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Modelo para avaliação de desempenho do sistema de saúde municipal com foco nas ações da saúde materno-infantil da atenção básica por meio de indicadores sociais

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(1)

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE

EMPRESAS – EBAPE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MODELO PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO SISTEMA DE SAÚDE

MUNICIPAL COM FOCO NAS AÇÕES DA SAÚDE MATERNO-INFANTIL DA

ATENÇÃO BÁSICA POR MEIO DE INDICADORES SOCIAIS

João Antônio Robalinho Ferraz

(2)

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE

EMPRESAS – EBAPE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MODELO PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO SISTEMA DE SAÚDE

MUNICIPAL COM FOCO NAS AÇÕES DA SAÚDE MATERNO-INFANTIL DA

ATENÇÃO BÁSICA POR MEIO DE INDICADORES SOCIAIS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Administração Pública da

Fundação Getúlio Vargas, como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre em

Administração Pública.

Orientador:

Professor

Doutor

Fernando

Guilherme Tenório, FGV.

Defesa de Dissertação em: 12 de maio de 2010

Local: Fundação Getúlio Vargas – Rio de

Janeiro/RJ

(3)

"O saber deve ser como um rio, cujas águas doces, grossas,

copiosas, transbordem do indivíduo, e se espraiem,

estancando a sede dos outros. Sem um fim social, o saber

será a maior das futilidades."

(4)

AGRADECIMENTOS

Aos meus queridos pais, Luiz Alberto (in memoriam) e Maria Margarida,

responsáveis pelo estímulo constante e apoio aos meus sonhos.

Ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco e à Escola de Contas Professor

Barreto Guimarães, pela promoção deste curso de mestrado. Ao inspetor regional de

Garanhuns Júlio César pela apoio e parceria ao projeto. Ao professor Fernando Guilherme

Tenório pelo apoio e confiança.

Também a Paulo Germano de Frias e Suely Arruda Vidal, pesquisadores do

Instituto Materno Infantil de Pernambuco, e a Lia Giraldo, professora do Centro de Pesquisa

Aggeu Magalhães/FIOCRUZ, que muito influenciaram para reflexão do tema. A todos os

especialistas da área de saúde convidados pela pesquisa que dedicaram parte de seu tempo às

discussões.

Aos colegas do Mestrado em Administração Pública, agradeço pelos bons

momentos de convivência vividos em sala de aula, em especial a André Ricardo, Lúcio

Gustavo e Valdevino, companheiros de longos e agradáveis debates.

Agradeço especialmente à minha amada esposa e incentivadora, Ana Cláudia, e

aos meus filhos, Bruna e o pequenino João Lucas, fontes de inspiração, pela tolerância e

(5)

ABS:

Atenção Básica à Saúde

IAPs:

Institutos de Aposentadorias e Pensões

ANS:

Agência Nacional de Saúde Suplementar

ACS:

Agentes Comunitários de Saúde

AMQ:

Avaliação para Melhoria da Qualidade da Estratégia Saúde da Família

APS:

Atenção Primária à Saúde

CF/88:

Constituição Federal de 1988

CNES:

Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CNDSS:

Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde

CONDEPE/FIDEM: Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco

COSEMS:

Conselho das Secretarias Municipais de Saúde

CCE:

Coordenação de Controle Externo

CF/88:

Constituição Federal de 1988

DDA:

Doença Diarreica Aguda

DHEG:

Doença Hipertensiva Específica da Gravidez

DNERu

Departamento Nacional de Endemias Rurais

DNS:

Departamento Nacional de Saúde

ESF:

Equipe de Saúde da Família

FINBRA:

Finanças do Brasil

FIOCRUZ:

Fundação Osvaldo Cruz

FPNQ:

Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade

GR1:

Grupo de Referência 1

GR2:

Grupo de Referência 2

IFDM:

Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal

IRGA:

Inspetoria Regional de Garanhuns

IBGE:

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMIP:

Instituto Materno Infantil de Pernambuco

INAMPS:

Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

INEP:

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IRA:

Infecção Respiratória Aguda

(6)

OMS:

Organização Mundial da Saúde

ONU:

Organização das Nações Unidas

OPS:

Organização Pan-Americana da Saúde

OCDE:

Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento

PDR:

Plano Diretor de Regionalização

PNAB:

Política Nacional de Atenção Básica

PIB:

Produto Interno Bruto

PNUD:

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PHPN:

Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento

PNAB:

Política Nacional de Atenção Básica

PRO-ADESS:

Projeto Desenvolvimento de Metodologia de Avaliação do Desempenho do

Sistema de Saúde Brasileiro

RMAF:

Results-Based Management Accountability Framework

SES-PE:

Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco

SINAN:

Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SIAB:

Sistema de Informação de Atenção Básica

SIA:

Sistema de Informações Ambulatoriais

SIH:

Sistema de Informações Hospitalares

SIM:

Sistema de Informações sobre Mortalidade

SINASC:

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos

SIOPS:

Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde

SISVAN:

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

SI-PNI:

Sistema do Programa Nacional de Imunização

SUS:

Sistema Único de Saúde

TCE-PE:

Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco

TCU:

Tribunal de Contas da União

USF:

Unidade Saúde da Família

(7)

Quadro 1:

Exemplo de dimensões da qualidade do cuidado e do desempenho da atenção

básica ...

86

Quadro 2:

Critérios e indicadores propostos pelo Modelo ADS ...

95

Quadro 3:

Critérios e indicadores do Modelo ADS validados pelos especialistas ...

150

Quadro 4:

Estimativa da população residente por município do Estado de Pernambuco:

Período de referência 2008 ...

160

Quadro 5:

Estimativa da população da Região do Agreste Meridional residente por

município: Período de referência 2008 ...

161

Quadro 6:

Distribuição dos municípios com porte entre 14 e 35 mil habitantes por

Estado: período de referência 2008 ...

162

Quadro 7:

Demonstrativo das extrações nos sistemas oficiais utilizados ...

163

Quadro 8:

Estatísticas dos grupos de referência do Modelo ADS ...

164

Quadro 9:

Parâmetros dos critérios propostos pelo Modelo ADS e referências do

Ministério da Saúde ...

169

Quadro 10:

Alguns parâmetros do Modelo ADS x Ministério da Saúde ...

192

Quadro 11:

Relação dos indicadores da matriz do Modelo ADS ...

195

Figura 1:

Evolução da Taxa de Mortalidade Infantil: Macrorregiões do Brasil –

1994-2007 ...

19

Figura 2:

Dinâmica dos sistemas de saúde ...

39

Figura 3:

Avaliação normativa ...

47

Figura 4:

Pesquisa avaliativa ...

49

Figura 5:

Construção de um Sistema de Indicadores Sociais ...

65

Figura 6:

Elementos de um modelo teórico ...

