• Nenhum resultado encontrado

O CARACOL E SUA CONCHA: ENSAIOS SOBRE A NOVA MORFOLOGIA DO TRABALHO

No documento PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 119-125)

O CAPITALISMO E O PROJETO NEOLIBERAL

O CARACOL E SUA CONCHA: ENSAIOS SOBRE A NOVA MORFOLOGIA DO TRABALHO

O livro “O Caracol e sua Concha - ensaios sobre a morfologia do trabalho” é uma impor-tante obra do professor e sociólogo Ricardo Antunes, lançado em setembro de 2005 no Brasil pela Editora Boitempo. Nele o autor analisa a questão do trabalho no capitalismo contemporâneo e seus desdobramentos. Para enriquecer a análise traz para o diálo-go autores como: Marx, Weber, Habermas, André Gorz, Robert Kurz, Mészáros, Domini-que Méda, João Bernardo, Vasapollo e Martufi entre outros.

O trabalho discorre sobre a defesa de suas teses acerca da centralidade do trabalho no mundo. Contrário às teorias que tentam desconsiderar a importância do trabalho na sociedade, ele argumenta que as transformações tecnológicas influem nas formas de exploração e acumulação do capital, mas não retiram do trabalho seu papel cen-tral. Contudo, o autor tem o cuidado de não se deixar levar pelas análises que fazem uma defesa acrítica acerca do trabalho; em suas palavras “se por um lado, necessitamos do trabalho humano, reconhecemos seu potencial emancipador, devemos também recusar o trabalho que explora, aliena e infelicita o ser social” (ANTUNES, 2005, p.14,). A obra resulta de um conjunto de doze ensaios escritos pelo autor entre os anos de 2000 e 2005. Trabalhos esses oriundos do projeto de pesquisa intitulado ‘Para onde vai o mundo do trabalho?’ financiado pelo CNPq desde 1992. Logo na introdução o autor diz que a obra é apenas “uma coletânea absolutamente despretensiosa, desdobramen-to livre de algumas teses apresentadas anteriormente”, (ANTUNES, 2005, p. 21) mas na realidade o que percebemos é uma atualização de conceitos e argumentos importantes para o entendimento das transformações ocorridas no mundo do trabalho e seus des-dobramentos.

Chama-nos a atenção o instigante título do livro que se refere a uma passagem de “O Capital”, em que Marx faz uma analogia entre o trabalhador e seus meios de pro-dução e o Caracol e sua concha, visto que da mesma forma que o caracol não pode ser separado de sua concha, o trabalhador também não deve ser separa-do separa-dos meios de produção, afinal estes são sua proteção assim como a concha o é para o caracol. Nessa perspectiva, segundo o autor o desafio da sociedade atu-al é recuperar a indissolúvel unidade entre o trabatu-alhador e seus meios de produção. O Livro aborda o presente e o futuro das relações capital-trabalho, tendo como centro das discussões a relevância do trabalho na atualidade, o que contraria a corrente eu-rocêntrica pautada na repercussão do progresso científico-tecnológico que advoga o perecimento e a desaparição do mesmo. Para tanto tráz à tona questões importantes como a suposta tese do fim da classe que vive do trabalho, o desemprego estrutural que tem atingido um grande número de trabalhadores, inclusive nos países mais ricos do sistema além da crescente exploração rentista na era da qualidade total na qual

120

O autor chama a atenção também para as novas formas de confrontação social que para ele “são ações que articulam luta social e luta ecológica [...] são ações que articulam luta de classes com luta de gênero, ação social com luta ética” (ANTUNES, 2005, p.37) e, em seguida, lista vários exemplos desses tipos de ações.

Ao finalizar o autor defende que o processo de emancipação da classe trabalhadora não pode ficar restrito aos âmbitos público e institucional. Mas que possa haver um movimento de massas radical e extra parlamentar, que possa criar e inventar novas formas de atuação autônoma, capazes de articular lutas sociais, que possibilitem o resgate em bases total-mente novas da inseparável unidade entre o ‘trabalhador e seus meios de produção’. Em síntese, a obra tem como ponto chave as discussões acerca da centralidade do tra-balho na sociedade atual. O autor entende o tratra-balho como elemento ontologicamente essencial e fundante, como condição para a existência do homem diferentemente das teorias que tentam desconstruir a importância dessa categoria na atualidade. Mas alerta sobre a necessidade de recusa de um trabalho alienado, que ‘explora e infelicita o ser social’. Nessa direção argumenta que “uma vida cheia de sentido fora do trabalho supõe uma vida dotada de sentido dentro do trabalho”. (ANTUNES, 2005 p. 91).

A obra em questão se torna referência pela riqueza das análises abordadas, podendo ser de interesse de todos que conduzam estudos sobre as transformações no mundo trabalho e seus desdobramentos.

Material Complementar

MATERIAL COMPLEMENTAR

Trabalho, questão social e serviço social

Alfredo Aparecido Batista

Editora: Edunioeste

Sinopse: o dilema: como conviver com a apropriação da

natureza, das potencialidades em graus exponenciais pela classe burguesa em suas diferentes frações e, no mesmo espaço de sociabilidade, vivenciar, cotidianamente, a destruição da força física e psíquica da classe operária e das demais frações da classe trabalhadora? O estudo apresentado nesta obra investiga e analisa historicamente esse dilema, focando as determinações que se manifestaram durante a década de 1990 no Brasil. Entre elas, destacam-se o processo das transformações societárias em movimento, seus impactos na “questão social” e suas refrações no Serviço Social brasileiro, na década de 1990. Isso porque o último quartel do século XX foi marcado por transformações no tecido societário, na esfera da produção e da reprodução social. Os Assistentes Sociais, nos espaços sócio-ocupacionais e no trabalho profi ssional, face às difi culdades encontradas em colocar em movimento os procedimentos teórico-metodológicos, ético-político e técnico-operativos que conduzissem a uma intervenção inclusiva, ontológica e crítica, estão restaurando práticas conservadoras.

