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5.4 ANÁLISE PRELIMINAR DA MATRIZ DO MODELO ADS E SEUS PARÂMETROS

5.4.2 Avaliação do modelo: Sistema Municipal de Saúde de Iati

Neste segundo tópico são examinados os resultados apresentados por um sistema

municipal de saúde localizado na região do Agreste Meridional do Estado de Pernambuco, a

partir da leitura da matriz de indicadores do modelo teórico proposto. Escolheu-se, de forma

aleatória, para teste da consistência, o município de Iati, com população estimada pelo IBGE

de 18,4 mil habitantes. Os julgamentos e interpretações do sistema foram promovidos de

forma genérica, não esgotando neste momento as diversas análises possíveis a partir da leitura

dos resultados de desempenho apontados pelos indicadores da matriz. Como se mencionou no

tópico anterior, para avaliação do nível de desempenho de cada medida do modelo (definição

das cores), foram tomadas como parâmetro as estatísticas levantadas nos grupos de referência.

Também foram inseridas nas análises, a título comparativo, as referências estabelecidas pelo

Ministério da Saúde. A matriz foi organizada de forma que todos os indicadores das

subdimensões do modelo coubessem em um diagrama (Figura 18), para facilitar a leitura

sistêmica das medidas de Iati. Para otimização do espaço disponível, permaneceu no diagrama

apenas a numeração dos indicadores e seus resultados. Após o diagrama, foi inserida a relação

dos indicadores (Quadro 11) para auxiliar na leitura da matriz de Iati. Ao longo das análises

do sistema municipal de saúde de Iati, é comentado o desempenho de alguns indicadores de

morbidade, mortalidade e efetividade, a partir do possível comportamento de outros

(suposições de relações de causalidade). Ao final das análises deste subtítulo, apresenta-se o

diagrama de Iati que evidencia as relações de influência entre alguns indicadores através de

setas azuis, as quais retratam impactos positivos, e, de vermelhas, de forma negativa (Figura

19).

Quadro 11 – Relação dos indicadores da matriz do Modelo ADS

Ambientais

1.1. Cobertura de abastecimento de água 1.2. Cobertura de tratamento de água 1.3. Cobertura de serviços de coleta de lixo 1.4. Cobertura de saneamento básico 1.5. Estrutura física habitacional

Demográficos e Socioeconômicos

2.1. Idosos no município 2.2. Índice de envelhecimento

2.3. Crianças menores de 5 anos de idade

2.4. Número de pessoas por família acompanhada pela Equipe de Saúde da Família (ESF) 2.5. Natalidade municipal

2.6. PIB Municipal 2.7. FIRJAN

2.8. Pessoas com 15 anos ou mais alfabetizadas acompanhadas pela ESF 2.9. Mães de nascidos vivos com ensino fundamental incompleto 2.10. População coberta por plano de saúde

Socioculturais e Comportamentais

3.1. Crianças menores de 4 meses de idade acompanhada pela ESF com aleitamento materno exclusivo 3.2. Mulheres com mais de 4 filhos

3.3. Gestantes com AIDS

Morbidade

4.1 Nascidos vivos com baixo peso ao nascer (<2500g)

4.2. Crianças menores de 1 ano de idade desnutridas acompanhadas pela ESF 4.3. Incidência de doenças respiratórias em crianças

4.4. Incidência de doenças diarréicas em crianças 4.5. Prevalência AIDS em crianças menores de 5 anos 4.6. Mulheres com gestação de risco acompanhadas pelo PHPN 4.7. Gravidez na adolescência (10 a 19 anos)

4.8. Infecção puerperal

Mortalidade

5.1. Mortalidade infantil 5.2. Mortalidade neonatal 5.3. Óbitos neonatais por diarréia

5.4. Óbitos neonatais por infecção respiratória 5.5. Mortalidade pós-neonatal

5.6. Óbitos pós-neonatais por diarréia

5.7. Óbitos pós-neonatais por infecção respiratória 5.8. Mortalidade materna

Efetividade

6.1. Consultas anuais de puericultura por criança menor de 2 anos de idade acompanhada pela ESF 6.2. Crianças menores de 1 ano de idade com vacinação em dia acompanhado pela ESF