70

Figura 7:

Esquema básico de modelo teórico com objetivos de implementação e de

resultados demarcados ...

70

Figura 8:

Esquema de modelo teórico para programas de conscientização na área da

saúde .

71

Figura 9:

Modelo explicativo do desempenho de sistemas de saúde do PRO-ADESS ...

74

Figura 10:

Elementos de avaliação das equipes de saúde da família ...

76

Figura 11:

Cadeia lógica do modelo baseado em resultado ...

78

(8)

Figura 15:

Modelo teórico Projeto ADS validado pelo grupo de especialistas ...

116

Figura 16:

Matriz de indicadores do Modelo ADS ...

174

Figura 17:

Distribuição das melhores estatísticas do modelo por grupo de referência ...

191

Figura 18:

Matriz de indicadores do Sistema Municipal de Saúde de Iati: ano-base 2008 ..

194

Figura 19:

Relações de influência entre alguns indicadores de Iati ...

210

Tabela 1:

Avaliação das subdimensões propostas pelo Modelo ADS a partir das notas

apresentadas pelos especialistas consultados ...

109

Tabela 2:

Avaliação dos critérios e indicadores propostos pelo Modelo ADS a partir das

(9)

Apêndice 1:

Relação dos participantes convidados para técnica de consenso e um resumo

curricular de cada especialista

Apêndice 2:

Primeira rodada da técnica de consenso para avaliar as subdimensões do

Modelo ADS – convite enviado aos participantes

Apêndice 3:

Quadro das subdimensões do Modelo ADS

Apêndice 4:

Definição das dimensões e subdimensões do Modelo teórico Projeto ADS

Apêndice 5:

Segunda rodada da técnica de consenso para retorno dos resultados da

primeira aos participantes sobre a validação

Apêndice 6:

Consolidação das observações apresentadas pelos especialistas na primeira e

segunda rodada – validação das subdimensões do Modelo ADS

Apêndice 7:

Primeira rodada da técnica de consenso para avaliar os critérios e indicadores

do Modelo ADS – convite enviado aos participantes

Apêndice 8:

Quadro dos critérios e indicadores do Modelo ADS

Apêndice 9:

Matriz dos critérios e indicadores do Modelo ADS

Apêndice 10:

Esclarecimentos sobre alguns indicadores formulados pelo pesquisador

Apêndice 11:

Segunda rodada da técnica de consenso para retorno dos resultados da

primeira aos participantes sobre os critérios/indicadores

Apêndice 12:

Consolidação das observações apresentadas pelos especialistas na primeira e

segunda rodada – seleção e inclusão dos critérios e indicadores no Modelo

ADS

Apêndice 13:

Ficha técnica dos indicadores do Modelo ADS

Apêndice 14:

Relação dos municípios do Grupo de Referência 1 (municípios do Estado de

Pernambuco entre 14 e 35 mil habitantes) – Período de referência 2008

Apêndice 15:

Relação dos municípios do Grupo de Referência 2 (municípios dos Estados:

ES, RJ, SP, SC, RS, PR e MS) – Período de referência 2008

Apêndice 16:

Base de dados extraída para parametrização do desempenho – Grupo de Referência 1 (Estado de Pernambuco): Período de referência 2008

(10)

Anexo 1:

Solicitação de informações ao Município de Iati, via Ofício TC/IRGA nº 444/2009

Anexo 2:

Resposta do Município de Iati, via Ofício nº 085/2009

Anexo 3:

Solicitação de informações ao Município de São João, via Ofício TC/IRGA nº 494/2009

(11)

1 PROBLEMA... 15

1.1 INTRODUÇÃO... 15

1.2 OBJETIVOFINAL ... 16

1.3 OBJETIVOSINTERMEDIÁRIOS ... 17

1.4 DELIMITAÇÃODOESTUDO ... 17

1.5 RELEVÂNCIADOESTUDO... 18

1.6 CONTROLEEXTERNOESUASATRIBUIÇÕES ... 20

2 ATENÇÃO BÁSICA... 26

2.1 ATENÇÃOÀSAÚDEESEUCONTEXTO... 26

2.2 CONTEXTODAATENÇÃOÀSAÚDENOBRASIL ... 30

2.3 CONCEITUAÇÃOEDEFINIÇÃODESISTEMADESAÚDE ... 35

2.3.1 Componentes e dinâmica dos sistemas de saúde... 36

3 POLÍTICA PÚBLICA ... 41

3.1 CONCEITUAÇÃODEPOLÍTICAPÚBLICA... 41

3.2 AVALIAÇÃODASPOLÍTICASPÚBLICAS... 44

3.2.1 Contexto e sua conceituação ... 44

3.2.2 Tipologias... 46

3.2.3 Conceituação de desempenho ... 50

3.3 INDICADORESSOCIAIS... 52

3.3.1 Contexto e conceituações ... 52

3.3.2 Tipologias e dimensões dos indicadores ... 55

3.3.3 Qualidades e atributos do indicador... 60

3.3.4 Critérios e parâmetros ... 61

3.3.5 Construção de sistemas/matrizes de indicadores de saúde ... 63

3.4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E SUA COMPLEXIDADE AMBIENTAL MEDIDA ... 65

4 MODELO TEÓRICO/OBJETO-MODELO ... 67

4.1 INTRODUÇÃOEASPECTOSPARAFORMULAÇÃODEMODELOS... 67

4.2 MODELOSTEÓRICOSOFICIAISEXAMINADOS ... 73

4.2.1 Estrutura do modelo teórico PRO-ADESS... 73

4.2.2 Avaliação para Melhoria da Qualidade (AMQ) ... 74

4.2.3 Modelo Lógico Baseado em Resultado para a Atenção Primária de Saúde... 76

4.3 PROPOSIÇÃODOMODELOTEÓRICOADS ... 80

4.3.1 Indicadores propostos pelo modelo (matriz)... 93

5 ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 103

5.1 FUNDAMENTAÇÃODOMÉTODODECONSENSO... 103

5.2 ANÁLISEDOMODELOADSPROPOSTOESUAMATRIZDEINDICADORES ... 105

5.2.1 Fase 1: Validação das subdimensões do modelo ... 107

5.2.2 Fase 2: Seleção dos indicadores do modelo ... 117

5.3 CONSTRUÇÃO DE PARÂMETROS AVALIATIVOS DO MODELO ADS... 156

5.3.1 Definição dos grupos para parametrização ... 159

5.3.2 Sistemática de cálculo dos parâmetros do modelo ... 162

5.4 ANÁLISE PRELIMINAR DA MATRIZ DO MODELO ADS E SEUS PARÂMETROS ... 177

5.4.1 Exame dos grupos de referência ... 177

5.4.2 Avaliação do modelo: Sistema Municipal de Saúde de Iati ... 192

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 211

REFERÊNCIAS ... 215

APÊNDICES... 226

(12)

