu estudo implica muito esforço e enormes embaraços [...] (VIEIRA, 2009, p. 13).

Assim, o Estado atua como um regulador do ciclo de crise do capital, em que “[…] sua base de sustentação e legitimação sócio-política, mediante a generali-zação e a institucionaligenerali-zação de direitos e garantias cívicas e sociais, permite lhe organizar um consenso que assegura o seu desempenho”. (NETTO, 2001, p. 27).

Para compreender as transformações que demarcam o capitalismo mono-polista é preciso desvelar que:

As Transformações do Capitalismo Contemporâneo Repr odução pr oibida. A rt . 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. 49

[...] a expansão monopolista provoca a fusão entre o capital industrial e bancário, dando origem ao domínio do capital financeiro [...] Nesse processo de monopolização verifica-se uma ampla concentração e cen-tralização bancária [...] O sistema bancário bancário mantém sua fun-ção de converter o capital monetário inativo em ativo, isto é, em capital que rende lucro ao reunir todo tipo de rendimento monetário a serviço da classe capitalista [...] (IAMAMOTO, 2012, p. 100-101).

Em conformidade com a análise da autora, verifica-se que a unificação do capital trouxe a contraditória compreensão para a classe trabalhadora: acesso a financiamentos e créditos, mas que na verdade é uma nova roupagem do capital lucrar ainda mais com os juros e taxas que são embutidos nessa rela-ção de empréstimo que atrela o indivíduo cada vez mais aos ditames do capital internacional.

Figura 01 - Estado - articulação de interesses antagônicos Fonte: a autora.

Conforme a explicação acima, identifica-se a função do Estado no modo de produção capitalista e suas articulações a fim de garantir sua expansão e poder sobre o processo de trabalho.

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA Repr odução pr oibida. A rt. 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. II U N I D A D E 50

Ao mesmo tempo Antunes (2005) observa que no universo do mundo do trabalho, isto é, no capitalismo contemporâneo, há diferenças na forma em que o trabalho passa a ser classificado, pois apesar de haver uma redução do trabalhador assalariado com vínculo empregatício há um aumento na terceirização e presta-ção de serviços, para muitos a ilusão de tornar-se livre e dono do próprio negócio.

Entretanto, tem-se como resultado:

[...] a expansão sem precedentes na era moderna, do desemprego es-trutural que atinge o mundo em escala global [...] Há, portanto, um processo de maior heterogeneização, fragmentação e complexificação da classe trabalhadora (ANTUNES, 2005, p. 49-50).

A essa realidade emerge o exército industrial de reserva, em especial nos perío-dos de crise econômica, em que o capitalismo monopolista tende a crises cíclicas e constantes para sua renovação.

No capitalismo tardio, outras determinações enriquecem o arsenal de possibilidades de extração dos superlucros, enquanto redistribuição da massa total de mais-valia. Além das formas incorporadas de momen-tos anteriores (exploração de colônias e semicolônias), em decorrência dos monopólios e da revolução tecnológica, tem-se uma justaposição industrial global de setores dinâmicos e subdesenvolvidos num mesmo ramo (BEHRING, 2007, p. 116).

Diante do exposto, caro(as) aluno(a), a compreensão sobre a organização do capi-talismo monopolista, seja com as expressões de tardio ou contemporâneo, sua estruturação pressupõe a garantia de direitos sociais para subsidiar seu desen-volvimento, uma vez que, a base de acumulação e extração da mais-valia está na força de trabalho da classe trabalhadora.

Contudo, não se pode confundir que as políticas sociais são submetidas a lógica econômica para atender exclusivamente a seus interesses. Portanto, no cenário mundial a história nos mostra que a partir de 1970 há retomada das ideias liberais, corporificadas no chamado Neoliberalismo, que nada mais é que

As Transformações do Capitalismo Contemporâneo Repr odução pr oibida. A rt . 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. 51

um ataque ao Estado de Bem Estar Social.

A crise econômica da década 70 que atingiu diretamente os países capi-talistas centrais e teve seus reflexos com proporções significativas nos países considerados subdesenvolvidos e/ou em desenvolvimento, propiciou a retomada efervescente do liberalismo com uma nova roupagem, a qual foi denominado de neoliberalismo.

A crise econômica capitalista é sempre uma crise de superprodução de mercadorias. Essa não é nem uma simples aparência, nem o produto de uma visão ideologicamente deformada. É uma realidade tangível que o marxismo , procura explicar, e não afogar em um palavrório pseudote-órico (MANDEL, 1985, p. 211).

Destarte, “[...] a luta para melhorar o capitalismo é tão essencial quanto sem-pre foi. Contudo, não devemos confundir essa luta com a busca do socialismo” (SAGRA, 2005, p. 290). O posicionamento da autora, é incisivo ao nos dizer que enquanto o capitalismo for voltado para a acumulação, não haverá mudanças em suas engrenagens, sendo possível somente quando houver a retomada da luta de classes com fins revolucionários.

É preciso mostrar que o que está em desenvolvimento é um proces-so manipulatório por uma classe determinada, de um modo bastante preciso, e que a manipulação parte de certos pretensos axiomas que são incapazes de resistir a uma observação mais atenta (LUCKÁS, 1969 apud BATISTA, 2014, p. 75 ).

Frente a este contexto, Harvey (2005) em sua obra “A produção capitalista do espaço”, aborda que é preciso “[...] centralizar o capital em megaempresas ou estabelecer alianças mais amplas (como no setor automobilístico ou aéreo), para dominar os mercados [...]” (HARVEY, 2005, p. 224). Esse movimento faz com que sejam ampliados os direitos e legislações internacionais que assegurem a propriedade privada no comércio global.

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA Repr odução pr oibida. A rt. 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. II U N I D A D E 52

No documento PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 46-52)