6.3. Gestantes acompanhadas pela ESF que realizam pré-natal no mês

6.4. Gestantes que realizaram 6 consultas pré-natais e todos os exames básicos acompanhado pelo PHPN 6.5. Nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal

6.6. Mães que realizaram 6 consultas pré-natal, todos exame básicos e 1 consulta puerperal acompanhadas pelo PHPN 6.7. Gestantes com vacinação em dia

Continuidade

7.1. Regularidade das visitas mensais por ACS 7.2. Óbitos infantis por causas mal definidas

7.3. Consultas anuais de puericultura por criança menor de 1 ano de idade acompanhada pela Atenção Básica 7.4. Consultas anuais de puericultura por criança menor de 2 anos de idade acompanhada pela ESF 7.5. Gestantes que realizaram 6 consultas pré-natais e todos os exames básicos acompanhadas pelo PHPN

Acesso

8.1. Cobertura da população pela Estratégia Saúde da Família 8.2. Cobertura vacinal da BCG em crianças menores de 1 ano de idade 8.3. Cobertura vacinal da Hepatite B em crianças menores de 1 ano de idade 8.4. Cobertura vacinal da Poliomielite em crianças menores de 1 ano de idade 8.5. Cobertura vacinal da Rota Vírus em crianças menores de 1 ano de idade 8.6. Cobertura vacinal da Tetravalente em crianças menores de 1 ano de idade

8.7. Cobertura mensal de consultas de puericultura em crianças menores de 2 anos de idade pela ESF 8.8. Crianças menores de um ano de idade desnutridas acompanhadas pelo SISVAN

8.9. Cobertura de gestantes pela Atenção Básica

8.11. Cobertura de gestantes acompanhadas pelo PHPN que realizaram os dois exames VDRL 8.12. Gestantes com vacinação em dia

Adequação

9.1. Parto via cesárea

Coordenação

10.1. Regulação médica por central 10.2. Óbitos infantis por causas mal definidas

10.3. Grau de similaridade dos registros de consultas pré-natal no SISPRENATAL e no SIAB 10.4. Grau de similaridade dos registros de consultas pré-natal no SISPRENATAL e no SIA 10.5. Grau de similaridade dos registros de consultas pré-natal no SIA e no SIAB

10.6. Grau de similaridade dos registros de consultas de puericultura no SIA e no SIAB 10.7. Regularidade das Bases de Dados Nacionais

10.8. Regularidade do envio de informações sobre “Situação de Saúde” ao SIAB 10.9. Regularidade do envio de informações sobre “Produção e Marcadores” ao SIAB 10.10. Grau de similaridade dos registros de nascidos vivos no SIAB e no SINASC 10.11. Grau de similaridade dos registros de óbitos infantis no SIAB e no SIM 10.12. Grau de similaridade dos registros de óbitos maternos no SIAB e no SIM

Longitudinalidade

11.1. Qualidade da assistência dos profissionais de saúde da Atenção Básica ao recém-nato

11.2. Gestantes que realizaram 6 consultas pré-natais e todos os exames básicos acompanhadas pelo PHPN

Eficiência

12.1. Consultas da Atenção Básica por habitante 12.2. Produção mensal de visitas por ACS

12.3. Produção mensal de atividades educativas e orientações em grupo por ESF 12.4. Produção mensal de reuniões por ACS

12.5. Crianças menores de 1 ano de idade pesadas pela ESF

12.6. Produção mensal de consultas de puericultura por médico de saúde da família 12.7. Produção mensal de consultas de puericultura por enfermeiro de saúde da família 12.8. Produção mensal de consultas pré-natal por médico de saúde da família 12.9. Produção mensal de consultas pré-natal por médico ginecologista e obstetra 12.10. Produção mensal de consultas pré-natal por enfermeiro de saúde da família 12.11. Produção mensal de consultas puerperal por médico de saúde da família 12.12. Produção mensal de consultas puerperal por enfermeiro de saúde da família