O presente trabalho aborda o desempenho dos sistemas municipais de saúde, tendo como foco

a saúde materno-infantil. Com o objetivo de apontar as possíveis fragilidades dos sistemas de

saúde, especificamente daqueles em que a Atenção Primária (AP) é a principal ou exclusiva

estratégia de atuação da gestão municipal, foi criado um modelo teórico de avaliação dos

indicadores de saúde, denominado de ADS. Aplicado às cidades com população entre 14 mil

e 35 mil habitantes, onde o sistema de saúde se baseia exclusivamente na política de AP, esse

modelo foi construído por meio da técnica de consenso, com a formação de um grupo de 12

especialistas na área de saúde coletiva para definição e validação de critérios para análise dos

sistemas. Testado na cidade de Iati, localizada no Agreste Meridional e distante 282

quilômetros da capital pernambucana, o ADS apontou fatores ambientais e socioeconômicos

abaixo da média, além de vulnerabilidades da assistência materno-infantil que influenciam

negativamente a situação de saúde do município. A avaliação verificou ainda desempenho

insatisfatório no que diz respeito ao acompanhamento das crianças e gestantes por meio de

consultas médicas (efetividade); assistência à criança (continuidade); cobertura de consultas

em crianças e imunização de gestantes (acesso aos serviços da Atenção Primária);

produtividade das ações realizadas pelos profissionais de saúde (eficiência) e capacidade de

investigação dos óbitos infantis, qualidade dos registros e controle da sífilis em gestantes

(vigilância à saúde). Também foi observada baixa alocação de investimentos em saúde em

combinação com a carência de recursos humanos e materiais para prestar os serviços. Ao final

da pesquisa, foi possível constatar a viabilidade de aplicação do modelo para planejamento

das auditorias, avaliando o desempenho dos indicadores de saúde no âmbito municipal.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Saúde Materno-Infantil; Avaliação do Sistema

(13)

The current work concerns the performance of municipal health systems, focusing on

maternal/child healthcare. With the aim of identifying possible weaknesses in health systems,

specifically those in which Primary Attention (PA) is the main or exclusive strategy of

municipal administration activity, the theoretic model of health indicators named ADS, was

created. Applied in cities with populations between 14,000 and 35,000 inhabitants, where the

health system is exclusively based on PA policy, this model was constructed using the

consensus technique, with the formation of a group of 12 specialists in the area of collective

health to define and validate the criteria for analysis of the systems. Tested in the town of Itai,

located in the Meridian hinterland, 282 kilometers from the capital of Pernambuco, the ADS

indicated below average environmental and socio-economic factors, besides vulnerabilities in

maternal/child healthcare which negatively influenced the condition of health in the

municipality. The evaluation further verified unsatisfactory performance in terms of child and

pre-natal accompaniment through medical appointments (effectiveness); child assistance

(continuity); appointment realization for children and pre-natal immunization for mothers

(access to Primary Attention services); productivity of the actions performed by health

professionals (efficiency) and capacity to investigate infant mortality, quality of registers and

pre-natal control of syphilis (health vigilance). A low level of investment in healthcare was

also observed, combined with inadequate human resources and material to provide services.

At the end of the research, it was possible to identify the viability of the models application in

planning.

Key words: Primary health attention; Maternal/child health; Municipal health evaluation;

(14)

1

PROBLEMA

Este capítulo se propõe a apresentar o tema a ser pesquisado e o problema que será

investigado. Também são expostos o objetivo final e os intermediários buscados pela pesquisa

acadêmica, a delimitação e a relevância do estudo.

1.1

INTRODUÇÃO

A partir da segunda metade do século XX, a sociedade brasileira sofreu profundas

transformações tecnológicas, sociais, culturais e econômicas. Apesar dos avanços sociais

resultantes das políticas públicas compensatórias, as distorções sociais, para a grande maioria

da população, ainda permanecem. Neste quadro, somam-se, ainda, as alterações no arranjo

federativo promovido pela Constituição Federal de 1988, que conferiu aos municípios

autonomia administrativa, política e fiscal. Os novos entes federativos assumem funções de

gestão de políticas públicas por iniciativa própria, por adesão a outros programas, estadual ou

federal, ou por expressa imposição constitucional (ARRETCHE, 2000).

Neste contexto social em transformação, insere-se o Tribunal de Contas do Estado de

Pernambuco (TCE-PE) como órgão de fiscalização da gestão pública estadual e municipal. A

celeridade das mudanças sociais e econômicas ocorridas na segunda metade do século XX

influenciaram na inserção de novas competências aos Tribunais, exigindo, cada vez mais, a

busca de melhores resultados nas suas atividades por meio de instrumentos capazes de

responder, com qualidade e rapidez, às demandas da sociedade (accountability vertical e

horizontal)

1

.

A Lei n° 12.600/2004, que dispõe sobre a Lei Orgânica do TCE-PE, estabelece em seu

artigo 3° os princípios que regem as fiscalizações e os julgamentos emanados do órgão de

controle

externo

estadual:

legalidade,

legitimidade,

economicidade,

moralidade,

impessoalidade e publicidade. Devido à natureza do órgão, os princípios da legalidade e da

1

(15)

materialidade se sobressaem como valores fundamentais do órgão. Tais princípios estão

presentes na formação cultural da organização, principalmente no planejamento do escopo das

fiscalizações.

O planejamento das atividades de fiscalização do TCE-PE, calcado nos princípios da

legalidade e da materialidade, não permite a visualização da realidade social dos municípios

sob diversas dimensões, vez que os escopos e os exames de campo se debruçam sobre a

legalidade dos atos promovidos pela gestão pública, ou seja, verificação da conformidade dos

atos executados conforme estabelece o ordenamento jurídico.

Porém, neste contexto social em transformação, os procedimentos que subsidiam o

planejamento do escopo das fiscalizações realizadas pela Inspetoria Regional de Garanhuns

(IRGA)

2

do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) não são suficientes para

identificar as possíveis fragilidades das ações da gestão municipal para promoção da saúde

materno-infantil a serem investigadas pela inspetoria.

Assim, em um contexto em que os princípios da legalidade e da materialidade por si

sós não respondem às demandas sociais devido aos exames de natureza estritamente legalista

que se operam sobre o objeto auditado, e em que as ferramentas utilizadas pelas inspetorias

para planejamento do foco das fiscalizações apenas valorizam questões de conformidade legal

da aplicação dos recursos públicos, chega-se, assim, ao problema central da nossa pesquisa: a

IRGA pode adotar como ferramenta de planejamento um sistema/matriz de indicadores de

saúde, a partir de um modelo teórico, que permita à inspetoria definir o foco de quais aspectos

do sistema municipal de saúde deveriam ser examinados/fiscalizados? Como?