No artigo “Crise do capital, precarização do trabalho e impactos no Serviço Social”, George Francisco Ceolin, analisa alguns impactos das transformações societárias em curso no período histórico de transição dos séculos XX e XXI na particularidade da profi ssão Serviço Social.

Para saber mais acesse o link:

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

ANDERSON, P. Balanço do neoliberalismo. In: GENTILI, P.; SADER, E. (orgs). Pós neo-liberalismo: as políticas sociais e o estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. p.09-23.

ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.

BATISTA, A. A. Trabalho, questão social e serviço social. Cascavel: Edunioeste, 2014. BENTO, L. V. Governança e governabilidade na reforma do Estado: entre eficiência e democratização. Barueri: Manole, 2003.

BIANCHETTI, R. G. Modelo neoliberal e políticas educacionais. São Paulo: Cortez, 1997.

BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho. Trad. Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, 1987.

BRAZ, M.; NETTO, J. P. Economia Política: uma introdução crítica. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2008

CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Trad. Iraci D. Poleti. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

CARVALHO, M. do C. B. de; NETTO, J. P. Cotidiano: conhecimento e crítica. 5 ed. São Paulo, Cortez, 2000.

COGGIOLA, O. Neoliberalismo, Futuro do Capitalismo. In: COGGIOLA, Osvaldo. KATZ, Claudio. Neoliberalismo ou crise do capital? São Paulo: Xamã, 1996. p.195-202. IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2012.

LÖWY, M.; DUMÉNIL, G.; RENAULT, E. 100 palavras do marxismo. Trad. Juliana Caeta-no da Cunha. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2015.

MARTINELLI, M. L. Serviço Social: identidade e alienação. 5 ed. São Paulo: Cortez, 1997.

MARX, K. O Capital. Rio de Janeiro: Livros Técnicos, 1967.

______.Contribuição à crítica da filosofia de Hegel: introdução. Tradução: Lúcia Ehlers. 1 ed. São Paulo: Expressão popular, 2010.

MÉSZÁROS, I. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. Trad. Paulo Cezar Castanheira, Sérgio Lessa. 1 ed. revisada. São Paulo: Boitempo, 2011.

MORAES, R. Neoliberalismo de onde, vem e para onde vai? São Paulo: SENAC, 2001. NETTO, J. P. Cinco notas a propósito da “questão social”. In: Temporalis - Associação Brasileira de Ensino Pesquisa em Serviço Social. Brasília: ABEPSS, 2001. p.41-49. ______. Crise do socialismo e ofensiva neoliberal. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2012.

REFERÊNCIAS

123

NETTO, L. E. O conservadorismo clássico: elementos de caracterização e crítica. São Paulo: Cortez, 2011.

PASTORINI, A. A categoria “questão social” em debate. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2010. PEREIRA, P. A. P. Trajetória das políticas sociais: da velha lei dos pobres ao Welfare State. São Paulo: Cortez, 2008.

SILVA, D. S. B. da. A categoria trabalho: a centralidade ontológica e exploração capi-talista. 2008. 190 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.

SANTOS, J. S. “Questão Social”: particularidades no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012. SOARES, L. T. O desastre social. Rio de Janeiro: Record, 2003.

______. Os custos sociais do ajuste neoliberal na América Latina. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2009.

TONET, I. Expressões socioculturais da crise capitalista na atualidade . In: Serviço So-cial: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. p. 107-122.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1 Em: <periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/downlo-ad/8639543/7112>. Acesso em: 27 abr. 2017.

GABARITO

1. Compreensão e desenvolvimento do aluno sobre: 1. Pauperismo; 2. Classe

proletária; 3. Lei geral da acumulação; 4. Welfare State; 5. Novas expressões da questão social.

2. Em sua forma contemporânea o capital necessita, cada vez mais, expandir as for-mas precarizadas do trabalho, devido a crise e a superprodução de mercadorias, em que a ciência (e o conhecimento gerado pelo progresso científico) não está desarticulada da lógica de reprodução do capital. A esfera da produção continua sendo o motor da vida na sociedade capitalista.

3. O processo de representação traz, também, aspectos da exploração e da aliena-ção do trabalho, uma vez que o administrador, gestor, gerente, supervisor, co-ordenador, entre outras nomenclaturas para designar os cargos exercidos nos setores públicos e privados, na maioria das vezes é um trabalhador como os mais, isto significa que o seu próprio trabalho também é condicionado aos de-terminantes do capital, especificamente aos conceitos de alienação, exploração e, recentemente, de precarização e flexibilização do trabalho.

4. A proposição neoliberal remete-se ao reino das fábulas por não passar de uma falácia, uma vez que há fatos concretos que afirmam que sem a intervenção do Estado na economia não há condições de se levantar da crise sozinha, bem como para seu processo de acumulação e dominação enquanto modo de produção. 5. Compreensão do aluno sobre a unidade, especificamente aos conteúdos sobre

UNID

ADE

V

Professora Me. Daniele Moraes Cecilio Soares

DESAFIOS PROFISSIONAIS

No documento PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 119-125)