Vigilância à Saúde

13.1. Unidade de Vigilância em Saúde

13.2. Comitê de Mortalidade Infantil ou grupo técnico de discussão 13.3. Óbitos infantis investigados

13.4. Notificação de tétano neonatal 13.5. Notificação de sífilis congênita

13.6. Notificação de síndrome da rubéola congênita 13.7. Qualidade da informação sobre causas de morte 13.8. Comitê de Mortalidade Materna

13.9. Óbitos maternos investigados 13.10. Notificação de sífilis em gestantes 13.11. Gestantes com AIDS

Gestão / Condução

14.1. Pactuação do Plano Diretor de Regionalização 14.2. Institucionalização do Plano de Saúde Municipal 14.3. Adesão do AMQ no município

14.4. Implantação do AMQ no município (Instrumento 4) 14.5. Reuniões anuais do Conselho Municipal de Saúde

14.6. Apreciação do Plano Municipal de Saúde pelo Conselho Municipal de Saúde 14.7. Apreciação do Relatório de Gestão pelo Conselho Municipal de Saúde

Financiamento

15.1. Despesa total com saúde como proporção do PIB municipal 15.2. Despesa per capita com saúde

15.3. Despesa per capita com saúde oriundo de recurso próprio 15.4. Despesa total com saúde como proporção do gasto municipal 15.5. Receita própria municipal aplicada em saúde

15.6. Representação da despesa com medicamento na saúde

Recursos Materiais

16.1. Leitos de Clínica Médica per capita 16.2. Leitos Obstétricos per capita 16.3. Leitos Pediátricos per capita 16.4. Leitos hospitalares por enfermeiro

16.5. Centros de Saúde/Unidades Básicas de Saúde per capita

17.1. Médico per capita

17.2. Médico de saúde da família per capita (pessoas acompanhadas por equipe de saúde da família) 17.3. Ginecologista obstetra per capita (mulheres em idade fértil)

17.4. Pediatra per capita (crianças + adolescentes) 17.5. Enfermeiro per capita

17.6. Enfermeiro de saúde da família per capita (pessoas acompanhadas por equipe de saúde da família) 17.7. Cirurgião dentista per capita

17.8. Nutricionista per capita 17.9. Farmacêutico per capita

17.10. Pessoas acompanhadas pelo ACS

Examinando a dimensão dos Determinantes de Saúde, verifica-se que a maioria dos

indicadores que representam os fatores externos do sistema de Iati aponta para uma situação

desfavorável (insuficiência de desempenho – vermelho), que compromete a manutenção de

níveis satisfatórios de qualidade à saúde da população.

Quando se avaliam os indicadores que representam questões Ambientais, observa-se

que as coberturas de serviços de coleta de lixo (43,7%) e de saneamento básico (22,5%) em

domicílios acompanhados pelas equipes de saúde da família do município de Iati são

inferiores aos parâmetros (médias) levantados nos grupos de referência. Principalmente o

primeiro, que ficou bem abaixo da média do GR1 (53,7%). Talvez, um dos fatores que

explicam os números de Iati seja a ausência de priorização de políticas públicas voltadas para

a coleta de lixo e o esgotamento sanitário pela gestão municipal. Por outro lado, os

indicadores de cobertura de rede geral ou pública de abastecimento de água, nos mesmos

domicílios, e de proporção de residências acompanhadas pelas equipes de saúde com paredes

de tijolo/adobe apresentaram níveis toleráveis de desempenho (amarelo), posicionados entre

os parâmetros do GR1 e GR2.