1.2

OBJETIVO FINAL

Desenvolver e validar um modelo teórico/matriz de indicadores que sinalize os pontos

mais frágeis dos sistemas municipais de saúde e que contribua para o monitoramento do

desempenho da gestão municipal e para o aperfeiçoamento da atuação das fiscalizações

realizadas pela Inspetoria Regional de Garanhuns.

(16)

1.3

OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS

Formular um modelo teórico representado por um sistema/matriz de indicadores;

Validar o modelo teórico e selecionar as medidas do sistema/matriz de indicadores a

partir da opinião de especialistas;

Desenvolver parâmetros de desempenho para cada indicador do modelo;

Testar o sistema/matriz de indicadores de saúde do modelo proposto em um município

fiscalizado pela IRGA;

Identificar as principais fragilidades do sistema municipal de saúde selecionado

mediante a aplicação da matriz de indicadores.

1.4

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O sistema/matriz proposto pretende apontar as possíveis fragilidades dos sistemas

municipais de saúde, especificamente daqueles em que a Atenção Básica é a principal ou

exclusiva estratégia de atuação da gestão municipal. O modelo não pretende avaliar a

problemática dos sistemas municipais de saúde, mas servir como ferramenta de apoio para o

planejamento das fiscalizações e exames a serem realizadas pela Inspetoria Regional de

Garanhuns do TCE, como um ponto de partida para as investigações a serem realizadas em

profundidade em campo, a partir da leitura da matriz de indicadores de cada município da

Região do Agreste Meridional. A aplicação do modelo ficará restrita aos municípios com

população entre quatorze e trinta e cinco mil habitantes, que não executem serviços de saúde

de média e alta complexidade, aqueles em que o sistema de saúde se baseia exclusivamente na

política de atenção primária.

O governo federal define como áreas estratégicas para operacionalização da atenção

básica a eliminação da hanseníase, o controle da tuberculose, o controle da hipertensão

arterial, o controle da diabetes mellitus, a eliminação da desnutrição infantil, a saúde da

criança, a saúde da mulher, a saúde do idoso, a saúde bucal e a promoção da saúde (BRASIL,

(17)

No entanto, entraram no modelo apenas as ações que impactem direta, ou

indiretamente, para promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação da saúde

materno-infantil.

Para formulação e escolha dos indicadores de saúde que fariam parte na matriz, que

representariam de forma direta ou indiretamente cada subdimensão da matriz do modelo,

tomou-se a decisão de inserir apenas indicadores que, para sua construção, necessitassem de

variáveis já disponíveis nas bases de dados dos sistemas oficiais do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de

Pernambuco (CONDEPE/FIDEM) e do DATASUS, bem como: Sistema de Informação de

Atenção Básica (SIAB); Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN);

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC); Sistema de Informações sobre

Mortalidade (SIM); Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA); Sistema de Informações

Hospitalares (SIH); Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); Sistema de

Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN); Agência Nacional de Saúde Suplementar

(ANS); Sistema do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI); e Cadastro Nacional de

Estabelecimentos de Saúde (CNES).

1.5

RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Atualmente, os conceitos sobre indicadores e índices de caráter social são citados com

mais frequência pela mídia e pelos debates políticos. Cada vez mais, jornalistas, lideranças

populares, políticos, acadêmicos e a sociedade como um todo se utilizam de indicadores

sociais para avaliar o avanço ou retrocesso da qualidade de vida da população ou para apontar

o desempenho das políticas públicas.

Os indicadores sociais passaram a fazer parte do cotidiano dos agentes políticos

responsáveis pela definição das prioridades das políticas sociais e alocação dos recursos

públicos. Na virada do século, as métricas sociais ganharam um papel de destaque nas

discussões político-sociais da sociedade brasileira.

A atual gramática social exige dos órgãos de controle externo desenvolvimento de

mecanismos que permitam o acompanhamento e a atuação das cortes de contas sobre os

resultados das políticas públicas de cunho social. O foco na cultura da legalidade e da

(18)

TCE-PE como órgão fiscalizador da efetividade das ações públicas é de grande importância,

principalmente devido às distorções sócio-econômicas e desigualdades sociais dos estados

localizados na Região Nordeste, comparado com outras regiões do país.

Neste contexto social municipal destacamos a Política Nacional de Atenção Básica

(PNAB), operacionalizada pela estratégica de saúde da família, que pretende garantir direitos

de cidadania e melhoria da qualidade de vida da população. A atenção primária caracteriza-se

como a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS) e corresponde à organização

dos serviços de saúde realizados nos municípios, levando em consideração as necessidades da

população. É a estratégia para promoção da saúde dentro dos princípios e diretrizes

estabelecidos pelo SUS: (i) universalidade de acesso; (ii) integralidade de assistência; (iii)

igualdade da assistência; (iv) participação da comunidade; (v) descentralização

político-administrativa dos serviços de saúde; (vi) resolubilidade (BRASIL, 1990).

Apesar dos avanços promovidos pela PNAB, a Região do Agreste Meridional de

Pernambuco apresenta, historicamente, indicadores sociais de saúde desfavoráveis, quando

comparados com a média do país. Tome-se como exemplo, a taxa de mortalidade infantil de

23,8 por mil nascidos vivos, no ano de 2007: mais de 45% acima da média nacional de 16,4.

Quase o dobro, quando comparada com a da região Sul.

Figura 1 – Evolução da Taxa de Mortalidade Infantil: Macrorregiões do Brasil – 1994-2007

23,8

12,9 16,4

10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

A no

Nort e

Nordest e

Pernambuco

Agrest e M eridional - PE

Sudest e

Sul

Cent ro-Oest e

Brasil

Fonte: Ministério da Saúde/DATASUS/SIM3 e Ministério da Saúde/DATASUS/SINASC4.

3

Base de dados extraída do DATASUS em 14/10/2009:

(19)

Aliado a este contexto regional, observa-se uma crescente preocupação da saúde

infantil e materna não só dos órgãos nacionais, mas também dos internacionais. A Declaração

do Milênio das Nações Unidas, aprovada pelos países membros do Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em setembro de 2000, estabeleceu a redução da

mortalidade infantil e a melhoria da saúde materna como alguns dos objetivos de

desenvolvimento do milênio. Segundo o PNUD

5

, as taxas de mortalidade de bebês e crianças

até cinco anos caíram em todo o mundo, mas o progresso foi desigual. Todos os anos morrem,

antes de completar cinco anos, quase 11 milhões de crianças ao redor no mundo. A maioria

por doenças evitáveis ou tratáveis (diarreia, doenças respiratórias, sarampo e malária). No

contexto nacional, o Brasil reduziu a mortalidade infantil de 4,7%, em 1990, para 2,5%, em

2006. No entanto, a desigualdade ainda é grande; as crianças pobres têm mais do que o dobro

de probabilidade de morrerem do que as ricas.

