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DESEMPREGO, PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E QUESTÃO SOCIAL

No documento PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 104-108)

O modo de produção capitalista germina a questão social, que é pré requisito das contradições entre os interesses das classes sociais, K X T. Para seguir seu per-curso de acumulação, o capital está fadado a crises cíclicas e constantes processo de autofagio, isto é, auto -destruição para se fortalecer e retomar seus objetivos. Nesse processo tem se propagado o desemprego e a precarização do trabalho, bem como a polarização e secularização dos processos de reprodução social.

Tonet (2009) apresenta que a crise capitalista na atualidade tem sua raiz “[...] nas relações que os homens estabelecem entre si na produção da riqueza mate-rial. [...]” (TONET, 2009, p. 1). Paralelamente a isso, a reestruturação produtiva que a crise que é global atinge as balizas da sociabilidade capitalista.

Nesse sentido, é necessário ter claro conceito que “[…] a expressão “questão social” não é semanticamente unívoca: ao contrário, registram-se em torno dela a compreensões diferenciadas e atribuições de sentidos diversos”. (NETTO, 2001, p. 152). Por isso, os elementos fundamentais da questão social são o desemprego e a pobreza, sua reprodução são consideradas como múltiplas expressões que se manifestam no cotidiano e atingem a classe trabalhadora.

O texto “Cinco notas a propósito da questão social” de José Paulo Netto (2001) elenca cinco características importantes sobre o objeto de trabalho do assistente social:

Desemprego, Precarização do Trabalho e Questão Social Repr odução pr oibida. A rt . 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. 105 ■ Pauperismo; ■ Classe proletária; ■ Lei geral da acumulação; ■ Welfare State;

■ Novas expressões da questão social.

Tendo em vista essa conjuntura, é preciso compreender que o movimento social da realidade, fez com que:

[...] a “questão social” se metamorfoseou, no período pós 1970, em sua forma e conteúdo, manifestando-se em diferentes expressões na esfera do reprodução social e interferindo no pensar e no fazer dos profis-sionais Assistentes Sociais. As consequências diretas e indiretas dessas transformações atingiram a base produtiva (a matéria, bruta ou prima, os instrumentos de trabalho e a força de trabalho). Porém, é no cerne da força de trabalho que as transformações produziram implicações decisivas (BATISTA, 2014, p. 130).

Corrobora-se da ideia do autor, pois é neste mesmo período que o capital enfrenta uma de suas maiores crises que intensificou a exploração dos trabalhadores, con-forme vimos na Unidade II de estudo.

Nesse sentido, o Estado de Bem Estar Social tinha como:

[…] principal função seria de efetuar um microgerenciamento da eco-nomia para assegurar crescimento sob condições de pleno emprego e desenvolver uma série de políticas sociais incumbidas de redistribuir os frutos do crescimento econômico; controlar os efeitos desse cresci-mento sobre a população; e compensar aqueles que pagaram o preço desse crescimento […] (PEREIRA, 2008, p.91).

Todavia, a implementação do neoliberalismo, fez com que a crise global contem-porânea desencadeada a partir da crise do Welfare State, resultado da ineficiência do Estado e da crise do socialismo real, que corresponde à redução de socializa-ção do poder político e da estatizasocializa-ção. Com essa conjuntura houve uma regressão social, ou enfraquecimento da luta de classes.

DESAFIOS DO MUNDO DO TRABALHO NA ATUALIDADE Repr odução pr oibida. A rt. 184 do C ódigo P enal e L ei 9.610 de 19 de f ev er eir o de 1998. IV U N I D A D E 106

[...] do ponto de vista histórico, no capitalismo a “questão social” vincula--se estreitamente à questão da exploração do trabalho, ou seja, a “questão social”, apresenta-se, desde suas primeiras manifestações, estreitamente vinculada à questão da exploração capitalista, à organização e mobili-zação da classe trabalhadora na luta pela apropriação da riqueza social [...] os processos estruturais que dão sustentação às desigualdades e aos antagonismos próprios da ordem burguesa; dessa forma, vincula-se ne-cessariamente ao aparecimento e desenvolvimento da classe operária e seu ingresso no mundo da política (PASTORINI, 2010, p. 113).

Com base na ideia da autora sobre a questão social, verifica-se que na contempo-raneidade os avanços tecnológicos, que cada vez mais substituem trabalhadores por máquinas, há a diminuição do trabalho vivo, o que reduz o número de assalariados, ocasionando na redução do consumo, o que não implica em sua eliminação, mas que altera as engrenagens de circulação do capital.

“O resultado das análises precedentes leva a interpretar a questão social tal, como se manifesta hoje, a partir do enfrentamento da condição salarial” (CASTEL,

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1998, p. 495). Concomitantemente a afirmação do autor, compreende-se que a instabilidade e a precarização do trabalho que a classe trabalhadora está inse-rida, são elementos fundamentais que direcionam os processos de exclusão da mão de obra do exército industrial de reserva.

Em sua forma contemporânea o capital necessita, cada vez mais, expandir as formas precarizadas do trabalho, devido a crise e a superprodução de mer-cadorias, em que a ciência (e o conhecimento gerado pelo progresso científico) não está desarticulada da lógica de reprodução do capital. A esfera da produção continua sendo o motor da vida na sociedade capitalista.

Segundo Santos (2012), verifica-se que a minimização

[...] no período recente, o desemprego no Brasil só poderá ser realmen-te impactado medianrealmen-te reformas estruturais clássicas como a fundiária e a tributária, somadas as taxas de crescimento econômico que supe-rem a soma da elevação da produtividade do trabalho com o cresci-mento da população economicamente ativa (SANTOS, 2012, p. 240).

Frente a esse contexto, corrobora-se da afirmação da autora sobre as mudanças que são necessárias para o enfrentamento do desemprego causado pela flexibili-zação trabalhista, terceiriflexibili-zação de serviços e, consequentemente, da eclosão da questão social, os quais são elementos constituintes da exploração do modo de produção capitalista.

A crise do trabalho é

[…] particularizada e singularizada pela forma pela qual essas mudan-ças econômicas, sociais, políticas e ideológicas afetaram mais ou menos direta e indiretamente os diversos países que fazem parte dessa mun-dialização do capital […]” (ANTUNES,1999, p. 188).

Por isso, a compreensão do modo de produção capitalista em tempo de capital e fetiche é primordial para identificar como a manifestação das expressões da questão social tem se evidenciado com processo de precarização do trabalho e do desemprego, que condicionam as necessidades humanas a situações precá-rias de sobrevivência.

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