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G. Poggi (1965), The British Journal of Sociology, Dec.

2. Contexto da Investigação

2.1. O Banco Borges & Irmão Alguns Dados da sua História

O B.B.I. é um Banco centenário cuja fundação remonta a 1884, quando os irmãos António Nunes Borges e Francisco António Borges fundam no Porto a firma António Nunes Borges & Irmão que, a partir de 1891, passa a ser designada preferencialmente por Borges & Irmão.

39 A parte relativa aos dados sobre a história do B.B.I. foi feita com base na brochura: "Banco Borges &

Irmão - Um Século de Actividade" publicada sob coordenação do Departamento de Marketing do B.B.I. em 1984, data do centenário da instituição, e nas publicações do Relatório e Contas compreendidos entre 1989 e 1995.

o estudo de caso

Esta sociedade, à semelhança de outras casas de câmbio de Lisboa e do Porto da altura, surgiu como casa comercial de tabacos, lotarias e câmbios. Esta característica de polivalência e diversificação da actividade - que a partir de 1891 alarga o âmbito para estampilhas, selos, letras, papel selado e, sobretudo, comercialização de vinhos - parece ter tido relevância no cunho especial que foi marcando o devir da instituição.

Neste aspecto, outra característica importante prende-se com o carácter eminentemente familiar desta empresa que, mesmo depois de passar a Banco, sempre procurou manter-se nas mãos da família, privilegiando o auto- financiamento ao alargamento da Sociedade.

Também o facto da Casa Borges & Irmão ter sido fundada com escasso capital inicial, só ultrapassado através do trabalho, parece ter conferido uma certa austeridade à casa comercial e à vida privada dos irmãos Borges, sem gastos supérfluos, ostentação ou luxo. Estes possuíam um grande apego à terra e utilizaram a compra de propriedades rústicas como garantia do risco comercial. Isto possibilitou que o público visse neste património um instrumento de segurança e de garantia dos depósitos que efectuava.

Desde a fundação até 1910, a Casa de Câmbios Borges & Irmão, apesar de uma conjuntura nacional e internacional difícil em termos económico-financeiros no qual se verifica o desaparecimento e falência de alguns dos seus concorrentes no Porto, atravessa um período de significativo crescimento.

Em 1910 os irmãos Borges já possuem uma sólida reputação em Portugal, África, Brasil e Europa, garantida por uma considerável fortuna. Neste ano criam uma nova Sociedade com sede no Porto e sucursal em Lisboa, que adquire o estatuto de casa bancária, não deixando, contudo, de continuar a operar nas outra áreas de negócio.

A partir de 1911 os irmãos Borges voltam a sua atenção para o Brasil com quem já tinham estreitas relações. A emigração maciça de Portugueses,

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sobretudo do norte, levou a que em 1913 fosse inaugurada a sucursal do Rio de Janeiro. Esta presença viria a ser reforçada em 1936 com a transformação desta agência em estabelecimento bancário, com a designação de Banco Borges, SA, sediado no Rio de Janeiro.

Apesar da crescente importância das actividades bancárias na Sociedade, pelo menos até ao final da primeira Guerra Mundial, não foram descuradas as outras áreas de negócio. Em 1918 é criada a Sociedade dos Vinhos Borges & Irmão para responder ao grande desenvolvimento da comercialização de vinhos em Portugal e colónias, Brasil e Europa.

Finalmente em 1937 a firma Borges & Irmão transforma-se na sociedade anónima de responsabilidade limitada, Banco Borges & Irmão.

Durante a segunda Guerra Mundial, já depois da morte dos irmãos Borges (ambos morrem em 1939) o Banco tem uma fase de franco crescimento, aproveitando a conjuntura favorável que o país atravessa caracterizada por uma significativa expansão monetária, fruto dos elevados saldos positivos registados na nossa balança de pagamentos, graças à subida da cotação das matérias primas exportadas e entrada de avultados capitais.

Nos anos cinquenta, beneficiando da conjuntura económica favorável (sobretudo o I Plano de Fomento entre 1953-1958), o desenvolvimento das vias de comunicação e das telecomunicações, o B.B.I. vai passar por uma fase de franca expansão que se traduz no fortalecimento da sua rede de agências (concentrada no norte litoral e Lisboa), aumento do capital social e do fundo de reserva e numa remodelação profunda dos seus serviços de acordo com as modernas técnicas bancárias de então.

Os anos sessenta até 1974 são caracterizados pelo alargamento da rede de balcões através de uma cobertura bancária a regiões em que não estava implantado, dotando-se de uma estrutura efectivamente nacional (cria

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3 novas dependências no Porto, 8 em Lisboa e 34 agências no Continente e Ilhas).

Neste período, o Banco Borges S A alarga igualmente a sua intervenção no Brasil com a abertura de três novas agências, mas em 1968 dá-se a fusão deste banco com o Banco Nacional de São Paulo, terminando desta forma a intervenção directa neste mercado.

Entretanto em 1965 é criado o Banco de Crédito Comercial e Industrial destinado a intervir simultaneamente em Angola e Moçambique como banco comercial. Com sede em Luanda e Lourenço Marques, este banco cria rapidamente uma larga rede de dependências para cobrir o território daquelas duas ex-colónias - passa de 12 balcões em 1966 para 113 em 1973 (66 em Angola e 47 em Moçambique).

Este banco assumiu nos escassos anos que precederam a independência das colónias uma posição relevante no sistema bancário colonial. Em 1975, com a independência de Angola e Moçambique, deu-se a extinção do Banco de Crédito Comercial e Industrial.

Com o início da nova corrente migratória na década de sessenta, o Banco Borges & Irmão, como banco do Norte de Portugal, acompanha mais uma vez este fluxo de emigração maioritariamente alimentado pelos distritos nortenhos. Assim, em 1970 inaugura escritórios de representação em Paris, Joanesburgo e Caracas, ressaltando-se a representação de Paris que veio a dar origem à sucursal em França.

Com o 25 de Abril de 1974, o B.B.I., tal como as demais instituições de crédito portuguesas, é nacionalizado e passa em 1975 a Empresa Pública.

A partir de 1976 desenvolve-se um processo de abertura de novos balcões que vão reforçar a implantação do Banco no sul e interior do país - 5 em 1976, 9 em 1978, 16 em 1979 e 16 em 1981.

Em 1982 o Banco adere à rede SWIFT (Society for World Interbank Financial Telecomunication), o que lhe permite um mais fácil contacto com a

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banca estrangeira e cria com parceiros internacionais a Leasinvest - Sociedade de Locação Financeira Mobiliária, SARL.

Em 1989 dá-se a transformação do Banco, de Empresa Pública para Sociedade de Capitais Maioritariamente Públicos e é decidido que passe a integrar com o Banco de Fomento e Exterior, SA e a Cosec, SA o segundo Grupo Financeiro do Estado, cujos objectivos principais são apoiar o comércio externo, o investimento no exterior e a cooperação.

Nos anos 90, já integrado no grupo B.F.E., dá-se uma grande expansão da rede de distribuição com a abertura de 71 balcões entre 1990 e 1995.

Em 1995 arranca a aliança estratégica Grupo B.F.E./ Correios com o desenvolvimento da promoção de crédito para particulares e pequenos negócios através dos balcões dos C.T.T..

Actualmente o Banco Borges e Irmão e as demais instituições que constituíam o grupo B.F.E. estão inseridas no Grupo B.P.I. na sequência de um processo de privatização ocorrido em Outubro de 1996.