O presente estudo é relevante não só para o TCE-PE, mas, principalmente, para os

municípios que desejam acompanhar o desempenho dos seus sistemas de saúde. O

desenvolvimento de um modelo teórico, representado por uma matriz de indicadores que

retrate o sistema municipal de saúde sob diversas dimensões, que identifique os prováveis

fatores que influenciam direta, ou indiretamente, o estado de saúde da população, contribuirá

para o preenchimento de uma lacuna de atuação dos tribunais de contas estaduais.

Uma nova abordagem de fiscalização auxiliada a partir de uma matriz de indicadores

que sinalize as possíveis fragilidades dos sistemas de saúde municipais poderá contribuir para

a melhoria das condições de vida da população e para a redução das desigualdades sociais.

1.6

CONTROLE EXTERNO E SUAS ATRIBUIÇÕES

A ideia de criação de um tribunal de contas surgiu pela primeira vez no Brasil em 23

de junho de 1826, com a iniciativa de Felisberto Caldeira Brandt, Visconde de Barbacena, e

de José Inácio Borges, os quais apresentaram, ao Senado do Império, projeto de lei nesse

sentido. Somente após a queda do Império, as reformas político-administrativas da jovem

República possibilitaram a institucionalização do Tribunal de Contas da União (TCU). Em

4

Base de dados extraída do DATASUS em 14/10/2009:

(20)

novembro de 1890, por iniciativa do então Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, através de

decreto, foi criado o TCU.

A Carta Magna de 1891, a primeira republicana, ainda por influência de Rui Barbosa,

institucionalizou o TCU, através do artigo 89, constante nas disposições gerais (BRASIL,

1891). Foi atribuído ao Tribunal o papel de liquidação das contas de receita e despesa e

verificação de sua legalidade antes da prestação de contas ao Congresso Nacional.

Estabeleceu, ainda, que os membros seriam nomeados pelo Presidente da República, com

aprovação do Senado, perdendo este cargo apenas via sentença.

A partir da Carta de 1946, surgiu a relação expressa entre o Poder Legislativo e o

órgão fiscalizador dos atos da gestão pública. O artigo 22 estabeleceu que a administração

financeira da União, especialmente a execução do orçamento, seria fiscalizada pelo Congresso

Nacional, com o auxílio do TCU; e, nos estados e municípios, pela forma que fosse

estabelecida pelas constituições estaduais (BRASIL, 1946).

Cabe ressaltar que, a partir da Constituição de 1946, os artigos que se referem ao TCU

encontram-se na seção que trata do orçamento, localizado no capítulo do Poder Legislativo.

Nas constituições anteriores os artigos que versam sobre o Tribunal de Contas estão inseridos

em capítulos exclusos do legislativo, entre os quais se cita: (i) Constituição de 1891 – nas

disposições gerais desatrelado de qualquer poder; (ii) Constituição de 1934 – o Tribunal de

Contas da União encontra-se inserido no capítulo que rege os órgãos de cooperação nas

atividades governamentais, dividindo espaço com Ministério Público e os Conselhos Técnicos

do Congresso Nacional; e (iii) Constituição de 1937 – inseriu o TCU em capítulo próprio,

logo após o que menciona a Justiça Militar.

A Carta de 1967 instituiu avanços significativos para fiscalização da administração

pública. Foi incorporada, a partir do artigo 71, a fiscalização orçamentária, a denominação do

controle externo exercido pelo TCU, órgão que auxilia o Congresso Nacional, e a criação da

figura do sistema de controle interno do poder executivo federal para fiscalizar os órgãos

públicos (BRASIL, 1967).

O artigo 72 da referida Carta estabeleceu os seguintes objetivos do sistema de controle

interno: i) criar condições indispensáveis para eficácia do controle externo e para assegurar

regularidade à realização da receita e da despesa; ii) acompanhar a execução de programas de

trabalho e do orçamento; e iii) avaliar os resultados alcançados pelos administradores e

verificar a execução dos contratos.

O acompanhamento e controle do princípio da legalidade dos atos emanados pela

(21)

Para responder a esta insuficiência e modernizar a gestão pública, o Governo Federal

estabeleceu, através do Decreto-Lei n° 200/67, diretrizes para reforma administrativa. O

inciso V, do artigo 6°, do referido Decreto, estabeleceu o “controle” como um dos princípios

fundamentais a serem obedecidos pelas atividades da administração federal (BRASIL,

1967a).

A partir da incorporação do controle como princípio fundamental a ser seguido pela

administração, as atividades exercidas pelos órgãos de controle externo e interno são

valorizadas devido à necessidade de verificação da legalidade dos atos da gestão pública.

Segundo Geórgia Campos de Almeida

6

:

[...] fiscalização e revisão são os elementos fundamentais do controle, sempre calcados no princípio da legalidade. A fiscalização nada mais é que o poder de verificação das atividades dos órgãos e agentes administrativos; é a verificação de que as atividades públicas estão cumprindo suas finalidades, enquanto a revisão é o poder de corrigir condutas administrativas, seja por que eivadas de vícios de legalidade, seja em função de mudanças nas políticas públicas.

Para Carlos Henrique Fêu:

O controle interno se funda em razões de ordem administrativa, jurídica e mesmo política. Sem controle não há nem poderia haver, em termos realistas, responsabilidade pública. A responsabilidade pública depende de uma fiscalização eficaz dos atos do Estado.

O controle assume papel preponderante para democratização e transparência da gestão

pública. Um dos objetivos principais do controle interno é o de possuir ação preventiva antes

que ações ilícitas, incorretas ou impróprias possam atentar contra os princípios da

Constituição da República Federativa do Brasil, principalmente o artigo 37, seus incisos e

parágrafos (BRASIL, 2002a).

A atual Constituição Federal (CF/88) apresentou um grande avanço para

desenvolvimento e abrangência da fiscalização e mecanismos para o controle social

desempenhadas pelos Tribunais de Contas, constantes entre os artigos 70 e 75. O artigo 70 da

CF/88 incorporou a fiscalização contábil, operacional e patrimonial às já existentes

(financeira e orçamentária). Cabe esclarecer os objetos que fazem parte dos tipos de

fiscalização (BRASIL, 2002a).

Contábil – fiscaliza os registros de receita e despesa.

(22)

Financeira – examina os controles sobre depósitos bancários, pagamento e

recebimento de valores, empenhos, etc.

Orçamentária – acompanha o orçamento, bem como a fiscalização dos registros nas

rubricas adequadas.

Operacional – avalia a execução das atividades administrativas em geral, sobre o

funcionamento da máquina administrativa, bem como o atendimento aos princípios da

eficiência, eficácia e da celeridade.

Patrimonial – examina os bens públicos e sua guarda (fiscalização em almoxarifado).

