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O “FALE CONOSCO” DA UNIFESP E A POPULAÇÃO NA BUSCA POR INFORMAÇÕES EM SAÚDE

1.1 Bases Teóricas

A busca de informações sobre saúde na internet teve suas bases fundamentadas nas áreas da comunicação, da educação e da saúde.

A palavra “comunicação” tem origem no latim “communicatio”, que significa “ação de tornar algo comum a muitos” (POYARES, 1970). Lévy (1996) defende que, com o advento da internet, a comunicação passou a ocorrer de maneira interativa e numa relação direta de troca de informações entre emissor e receptor, em um processo que chamou de “desintermediação”. O autor comenta, ainda, que as instituições que não acompanharem esse processo estarão fora do ciberespaço.

Lévy (2000) atesta que o principal significado do ciberespaço é a interconexão geral de tudo em tempo real, a concretização do espaço virtual em que as formas culturais e linguísticas estão vivas. Diz também que o ciberespaço permite não apenas uma comunicação “um para um” e “um para muitos”, mas também do tipo “muitos para muitos” e a articulação em tempo real entre os três modos, o que incentiva a inteligência coletiva. Essas novas possibilidades já são usadas em larga escala para fins científicos, comerciais, políticos e artísticos, dentre outros.

“A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados” (FREIRE, 1983, p. 46). Essa comunicação torna o indivíduo humanizado à medida que interage com o outro, que dialoga nesse processo comunicativo.

Segundo Santos (2007), inicialmente, a educação na internet buscou seguir o caminho da educação formal, mas aos poucos adotou os princípios da educação não formal sendo centrada no aprendiz e estruturada em estreita relação com a produção e prática coletiva do conhecimento. E para o autor as comunidades virtuais e os ambientes interativos da internet são locais que propiciam a educação não formal quando são construídos levando em consideração

características peculiares locais, reunindo uma série de elementos variados, sincronizados e atualizáveis.

Seguindo a mesma linha de raciocínio Kenski (2008), nos explica que a interação com informações e pessoas é fundamental para aprender e, os dados que estão livres na internet são transformados em informações segundo a ótica, o interesse e a necessidade do usuário. Ainda segundo a autora, a transformação das informações em conhecimento demandam um processo interativo, reflexivo, discursivo, crítico e ponderado que se torna mais tranquilo quando envolve outras pessoas.

Segundo Vygotsky (1987) e Freire (1979), os sujeitos constroem seu conhecimento à medida que interagem. A interatividade, para Vygotsky (1988), é entendida como um movimento de troca entre os indivíduos que envolve a elaboração compartilhada de conhecimento, o que é um requisito imprescindível para a aprendizagem. Segundo ele, as relações sociais contribuem para a heterogeneidade das informações por meio da reciprocidade, do diálogo e da cooperação, aumentando as capacidades individuais e suas funções mentais. O processo de construção do conhecimento ocorre pela interação do sujeito historicamente situado com o ambiente sociocultural onde vive. A experiência de vida do indivíduo influencia diretamente em sua educação. Para Freire (1996), a construção do conhecimento ocorre na relação sujeito-sujeito e sujeito-mundo, reforçando a ideia que os indivíduos se educam entre si e o mundo funciona como um mediador nessa relação.

Levando em conta as informações solicitadas pelo usuário do “Fale Conosco” saúde da UNIFESP, é importante observar que existe uma intencionalidade na procura por informação, e a comunicação que envolve o retorno dessa solicitação propicia um aprendizado a quem necessita da informação. Com o aprendizado, a pessoa pode sair da posição de receptora a sujeito da produção de conteúdo, levando adiante o conhecimento adquirido. E ainda, para esta pesquisa foi considerada que a educação se constrói na interação de: solicitantes por informações sobre saúde, quando enviam e-mails por meio do serviço “Fale Conosco” da UNIFESP; e receptores, quando respondem a questionamentos, interesses e necessidades dos interlocutores, facilitando a produção de um conhecimento rico em significados para estes interlocutores.

2 COMUNICAÇÃO EM SAÚDE

Segundo Espanha (2007) a comunicação é reconhecida como um elemento necessário que une esforços para melhorar a saúde. Diz também que a comunicação em saúde emprega estratégias de comunicação para instruir, orientar e influenciar as pessoas tanto nas decisões

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individuais, quanto nas comunitárias. E chama a atenção para a importância da comunicação enquanto uma estrutura, cujo respaldo científico se une a um conjunto de processos e intervenções na área da saúde.

Na área da saúde, a comunicação pode contribuir para aspectos tanto de prevenção, no tratamento de doenças, quanto na promoção da saúde. Vem ganhando espaço na vida de indivíduos, pacientes, familiares e comunidades em geral na busca e uso da informação em saúde para melhoria dos maus hábitos e adoção de comportamentos saudáveis. Também colabora na compreensão das recomendações e orientações médicas para tomada de decisões sobre a saúde. Facilita o acesso aos locais de atendimento em saúde tanto privados quanto públicos; as relações e os contatos dos pacientes com os profissionais da área da saúde; assim como as prevenções de autocuidado e atenção que muitas vezes são necessárias para lidar com as doenças crônicas (CORCORÁN, 2010)

É um processo essencial e decisivo na qualidade e na segurança na prestação de cuidados dos profissionais de saúde e nas interações deles com seus pacientes. É capaz de proporcionar a disseminação de informações sobre os riscos à saúde individual e comunitária, da mesma forma que facilita a construção de mensagens e campanhas de saúde pública. É pela comunicação que o usuário consegue acessar portais e sites de saúde da Web, utilizando ferramentas disponíveis interativas, como, por exemplo, por meio do “Fale Conosco” do portal da UNIFESP, que possibilita a consulta sobre informações (SOTERO, 2015).

3 SAÚDE NA INTERNET

A internet, atualmente, é um guia de grandes proporções em informações e se apresenta em diversos formatos, dispostos em ambientes, como, por exemplo: em sites, banco de dados

on-line, enciclopédias, portais, redes sociais e blogs. Cada vez mais tem demonstrado um

crescimento elevado tanto em recursos tecnológicos quanto em quantidade de informações disponíveis, principalmente na área da saúde.

Para Castiel e Vasconcellos-Silva (2002), o fato das informações estarem disponíveis na internet facilita o acesso das populações aos conteúdos sobre os temas de saúde e assuntos relacionados. Isso contribui para minimizar desgastes e ansiedades provocados pelas dúvidas que surgem durante o processo que envolve tanto o lado do profissional como o do paciente. Conforme esses autores, em termos gerais, quando se fala em qualidade da informação, deve- se pensar nas questões relacionadas à regulação dos canais que disponibilizam as informações em saúde, na constituição de órgãos independentes para avaliar a informação e estabelecer sanções em casos de disseminação prejudicial ou falsa informação.

O Comitê Gestor da Internet (CGI) no Brasil (2006) produz, desde 2005, dados por meio de pesquisas especializadas realizadas pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação e acompanha as mudanças a cada ano no País no que diz respeito ao uso das tecnologias, incluindo a população que utiliza a internet. Em 2011, o relatório da pesquisa nacional demonstrou que a busca de informações na área da saúde ocupou 43% dos usuários da Internet no Brasil.

Quando o usuário busca na internet informações sobre saúde, adquire, segundo Terra (2009), mais conhecimento, colabora para a diminuição da distância entre médico e paciente e melhora suas questões emocionais. Desse modo, a internet passa a ser um suporte de apoio pessoal, emocional, afetivo e de acolhimento ao paciente, de forma complementar aos serviços de saúde.