No entanto, as medidas que representam a subdimensão Demográficos e

Socioeconômicos de Iati apontam para uma realidade municipal desfavorável à saúde

(vermelho). Os resultados dos dez indicadores da subdimensão apresentaram níveis de

insuficiência de desempenho, quando comparados aos parâmetros do GR1 e GR2. Algumas

medidas se distanciaram mais dos parâmetros dos grupos. A Taxa Bruta de Natalidade do

município de Iati é 29%, maior em relação à média do grupo de referência do Estado de PE,

ou seja, para cada mil habitantes residentes em Iati, nascem vinte e três crianças ao ano. Em

geral, taxas de natalidade elevadas estão associadas a condições socioeconômicas precárias e

a aspectos culturais da população (RIPSA, 2008). O PIB per capita municipal de Iati (R$

2.857,30) é 25% menor que a média do produto interno bruto levantado no GR1. Isto também

se refletiu no índice FIRJAN de desenvolvimento do município (0,467), abaixo da média

apresentada pelo grupo de PE (0,514). Outro ponto observado na matriz foi que apenas 65,2%

das pessoas com quinze anos ou mais de idade, acompanhadas pelas equipes de saúde da

família, são alfabetizadas, percentual bem inferior à média do GR1 (76,1%) e do GR2

(92,3%). Quando se aborda o grau de escolaridade das mães de nascidos vivos residentes em

Iati, constata-se que 82,7% dessas não possuem o ensino fundamental completo, situação bem

diferente da média do grupo do Estado de PE (64,4%) e do GR2 (39,1%). O baixo grau de

escolarização e a alta taxa de incidência de gravidez na adolescência apontados pelos

indicadores de Iati estimulam a proposição de políticas públicas que priorizem e fortaleçam

ações voltadas para a educação, especialmente junto às adolescentes do município.

Quanto à prática do aleitamento materno exclusivo, ao longo dos primeiros quatro

meses de vida da criança, acompanhada pela equipe de saúde da família, o município de Iati

apresenta um nível tolerável de desempenho (amarelo), posicionando-se um pouco acima da

média de 66% do GR1.

Parte-se, agora, para avaliação dos indicadores de resultado do modelo que retratam o

Estado de Saúde da criança e da gestante, influenciados pelo desempenho das ações de

assistência materno-infantil. Para a subdimensão Morbidade, a matriz aponta que o percentual

de crianças menores de um ano de idade desnutridas (2,3%), acompanhadas pelas equipes de

saúde da família, é superior às médias dos grupos de referência. Outra medida observada foi a

Taxa de Internação por Doença Diarréica Aguda (DDA), em crianças menores de cinco anos

de idade. O município de Iati ficou um pouco abaixo do parâmetro de dezessete internações

por mil crianças residentes, estabelecido pelo Ministério da Saúde (vide Quadro 9), mas acima

das médias levantadas no GR1 e GR2. Talvez uma das causas que influenciaram a taxa de

internações de Iati seja a baixa cobertura de saneamento básico, associada à precariedade no

acesso aos serviços de saúde da atenção básica, ponto este evidenciado a partir da

insuficiência de consultas anuais (3,6) e cobertura mensal (30,1%) de puericultura por

crianças menores de dois anos (indicadores tratados posteriormente);(vide conectivo 1, da

Figura 19). Em relação ao quadro de morbidade em gestantes, constata-se que a incidência de

gravidez em adolescentes residentes em Iati é bastante elevada, comparada às taxas dos

grupos de referência. De cada cem adolescentes, entre dez e dezenove anos de idade,

cinquenta e três se tornaram mães. A baixa escolaridade das mães de nascidos vivos (82,7%)

pode ser um dos fatores que explicam a elevada incidência de gravidez na adolescência no

município (vide conectivo 2, da Figura 19). Constatou-se, como ponto positivo no estado de

morbidade, o nível tolerável de desempenho (amarelo) da Taxa de Infecção Puerperal em

gestantes de Iati, idêntica à média levantada no grupo de municípios da região Sul e Sudeste.