O artigo 73 e o parágrafo único do 75 da CF/88 estabelece que o TCU será composto

por nove Ministros e os Tribunais de Contas estaduais, por sete conselheiros cada. O caput do

artigo 75 instituiu, pelo princípio da simetria, que as normas estabelecidas na seção que trata

da fiscalização contábil, financeira e orçamentária aplicam-se à organização, composição e

fiscalização dos Tribunais de Contas dos estados e do Distrito Federal, bem como dos

Tribunais e Conselhos de Contas dos municípios.

O Tribunal de Contas de União atua em todo território nacional Atualmente, existem

trinta e três Tribunais de Contas estaduais e municipais, assim distribuídos: (i) 22 Tribunais de

Contas Estaduais (TCEs) que examinam as contas de cada um dos estados e ainda dos

municípios destes estados (com a exceção do Rio de Janeiro e São Paulo que auditam suas

capitais); (ii) 4 TCEs que examinam apenas as contas estaduais (Bahia, Ceará, Goiás e Pará);

(iii) 4 Tribunais de Contas Municipais (TCMs) (Bahia, Ceará, Goiás e Pará), mantidos pelos

estados, que examinam apenas contas municipais; (iv) Tribunal de Contas do Distrito Federal

que examina matérias comuns aos estados e aos municípios, que, no caso, são todas do

Distrito Federal; (v) TCMs do Rio de Janeiro (instituído em 1980) e São Paulo (criado em

1968) que auditam apenas as capitais.

A Constituição Federal vedou em seu artigo 31, § 4°, a criação de novos tribunais,

conselhos ou órgãos de contas municipais. A existência dos TCMs do Rio e de São Paulo se

devem por serem anteriores à promulgação da referida Carta.

A Constituiçao Federal vigente instituiu, em seu artigo 71, as competências do TCU, e

pelo princípio da simetria, dos Tribunais de Contas Estaduais. As atribuições do controle

(23)

Fiscalizadora: consiste na realização de inspetorias e auditorias em órgãos e entes da

administração direta e indireta. São, como exemplo, examinadas a legalidade dos atos de

admissão e de aposentadoria, a aplicação das transferências de recursos, o cumprimento

da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o endividamento público, a gestão dos

programas governamentais e os editais das licitações.

Judicante: o artigo 71, II, da CF/88, dispõe que compete ao Tribunal de Contas o

julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e

valores públicos. Essa função, aqui chamada de judicante, é que viabiliza a imposição de

sanções aos autores de irregularidades, como por exemplo, nos casos de infração à LRF.

Sancionadora: esta função é importante para que o Tribunal de Contas possa coibir

irregularidades e garantir o ressarcimento aos cofres públicos. Como exemplo, cita-se a:

aplicação de multa proporcional ao débito imputado; multa por infração à LRF;

decretação de indisponibilidade de bens por até um ano; declaração de inidoneidade para

contratar com a administração pública por até cinco anos; declaração de inabilitação para

o exercício de função de confiança, etc.

Consultiva: consiste na elaboração de pareceres prévios sobre as contas do Chefe do

Executivo, dos demais Poderes e do Ministério Público, a fim de subsidiar seu

julgamento pelo Poder Legislativo. Consultas feitas por determinadas autoridades sobre

assuntos relativos às competências do Tribunal de Contas.

Informativo: função exercida mediante a três situações: envio ao Poder Legislativo de

informações sobre as fiscalizações realizadas; expedição dos alertas previstos pela LRF;

manutenção de página na Internet contendo dados importantes sobre a atuação do

Tribunal, as contas públicas, dentre outros.

Corretiva: agrupa-se em dois procedimentos previstos no artigo 71, IX e X da CF/88:

fixação de prazo para a adoção de providências que visem ao cumprimento da lei; e

sustação do ato impugnado quando não forem adotadas as providências determinadas.

Normativa: origina se do poder regulamentar conferido pela Lei Orgânica, que faculta a

expedição de instruções, deliberações e outros atos normativos relativos à competência

do tribunal e a organização dos processos que lhe são submetidos.

Ouvidoria: corresponde ao recebimento de demandas apresentadas pelo controle interno,

por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato; acompanhamento do

processo de apuração de denúncia; e esclarecimentos sobre atuação do Tribunal de

(24)

A Constituição Federal estabelece, no parágrafo único do art. 70, que deverão prestar

contas quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, que utilizem, arrecadem,

guardem, gerenciem ou administrem dinheiros, bens e valores públicos ou pelas quais a União

responda, ou que, em nome desta, assumam obrigações de natureza pecuniária (BRASIL,

2002a).

O julgamento das contas anuais dos gestores e ordenadores de despesas, qualificados

no dispositivo acima indicado, representa uma das principais atribuições desempenhadas

pelos Tribunais de Contas. A atuação do controle externo, nesses casos, ocorre depois de

cometida à irregularidade na aplicação do dinheiro público, ou seja, a posteriori.

Na opinião de Barreto:

A eficácia das decisões dos Tribunais de Contas é instrumento essencial da ação de controle. O órgão encarregado pela execução deve ter em mãos informações sintéticas e exatas do título executivo. O acórdão deve indicar o valor da dívida e a data da ocorrência do dano, permitindo sua liquidação, ou seja, a certeza do valor da obrigação. A decisão tem natureza jurídica declaratória e constitutiva, uma vez que afirma a vontade da lei aplicada ao caso concreto e declara a existência da obrigação. O intercâmbio entre o Ministério Público e o Tribunal de Contas possibilita a solicitação de auditorias específicas, uma vez verificada a ilegalidade de qualquer despesa, para impor à Administração Pública providências necessárias para o exato cumprimento da lei e sustação da execução do ato impugnado (BARRETO, 2009).

O artigo 196 da Costituição Federal estabelece que a saúde é direito de todos e dever

do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua

promoção, proteção e recuperação. Compete aos municípios a prestação de serviços de

atendimento à saúde da população.

A atual Carta Magna estabelece no § 3º, do artigo 77 das disposições transitórias, que

os recursos dos estados, do distrito federal e dos municípios destinados às ações e serviços

públicos de saúde e os transferidos pela União para a mesma finalidade serão aplicados por

meio de fundos de saúde que serão acompanhados e fiscalizados pelos Tribunais de Contas.

Neste capítulo, foi apresentado o objeto sob exame e o problema que balizará a

pesquisa, bem como os objetivos almejados. Foram expostas a delimitação dos estudos e a

relevância da pesquisa para o TCE-PE, a sua contribuição para melhoria dos indicadores

sociais de saúde municipais, e por último, as atribuições impostas constitucionalmente aos

(25)

2

ATENÇÃO BÁSICA

2.1

ATENÇÃO À SAÚDE E SEU CONTEXTO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem como objetivo a busca pela garantia de

níveis de saúde, os mais altos possíveis, para todos os seus povos. Para a organização, saúde

não é apenas a ausência de doenças, mas, um estado completo de bem-estar físico, mental e

social dos indivíduos. Estabelece ainda que as necessidades de saúde dos indivíduos

representam um direto humano a ser buscado e é uma obrigação da sociedade a mobilização

de recursos para promoção e preservação da saúde (OMS, 1946; OMS, 1978).

