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SERVIÇO SOCIAL NA DIVISÃO SÓCIO TÉCNICA

No documento PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 72-76)

O surgimento do Serviço Social ocorre na transição do capitalismo concorren-cial para o monopolista, período em que se demarca a divisão sóciotécnica do trabalho. A profissão está atrelada a necessidade do Estado e do capital em dar respostas manifestação das expressões da questão social, formadas pelo desem-prego e pobreza. Assim, o Serviço Social se afirma como uma instituição peculiar na e a partir da divisão sóciotécnica do trabalho.

Nesse sentido, o Serviço Social como profissão inscrita na divisão social e técnica do trabalho, faz-se necessário por estar vinculado aos interesses contra-ditórios de classes, isto é, no Estado burguês capitalista. Frisa-se que o espaço do serviço social na divisão sóciotécnica do trabalho depende: da correlação de forças entre as classes; da posição da classe subalterno no enfrentamento da questão social e do caráter das políticas do Estado.

O Serviço Social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo por pano de fundo o desenvolvi-mento capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses aqui apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes a consti-tuição e expansão do proletariado e da burguesia industrial e das modi-ficações verificadas na composição dos grupos e frações de classes que compartilham o poder do Estado em conjunturas históricas específicas [...] (CARVALHO, IAMAMOTO, 1982, p.77).

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Tendo em vista esse contexto, a emergência do Serviço Social no Brasil está imbricado no movimento social da Igreja Católica da década de 1930, em que se buscou uma presença mais ativa no mundo temporal na tentativa de recuperar áreas de influência e privilégios perdidos, em face da crescente secularização da sociedade e das tensões entre as relações da Igreja e do Estado.

O Serviço Social surge, portanto, da iniciativa de grupos e frações de classes dominantes que se expressaram por meio da Igreja, como um dos desdobramentos do movimento do apostolado leigo. A institucionaliza-ção da profissão reconhecida na divisão do trabalho, a partir da criainstitucionaliza-ção das grandes instituições assistenciais, estatais, autárquicas e particulares, espe-cialmente na década de 40.

Com o processo de industrialização do século XX, em especial com os mode-los fordista/tayloristas, que mecanizavam o trabalho humano em séries únicas e específicas para agilizar a produção e reprodução dos bens, foram adotadas práticas profissionais condizentes com as impostas pelo capital. Em especial, “a atividade com bases mais doutrinárias que científicas, no bojo de um movimento de cunho reformista e conservador […]”. (IAMAMOTO, 1997, p.21).

Por isso, Abreu (2002) afirma que se fez necessário ao Serviço Social adotar práticas de cunho “educativo”, “ressocializador”, pois as regras do mercado de trabalho precisavam ser seguidas sem questionamentos pelos operários, sendo estes “adequados” às necessidades do modo de produção capitalista.

Assim, o “Serviço Social que nasce e se desenvolve embebido em ideias conser-vadoras, incorpora as ambiguidades do reformismo conservador” (IAMAMOTO 1997, p.23). Concomitante a isso a história da profissão nos mostra o quanto a correlação de forças entre as classes é o terreno fértil da intervenção e trabalho do assistente social, mesmo após a ruptura “tradicional”, que tinha sua funcio-nalidade na reprodução do status quo.

Para Netto (2011) o conservadorismo é uma afirmação como prática bur-guesa de dominação e controle, sendo que o pensamento conservador é uma expressão cultural e particular de um tempo e um espaço sócio-histórico, bus-cando sempre se remeter ao passado.

O SERVIÇO SOCIAL E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E A DEFESA DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO PROFISSIONAL Repr odução pr oibida. A rt. 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. III U N I D A D E 74

[...] análise do surgimento do Serviço Social e do capitalismo como fe-nômenos históricos profundamente relacionados [...] procura respon-der a indagação se em algum momento o Serviço Social desenvolveu formas peculiares de prática ou se, ao contrário, limitou-se a ser sempre um modo de aparecer típico do capitalismo, por ele engendrado e de-senvolvido [...] (MARTINELLI, 1997, p.18).

Reitera-se que:

[...] o processo pelo qual a ordem monopólica instaura o espaço determi-nado que, na divisão social (e técnica) do trabalho a ela pertinente, propi-cia a profissionalização do Serviço Sopropi-cial tem sua base nas modalidades através das quais o Estado burguês se enfrenta com a “questão social”, tipificadas nas políticas sociais [...] suas medulares dimensões políticas, se constituem também como conjuntos de procedimentos técnico-ope-rativos; requerem, portanto, agentes técnicos em dois planos: o da sua formulação e o da sua implementação [...] (NETTO, 2011, p. 74).

Por isso, com o passar dos anos a necessidade do Estado dar respostas às expres-sões da questão social, criou políticas voltada para a assistência social e com isso precisou da contribuição de técnico qualificados a executar, gestar e plane-jar tais políticas.

Ressalta-se, que a prática profissional do Serviço Social sofreu - e sofre até os dias atuais - intensamente com as influências econômicas do modo de pro-dução capitalista, para pautar suas ações e intervenções, bem como as condições sócio-históricas que estão intrinsecamente relacionadas ao desenvolvimento ver-sus a exploração da mão de obra humana.

No texto “O Serviço Social na divisão do trabalho”, salienta-se a importân-cia de:

[...] apreender o movimento da prática profissional como atividade social-mente determinada pelas condições histórico conjunturais [...] é condição básica para se apreender o perfil e as possibilidades do Serviço Social hoje, as novas

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perspectivas do espaço profissional (p.103 apud MARTINELLI, 1997, p. 87). A afirmação é evidente ao pontuar a necessidade da reflexão da prática pro-fissional e do contexto político e econômico que o propro-fissional está inserido, pois somente por meio de uma minuciosa análise de conjuntura, que o assistente social poderá criar instrumentos que compactuem de seu projeto de sociedade expresso em seu Código de Ética Profissional e no Projeto Ético Político.

Não obstante, os assistentes sociais se deparam com um grande desafio: o de atender os interesses do capital, ou o de garantir direitos da classe trabalhadora. Essa questão é um ponto de interrogação constante para todos profissionais que refletem minuciosamente sua prática e/ou cotidiano profissional, pois sem “que-rer”, o mesmo acaba por mediar o canal de comunicação entre estes, fato que outorga falhas e negligências.

Mas como enfrentar o capitalismo de frente se esses profissionais precisam vender sua força de trabalho, além de todos os indivíduos estarem inseridos neste modo de produção?

Para tanto, ao analisar a profissão é necessário romper com a visão endó-gena (ir além da profissão), entender as relações e condições de trabalho, como essas afetam as atribuições, competências e os requisitos da formação profissio-nal. Compreender que o atual quadro sócio-histórico perpassa e conforma o cotidiano do exercício profissional e a população usuária dos serviços que este presta, além de não desvincular a prática profissional do modo como o Estado intervém na Questão Social – Políticas Sociais e Públicas.

Desse modo, é imprescindível a necessidade de se articular de maneira pro-funda, em uma dinâmica de transformação das relações sociais que seja crítica ao contexto, que se vincule ao processo de resistência à ordem dominante, em busca da promoção da cidadania e democracia.

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PROCESSO DE TRABALHO NO SERVIÇO SOCIAL

No documento PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 72-76)