De cada mil mães de nascidos vivos, ocorrem 2,4 casos de infecção puerperal. Possivelmente,

um dos fatores que influenciaram para a baixa incidência de casos de infecção seja o pequeno

número de partos via cesárea, realizados no município de Iati (27,8%);(vide conectivo 3, da

Figura 19). Este procedimento é considerado importante para salvar vidas, quando há risco

para a mãe ou para o bebê, mas toda cirurgia tem seus riscos como: reação à anestesia, mais

hemorragias, mais infecções (BRASIL, 2007a).

Quanto à subdimensão Mortalidade, o modelo de Iati apresentou níveis toleráveis

(amarelo) de óbitos infantis, neonatais e pós-neonatais, posicionando-se entre as médias dos

grupos de referência. Entretanto, quando se adota a referência de 16,67/1.000 para

mortalidade infantil proposta pelo Ministério da Saúde (vide Quadro 9), o desempenho do

sistema de saúde de Iati se torna satisfatório (verde).

Para Hartz et al. (1997), as principais causas de óbito em crianças são: o baixo peso ao

nascer, a desnutrição e as doenças infecciosas (diarréia, infecções respiratórias agudas e

doenças evitáveis pela vacinação). A escolaridade da mãe e a cobertura da estratégia saúde da

família também contribuem para redução dos óbitos em crianças menores de um ano de idade

(BRASIL, 2006).

Kerr-Pontes e Rouquayrol (2003) estabelecem, ainda, que o coeficiente de mortalidade

infantil é sensível às condições socioeconômicas, que repercutem no meio ambiente, e à

cobertura vacinal.

Alguns fatores evidenciados no modelo possivelmente contribuíram para a ocorrência

do reduzido número de casos de óbitos infantis no município de Iati (vide conectivo 4 da

Figura 19). A incidência de doenças por infecção respiratória (10,6/1.000) e o percentual de

crianças nascidas vivas com peso abaixo de 2.500g (6,6%) apresentaram desempenhos

satisfatórios para o primeiro indicador e tolerável para o segundo. Outro ponto observado na

matriz foi a cobertura da estratégia da família em 100% da população municipal. Quanto à

imunização das crianças menores de um ano, o sistema de Iati apresentou um desempenho

satisfatório. Com exceção da cobertura vacinal da Rota Vírus, as demais

21

ficaram acima dos

parâmetros levantados nos grupos de referência e estabelecidos pelo Programa Nacional de

Imunização do Ministério da Saúde (vide Quadro 9). O aleitamento materno exclusivo

possivelmente também contribuiu para o combate à mortalidade infantil. Como se citou

anteriormente, o município de Iati apresentou um percentual de crianças com amamentação

exclusiva ao longo dos quatro meses de vida tolerável, posicionando-se um pouco acima da

média do grupo do Estado de PE. Os níveis de mortalidade infantil de Iati sofreram uma baixa

21 Pela metodologia adotada pelo modelo, a cobertura vacinal da BCG no município de Iati apresentou um desempenho tolerável, ficando entre as médias dos grupos de referência.

influência da situação desfavorável apontada pelos indicadores socioeconômicos, escolaridade

das mães e a incidência de doenças diarréicas (DDA) em crianças menores de cinco anos de

idade. Os números de Iati referentes às crianças nascidas vivas com peso abaixo de 2.500g e à

incidência de doenças por infecção respiratória e diarréica ficaram abaixo dos parâmetros

sugeridos pelo Ministério (vide Quadro 9).

Apesar do tolerável número de óbitos pós-neonatais ocorridos no município de Iati, a

incidência de um caso por diarréia alerta para a influência que as condições socioeconômicas

e saneamento exercem na saúde da criança (vide conectivo 5, da Figura 19). Condições

socioeconômicas e de saneamento insatisfatórias, associadas à insuficiente cobertura e

qualidade da utilização de procedimentos básicos de atenção à saúde da criança, como a

reidratação e manejo adequado das infecções das vias aéreas, são fatores causadores de

mortalidade pós-neonatal elevada (BRASIL, 2009).