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)

7

tem como uma de suas missões a

de orientar os esforços estratégicos de cooperação técnica entre os Estados membros e outros

parceiros, no sentido de promover a equidade na saúde, combater doenças, melhorar a

qualidade de vida e elevar a expectativa de vida dos povos das Américas. Desde antes de

1978, a OPAS adota como foco estratégico a promoção da Atenção Primária à Saúde (APS)

como maneira de estender os serviços de saúde para todas as comunidades e de aumentar a

eficiência do uso dos recursos (OPAS, 2007).

Em 1978, a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, ocorrida

em 12 de setembro, no Cazaquistão, ex-URSS, instituiu e aprovou a Declaração de Alma-Ata

8

que afirmava a responsabilidade dos governantes sobre a saúde de seus povos por meio de

medidas sanitárias e sociais, reiterando a saúde como direito humano fundamental e uma das

principais metas mundiais.

No ano seguinte, a Assembleia-Geral da OMS (1978) lançou em âmbito mundial a

Estratégia de Saúde para Todos no Ano 2000, que estabeleceu como principal meta a ser

atingida até 2000: o alcance de um nível de saúde que permitisse vida social e

economicamente produtiva. A Declaração de Alma-Ata estabeleceu ainda que os cuidados

primários de saúde constituem a chave para atingir as metas traçadas pela Conferência, como

parte do desenvolvimento, no espírito da justiça social.

7 http://www.opas.org.br/opas.cfm em 25/01/2010.

(26)

Em 1996, a Organização adotou um conjunto de princípios para construção das bases

da atenção primária dos serviços de saúde a partir da Carta de Lubliana. Esta propõe que os

sistemas de atenção à saúde deveriam ser (STARFIELD, 2002):

dirigidos por valores de dignidade humana, equidade, solidariedade e ética

profissional;

direcionados para a proteção e promoção da saúde;

centrados nas pessoas, permitindo que os cidadãos influenciem os serviços de saúde e

assumam a responsabilidade por sua própria saúde;

focados na qualidade, incluindo a relação custo-efetividade;

baseados em financiamento sustentável, para permitir a cobertura universal e o acesso

equitativo;

direcionados para a atenção primária.

Ao final do Século XX, o processo de globalização dos mercados e seus acordos

multilaterais trouxeram facilidades de intercâmbio socioeconômico, cultural, político e

turístico e acarretaram crescente fragilidade às barreiras sanitárias. A globalização e o

crescimento populacional contribuíram para o aumento das desigualdades sociais. Estes fatos

colocaram a OMS em alerta e aceleraram a adoção de uma série de ações para redução dos

impactos (SCARATTI, 2007).

Neste contexto, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou os Objetivos do

Milênio como compromisso de seus países-membros para combater a desigualdade e

melhorar o desenvolvimento humano no mundo, a serem atingidos até 2015. Trata-se de um

compromisso assumido pela comunidade internacional, formalizado a partir de uma carta de

orientação voltada a (i) erradicar a pobreza extrema e a fome; (ii) universalizar o ensino

fundamental; (iii) promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; (iv)

reduzir a mortalidade infantil; (v) melhorar a saúde materna; (vi) combater epidemias; (vii)

garantir a sustentabilidade do meio ambiente; (viii) fomentar uma associação mundial para o

desenvolvimento (OMS, 2005).

A Declaração de Alma-Ata conferiu à atenção primária um papel abrangente, pois lhe

atribui a função central dos sistemas de saúde e como parte do processo mais geral de

desenvolvimento social e econômico das comunidades.

A primeira proposição que trata da organização do sistema de serviços de saúde tem

(27)

principais de serviços: (i) centros de saúde primários; (ii) centros de saúde secundários; (iii)

hospitais-escola. Este arranjo teórico serviu de base para a reorganização dos sistemas de

saúde em vários países (LORD DAWSON OF PENN, 1920 apud STARFIELD, 2002).

Tais sistemas apresentam, de forma geral, duas metas principais: otimizar a saúde da

população por meio dos conhecimentos mais avançados e minimizar as disparidades de modo

que determinados grupos não estejam em desvantagem sistemática em relação ao seu acesso

aos serviços de saúde e ao alcance de um ótimo nível de saúde (STARFIELD, 2002).

A assistência à saúde realizada pelos sistemas de serviços de saúde geralmente se

organizam em três níveis de atenção: primária, secundária e terciária. A atenção primária

representa o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o

sistema de saúde. Os cuidados de saúde devem ocorrer o mais próximo possível dos lugares

em que as pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento

de um processo

continuado de assistência à saúde. A atenção secundária à saúde representa o conjunto de

serviços médicos ambulatoriais e de exames laboratoriais especializados com atendimento em

hospitais comuns ou unidades de pronto-atendimento. A atenção terciária à saúde representa

os serviços médicos e exames laboratoriais de alta complexidade que apresentam custos

geralmente elevados (OMS, 1978).

A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em

Alma-Ata, representou um marco introdutório para as reformas sanitárias em vários sistemas de

saúde. A implementação da APS foi incentivada pela OMS como estratégia para minimizar as

crescentes iniquidades sociais e de saúde em quase todos os países. Ela aborda os problemas

mais comuns na comunidade, oferecendo serviços de prevenção, cura e reabilitação para

maximizar a saúde e o bem-estar. Segundo a OMS, atenção primária à saúde compreende:

[...] cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação. [...] o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, pelos quais os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde (OMS, 1978, p. 1).

A definição de APS adotada pela Organização Mundial de Saúde foi adaptada para a

realidade brasileira, durante o processo de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS),

(28)

[...] conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação (BRASIL, 1999, p. 9).

Para o desenho de novas políticas e reorientação de sistemas de saúde balizados pela

APS, é necessária a análise dos principais atributos que regem uma atenção primária

abrangente. Starfield (2002) desenvolveu uma abordagem, reconhecida por especialistas e

difundida também no Brasil, para caracterizar e avaliar a atenção primária, definindo os

atributos essenciais dos serviços de saúde deste nível de cuidado. Esta abordagem considera

como características específicas da APS: (i) acessibilidade/primeiro contato, (ii)

responsabilidade/longitudinalidade, (iii) continuidade, (iv) coordenação e (v) integralidade.