Evidenciou-se, na matriz, como ponto positivo, a inexistência de casos de óbitos

maternos no município. A baixa incidência de infecção puerperal em gestantes de Iati

possivelmente contribuiu para essa realidade (vide conectivo 6, da Figura 19). Segundo o

Ministério da Saúde, as principais causas diretas que promovem a morte materna em ordem

decrescente são a hipertensão, a hemorragia, a infecção puerperal e o aborto (BRASIL,

2007a).

A imunização da gestante contra o tétano é outro importante fator no combate à

mortalidade materna. Possivelmente, municípios com maiores percentuais de gestantes com

vacinação em dia também contribuem para redução da mortalidade materna (vide conectivo 6,

da Figura 19). Em Iati, o percentual de gestantes com vacinação em dia (92,5%) ficou abaixo

das médias do GR1 e GR2, mas acima do referencial de 90% estabelecido pelo Ministério

(vide Quadro 9).

A terceira dimensão avaliada foi Desempenho do Sistema Municipal de Saúde, a

partir dos indicadores do modelo que mensuram processos e produtos do sistema. A leitura da

matriz evidenciou que o desempenho das subdimensões não foi uniforme.

Quando se examinam os indicadores de Efetividade, constata-se que a maioria desses

apresenta uma situação de insuficiência de desempenho. A média anual de 3,6 consultas de

puericultura por criança menor de dois anos de idade acompanhadas pelas equipes de saúde

da família é inferior às médias levantadas nos grupos de referência. Possivelmente, o baixo

número de consultas por criança decorreu do fato de que os médicos de saúde da família do

município de Iati não realizaram consultas de puericultura, sobrecarregando as enfermeiras

das equipes de saúde (indicador tratado posteriormente); (vide conectivo 7, da Figura 19).

Constatou-se, ainda, que o número de médicos e enfermeiras de saúde da família por mil

habitantes é tolerável (ponto evidenciado na leitura da dimensão Estrutura do Sistema), não

justificando, assim, o baixo número de consultas de puericultura por criança no município de

Iati. Sobre a imunização infantil de Iati, o percentual de crianças menores de um ano de idade

com vacinação em dia (98,3%), acompanhadas pelas equipes de saúde da família, ficou bem

próxima da média levantada no grupo de municípios da região Sul e Sudeste (98,4%).

O desempenho dos indicadores de Efetividade relacionados à gestante também

apresentaram resultados insatisfatórios (vermelho), abaixo dos parâmetros levantados nos

grupos de referência. Os percentuais de gestantes com vacinação em dia (92,5%) e das que

realizam pré-natal no mês (81,7%), acompanhadas pelas equipes de saúde da família do

sistema municipal de Iati, foram inferiores aos parâmetros do GR1 e GR2. Entretanto, a

estatística de imunização de gestantes ficou acima da referência de 90% estabelecida pelo

Ministério da Saúde (vide Quadro 9). Talvez, um dos fatores que explicam o percentual de

gestantes que realizaram pré-natal no mês se deva ao fato de que os médicos de saúde da

família do município de Iati não realizaram, como prática, consultas rotineiras de pré-natal,

sobrecarregando as enfermeiras das equipes de saúde (indicador tratado posteriormente);

(vide conectivo 8, da Figura 19). Constatou-se, ainda, que 29,5% das mães de crianças

nascidas vivas de Iati realizaram sete ou mais consultas de pré-natal, percentual este bem

inferior aos parâmetros levantados no GR1 (41,0%) e GR2 (72,3%) e ao estabelecido pelo

Ministério (52,2% – Quadro 9). Possivelmente, a explicação para o baixo número de

consultas de pré-natal por gestante se deva ao fato de que os médicos de saúde da família do