O primeiro atributo da APS é acessibilidade/primeiro contato que representa a porta

de entrada do sistema de saúde. Para constituição de um serviço como porta de entrada, é

necessário que seja acessível, de fácil abordagem à população, eliminando as barreiras

financeiras, geográficas, organizacionais, culturais e linguísticas, que possibilite a utilização

por parte dos usuários a cada procura. O termo “acesso” geralmente é utilizado de forma

ambígua e intercalado à “acessibilidade”. Millman (1993 apud Starfield, 2002) estabeleceu

diferenças entre os termos. Para o autor, acesso corresponde o uso oportuno de serviços

pessoais de saúde para alcançar os melhores resultados possíveis em saúde, já acessibilidade

são fatores que limitam ou facilitam a porta de entrada do usuário ao sistema de saúde.

A longitudinalidade, segundo atributo da atenção primária, é a relação pessoal de

longa duração que se estabelece entre os profissionais de saúde e os pacientes e usuários ao

longo da vida, independente da ausência ou da presença de doença. Para existência da

longitudinalidade, é necessário que se estabeleça um vínculo entre eles para incentivar a

formação de fortes laços interpessoais que reflitam a cooperação mútua entre as pessoas e os

profissionais de saúde (STARFIELD, 2002).

Outro atributo que caracteriza a APS é a continuidade da relação entre paciente e

profissional de saúde ao longo do tempo. Consiste nos arranjos pelos quais a atenção é

oferecida numa sucessão ininterrupta de eventos relacionados aos cuidados à saúde,

contribuindo para uma humanização das relações e uma atenção mais integral. A continuidade

pode ser alcançada por intermédio de vários mecanismos, como exemplo: (i) um médico ou

profissional de atenção à saúde que atende ao paciente e acompanha a evolução do seu

(29)

precisas e completas a respeito dos pacientes; (iii) um computador que contém informações a

respeito dos pacientes; (iv) registros feitos pelos próprios pacientes.

A coordenação, outro atributo essencial da APS, representa a capacidade de garantir a

continuidade da atenção na rede de serviços por meio de tecnologias de gestão clínica,

mecanismos adequados de comunicação entre profissionais e registros adequados de

informação. Este atributo é essencial para a obtenção dos demais. Na sua ausência , a

longitudinalidade ficaria enfraquecida, a integralidade apresentaria dificuldades e a função de

primeiro contato seria uma função meramente administrativa.

Por último, o atributo da integralidade, que implica arranjos que as unidades de

atenção primária e suas equipes devem fazer para que o paciente receba todos os tipos de

serviços de atenção à saúde, sejam preventivos ou curativos. Isto inclui o encaminhamento do

usuário a serviços secundários para consultas e exames, serviços terciários para manejo

definitivo de problemas específicos e para serviços de suporte fundamentais, tais como

internação e outros serviços comunitários.

Foram apresentados, nos parágrafos anteriores, os atributos essenciais que abrangem a

APS, os quais podem ser tomados como ponto de análise para avaliação do desempenho de

sistemas de saúde que adotam a atenção primária como principal estratégia para o cuidado à

saúde.

No caso brasileiro, a atenção primária à saúde merece especial destaque pela

importância que tem para promoção e redução das iniquidades, uma vez que, na maioria dos

municípios, os cuidados e serviços de saúde ofertados pelas administrações municipais

limitam-se a atenção básica à saúde.

2.2

CONTEXTO DA ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL

A partir de meados do século XIX foram organizadas, pelo governo imperial, as

primeiras ações públicas de atenção à saúde no Brasil para combater as epidemias,

principalmente as de febre amarela. Neste período, o governo adotou um modelo mais

centralizado para as atividades de saúde, normatizando os serviços e passando aos poderes

locais a responsabilidade pela alocação de recursos e execução dos serviços. Em 1846, foi

criado o Instituto Vacínico do Império, para proceder à vacinação antivariólica e às atividades

(30)

Vargas foi a criação do Ministério da Saúde (MS), a partir da reforma administrativa

proposta. Até 1953, as ações de saúde eram realizadas pelo Ministério da Educação e Saúde

(MES) e por várias entidades públicas. Desde a sua fundação, até 1964, o MS caracterizou-se

pela transitoriedade de seus dirigentes, resultante da frequente barganha política (ESCOREL;

TEIXEIRA, 2008).

Inicialmente, o Ministério da Saúde restringiu-se a absorver as responsabilidades do

Departamento Nacional de Saúde (DNS) do extinto MES. No entanto, sua estrutura não

atendia a suas necessidades da época. Em 1956, ocorreu um momento institucional importante

de disputa de poder entre modelos de atenção à saúde, com a criação do Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DNERu), o qual tinha como principal objetivo a coordenação

de 15 órgãos envolvidos no combate, controle e erradicação de doenças específicas no Brasil.

No início da década de 60, as desigualdades sociais existentes no país mobilizaram

pesquisadores e sanitaristas a discutir um novo modelo de saúde. No XV Congresso de

Higiene realizado em dezembro de 1962, no Recife, o ministro da saúde, Souto Maior,

apresentou um conceito ampliado de saúde com vista a implementar uma nova política

sanitária. Esta nova visão defendida reconhecia que a interrupção do círculo vicioso entre

doença e pobreza estava atrelada a reformas estruturais da sociedade e melhoria da

distribuição da riqueza nacional. A 3ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em 1963, sob

a gestão do ministro Wilson Fadul, tinha como finalidade o exame da situação sanitária

nacional e aprovação de programas de saúde que concorressem para o desenvolvimento

econômico do País. Foram tratados quatro temas oficiais: (i) situação sanitária da população

brasileira; (ii) distribuição das atividades médico-sanitárias nos níveis federal, estadual e

municipal; (iii) municipalização dos serviços de saúde; (iv) fixação de um plano nacional de

saúde (BRASIL, 1991).

O princípio da municipalização dos serviços de saúde condensou o novo projeto

sanitário para o País, descentralizado e sustentado em um modelo de cobertura dos serviços de

saúde, iniciando pelo atendimento básico e se estendendo até o atendimento

médico-hospitalar especializado. A Conferência sugeriu ainda, como inovação, a instituição de lei

municipal por todos os municípios para criação de seus serviços de saúde. Até 1964, a

assistência médica previdenciária era prestada pela rede de serviços próprios dos Institutos de

Aposentadorias e Pensões (IAPs), composta por hospitais, ambulatórios e consultórios

médicos. A Reforma Administrativa Federal (Decreto-Lei n° 200, de 25 de fevereiro de

1967), iniciada em 1967, atribuiu ao Ministério da Saúde a responsabilidade pela formulação

Imagem

Figura 1 – Evolução da Taxa de Mortalidade Infantil: Macrorregiões do Brasil – 1994-2007
Figura 2 – Dinâmica dos sistemas de saúde
Figura 3 – Avaliação normativa
Figura 4 – Pesquisa avaliativa
+7

Referências

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